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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vida e Sexo-Francisco Cândido Xavier

Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO: Caso você tenha gostado do livro e tenha condições de comprá-lo, faça-o, pois os direitos autorais são doados.

Muita Paz

VIDA E SEXO

Ditado pelo espírito EMMANUEL

ÍNDICE

Vida e Sexo

Em torno do sexo

Família

Namoro

Ambiente doméstico

Energia sexual

Compromisso afetivo

Casamento

Divórcio

União infeliz

Filhos

Alterações efetivas

Desajustes

Tédio no lar

Vinculações

Desvinculações

Aversões

Aborto

VIDA E SEXO

Que os problemas do sexo agitam atualmente vastos setores da vida humana, é

incontestável. De que forma, porém, as teses do sexo são tratadas do Plano Espiritual

para o Plano Terrestre? Semelhante indagação, repetidamente endereçada a nós outros -

pequenos servidores desencarnados -, motivou a formação do despretensioso volume

que oferecemos aqui aos leitores amigos. Com ele, não disputamos qualquer posição

nova, ante os devotados lidadores da psicologia moderna que hoje esquadrinham os

meandros da alma humana , para benefício da saúde mental da comunidade. Com as

nossas ligeiras páginas, tão-somente desenvolvemos conceitos formulados na

Codificação Kardequiana, para demonstrar que as proposições, ao redor do sexo,

apaixonadamente focalizadas, na atualidade da Terra, foram objeto de criteriosas

anotações do plano Espiritual, no século passado, na previsão dos choques de opinião,

em matéria afetiva, que a Humanidade de agora enfrenta. Nada mais realizamos que

reformular o pensamento e a definição dos Mensageiros Benevolentes e Sábios que

orientaram Alan Kardec, nos primórdios da Doutrina Espírita, em sua função de

Consolador prometido ao mundo pelo Cristo de Deus. E para não nos delongarmos em

considerações desnecessárias, concluiremos que, em torno do sexo, será justo

sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação.

Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si

mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora

disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.

Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação

pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação,

porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à

consciência de cada um.

1. EM TORNO DO SEXO

Pergunta - O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de

uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?

Resposta - Sim, pois são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as

mulheres. Item nº 201 de "O livro dos espíritos". Ante os problemas do sexo, é forçoso

lembrar que toda criatura traz os seus temas particulares, com referência ao assunto.

Atendendo à soma das qualidades adquiridas, na fieira das próprias reencarnações, o

Espírito se revela, no Plano Físico, pelas tendências que registra nos recessos do ser,

tipificando-se na condição de homem ou de mulher, conforme as tarefas que lhe cabe

realizar. Além disso a individualidade, muitas vezes, independentemente dos sinais

morfológicos, encerra em si extensa problemática, em se tratando de vinculações e

inclinações de caráter múltiplo. Cada pessoa se distingue por determinadas

peculiaridades no mundo emotivo. O sexo se define, desse modo, por atributo não

apenas respeitável mas profundamente santo da Natureza, exigindo educação e controle.

Através dele dimanam forças criativas, às quais devemos, na Terra, o instituto da

reencarnação, o templo do lar, as bênçãos da família, as alegrias revitalizadoras do afeto

e o tesouro inapreciável dos estímulos espirituais. Desarrazoado subtrair-lhe as

manifestações aos seres humanos, a pretexto de elevação compulsória, de vez que as

sugestões da erótica se entranham na estrutura da alma, ao mesmo tempo que seria

absurdo deslocá-lo de sua posição venerável, a fim de arremessá-lo ao campo da

aventura menos digna, com a desculpa de se lhe garantir a libertação. Sexo é espírito e

vida, a serviço da felicidade e da harmonia do Universo. Conseguintemente, reclama

responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse. Por isso mesmo, nossos

irmãos e nossas irmãs precisam e devem saber o que fazem com as energias genésicas,

observando como, com quem e para que se utilizam de semelhantes recursos,

entendendo-se que todos os compromissos na vida sexual estão igualmente

subordinados à Lei de Causa e Efeito; e, segundo esse exato princípio, de tudo o que

dermos a outrem, no mundo afetivo, outrem também nos dará.

2. FAMÍLIA

Há, pois, duas espécies de família: as famílias pelos laços espirituais e as

famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se

perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas,

frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem

moralmente, já na existência atual. Do item 8, no Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo

o Espiritismo". De todas as associações existentes na Terra excetuando naturalmente a

Humanidade - nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e

regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se

conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da

civilização. Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação,

consoante as Leis Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados

programas de ação do Mundo Espiritual. Por intermédio da paternidade e da

maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos da Vida Superior.

Daí, as fontes de alegria que se lhes rebentam do ser com as tarefas da procriação. Os

filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais extensa do

Mundo Maior, de vez que todos nós integramos grupos afins. Na arena terrestre, é justo

que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de

interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas

Esferas Superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de

experiência, volvidos à reencarnação para fins de progresso e burilamento. A parentela

no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física, mantendo

os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima. Arraigada nas vidas

passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de

agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos,

amigos e inimigos. Para os ajustes e reajustes indispensáveis, ante as leis do destino.

Apesar disso, importa reconhecer que o clã familiar evolve incessantemente para mais

amplos conceitos de vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral,

conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma. Temos, dessa forma, no

instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os

instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do Mundo

Melhor.

3. NAMORO

Pergunta - Além da simpatia geral, oriunda da semelhança que entre eles

exista, votam-se os Espíritos recíprocas afeições particulares?

Resposta - Do mesmo modo que os homens, sendo, porém, que mais forte é o

laço que prende os Espíritos uns aos outros, quando carentes de corpo material, porque

então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões. Item no. 291, de "O

Livro dos Espíritos". A integração de duas criaturas para a comunhão sexual começa

habitualmente pelo período de namoro que se traduz por suave encantamento. Dois

seres descobrem um no outro, de maneira imprevista, motivos e apelos para a entrega

recíproca e daí se desenvolve o processo de atração. O assunto consubstanciaria o que

seria lícito nomear como sendo um "doce mistério" se não faceássemos nele as

realidades da reencarnação e da afinidade.

Inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no

Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em

estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinqüência passional, noutras

eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação magnética,

diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da

Terra.

Positivada a simpatia mútua, é chegado o momento do raciocínio.

Acontece, porém, que diminuta é, ainda, no Planeta, a percentagem de pessoas,

em qualquer idade física, habilitadas a pensar em termos de auto-análise, quando o

instinto sexual se mães derrama do ser.

Estudiosos do mundo, perquirindo a questão apenas no "lado físico", dirão

talvez tão-somente que a libido entrou em atividade com o seu poderoso domínio e,

obviamente, ninguém discordará, em tese, da afirmativa, atentos que devemos estar à

importância do impulso criativo do sexo, no mundo psíquico, para a garantia e

perpetuação da vida no Planeta. É imperioso anotar, entretanto, em muitos lances da

caminhada evolutiva do Espírito, a influência exercida pelas inteligências desencarnadas

no jogo afetivo. Referimo-nos aos parceiros das existências passadas, ou, mais

claramente, aos Espíritos que se corporificarão no futuro lar, cuja atuação, em muitos

casos, pesa no ânimo dos namorados, inclinando afeições pacificamente raciocinadas

para casamentos súbitos ou compromissos na paternidade e na maternidade, namorados

esses que então se matriculam na escola de laboriosas responsabilidades. Isso porque a

doação de si mesmos à comunhão sexual, em regime de prazer sem ponderação, não os

exonera dos vínculos cármicos para com os seres que trazem à luz do mundo, em cuja

floração, aliás, se é verdade que recolherão trabalho e sacrifício, obterão também

valiosa colheita de experiência e ensinamento para o futuro, se compreenderem que a

vida paga em amor todos aqueles que lhe recebem com amor as justas exigências para a

execução dos seus objetivos essenciais.

4. AMBIENTE DOMÉSTICO

Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu,

estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes

haja feito. Se reconhecesse nelas os a quem odiara, quiçá o ódio lhe despertaria outra

vez no íntimo. De todo modo, ele sentiria humilhado em presença daquelas a quem

houvesse ofendido. Do item 11, no Cap. V, de "o Evangelho Segundo o Espiritismo" Na

comunhão de dois seres para a organização da família, prevalece o compromisso de

assistência não só de um para com o outro, mas também para com os filhos que

procedem do laço afetivo. Não possuímos ainda na Terra institutos destinados à

preparação da paternidade e da maternidade responsáveis. A evolução e o

aprimoramento das ciências psicológicas de hoje, porém, garantir-nos-ão no futuro

semelhante evento. Identifiquemos no lar a escola viva da alma. O Espírito, quando

retorna ao Plano Físico, vê nos pais as primeiras imagens de Deus e da Vida. Na tépida

estrutura do ninho doméstico, germinam-lhe no ser os primeiros pensamentos e as

primeiras esperanças. Não lhe será, contudo, tão fácil seguir adiante com os ideais da

meninice, de vez que, habitualmente, a equipe familiar se aglutina segundo os desastres

sentimentais das existências passadas, debitando-se-lhe aos componentes os distúrbios

da afeição possessiva, a se traduzirem por ternura descontrolada e ódio manifesto ou

simpatia e aversão simultâneas. Pais imaturos, do ponto de vista espiritual, comumente

se infantilizam, no tempo exato do trabalho mais grave que lhes compete, no setor

educativo, e, ao invés de guiarem os pequeninos com segurança para o êxito em seu

novo desenvolvimento no estágio da reencarnação, embaraçam-lhes os problemas, ora

tratando as crianças como se fossem adultos ou tratando os filhos adultos como se

fossem crianças.

