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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Convivência-Francisco Cândido Xavier

Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO: Caso você tenha gostado do livro e tenha condições de comprá-lo, faça-o, pois os direitos autorais são doados.

Muita Paz

CONVIVÊNCIA

E as indagações de numerosos amigos se multiplicam.

Por que o aumento do antagonismo e da intolerância no mundo, formando os mais

dolorosos processos de violência?

De que modo justificar a desvinculação entre pais e filhos, quase sempre, em bases de

frieza e indiferença?

Como entender a freqüência dos divórcios com esquecimento de crianças inteligentes e

observadoras, que, em muitas ocasiões, passam a se considerar na condição de órfãos

de pais vivos?

De que maneira sonhar as lutas entre chefes e subalternos, habitualmente empenhados à

carga das reclamações abertas?

Como extinguir o racismo e o preconceito negativo, as aversões gratuitas e as antinomias

entre idéias respeitáveis?

Sob que razões, interpretar a delinqüência entre irmãos?

E a guerra? Como definir a sinistra presença da guerra nas comunidades e nações?

Respondendo às perguntas de vários companheiros, oferecemos aos leitores amigos este

livro despretensioso, afirmando que viver é de todos, mas a convivência é o fator que nos

ensina a compreensão e a solidariedade de uns parsos outros,- a ciência da comunicação

recíproca que estamos adquirindo na atualidade do mundo, porque só adquirindo os

valores da convivência pacífica atingiremos a plena vitória do amor que o Cristo nos

legou.

Emmanuel

Uberaba, 29 de janeiro de 1984

CAMINHA

A tarefa com Jesus é semelhante a grande caminhada.

*

Em plena marcha, compreenderás que o serviço do bem não te permite o luxo do repouso

desnecessário.

*

Os apelos para que te interrompas surgem, habitualmente, de muitos modos.

*

É o cântico das sereias da antiga imagem literária, induzindo-te a distrações, que te

imobilizem no esquecimento.

*

É a lamentosa alegação de cassandras do pessimismo, inventando fadigas que não

sentes, tentando paralizar-te.

*

São companheiros que se envolvem na trama de intrigas e melindres a te requisitarem

para o desequilíbrio.

*

São amigos que te deixam a sós, receando perder as vantagens que os vinculam a

paixões possessivas.

*

Ouve a consciência que te impele ao dever e não te perturbes.

*

Seja qual for o convite que te façam para que te detenhas no campo cinzento da inércia,

não te prendas a semelhante domínio da sombra.

*

Serve e caminha.

5

CONSTRUÇÃO

Em assuntos alusivos à edificação do Reino de Deus em nós, não nos esqueçamos dos

requisitos essenciais em qualquer construção terrestre.

*

Qualquer obra simples, no Plano Físico, para que se levante, exige planejamento, serviço

e ordem.

*

Planejamento que inclui diretiva e orientação.

Serviço que se define por atividade e dever.

Ordem que expresse cooperação e ajustamento.

*

Em suma, a disciplina é a síntese de todos os programas e obrigações para que o menor

edifício se concretize na esfera humana.

*

Obedece a pedra nas reentrâncias da base que se horizontaliza no solo.

Obedece o tijolo na faixa da alvenaria.

Obedece a viga de aço no campo da segurança.

*

Na estrutura doméstica, obedece a semente no preparo da refeição, obedece o metal na

utilidade caseira, obedece o fio na confecção da vestimenta.

*

Não poderemos construir os mínimos tópicos de elevação no próprio espírito, sem que

nos rendamos com alegria ao trabalho que nos compete.

*

Somos material inteligente nas mãos sábias do Cristo. O Senhor, no entanto, não opera

em nós, através de constrangimento, porque o Reino de Deus deve realmente surgir nos

recessos de nossas próprias almas.

6

*

É por isso que, em nos ensinando como se deve atuar, viver, crescer, trabalhar, servir e

morrer, na edificação do Reino Eterno, esteve o próprio Divino Mestre entre nós, vivendo

em regime de simplicidade nas bênçãos da Natureza, crescendo sem ilusões, trabalhando

em apagada carpintaria, servindo sem exigência e morrendo injustamente na cruz, sem

revolta e sem mágoa, para que aprendamos a buscar primeiramente os Desígnios de

Deus, cujo plano de ação, é luz e felicidade para todas as criaturas.

7

OS QUE NÃO ESPERARAM

Não é difícil encontrar, entre os nossos irmãos do mundo, aqueles que, embora

sofredores, não se catalogam entre os bem-aventurados, aos quais Jesus se referiu.