Estabelecido o desequilíbrio, irrompem os conflitos de ciúme e rebeldia,

narcisismo e crueldade, que asfixiam as plantas da compreensão e da alegria na gleba

caseira, transformando-a em espinheiral magnético de vibrações contraditórias, no qual

os enigmas emocionais, trazidos do pretérito, adquirem feição quase insolúvel. Decorre

daí a importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família, com

pleno exercício da lei do amor nos recessos do lar, para que o lar não se converta, de

bendita escola que é, em pouso neurótico, albergando moléstias mentais dificilmente

reversíveis.

5. ENERGIA SEXUAL

Pergunta – É a mesma a força que une os elementos da matéria nos corpos

orgânicos e nos inorgânicos?

Resposta - Sim, a lei de atração é a mesma para todos, Item nº 60, de "O livro

dos Espíritos". A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do

Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, à face

das potencialidades criativas de que se reveste. Nos seres primitivos, situados nos

primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se

demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se

opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes

lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito

a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a

si mesmo. À medida que a individualidade evolui, no entanto, passa a compreender que

a energia sexual envolve o impositivo de discernimento e responsabilidade em sua

aplicação, e que, por isso mesmo, deve estar controlada por valores morais que lhe

garantam o emprego digno, seja na criação de formas físicas, asseguradora da família,

ou na criação de obras beneméritas da sensibilidade e da cultura para a reprodução e

extensão do progresso e da experiência, da beleza e do amor, na evolução e burilamento

da vida no Planeta. Através da poligamia, o espírito assinala a si próprio longa marcha

em existências e mais existências sucessivas de reparação e aprendizagem, em cujo

transcurso adquire a necessária disciplina do seu mundo emotivo. Fatigado de

experimentos dolorosos, nos quais recolhe o fruto amargo da delinqüência ou do

desespero que haja estabelecido nos outros, reconhece na monogamia o caminho certo

de suas manifestações afetivas. Atento a isso, identifica na criatura que se lhe afina com

os propósitos e aspirações o parceiro ou a parceira ideais para a comunhão sexual,

suscetível de lhe granjear o preciso equilíbrio e capaz de lhe revitalizar as forças com

que se põe no encalço do trabalho imprescindível à própria evolução. Em nenhum caso,

ser-nos-á lícito subestimar a importância da energia sexual que, na essência, verte da

Criação Divina para a constituição e sustentação de todas as criaturas. Com ela e por ela

é que todas as civilizações da Terra se levantaram, legando ao homem preciosa herança

na viagem para a sublimação definitiva, entendendo-se, porém, que criatura alguma, no

plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências

felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe der.

6. COMPROMISSO AFETIVO

O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre arbítrio. O aguilhão da

consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes se

mostra impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do

coração eleva o homem; porém, como determiná-lo com exatidão? Onde começa ele? O

dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que ameaçais a felicidade ou

a tranqüilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha

com relação a vossa. Do item 7, no Cap. XVII, de "O Evangelho Segundo o

Espiritismo" A guerra efetivamente flagela a Humanidade, semeando terror e

morticínio, entre as nações; entretanto, a afeição erradamente orientada, através do

compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas. Quem estude os conflitos do

sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em decadência, tão-só examinando

as absurdidades que se praticam em nome do amor, ainda não entendeu que os

problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de todos os tempos, na vida planetária.

As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se

inscreverem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis

determinam amemos os outros qual nos amamos.

Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo. Em

matéria de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do

narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios,

impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois

de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos

descartamos em movimentação imponderada. Toda vez que determinada pessoa convide

outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de

afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a

dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.

Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro

na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que

esse compromisso venha a ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das

cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não

dispõe de conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra em pânico, sem que se lhe

possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência. Tais resultados da

imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das conseqüências

desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de

conflitos e frustrações que carreará para o futuro. Sabemos que a Justiça Humana

comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas,

considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os legisladores

terrestres perceberão igualmente, um dia, que a Justiça Divina alcança também os

contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciências os reflexos

do saque afetivo que perpetram contra os outros. Daí procede a clara certeza de que não

escaparemos das equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental,

injustamente menosprezados, que resgataremos em tempo hábil, parcela a parcela, pela

contabilidade dos princípios de causa e efeito. Reencarnados que estaremos sempre,

nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no

clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no

ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca

lesaremos a outrem sem lesar a nós.

7. CASAMENTO

Pergunta: - Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união

permanente de dois seres? Resposta - É um progresso na marcha da Humanidade. Item

n°. 695, de "O Livro dos Espíritos". O casamento ou a união permanente de dois seres,

como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à

outra, no campo da assistência mútua. essa união reflete as Leis Divinas que permitem

seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um

coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para

a vida. Imperioso, porém, que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez

que na comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso

mesmo, não deve haver qualquer desconsideração entre si. Quando as obrigações

mútuas não são respeitadas no ajuste, a comunhão sexual injuriada ou perfidamente

interrompida costuma gerar dolorosas repercussões na consciência, estabelecendo

problemas cármicos de solução, por vezes, muito difícil, porquanto ninguém fere

alguém sem ferir a si mesmo. Indiscutivelmente, nos Planos Superiores, o liame entre

dois seres é espontâneo, composto em vínculos de afinidade inelutável. Na Terra do

futuro, as ligações afetivas obedecerão a idêntico princípio e, por antecipação, milhares

de criaturas já desfrutam no próprio estágio da encarnação dessas uniões ideais, em que

se jungem psiquicamente uma à outra, sem necessidade da permuta sexual, mais

profundamente considerada, a fim de se apoiarem mutuamente, na formação de obras

preciosas, na esfera do espírito.

Acontece, no entanto, que milhões de almas, detidas na evolução primária,

jazem no Planeta, arraigadas a débitos escabrosos, perante a lei de causa e efeito e,

inclinadas que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso, exigem severos estatutos dos

homens para a regulação das trocas sexuais que lhes dizem respeito, de modo a que não

se façam salteadores impunes na construção do mundo moral. Os débitos contraídos por

legiões de companheiros da Humanidade, portadores de entendimento verde para os

temas do amor, determinam a existência de milhões de uniões supostamente infelizes,

nas quais a reparação de faltas passadas confere a numerosos ajustes sexuais, sejam eles

ou não acobertados pelo beneplácito das leis humanas, o aspecto de ligações

francamente expiatórias, com base no sofrimento purificador. De qualquer modo, é

forçoso reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais

forem, sem razões nos princípios cármicos, nos quais as nossas responsabilidades são

esposadas em comum.

8. DIVÓRCIO

O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de

fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os

homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina.

Do item 5, do Cap. XXII, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o

divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas. É aí, nos laços matrimoniais

definidos nas leis do mundo, que se operam burilamentos e reconciliações endereçados

à precisa sublimação da alma.

O casamento será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar, em

flores de alegria e esperança. aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio

aperfeiçoamento e perpetuação. Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do

renascimento atinge os fins para os quais se encaminha. Ocorre, entretanto, que a

Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em

muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper,

recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos

que abraça. Em muitos lances da experiência, é a própria individualidade, na vida do

Espírito, antes da reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que faceará

na estância física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existências pretéritas para

os ajustes que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras

épocas. Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a união esponsalícia que

atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face dos empeços que se lhe desdobram à

frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam ao exercício da crueldade de

outro tempo, seja através de menosprezo, desrespeito, violência ou deslealdade, e o

cônjuge prejudicado nem sempre encontra recursos em si para se sobrepor aos processos

de dilapidação moral de que é vítima.

Compelidos, muita vez, às últimas fronteiras da resistência, é natural que o

esposo ou a esposa, relegado a sofrimento indébito, se valha do divórcio por medida

extrema contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam

ainda mais o destino. Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de

bênção necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o

apoio moral da auto-aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo

ou não nova companhia para a jornada humana. Óbvio que não nos é lícito estimular o

divórcio em tempo algum, competindo-nos tão-somente, nesse sentido, reconfortar e

reanimar os irmãos em lide, nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham

às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou

expiação que rogaram antes do renascimento no Plano Físico, em auxílio a si mesmos;

ainda assim. é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém possui o

direito de torturar ninguém, à face das leis eternas. O divórcio, pois, baseado em razões

justas, é providência humana e claramente compreensível nos processos de evolução

pacifica.