São companheiros que se voltam contra os obstáculos suscetíveis de ofertar-lhes a

precisa oportunidade de ascensão às mais altas experiências.

*

Muitos deles se acolhem à rebeldia sistemática, contraindo débitos que os afetam, de

imediato.

*

No Plano Espiritual, vemo-los freqüentemente. São amigos padecentes que, em verdade,

passaram pelo crivo do sofrimento, entrando, porém, nas perturbações decorrentes da

deserção dos deveres que lhes cabiam cumprir. São irmãos que conheciam o valor dos

entraves que poderiam transpor, a benefício de si mesmos, e acabaram situados nas

sombras da delinqüência. São colaboradores das boas obras que as desfiguraram,

estabelecendo dificuldades para si próprios pela intolerância para com os outros. São

companheiros que articularam problemas e desafios para aqueles que lhe hipotecavam

confiança e carinho e deles se afastaram deliberadamente, procurando escapar às

responsabilidades que eles mesmos escolheram para observar e viver. São todos aqueles

outros irmãos que preferiram o desespero diante das provações de que necessitavam

para o próprio burilamento e se enveredaram, conscientemente, através dos

resvaladouros da inconformação e da disciplina, para as alucidações da angústia e do

suicídio.

*

Realmente, afirmou-nos Jesus:

“Bem-aventurados os que choram porque serão consolados...”

Entretanto que Ele mesmo, Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, se compadeça de todos

os nossos companheiros que conheciam semelhante promessa e não quiseram esperar.

Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará

igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com

Deus venceremos.

8

OPINIÕES CONTRÁRIAS

Em muitos episódios da experiência humana, é provável que a provação te bata à porta.

Não te aflijas.

Recebe-a com serenidade e bom-ânimo.

*

Por mais grave a situação, não te precipites com decisões na base da insegurança.

*

Estuda o desafio que as circunstâncias te lançam em rosto.

*

Sobretudo, não emprestes qualquer traço sinistro às dificuldades que se te apresentem.

*

É possível te vejas sob o peso das chamadas “opiniões gerais”.

Entretanto, nem todas as manifestações das “opiniões gerais” se harmonizam com a

realidade.

Asserena-te e ora, preparando-te para os esclarecimentos necessários, que surgirão em

momento oportuno.

*

Não admitas a ansiedade por mentora de tuas resoluções.

Ainda mesmo que todos os itens da luta em que te encontras, sejam formulados pelos

outros, contra o teu modo de agir e de ser, guarda a consciência tranqüila e não temas.

*

É possível que todas as opiniões em derredor de ti se façam contrárias, entretanto,

conserva a paciência e espera por Deus, porque a opinião dos Mensageiros de Deus

pode ser diferente.

9

ASPIRAÇÕES E TRABALHO

Todos nós aspiramos conseguir determinada realização em determinados ideais, mas

todos necessitamos complementar qualidades para as aquisições de demandados.

*

Querias um casamento perfeito e a Divina Providência te concedeu um matrimônio em

que te aperfeiçoes.

Considerando que não somos seres angélicos e sim criaturas humanas, recebeste uma

esposa ou vice-versa para um encontro feliz, entendendo-se, porém, que esse encontro

não exclui o aprendizado da abnegação, através da solidariedade recíproca.

*

Desejavas filhos queridos que te concretizassem os sonhos e a vida te entregou filhos

amados que te ofertam os mais altos testemunhos de ternura, entretanto, ei-los que

exigem de ti sacrifício e renúncia a fim de que se façam educados e felizes.

*

Sonhavas com certos empreendimentos, em matéria de arte e cultura, indústria e

administração e atraíste semelhantes encargos, no entanto, qualquer deles te angaria o

êxito com vantagens compensadoras, se te entregares, sinceramente, à disciplina e à

responsabilidade.

*

Esperavas amigos, em cujos ombros te apoiasses para viver e esses amigos apareceram,

porém, a fim de conservá-los, será preciso aceitá-los tais quais são, com o dever de

compreendê-los e auxiliá-los tanto quanto aguardas de cada um deles entendimento e

cooperação, nas áreas do apoio mútuo.

*

Efetivamente queremos essa ou aquela premiação da vida, mas não nos esqueçamos de

que a vida nos pede a retribuição de todos os valores que venhamos a conquistar com o

trabalho na edificação do bem, de vez que também no campo da alma para receber é

preciso dar, porquanto, em qualquer setor da existência, daquilo que se planta é que será

justo colher.