Efetivamente, ensinou Jesus: "não separeis o que Deus ajuntou", e não nos

cabe interferir na vida de cônjuge algum, no intuito de arredá-lo da obrigação a que se

confiou. Ocorre, porém, que se não nos cabe separar aqueles que as Leis de Deus reuniu

para determinados fins, são eles mesmos, os amigos que se enlaçaram pelos vínculos do

casamento, que desejam a separação entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de

respeitar-lhes a livre escolha sem ferir-lhes a decisão.

9. UNIÃO INFELIZ

Pergunta - Qual o fim objetivado com a reencarnação?

Resposta - Expiação. melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto,

onde a justiça? Item n° 167, de "O livro dos Espíritos". Dolorosa, sem dúvida, a união

considerada menos feliz. E, claro, que não existe obrigatoriedade para que alguém

suporte, a contragosto, a truculência ou o peso de alguém, ponderando-se que todo

espírito é livre no pensamento para definir-se, quanto às próprias resoluções. Que haja,

porém, equilíbrio suficiente nos casais unidos pelo compromisso afetivo, para que não

percam a oportunidade de construir a verdadeira libertação.

Indiscutivelmente, os débitos que abraçamos são anotados na Contabilidade da

Vida; todavia, antes que a vida os registe por fora, grava em nós mesmos, em toda a

extensão, o montante e os característicos de nossas faltas. A pedra que atiramos no

próximo talvez não volte sobre nós em forma de pedra, mas permanece conosco na

figura de sofrimento. E, enquanto não se remove a causa da angústia, os efeitos dela

perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em definitivo, se não a

eliminamos na origem do mal. Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias;

no entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas mais

duras provações. Isso porque, embora não percebamos de imediato, recebemos, quase

sempre, no companheiro ou na companheira da vida intima, os reflexos de nós próprios.

É natural que todas as conjunções afetivas no mundo se nos figurem como sendo

encantados jardins, enaltecidos de beleza e perfume, lembrando livros de educação, cujo

prefácio nos enleva com a exaltação dos objetivos por atingir. A existência física,

entretanto, é processo específico de evolução, nas áreas do tempo, e assim como o aluno

nenhuma vantagem obterá da escola se não passa dos ornamentos exteriores do

educandário em que se matricula, o espírito encarnado nenhum proveito recolheria do

casamento, caso pretendesse imobilizar-se no êxtase do noivado. Os princípios cármicos

desenovelam-se com as horas. Provas, tentações, crises salvadoras ou situações

expiatórias surgem na ocasião exata, na ordem em que se nos recapitulam oportunidades

e experiências, qual ocorre à semente que, devidamente plantada, oferece o fruto em

tempo certo. O matrimônio pode ser precedido de doçura e esperança, mas isso não

impede que os dias subseqüentes, em sua marcha incessante, tragam aos cônjuges os

resultados das próprias criações que deixaram para trás. A mudança espera todas as

criaturas nos caminhos do Universo, a fim de que a renovação nos aprimore. A jovem

suave que hoje nos fascina, para a ligação afetiva, em muitos casos será talvez amanhã a

mulher transformada, capaz de impor-nos dificuldades enormes para a consecução da

felicidade; no entanto, essa mesma jovem suave foi, no passado - em existências já

transcorridas -, a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa

própria deslealdade ou inconseqüência, convertendo-a na mulher temperamental ou

infiel que nos cabe agora relevar e retificar. O rapaz distinto que atrai presentemente a

companheira, para os laços da comunhão mais profunda, bastas vezes será

provavelmente depois o homem cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a

carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os anseios de ventura que lhe

palpitam na alma. Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito - em existências

que já se foram – a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe

desfigurou o caráter, metamorfoseando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete

tolerar e reeducar. Toda vez que amamos alguém e nos entregamos a esse alguém, no

ajuste sexual, ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois somente

depois - surpreender nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à

frente de criatura anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos

em que a prejudicamos, no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de contas certas,

mas, sobretudo, a esmolar-nos compreensão e assistência, tolerância e misericórdia,

para que se refaça ante as leis do destino. A união suposta infeliz deixa de ser, portanto,

um cárcere de lágrimas para ser um educandário bendito, onde o espírito equilibrado e

afetuoso, longe de abraçar a deserção, aceita, sempre que possível, o companheiro ou a

companheira que mereceu ou de que necessita, a fim de quitar-se com os princípios de

causa e efeito, liberando-se das sombras de ontem para elevar-se, em silenciosa vitória

sobre si mesmo, para os domínios da luz.

10 - FILHOS

Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O

corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já

existia antes da formação do corpo.

Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe

fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento

intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir. Do item 8, do Cap. XIV, de "O

evangelho Segundo o Espiritismo" Entre os casais, surge comumente o problema do

abandono, pelo qual o parceiro lesado é compelido à carência afetiva. Criaturas

integradas na comunhão recíproca, o afastamento uma da outra provoca, naturalmente,

em numerosas circunstâncias, o colapso das forças mais íntimas naquela que se viu

relegada a escárnio ou esquecimento. Justo observar que toda criatura prejudicada

usufrui o direito de envidar esforços na própria recuperação. Análogo princípio

prevalece nas conjunções do sentimento, sempre efetuadas com fins determinados em

vista. O companheiro ou a companheira menosprezada no círculo doméstico detém a

faculdade de refazer as condições que julgue necessárias à própria euforia, com base na

consciência tranqüila. Não existem obrigações de cativeiro para ninguém nos

fundamentos morais da Criação. Um ser não dispõe de regalias para abusar

impunemente de outro, sem que a vítima se veja espontaneamente liberta de qualquer

compromisso para com o agressor. Em matéria afetiva, porém, se a união sexual trouxe

filhos à paisagem terrestre, é razoável que as Leis da Vida reconheçam na criatura

lesada a permissão de restabelecer a harmonia vibratória em seu mundo emotivo,

logicamente dentro da ética que sustenta a tranqüilidade da vida intima; entretanto,

essas mesmas Leis da Vida rogam, sem impor, às vítimas da deslealdade ou da

prepotência que não renunciem ao dever de amparar os filhos, notadamente se esses

filhos ainda não atingiram a puberdade que lhes traçará começo à compreensão dos

problemas sexuais que afligem a Humanidade. Em sobrevindo semelhantes crises, haja

no parceiro largado em desprezo uma revisão criteriosa do próprio comportamento para

verificar até que ponto haverá provocado a agressão moral sofrida e, embora se

reconheça culpado ou não, que se renda, antes de tudo, à desculpa incondicional, ante o

ofensor, fundindo no coração os títulos ternos que tenha concedido ao companheiro ou à

companheira da comunhão sexual no título de irmão ou de irmã, de vez que somos

todos espíritos imortais, interligados perante Deus, através dos laços da fraternidade

real. Aprenda o parceiro moralmente danificado que só pelo esquecimento das faltas uns

dos outros é que nos endereçaremos à definitiva sublimação e que nenhum de nós, os

filhos da Terra, está em condições de acusar nos domínios do sentimento, porquanto os

virtuosos de hoje podem

ter sido os caídos de ontem e os caídos de hoje serão possivelmente os

virtuosos de amanhã a quem tenhamos talvez de rogar apoio e bênção, quando a Justiça

Eterna nos venha descerrar a imensidão de nossos débitos, acumulados em existências

que deixamos para trás nos arquivos do tempo. Homem ou mulher em abandono, se tem

filhos pequeninos, que se voltem, acima de tudo, para essas aves ainda tenras do pábulo

doméstico, agasalhando-as sob as asas do entendimento e da ternura, por amor a Deus e

a si mesmos, até que se habilitem aos primeiros contactos conscientes com a vida

terrestre, antes de se aventurarem à adoção de nova companhia; isso porque podem usar

a atribuição natural que lhes compete, no que se refere a possíveis renovações, sem se

arriscarem a agravar os problemas dos filhos necessitados de arrimo e sem complicarem

a própria situação perante o futuro.

11. ALTERAÇÕES AFETIVAS

Pergunta - Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho

depois do nascimento deste? Resposta - Ao contrário: bem grande influência exercem.

Conforme dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros.

Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela

educação. Constitui-lhes nisso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no

seu desempenho Item n° 208, de "O livro dos Espíritos".

Muito comum se alterem as condições afetivas, depois que o navio do

casamento se afasta do cais do sonho para o mar largo da experiência. Converte-se,

então, a esperança em trabalho e desnudam-se problemas que a ilusão envolvia. Em

muitos casos, a altura da afeição permanece intacta; entretanto, na maioria das posições,

arrefece o calor em que se aquecia o casal nos dias primeiros da comunhão esponsalícia.

Urge, porém, salvar a embarcação ameaçada de soçobro, seja pelo choque contra os

rochedos ocultos das dificuldades morais ou pelo naufrágio nas águas mortas do

desencanto. Parceiro e parceira, nos compromissos do lar, precisam reaprender na

escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea, fácil de se

concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito - sempre mais em espírito -, dia

por dia. Não se inquiete o par, à frente das modificações ocorridas, de vez que toda

afinidade correta, nas emoções do plano físico, evolui fatalmente para a ligação ideal, a

exprimir-se na ternura confiante da amizade sem lindes. Extinta a fogueira da paixão na

retorta da organização doméstica, remanesce da combustão o ouro vivo do amor puro,

que se valoriza, cada vez mais, de alma para alma, habilitando o casal para mais altos

destinos na Vida Superior. Isso acontece, porque os filhos que surgem são igualmente

peças do matrimônio, compelindo o lar a recriar-se, de maneira incessante, em matéria

de instituto endereçado ao trabalho de assistência recíproca. O carinho repartido, em

princípio, a dois, passa a ser dividido por maior número de partícipes do núcleo

familiar, e esses mesmos condomínios do estabelecimento caseiro, em muitas

circunstâncias, são os associados da doce hipnose do namoro e do noivado, que

mantinham nos pais jovens, ainda solteiros, a chama da atração entusiástica até a

consumação do enlaçamento afetivo. Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal, ora

mais fortemente ao pai, ora mais especialmente ao campo materno, interessavam-se na

Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de

aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperaram, em

ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa, pelos processos da

gravidez e do berço, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é

devida. Em toda comunhão mais profunda do homem e da mulher na formação do

grupo doméstico, seguida de filhos a lhes compartilhar a existência, há que contar com a

sublimação espontânea do impulso sexual, cabendo ao companheiro e à companheira

que o colocaram em função aderir aos propósitos da vida, que tudo renova para

engrandecer e aperfeiçoar. Conquanto bastas vezes sejamos recalcitrantes na

sustentação do amor egoístico, desvairado em exigências de toda espécie, a pouco e

pouco acabamos por entender que apenas o amor que sabiamente se divide, em bênçãos

de paz e alegria para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade.

12. DESAJUSTES

"Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue,

ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita." Do item 16 do Cap. X, de "o evangelho

segundo o espiritismo".

É comum observar-se que o casamento promissor repentinamente adoece.

Desvelam-se empeços dos cônjuges no ramerrão do cotidiano. Conflitos,

moléstias, desníveis, falhas de formação e temperamento. Em certos lances da

experiência, é a mulher que se consorciou acreditando encontrar no esposo o retrato

psicológico do pai, a quem se vinculou desde o berço; em outros, é o homem a exigir da

companheira a continuidade da genitora, a quem se jungiu desde a vida fetal. Ocorre,

porém, que o matrimonio é uma quebra de amarras através da qual o navio da existência

larga o cais dos laços afetivos em que, por muito tempo, jazia ancorado. Na viagem, que

se inicia a dois, parceiro e parceira se revelarão, um à frente do outro, tais quais são e

como se encontram na realidade, evidenciando, em toda a extensão, os defeitos e as

virtudes que, porventura, carreguem. Desajustes e inadaptações costumam repontar,

ameaçando a estabilidade da embarcação doméstica, atirada ao navegar nas águas da

experiência. é razoável se convoque o auxílio de técnicos capazes de sanar as lesões no

barco em perigo, como sejam médicos e psicólogos, amigos e conselheiros, cuja

contribuição se revestirá sempre de inapreciável valor; entretanto, ao desenrolar de

obstáculos e provas, o conhecimento da reencarnação exerce encargo de importância

por trazer aos interessados novo campo de observações e reflexões, impelindo-os à

tolerância, sem a qual a rearmonização acena sempre mais longe. Homem e mulher,

usando a chave de semelhante entendimento, passam mecanicamente a reconhecer que é

preciso desvincular e renovar sentimentos, mas em bases de compreensão e serenidade,

amor e paz. Urge perceber que o "nós" da comunhão afetiva não opera a fusão dos dois

seres que o constituem.

Cada parceiro, no ajuste, continua sendo um mundo por si. E nem sempre os

característicos de um se afinam com o outro. Daí a conveniência do mútuo aceite, com a

obrigação da melhoria do casal. Para isso, não bastarão providências de superfície. Há

que internar o raciocínio em considerações mais profundas para que as raízes do

desequilíbrio sejam erradicadas da mente. Aceitação, o problema. Forçoso admitir o

companheiro ou a companheira como são ou como se aboletam na embarcação

doméstica. E, feito isso, inicie-se a obra da edificação ou da reedificação recíprocas.

Obvio que conclusões e atitudes não se impõem no campo mental; entretanto, não se

arrependerá quem se disponha a estudar os princípios da reencarnação e da

responsabilidade individual no próprio caminho. Obtém-se da vida o que se lhe dá,

colhe-se o material de plantio. Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a

deixou e no ponto em que a deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo

que se foi para o continuísmo da obra de resgate ou de elevação no tempo de agora,

sucedendo o mesmo referentemente à mulher. O parceiro desorientado, enfermo ou

infiel, é aquele homem que a parceira, em existências anteriores, conduziu à

perturbação, à doença ou à deslealdade, através de atitudes que o segregaram em

deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas condições, consubstancia

necessidades e provas da mesma espécie. Tão-somente na base da indulgência e do

perdão recíprocos, mais facilmente estruturáveis no conhecimento da reencarnação, com

as imbricações que se lhe mostram conseqüentes na equipe da família, conseguirão o

companheiro e a companheira do lar o triunfo esperado, nas lides e compromissos que

abraçam, descerrando a si mesmos a porta da paz e a luz da libertação.

13. TÉDIO NO LAR

Uma vez que os Espíritos simpáticos são induzidos a unir-se, como é que,

entre os encarnados, freqüentemente só de um lado há afeição e que o mais sincero

amor se vê acolhido com indiferença e, até, com repulsão?

Como é, além disso, que a mais viva afeição de dois seres pode mudar-se em

antipatia e mesmo em ódio? “Não compreendes então que isso constitui uma punição, se

bem que passageira? Depois, quantos não são os que acreditam amar perdidamente,

porque apenas julgam pelas aparências, e que, obrigados a viver com as pessoas

amadas, não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento material.

Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada e em quem supõe belas

qualidades. Vivendo realmente com ela é que poderá apreciá-la. Tanto assim que, em

muitas uniões, que a princípio parecem destinadas a nunca ser simpáticas, acabam os

que as constituíram, depois de se haverem estudado bem e de bem se conhecerem, por

votar-se, reciprocamente, duradouro e terno amor, porque assente na estima! Cumpre

não se esqueça de que é o Espírito quem ama e não o corpo, de sorte que, dissipada a

ilusão material, o Espírito vê a realidade. “Duas espécies há de afeição: a do corpo e a

da alma, acontecendo com freqüência tomar-se uma pela outra. Quando pura e

simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera a do corpo. Daí vem que, muitas

vezes, os que julgavam amar-se com eterno amor passam a odiar-se, desde que a ilusão

se desfaça.”

Seja qual seja o motivo em que o tédio se fundamente, recorram os

companheiros imanizados em mútua associação no lar ao apoio recíproco mais

profundo e mais intensivo. Com isso, estarão em justa defesa da harmonia íntima, sem

castigarem o próprio corpo. E reeducar-se-ão, sem hostilizar os que, porventura, lhes

demonstrem afeto, mas acolhendo-os, não mais na condição de cúmplices das aventuras

deprimentes, a que se renderam outrora, e sim por irmãos queridos, com quem podemos

fundir-nos, em espírito, no mais alto amor espiritual.

14. VINCULAÇÕES

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as

mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam

por uma afeição recíproca na vida terrena. Do item 8, do Cap. XIV, de "O evangelho

Segundo o Espiritismo".

Estudos e pesquisas se multiplicam, nos domínios da psicologia, quanto às

complexidades do mundo infantil, e o exame das vinculações se destaca à vista. Cada

pequenino é um campo de tendências inatas, com tamanha riqueza de material para a

observação do analista, que, debalde, se lhe penetrará os meandros da individualidade,

Baseando-nos no trabalho biológico de construção do ser, assente em milênios

numerosos, é indubitável que surpreenderemos na criança todo o equipamento dos

impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo

controle do carro físico. E, com esses impulsos, eis que lhe despontam do espírito as

inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo

familiar. O jogo afetivo, porém, via de regra se desenrola mais intensivamente entre ela

e os pais, reconhecendo-se para logo se os laços das existências passadas estão mais

fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora. Debitando-se ao impulso sexual

quase todos os alicerces da evolução sobre os quais se nos levanta a formação de

espírito, é compreensível que o sexo apareça nas cogitações dos pequeninos em seu

desenvolvimento natural, e, nesse território de criações da mente infantil, ser-nos-á fácil

definir a direção dos arrastamentos da criança, se para os ascendentes paternos ou

maternos, porquanto aí revelará precisamente as tendências trazidas de estâncias outras

que o passado arquivou. Com freqüência, mas não sempre, as filhas propendem mais

acentuadamente para a ligação com os pais, enquanto que os filhos se pronunciam por

mais entranhado afeto para com as mães. Subsistirá, no entanto, qualquer estranheza

nisso, quando não ignoramos que toda a estrutura psicológica, em que se nos erguem os

destinos, foi manipulada com os ingredientes do sexo, através de milhares de

reencarnações? e, aceitando os princípios de causa e efeito que nos lastreiam a

experiência, desconheceremos, acaso, que os instintos sexuais nos orientaram a

romagem, por milênios e milênios, no reino animal, edificando a razão que hoje nos

coroa a inteligência?