10

BENEFICÊNCIA SEMPRE

Nem todos dispomos de telescópios para observar as estrelas, no entanto, é imperioso

reconhecer que todos possuímos recursos para enxergar as crianças desvalidas no

mundo, de modo a estender-lhes o amparo que se nos faça possível.

*

Nem todos conseguimos subordinar as palavras aos princípios gramaticais, a fim de

articular uma alocução irrepreensível, do ponto de vista idiomático, ao redor de assunto

determinado, todavia, a possibilidade de pronunciar essa ou aquela frase de consolo e

esperança, a benefício dos companheiros que estão suportando sofrimentos e provações

maiores do que os nossos não exclui a ninguém.

*

Nem todos penetramos os segredos da botânica em toda a extensão, contudo, todos

guardamos o privilégio de plantar árvores amigas e flores diversas, por onde passemos e

onde estivermos.

*

Nem todos movimentamos a fortuna moedada para a sustentação da beneficência,

entretanto, é justo anotar que todos podemos repartir o pão que nos é destinado com

alguém que necessite.

*

A vida não nos pede o impossível para que nos integremos nos mecanismos da caridade,

extinguindo as provações que atormentam a Terra, mas, para que o mal desapareça,

espera de cada um de nós essa ou aquela migalha do bem.

11

HUMANIZAÇÃO

Hostilidade, aversão, desafeto, ressentimento: semelhantes palavras assinalam estados

evolutivos nos quais se fixam, transitoriamente, milhões de criaturas.

*

Os antagonismos entre as pessoas, na essência, expressam atritos, nos quais se lhe

embatem as forças de envoltório, das quais, por fim, se desvencilham com o tempo, de

modo a adquirirem os recursos de elevação que lhes patrocinam a transferência para as

Esferas Superiores.

*

A imagem mais adequada ao esclarecimento do assunto, temo-la, mais particularmente,

na atualidade, nos foguetes fabricados pelo homem, destinados à pesquisa do Espaço

Cósmico.

À medida que alcançam as alturas, os engenhos dessa espécie se desfazem de cápsulas

diversas, conquistando leveza e libertação para transitarem sem maiores empeços, à

distância do centro de gravitação que os atrai.

Erguendo-se o Plano Físico por região, na qual ainda preponderam os impulsos animais

de egoísmo e auto-defesa, quantos se liberam de semelhantes impedimentos se projetam

nos altos domínios da compreensão, penetrando outros campos relacionados com a

Cúpula do Universo.

Eis porque atingindo a própria humanização, a criatura deixa de conhecer adversários

para encontrar unicamente irmãos em qualquer clima evolutivo.

*

Esforcemo-nos, assim, ao máximo, para entender acima de julgar e, pouco a pouco, o

conceito de inimigos se nos afastará da mente, porquanto, ainda mesmo nos

companheiros que se empenhem a ferir-nos, identificaremos candidatos ao remédio e à

piedade e por eles trabalharemos a fim de que o bem nos favoreça, com a dedicação de

quem se auxilia, auxiliando aos próprios irmãos.

12

DINHEIRO E EXPERIÊNCIA

Não consideres o dinheiro por “vil metal.”

Justo acatar-lhe as funções na existência humana.

*

O dinheiro não é um motor, mas gera o progresso.

Não é alegria, no entanto, consegue distribuí-la, ainda mesmo se doada por aqueles que

não a possuem.

Não é paz, contudo, constrói caminhos para a conciliação.

Não é segurança, mas protege a pessoa contra a necessidade.

Não é alimento, no entanto, assegura o pão de cada dia.

Não é agasalho, porém, adquire os fios que o entretecem.

Não é saúde, entretanto, adquire o remédio para aliviar a enfermidade ou saná-la de vez.

Não é um tapete mágico, mas auxilia ao homem a ganhar tempo, no aconchego do

automóvel ou no bojo do avião.

Não é amizade, no entanto, sempre que mobilizado para o bem dos outros, é capaz de

criar os melhores valores da simpatia e do reconhecimento.

*

Dinheiro é suor do trabalho e sangue do organismo social.

Aprendamos a respeitá-lo.

*

A finança em si, não é vida, no entanto, em nome de Deus, é um dos mais valiosos

apoios pra a vida, a fim que a criatura possa viver.

13

TRABALHO E CRÍTICA

Trabalho edificante em andamento no Plano Físico, onde se reúnem milhões de criaturas

diferentes entre si, não se desenvolve sem críticas.