Apreciando isso, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos

egressos, quanto aos evos transcorridos, e entenderemos. Com absoluta naturalidade, os

complexos da personalidade infantil. Assim sucede, porque herdamos espiritualmente

de nós mesmos, pelas raízes do renascimento físico, reencontrando, matematicamente,

na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental,

com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a semelhante realidade, somos

logicamente impulsionados a concluir que os vínculos da criança, de uma forma ou de

outra, em qualquer distrito de progresso e em qualquer clima afetivo, solicitam

providências e previdências, que sintetizaremos tão-somente numa palavra única:

educação.

15. DESVINCULAÇÕES

Pergunta - A algumas pessoas a doutrina da reencarnação se afigura

destruidora dos laços de família, com o fazê-los anteriores à existência atual. Resposta -

Ela os distende; não os destrói. Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos

precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família. Essa

doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vosso vizinho, ou no vosso

servo, pode achar-se um Espírito a quem tenhas estado presos pelos laços da

consangüinidade. Item nº 205, de "O livro dos Espíritos". A desvinculação entre os que

se amam com a necessidade de sanar os enganos e erros do amor assume habitualmente

o aspecto de dolorosa cirurgia psíquica. Por semelhante razão, a Divina Sabedoria

concede às criaturas tempo e condições renovadas na preparação gradual do

acontecimento. Essa desvinculação, via de regra, se verifica numa constante digna de

nota - a posição de pais e filhos, incluindo-se nela os pais e filhos adotivos -, de vez que,

no enternecimento do lar, todos os jogos da ternura são colocados na mesa do cotidiano,

revestidos de encantamento construtivo.

No fundo, porém, da personalidade paterna ou do maternal coração,

descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos

felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o

instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida,

permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em veludíneo manto de

carinho e beleza, mas o amor é ainda, no adito do espírito, qual fogo de vida que se

nutre do próprio lenho. Por sua vez, nos entes queridos que retornam à estação da

esperança doméstica, essa mesma afetividade reponta, insopitável e genuína, conquanto

metamorfoseada nos brincos da infância. Os pequeninos, porém, recém-vindos da

amnésia natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias

disposições no campo das preferências. E surgem neles, de inopino quase sempre, as

inclinações descontroladas, nos caprichos com que se mostram, exigindo especial

atenção de pai ou mãe. a revelarem, de modo claro. para que rumo se lhes dirigem os

laços mais fortes. Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os

pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das ligações havidas em

existências passadas e prenunciando a obra de desvinculação que se executará,

inevitável, no futuro próximo.

Óbvio que nem todos os filhos aparecem no lar categorizados à conta da

desvinculação afetiva, porquanto milhões de Espíritos no corpo da Humanidade tomam

a estrutura física, no desempenho de encargos simples ou complexos, valendo-se da

colaboração dos pais, à maneira de amigos que se entreajudam, nas faixas da confiança

e da afinidade recíprocas.

Referimo-nos, porém, ao lar como pouso de desligamento, porque, na Terra, as

relações entre pais e filhos e, conseqüentemente, as relações de ordem familiar

constituem clima ideal para a libertação de quantos se jungiram entre si, de modo

inconveniente, nos desregramentos emotivos em nome do amor. É assim que a

sabedoria da Natureza faculta o reencontro, sob as teias da parentela, de quantos se

desvairaram, em outro tempo, nos desmandos de ordem sexual, reencontro esse que

persiste em condições mais íntimas e mais profundas, até que os companheiros do

pretérito, reencarnados na posição de filhos, atinjam a juventude, na existência nova,

elegendo novos parceiros para a sua vida afetiva, ante a presença ou a supervisão dos

pais ou de familiares outros. nem sempre satisfeitos ou tranqüilos com as escolhas que

são obrigados a assistir ou a aprovar pela força das circunstâncias. Pais que sofrem na

entrega das jovens que o lar lhes confiou, aos companheiros que as requisitam para os

misteres do casamento, quase sempre estão renunciando à companhia de antigas

afeições que eles mesmos, no passado, mal conduziam, ao passo que as mães

experimentam análogo fenômeno de dilaceração psíquica, em se separando de filhos

que lhes recordam, embora inconscientemente, as ligações empolgantes ou menos

felizes de tempos que já se foram. E, através das lutas e adeuses em família, com a

criação de núcleos diferentes na parentela, pela transferência habitual dos filhos, seja a

noras e genros, ou a tarefas e experiências diversas das deles, os pais, sempre que

respeitem as necessidades e resoluções dos seus rebentos, alcançam a vitória sobre si

mesmos, no rumo da própria emancipação na imortalidade.

16. AVERSÕES

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos são, as

mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam

por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam

completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias

igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes

serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim

os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos, antes, durante e

depois de suas encarnações. Do item 8, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo o

Espiritismo". Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas

ocorrências da aversão inata. Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se

repelem, desde os primeiros contactos. Claramente verificáveis os fenômenos da

hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à intimidade do

dia-a-dia. Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses

rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão

logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação. Arraigado no labirinto de

existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas,

remorsos, inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que

o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações

catalogáveis na patologia da mente. Nessa base de raciocínio, determinada criança terá

sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos pais ou tutores e se desenvolveu

abafando propósitos de desforço, com o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e

certos pais haverão sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recém-nato,

alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas atitudes

de convenção. Não muito raro, os cadastros policiais registam infanticídios em que pais

ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos Espíritos aos quais favoreceram com a

encarnação na Terra. Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental

e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge

entender, porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de

compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da

reencarnação é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.

Quantos milhares de existências terminam anualmente, no mundo, pelos

golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas não foram arrebatadas para céus ou

infernos teológicos. Se compenetradas, quanto às leis de amor e perdão que dissipam as

algemas do ódio, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo

em auxílio aos próprios algozes. Na maioria das circunstâncias, todavia, persistem no

caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em

perseguidores magoados ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e

finalmente reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim

de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se lhes

destilem do ser. Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste há-de iniciar-se nos

pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela

sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação. Observemos, no entanto, que em

semelhantes domínios da alma o apoio da fé religiosa se erguerá em socorro e

terapêutica. É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, tantas vezes

quantas se façam necessárias, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a

fim de que, nas bases da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se

levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo, garantindo

aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a redenção de seus próprios

destinos.

17. ABORTO

Pergunta - Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período de

gestação? Resposta - Há crime sempre que transgredis a lei de Deus.

Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a

uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas

provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando. Item n° 358, de

"O Livro dos espíritos".

Falamos naturalmente acerca de relações internacionais, sociais, públicas,

comerciais, clareando as obrigações que elas envolvem; no entanto, muito

freqüentemente marginalizamos as relações sexuais - aquelas em que se fundamentam

quase todas as estruturas da ação comunitária. Esquece-se, habitualmente, de que o

homem e a mulher, via de regra, experimentam instintivo horror à solidão e que, à vista

disso, a comunhão sexual reclama segurança e duração para que se mostre assente nas

garantias necessárias. Impraticável, sem dúvida, impor a continuidade da ligação entre

duas criaturas, a preço de violência; no entanto, à face das contingências e contratempos

pelos quais o carro da união esponsalícia deve passar pelas estradas do mundo, as leis da

vida, muito sabiamente, estabelecem nos filhos os elos da comunhão entre os cônjuges,

atribuindo-lhes a função de fixadores da organização familiar; com a colaboração deles,

os deveres do companheiro e da companheira, no campo da assistência recíproca, se

revelam mais claramente perceptíveis e o lar se alteia por escola de aperfeiçoamento e

de evolução, em marcha para a aquisição de mais amplos valores do espírito, no Mundo

Maior. De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante,

do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. É pela conjunção sexual entre

o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no Planeta; em virtude disso, entre

pais e filhos residem os mecanismos da sobrevivência humana, quanto à forma física, na

face do orbe. Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos,

atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora

envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo,

gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor - do amor que

nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus. Com semelhantes notas,

objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso, praticado

exclusivamente pela fuga ao dever. Habitualmente - nunca sempre – somos nós mesmos

quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e

a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo,

com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. Comumente chamamos a nós antigos

companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a

prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de

elevação e resgate, burilamento e melhoria. Criamos projetos, aventamos sugestões,

articulamos providências e externamos votos respeitáveis, englobando-nos com eles em

salutares compromissos que, se observados, redundarão em bênçãos substanciais para

todo o grupo de corações a que se nos vincula a existência. Se, porém, quando

instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a

pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas

e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no

Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e

de auxílio, fazem-se hoje - e isso ocorre bastas vezes, em todas as comunidades da Terra

- inimigos recalcados que se nos entranham à vida íntima com tal expressão de

desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimento e aflição que se

estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas,

impondo-nos trabalho e inquietação. Admitimos seja suficiente breve meditação, em

torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das

moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente,

ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões.

18. PAIS E FILHOS

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os

corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais

odioso. Do item 9, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Trazida a

reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio-domésticos, não é somente a

relação de pais para filhos que assume caráter de importância, mas igualmente a que se

verifica dos filhos para com os pais. Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de

igual modo, os pais não pertencem aos filhos. Os genitores devem especial consideração

aos que agridem os filhos e tentam escravizá-los, qual se lhes fossem objeto de

propriedade exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de freqüência, filhos que

agridem os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem

alimárias domésticas. A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos

compete de uns para com os outros. Entre pais e filhos, há naturalmente uma fronteira

de apreço recíproco, que não se pode ultrapassar, em nome do amor, sem que o egoísmo

apareça, conturbando-lhes a existência. Justo que os pais não interfiram no futuro dos

filhos, tanto quanto justo que os filhos não interfiram no passado dos pais. Os pais não

conseguem penetrar, de imediato, a trama do destino que os princípios cármicos lhes

reservam aos filhos, no porvir, e os filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o

enredo das circunstâncias em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que

pudessem volver, do Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico. Unicamente no

mundo das causas, após a desencarnação, ser-lhes-á possível o entendimento claro,

acerca dos vínculos em que se imanizam. Invoque-se, à vista disso, o auxílio de

religiosos, professores, filósofos e psicólogos, a fim de que a excessiva agressividade

filial não atinja as raias da perversidade ou da delinqüência para com os pais e nem a

excessiva autoridade dos pais venha a violentar os filhos, em nome de extemporânea ou

cruel desvinculação. Pais e filhos são, originariamente, consciências livres, livres filhos

de Deus empenhados no mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste,

evolução. As leis da vida englobam-lhes a individualidade no mesmo alto gabarito de

consideração. Nunca é lícito o desprezo dos pais para com os filhos e vice-versa. Não

configuramos no assunto qualquer aspecto lírico na temática afetiva. Apresentamos,

sumariamente, princípios básicos do Universo. A existência terrestre é muito importante

no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples

estágio da criatura eterna no educandário da experiência física, à maneira de estudante

no internato.

Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de tempo, no currículo

de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes iniciantes, quando surgem na

arena de serviço terrestre, com acesso na escola, sob o patrocínio dos companheiros que

os antecederam, por ordem de matrícula e aceitação. E que os filhos jamais acusem os

pais pelo curso complexo ou difícil em que se vejam no colégio da existência humana,

porquanto, na maioria das ocasiões, foram eles mesmos, os filhos, que, na condição de

Espíritos desencarnados, insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou

suave processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina de valores físicos,

de cujos instrumentos se mostravam carecedores, a fim de seguirem rumo correto, no

encalço da própria emancipação.

19. AMOR LIVRE

Pergunta: Qual das duas, a poligamia ou a monogamia é mais conforme à lei

da Natureza? Resposta: A poligamia é lei humana cuja abolição marca Progresso social.

O casamento segundo as vistas de Deus tem que se fundar na afeição dos seres que se

unem. Na poligamia, não há afeição real: há apenas sensualidade. Item n° 701, de "O

livro dos Espíritos".

Comenta-se a possibilidade de legalização das relações sexuais livres, como

se fora justo escolher companhias para a satisfação do impulso genésico, qual se

apontam iguarias ou vitaminas mais desejáveis numa hospedaria. Relações sexuais, no

entanto, envolvem responsabilidade.

Homem ou mulher, adquirindo parceira ou parceiro para a conjunção afetiva,

não conseguirá, sem dano a si mesmo, tão-somente pensar em si.

Referentemente ao assunto, não se trata exclusivamente da ligação em base do

matrimônio legalmente constituído. Se os parceiros da união sexual possuem deveres a

observar entre si, à face de preceitos humanos, voluntariamente aceitos, no plano das

chamadas ligações extralegais acham-se igualmente submetidos aos princípios das Leis

Divinas que regem a Natureza. Cada Espírito detém consigo o seu íntimo santuário,

erguido ao amor, e Espírito algum menoscabará o "lugar sagrado" de outro Espírito,

sem lesar a si mesmo. Conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis

seria tratar "consciências" qual se fossem "coisas", e se as próprias coisas, na condição

de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada

um? É óbvio que ninguém se lembrará, em são juízo, de recomendar escravidão às

criaturas claramente abandonadas ou espezinhadas pelos próprios companheiros ou

companheiras a que se entregaram, confiantes; isso, no entanto, não autoriza ninguém a

estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais que resultariam

unicamente em licença ou devassidão. Instituído o ajuste afetivo entre duas pessoas,

levanta-se, concomitantemente, entre elas, o impositivo do respeito à fidelidade natural,

ante os compromissos abraçados, seja para a formação do lar e da família ou seja para a

constituição de obras ou valores do espírito. Desfeitos os votos articulados em dupla,

claro que a ruptura corre à conta daquele ou daquela que a empreendeu, com o aceite

compulsório das conseqüências que advenham de semelhante resolução. Toda

sementeira se acompanha de colheita, conforme a espécie. É razoável nos lembremos

disso, porquanto o autor ou autora da defecção havida, ante os princípios de causa e

efeito, é considerado violador de almas, assumindo com as vítimas a obrigação de

restaurá-las, até o ponto em que as injuriou ou prejudicou, ainda mesmo quando na

conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas

supostamente já prejudicadas ou injuriadas por alguém. O diamante no lodo não deixa

de ser diamante, sem perder o valor que lhe é próprio, diante da vida. A criatura em

sofrimento não deixa de ser criação de Deus, sem perder a imortalidade que lhe é

própria, à frente do Universo. Que a tentação de retorno dos sistemas poligâmicos pode

ocorrer habitualmente com qualquer pessoa, na Terra, é mais que natural - é justo. Em

circunstâncias numerosas, o pretérito pode estar vivo nos mecanismos mais profundos

de nossas inclinações e tendências. Entretanto, os deveres assumidos, no campo do

amor, ante a luz do presente, devem prevalecer, acima de quaisquer anseios

inoportunos, de vez que o compromisso cria leis no coração e não se danificarão os

sentimentos alheios sem resultados correspondentes na própria vida. Observem-se, nos

capítulos do sexo, os desígnios superiores da Infinita Sabedoria que nos orienta os

destinos e, nesse sentido, urge considerar que a Vontade de Deus, na essência, é o dever

em sua mais alta expressão traçado para cada um de nós, no tempo chamado "hoje". E

se o "hoje" jaz viçado de complicações e problemas, a repontarem do "ontem", depende

de nós a harmonia ou o desequilíbrio do "amanhã".

20. CONTROLE SEXUAL

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração

pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos males

que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse

feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. Do item 4, do

Cap. V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações

irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram

conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui de

homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes

próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas

consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do destino à luz da

imortalidade. O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e

só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do

sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações. O segundo já se

levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de nós

mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais, educando-os pelos mecanismos

da contenção. Falar de governo e administração, no campo sexual, aos que ainda se

desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão-somente

atribuíveis ao professor universitário, razão por que será justo deter-se alguém nesse ou

naquele estudo alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem

suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular. Estabelecida a ressalva,

perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os compromissos

de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros. Assim nos externamos para

considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de

proteger a tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira

da experiência "a dois", e, muito comumente, os "dois" se transfiguram em outros mais,

na pessoa dos filhos e demais descendentes. Urge, desse modo, evitar arrastamentos no

terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos ajustes propostos ou

aceitos não venha a romper a segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa

assistência e cuidado, com reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos

arraigamos através da afinidade. Não se trata, em nossas definições, do chamado

"vínculo indissolvível" criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos

companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para

a vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito

natural de se vincularem à outra ligação ou a outras ligações subseqüentes, procurando

companhia ao nível de sua confiança e respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da

lealdade que deve ser respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os

parceiros se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio

recíproco. Considerado o exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes

dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da

indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria segurança íntima

para se atirar à leviandade. Justo ponderar quanto a isso, porquanto, em muitas

ocorréncias dessa espécie, não é somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos

próprios compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o

companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos

votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no

campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.