*

A pancadaria verbal cercará os obreiros.

E explodem objurgatórias, tais quais estas:

- Por que tanta lentidão nos detalhes?

- É impossível não estejam vendo as falhas com que se mostram...

- Aquele cooperador é um desastre...

- Não se compreende uma realização assim tão elevada em mãos tão incompetentes.

- Não consigo colaborar com gente tão despreparada...

- Tudo cairá sobre a turma irresponsável!

- Estão todos errados...

- Aguardemos o fracasso final...

*

Quando essas vozes se façam ouvir, não temas e prossegue trabalhando.

*

Imperfeições todos temos e teremos, até que possamos alcançar o Plano Divino.

*

Problemas evidenciam presença e colaboração.

Dificuldades trazem observações e observações justas geram insegurança.

*

Deixa que a censura te vigie e segue adiante.

14

Apesar de nossos erros e acima de todas as nossas deficiências, a construção do Bem

não nos pertence; essencialmente, pertence a Jesus que zelará por ela, em nome de

Deus.

E sabemos que o trabalho de Jesus não pode e nem deve parar.

*

A vida não nos pede o impossível para que nos integremos nos mecanismos da caridade,

extinguindo as provações que atormentam a Terra, mas, para que o mal desapareça,

espera de cada um de nós essa ou aquela migalha do bem.

15

NO TRÂNSITO DA FÉ

No caminho da fé, para que se lhe consolide o valor, é possível encontres obstáculos,

através dos quais possas demonstrar as tuas aquisições de sinceridade e coragem, tais

quais sejam: a incompreensão dos bons, a agressão dos desesperados, o sarcasmo dos

irreverentes, a perturbação dos irmãos ainda ignorantes, a exigência dos críticos, a

deserção de companheiros, a perseguição dos adversários, as horas de crise, as sombras

da tristeza, os braseiros da aflição, os imperativos da renúncia, a necessidade do

sacrifício pessoal e o golpe de amargas desilusões, mas, se tiveres humildade, na marcha

em direção aos elevados objetivos que te propões a atingir, não te faltarão apoio e

assistência constante, na senda a percorrer, porque a humildade se transforma em amor

e o amor se te fará luz e bênção, na jornada para Deus.

16

LIBERDADE E PROVEITO

São muitos os companheiros que requisitam liberdade e mais liberdade.

Entretanto, a maioria se esquece de que a independência de alguém vale pela disciplina

que esse alguém apresenta na execução dos deveres que a vida lhe preceitue.

*

A Natureza mostra isso em lições claras e simples.

*

O Sol é um gigante de força no Espaço Cósmico, no entanto, se não aceitasse os

impositivos da gravitação, não sustentaria a sua imensa colméia de mundos.

*

A cachoeira assemelha-se a uma explosão de energias desatadas, mas sem a represa

que lhe condiciona o poder das águas, o homem não usufruiria muitos dos valiosos

benefícios da Civilização.

*

Sem controle dos implementos que lhe são próprios, o avião não se levantaria.

*

Sem leis que presidam o relacionamento entre as criaturas, a ordem seria uma ilusão.

*

Reflitamos nisso e saibamos cumprir as obrigações que nos cabem.

*

A criatura se destaca pelo que saiba, mas vale pelo bem que se decida a fazer.

17

AMIGOS

De quando a quando, aqui e além, por vezes, aparece determinado obreiro do bem que

se acredita capaz de agir sozinho, no entanto, a breve tempo, reconhece a própria ilusão.

*

O Criador articulou a vida de tal modo, que ninguém algo constrói sem a cooperação de

alguém.

*

Na Terra, há quem diga que amigo é alguém que nos procura unicamente nas horas de

alegria e prosperidade, de vez que comumente se afasta quando o frio da adversidade

aparece.

*

Temos nisso, porém, outra inverdade, porquanto o amigo, ainda mesmo cercado de

obstáculos, compreende os companheiros que se distanciam dele, transitoriamente,

entendendo que circunstâncias imperiosas os compelem a isso.

*

Na condição de espíritos ainda imperfeitos, é certo que, em muitas ocasiões, não nos

achamos afinados uns com os outros, especialmente, no Plano Físico, nos momentos em

que as nossas queixas recíprocas revelam-nos os pontos deficientes.

*

E se soubermos reconhecer que todos temos provas a superar e imperfeições a extinguir,

não experimentaremos dificuldades maiores para exercer a solidariedade e praticar a

tolerância, melhorando o nosso padrão de serviço e comportamento.