21. HOMOSSEXUALIDADE

Pergunta - Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um

homem, ou no de uma mulher? Resposta: - Isso pouco lhe importa. O que o guia na

escolha são as provas por que haja de passar. Item n° 202, de "O Livro dos Espíritos".

A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns

círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da

criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra

explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases

materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação. Observada a

ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria

heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai

crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da

Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de

irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres,

solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às

criaturas heterossexuais. A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a

compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar

quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes

mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si,

exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos

ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinqüência. A

vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto,

através de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora

em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o

fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.

O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente

masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. A face

disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice

versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em

que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que

o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas

circunstâncias. Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no

renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não

apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de

ação, como também no que concerne a obrigações regenerativas. O homem que abusou

das faculdades genésicas, arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de

uniões construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova posição,

no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino, aprendendo, em regime

de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a mulher que agiu de igual modo é

impulsionada à reencarnação em corpo morfologicamente masculino, com idênticos

fins. E, ainda, em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar

tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, conseqüentemente, na

elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria

internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela

qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver temporariamente ocultos na

armadura carnal, com o que se garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo

afetivo, de maneira a perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que

abraçam. Observadas as tendências homossexuais dos companheiros reencarnados nessa

faixa de prova ou de experiência, é forçoso se lhes dê o amparo educativo adequado,

tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se

verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto

entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os

erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor,

são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque

todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da

consciência de cada um.

22. ADULTÉRIO E PROSTITUIÇÃO

Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado, disse Jesus.

Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros porque ninguém há que não

necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com

mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em

outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta,

vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita. Do item 13, do Cap. X, de O

Evangelho Segundo o Espiritismo.

É curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do

espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua

inolvidável sentença: "aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra". Dir-se-ia

que no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas

afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra

haja escapado, no cardume das existências consecutivas, aos chamados "erros do amor".

Penetre cada um de nós os recessos da própria alma, e, se consegue apresentar

comportamento irrepreensível, no imediatismo da vida prática, ante os dias que correm,

indague-se, com sinceridade, quanto às próprias tendências. Quem não haja varado

transes difíceis, nas áreas do coração, no período da reencarnação em que se encontre,

investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência,

verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do

acervo de lutas sexuais da Humanidade.

Desses embates multimilenares, restam, ainda, por feridas sangrentas no

organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das

doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição que

reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga,

estabelecendo mercados afetivos. Qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da

violência homicida e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há

milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, o adultério e a prostituição ainda

permanecem, na Terra, por instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a

desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo

mesmo peso, na balança do progresso e da vida. Note-se que o lenocínio de hoje,

conquanto situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados por regulamentação

oficial, em muitas regiões, como sucedia notadamente na Grécia e na Roma antigas, em

que os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos por levas de

jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para

misteres de aluguel. Tantos foram os desvarios dos Espíritos em evolução no Planeta –

Espíritos entre os quais muito raros de nós, os companheiros da Terra, não nos achamos

incluídos - que decerto Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana,

pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em

matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira pedra.

Evidentemente, o mundo avança para mais elevadas condições de existência.

Fenômenos de transição explodem aqui e ali, comunicando renovação. E, com

semelhantes ocorrências, surge para as nações o problema da educação espiritual, para

que a educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a

licenciosidade. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor

se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo,

com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada

uma, então os conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano,

de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva

não terá razão de ser.

23. ABSTINÊNCIA E CELIBATO

Pergunta - O celibato voluntário representa um estado de perfeição meritório

aos olhos de Deus? Resposta - Não, e os que assim vivem, por egoísmo, desagradam a

Deus e enganam o mundo. Pergunta - Da parte de certas pessoas, o celibato não será um

sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da

Humanidade? Resposta - O caso é muito diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo

sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto

maior o mérito. Itens ns 698 e 699, de "O Livro dos Espíritos".

Abstinência, em matéria de sexo e celibato, na vida de relação pressupõe

experiências da criatura em duas faixas essenciais – a daqueles Espíritos que escolhem

semelhantes posições voluntariamente para burilamento ou serviço, no curso de

determinada reencarnação, daqueles outros que se vêem forçados a adotá-las, por força

de inibições diversas. Indubitavelmente, os que consigam abster-se da comunhão

afetiva, embora possuindo em ordem todos os recursos instrumentais para se aterem ao

conforto de uma existência a mais, com o fim de se fazerem mais úteis ao próximo,

decerto que traçam a si mesmos escaladas mais rápidas aos cimos do aperfeiçoamento.

Agindo assim, por amor, doando o corpo a serviço dos semelhantes, e, por esse modo,

amparando os irmãos da Humanidade, através de variadas maneiras, convertem a

existência, sem ligações sexuais, em caminho de acesso à sublimação, ambientando-se

em climas diferentes de criatividade, porquanto a energia sexual neles não estancou o

próprio fluxo; essa energia simplesmente se canaliza para outros objetivos - os de

natureza espiritual. E, em concomitância com os que elegem conscientemente esse tipo

de experiência, impondo-se duros regimes de vivência pessoal, encontramos aqueles

outros, os que já renasceram no corpo físico induzidos ou obrigados à abstinência

sexual, atendendo a inibições irreversíveis ou a processos de inversão pelos quais sanam

erros do pretérito ou se recolhem a pesadas disciplinas que lhes facilitem a

desincumbência de compromissos determinados, em assuntos do espírito. Num e noutro

caso, identificamos aqueles que se fazem chamar, segundo os ensinamentos

evangélicos, como sendo "eunucos" por amor do Reino de Deus". Esses eunucos,

porém, muito ao contrário do que geralmente se afirma, não são criaturas

psicologicamente assexuadas, respirando em climas de negação da vida. Conquanto

abstêmios da emotividade sexual, voluntária ou involuntariamente, são almas vibrantes,

inflamadas de sonhos e desejos, que se omitem, tanto quanto lhes é possível, no terreno

das comunhões afetivas, para satisfazerem as obrigações de ordem espiritual a que se

impõem. Depreende-se daí a impossibilidade de se doarem a quaisquer tarefas de

reparação ou elevação sem tentações, sofrimentos, angústias e lágrima:; e, às vezes, até

mesmo escorregões e quedas, nos domínios do sentimento, de vez que os impulsos do

amor nelas se mantêm com imensa agudeza, predispondo-as à sede incessante de

compreensão e de afeto. Entendendo-se os valores da alma por alimento do espírito,

impossível esquecer que a produção do bem e do aprimoramento se realiza à base de

atrito e desgaste. A semente é segregada no solo para desvencilhar-se dos empeços que

a constringem, de modo a formar o pão, e o pão, a rigor, não se completa em forno frio.

A força no carro não surge sem a queima de combustível, e o motor não lhe garante

movimento sem aquecer-se em nível adequado. Abstinência e celibato, seja por decisão

súbita do homem ou da mulher, interessados em educação dos próprios impulsos, no

curso da reencarnação, ou seja por deliberação assumida, antes do renascimento na

esfera física, em obediência a fins específicos, não contam indiferença e nem anestesia

do sentimento. Celibato e abstinência, em qualquer forma de expressão, constituem

tentames louváveis do ser experiências de caráter transitório -, nos quais a fome de

alimento afetivo se lhes transforma no imo do coração em fogo purificador, acrisolandolhes

as tendências ou transfigurando essas mesmas tendências em clima de produção do

bem comum, através do qual, pela doação de uma vida, se efetua o apoio espiritual ou a

iluminação de inúmeras outras. Tais considerações nos impelem a concluir que a vida

sexual de cada criatura é terreno sagrado para ela própria, e que, por isso mesmo,

abstenção, ligação afetiva, constituição de família, vida celibatária, divórcio e outras

ocorrências, no campo do amor, são problemas pertinentes à responsabilidade de cada

um, erigindo-se, por essa razão, em assuntos, não de corpo para corpo, mas de coração

para coração.

24. CARGA ERÓTICA

Dois sistemas se defrontam: o dos ascetas, que tem por base o aniquilamento

do corpo, e o dos materialistas, que se baseia no rebaixamento da alma. Duas violências

quase tão insensatas uma quanto a outra. Ao lado desses dois grandes partidos, formiga

a numerosa tribo dos indiferentes que, sem convicção e sem paixão, são mornos no

amar e econômicos no gozar. Onde, então, a sabedoria? Onde, então, a ciência de viver?

Em parte alguma; e o grande problema ficaria sem solução, se o Espiritismo não viesse

em auxílio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações que existem entre o corpo

e a alma e dizendo-lhes que, por serem necessários uma ao outro, importa cuidar de

ambos. Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento

daquela. Desatender às necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de

Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre arbítrio o induziu a cometer

e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo, mal dirigido, pelos acidentes que

causa.

Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes

menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo?

Não, a perfeição não está nisso, está toda nas formas por que fizerdes passar o vosso

Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes

dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição. Do item 11, do Cap.

XVII, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

O instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas

profundezas da vida, orientando os processos da evolução. Toda criatura consciente traz

consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais,

vividas nos reinos inferiores da Natureza. De existência a existência, de lição em lição e

de passo em passo, por séculos de séculos, na esfera animal, a individualidade, erguida à

razão, surpreende em si mesma todo um mundo de impulsos genésicos por educar e

ajustar às leis superiores que governam a vida. A princípio, exposto aos lances adversos

das aventuras poligâmicas, o homem avança, de ensinamento a ensinamento, para a sua

própria instalação na monogamia, reconhecendo a necessidade de segurança e

equilíbrio, em matéria de amor; no entanto, ainda aí, é impelido naturalmente a carregar

o fardo dos estímulos sexuais, muita vez destrambelhados, que lhe enxameiam no

sentimento, reclamando educação e sublimação. Depreende-se disso que toda criatura

na Terra transporta em si mesma determinada taxa de carga erótica, de que, em verdade,

não se libertará unicamente ao preço de palavras e votos brilhantes, mas à custa de

experiência e trabalho, de vez que instintos e paixões são energias e estados inerentes à

alma de cada um, que as leis da Criação não destroem e sim auxiliam cada pessoa a

transformar e elevar, no rumo da perfeição. Fácil entender, portanto, que do erotismo,

como fator de magnetismo sexual humano, na romagem terrestre, seja em se tratando de

Espíritos encarnados ou desencarnados na Comunidade Planetária, não partilham tãosomente

as inteligências que já se angelizaram, em minoria absoluta no Plano Físico, e

aqueles irmãos da Humanidade provisoriamente internados nas celas da idiotia, por

força de lides expiatórias abraçadas ou requisitadas por eles próprios, antes do berço

terreno. Os Espíritos sublimados se atraem uns aos outros por laços de amor

considerado divino, por enquanto inabordáveis a nós outros, seres em laboriosa escalada

evolutiva e que compartilhamos das tendências e aspirações, dificuldades e provas do

gênero humano. E os companheiros temporariamente bloqueados por cérebros

deficientes e obtusos atravessam períodos mais ou menos longos de silêncio

emocionados, destinados a reparações e reajustes, quase sempre solicitados por eles

mesmos - repetimos -, já que se sentenciam a entraves e inibições, no campo de

exteriorização da mente, através dos quais refazem atitudes e recondicionam impulsos

afetivos em preciosas tomadas e retomadas de consciência. À vista do exposto, é fácil

reconhecer que toda criatura humana, sempre nascida ou renascida sob o patrocínio do

sexo, carreia consigo determinada carga de impulsos eróticos, que a própria criatura

aprende, gradativamente, a orientar para o bem e a valorizar para a vida. Diante do sexo,

não nos achamos, de nenhum modo, à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas

perante a fonte viva das energias em que a Sabedoria do Universo situou o laboratório

das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das

tarefas que esposamos, em regime de colaboração mútua, visando ao rendimento do

progresso e do aperfeiçoamento entre os homens.

Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre

em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz,

evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por

sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e acertando e

tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós - os filhos de

Deus em evolução na Terra - conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios,

de modo a erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor

Universal.

25. SEXO E RELIGIÃO

Pergunta - Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida

corpórea, acabar de depurar-se? Resposta - Sofrendo a prova de uma nova existência.

Pergunta - Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como

Espírito? Resposta - Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma

transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal. Item n. 166,

de"O Livro dos Espíritos.

Dar-se-á o fato de se isentar alguém dos impulsos e inquietações sexuais,

simplesmente por haver assumido compromissos de natureza religiosa? Claro que a

lógica responde no espírito de seqüência da natureza. A criatura que abraça encargos

dessa ordem está procurando ou aceitando para si mesma aguilhões regeneradores ou

educativos, de vez que ordenações e providências de caráter externo não transfiguram

milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé, por isso mesmo, se concretizam

à base de porfiadas lutas da alma, de si para consigo.

Ninguém se burila de um dia para outro. De que modo alienar condições

inerentes à própria vida do Espírito, acalentadas, no curso das eras, tão-somente em

função de afirmativas verbais? E entendendo-se que as leis do Universo não destroem o

instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na passagem dos evos, pelos

mecanismos da sublimação, de que forma exigir a extinção dos estímulos genésicos em

alguém, tão-só porque esse alguém se consagre ao Serviço Divino da Fé, quando esses

mesmos estímulos são ingredientes da vida e da evolução, criados pela mesma

Providência Divina para a sustentação e a elevação de todos os seres? Compreendida a

inalienabilidade dos problemas sexuais nas individualidades representativas das idéias

religiosas no mundo, é mais que razoável considerar que essas individualidades, em

grande maioria, solicitaram para si próprias os controles de feição moral a que

transitoriamente se vinculam, no tentame de extraírem deles o proveito máximo, a favor

de si próprias. Efetivamente, Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de

elevação, unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas

da Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam o

progresso dos seus irmãos. Esses missionários do devotamento vibram em faixas de

amor sublime, quase sempre inacessível à compreensão dos seus contemporâneos. Não

ocorrem análogas circunstâncias entre aqueles outros que renascem sob regime

disciplinar, requisitados por eles contra eles mesmos, de vez que grande número desses

obreiros das idéias religiosas, reencarnados em condições de prova, demonstram

dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente, quando não sofrem exagerada

tendência aos desvarios sexuais - tendência essa que habitualmente os mantém

recolhidos ao medo de qualquer expansão afetiva. Temendo as manifestações do amor e

bastas vezes condenando indebitamente os companheiros da Humanidade, pelo fato de

se acomodarem a uniões respeitáveis e dignas, na generalidade receiam a si próprios e

censuram os semelhantes, no impulso inconsciente de lhes copiar a independência e a

conduta. Daí surgem os incidentes menos felizes quantas vezes! – em que vemos

expositores ardentes e apaixonados, dessa ou daquela idéia religiosa, tombando em

experiências emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que

eles próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros!... Aliás, registe-se

que o fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada

seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e autopoliciamento,

sem que as marcas exteriores de fé signifiquem mais que um convite ou um desafio a

que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios de acrisolamento que abraça. Instruções

religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração, conquanto se

erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se acolhe para o serviço de

autoaprimoramento. Qualquer professor na Terra há-de se identificar com os alunos, no

campo das experiências naturais do cotidiano, a fim de que se estabeleça, entre eles, o

fio da compreensão mútua, unindo vanguarda e retaguarda do esforço para a escalada do

grupo ao conhecimento. Um anjo e uma equipe de criaturas humanas não entrariam em

relacionamento ideal para rendimento ideal do ensino. À vista disso, somos nós

mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do Universo, que nos enlaçamos uns com os

outros, encarnados e desencarnados, aperfeiçoando gradativamente as qualidades

próprias e aprendendo, à custa de trabalho e tempo, como alcançar a sublimação que

demandamos, em marcha laboriosa para a conquista dos Valores Eternos.

26. À MARGEM DO SEXO

"Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os movimentos

íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que

censurais, ou reprova o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos.

Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes anátema, tereis, quiçá, cometido

faltas mais graves. Do item 16, do Cap. X, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Companheiros da Terra, à frente de todas as complicações e problemas do

sexo, abstende-vos de censura e condenação. Todos nós - ,os Espíritos em

aperfeiçoamento nos climas do Planeta - estamos emergindo de passado multimilenar,

em que as tramas da alma se entreteciam em labirintos de sombra, para que as bênçãos

do aprendizado se nos fixassem no espírito.

Ainda assim, achamo-nos todos muito longe da meta por alcançar. Se alguém

vos parece cair, sob enganos do sentimento, silenciai e esperai!

Se alguém se vos afigura tombar em delinqüência, por desvarios do coração,

esperai e silenciai!... Sobretudo, compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por

enquanto, nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje

qual o tamanho da experiência afetiva que nos aguarda amanhã. Calai os vossos

possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de nós, por agora, é

capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a cada um nas irreflexões e

desequilíbrios dos outros. Somos todos peças integrantes de uma só família, operando

em dois mundos, simultaneamente - aquele das inteligências corporificadas no plano

físico e aquele outro das inteligências desencarnadas que se domiciliam nas regiões da

mesma Terra que habitais, disputando convosco, tanto quanto igualmente entre si, a

aquisição de recursos substanciais da evolução. Não dispomos de recursos para

examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso

particular, em matéria de amor, reclamando compreensão. A vista disso, muitos de

nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos para o bem, ao passo que

muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos

desvencilharemos, um dia!... Abençoai e amai sempre. Diante de toda e qualquer

desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, colocai-vos, em

pensamento, no lugar dos acusados, analisando as vossas tendências mais íntimas e,

após verificardes se estais em condições de censurar alguém, escutai, no âmago da

consciência, o apelo inolvidável do Cristo: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos

amei.

FIM