*

Se instalados na compreensão mais ampla, observamos que a amizade apenas sobrevive

no clima da caridade que se define por prática do amor, de uns para com os outros.

*

Na posição de amigos, entendemos espontaneamente os nossos companheiros,

oferecendo-lhes o apoio fraterno que se nos faça possível, mesmo quando estejamos

separados, porquanto estaremos convencidos de que possivelmente, surgirá o dia em

que necessitaremos que eles nos amparem com o mesmo auxílio.

*

18

Aprendamos a valorizar os nossos colaboradores para que não nos falte o concurso deles

no momento certo.

*

Amigos são alavancas de sustentação.

*

Saibamos adquirir cooperadores e conservá-los, lembrando-nos de que o próprio Jesus

escolheu doze irmãos de ideal para basear a campanha do Cristianismo no mundo.

Foi ele mesmo, o Mestre e Senhor, que, certa feita, lhes falou de modo convincente: - “Em

verdade, não sois meus servos, porque vos tenho a todos por amigos do coração”.

19

ANTE OS ADVERSÁRIOS

É possível encontres alguns adversários nas melhores realizações a que te entregas.

*

Se isso acontece, habitualmente estás diante de uma pessoa desinformada ou doente

que te recebe com evidentes demonstrações de desapreço.

E quando esse alguém, não consegue asserenar-te o campo íntimo a certas reações

negativas, por vezes, alteia a voz e se faz mais inconveniente nas provocações.

*

De qualquer modo, tolera o opositor com paciência e serenidade.

Ouve-lhe as frases ásperas em silêncio e reflete no desgosto ou na enfermidade em que

provavelmente se encontre.

*

Quando haverá sofrido a criatura, até que se obrigue a trazer o coração simbolicamente

transformado num vaso de fel?

*

Anota por ti mesmo que todos aqueles que ferem estarão talvez feridos.

*

Age à frente dos inimigos de teus ideais ou de teus pontos de vista, com entendimento e

tolerância.

*

Advertiu-nos o Divino Mestre: - “Ora por aqueles que te perseguem ou caluniam.”

*

O Cristo nunca nos exortou ao revide ou à discussão sem proveito.

*

Induziu-nos a orar por todos os adversários ou acusadores gratuitos, dando-nos a

entender que eles todos já carregam consigo sofrimento bastante, sem que necessitemos

agravar-lhes as tribulações. E ainda mesmo que estejam semelhantes companheiros

agindo de maneira insincera, saibamos confiá-los ao tempo, de vez que, para que se lhes

reajuste os mais íntimos sentimentos, bastar-lhes-á-viver.

20

NOS TRILHOS MAIS ÍNTIMOS

Além da beneficência que os recursos amoedados conseguem realizar, uma beneficência

existe, ao alcance de todos, que pode frondejar e frutescer nos trilhos mais íntimos do

cotidiano, começando por dentro do próprio lar.

*

É o verbo que se cala ante a maledicência ou a palavra otimista, que alimenta as boas

intenções, convertendo-as em obras elogiáveis.

*

É a gentileza que se dispensa ao vizinho, no culto do entendimento e da cordialidade que

perdoa espontaneamente o gesto infeliz de algum companheiro.

*

É o pensamento amigo que a bondade exterioriza, em favor do necessitado de paz, ou a

prece que se formula em apoio aos irmãos caídos em provação e desvalimento.

*

É o serviço aparentemente insignificante que se pode prestar aos que nos compartilham

das experiências diárias, quais sejam a informação útil ou a condução de um fardo

pequenino.

*

É a generosidade com que nos será justo suportar a irreflexão desse ou daquele

interlocutor e a desculpa sem queixa para com as ofensas recebidas.

*

Dessa benemerência, às vezes, despercebida nas agitações do mundo, nascem valiosos

fatores para a harmonia da existência.

*

Aprendamos a tolerar-nos uns aos outros, sem atrito, sem mágoa e sem lamentações.

*

Reconheçamos que a possível falta de alguém, tanto quanto a enfermidade de

companheiro determinado poderiam ser nossas.

21

E não olvidemos que o nosso beneficiário de hoje poderá ser o nosso benfeitor de

amanhã.

*

Situando o próprio coração em nossos gestos, marcando a nossa romagem com o selo da

compreensão e do amor, estaremos efetivamente seguindo os exemplos do Amigo

Celeste, que nos auxilia e socorre, de instante a instante, sem que venhamos a perceber.

22

DUPLA BENEFICÊNCIA

A caridade, na forma externa, é suficientemente conhecida.

Toda organização assistencial é uma bênção de Deus, atenuando a penúria e o

sofrimento onde surja.

Existe, porém, a beneficência mais íntima, que se comunica, de alma para alma, nas

bases do silêncio e da compreensão.

*

A caridade mais íntima socorre a pessoa em necessidade sem aparecer; fala-lhe aos

recessos do espírito sem palavras articuladas; apoia-lhe a vida sem mostrar-se; e iluminalhe

o coração, sem ofuscar-lhe o entendimento.

*

Experimenta semelhante trabalho e observarás quanta alegria se te exteriorizará da

existência.

*

Se conheces a necessidade de alguém, não esperes que esse alguém se coloque de

joelhos a suplicar-te favor e estender-lhe o auxílio de que possas dispor; na hipótese de te

faltarem recursos para isso, encontrarás os meios de sugerir a companheiros outros para

que o façam, sem que a tua influência se mostre.

*

Quanto te convenças de que essa ou aquela criatura te requisita atenção para

determinado assunto, ainda mesmo que disponhas de tempo escasso, podes dedicar-lhe

alguns momentos, nos quais a tua palavra lhe signifique o apreço que te merece.

*

Nos problemas de natureza familiar, descobrirás, sem dificuldade, a trilha mental, no

instante justo, através da qual consigas transitar, restaurando a harmonia doméstica, sem

esperar agradecimentos.

*

Ante o amigo que se suponha em erro, saberás despertar-lhe as qualidades superiores

que, porventura, estejam adormecidas, afastando-lhe os pensamentos de quaisquer

sombras.

*

23

Perante uma criatura querida que te haja desfechado essa ou aquela ofensa,

reconhecerás que estará ela em momento difícil e que te cabe esquecer o contratempo

havido, já que em lugar desse ou daquele ofensor, poderíamos estar nós com os

desacertos e precipitações que ainda nos caracterizam.

*

Não nos esqueçamos da beneficência externa que nos irmana uns aos outros, através da

existência recíproca, nas experiências do cotidiano, mas atendamos à beneficência mais

íntima, que ampara sem mostrar-se, erguendo sentimentos e levantando almas para a

elevação de hoje, que perdurará nas alegrias do hoje e sempre.

24

ANOTEMOS

Os ensinamentos de Jesus estão nas linhas da Natureza.

*

Quanto menos perseverança na enxada, mais ferrugem a dificultar-lhe o serviço.

*

Quanto mais suor no arado, mais bênçãos na sementeira.

*

Quanto menos repouso à fonte, mais limpidez na corrente.

*

Quanto mais descanso ao poço. mais estagnação enfermiça nas águas.

*

Quanto menos trato às plantas do pomar, mais ampla invasão da erva daninha.

*

Quanto mais poda nas árvores benfeitoras, mais valiosa se lhe faz a produção.

*

Assim também na vida.

*

Quanto menos esforço, mais intensa excursão na ociosidade.

*

Quanto mais diligência, mais crédito na ação.

*

Quanto menos fé, mais névoa de incerteza.

*

Quanto mais serviço apresentado, suprimento mais alto.

25

*

Quanto menos bondade, mais pessimismo.

*

Quanto mais amizade, alegria mais pura.

*

Quanto mais desprendimento no amparo, simpatia maior.

*

Quanto menos perdão, mais sombra de ressentimento.

*

Quanto mais amor, mais luz no caminho.

*

Quanto menos brandura, mais inquietação.

*

Quanto mais humildade, mais compreensão.

*

Por isso mesmo, nós, armados de vontade e discernimento, somos livres para

estabelecer na vida o clima de sofrimento que nos segregue ou para construir o nosso

caminho de felicidade, facilitando-nos a ascensão para a Grande Luz.

*

Decerto, pensando na importância da Caridade nos mecanismos de nossas relações

recíprocas, é que Jesus nos legou a observação inesquecível:

- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

26

TRAÇOS DA PACIÊNCIA

No campo da alma, a paciência é um dispositivo de ação capaz de auxiliar-nos na

realização de preciosas tarefas, tais quais sejam:

Suportar dificuldades, sem desistir do serviço a fazer;

promover, sem alarde, o socorro preciso aos companheiros necessitados;

tolerar os cooperadores de temperamento difícil, sem recorrer a advertências inoportunas;

aguentar injúrias, sem transmiti-las à sensibilidade dos outros;

fazer o bem, abstendo-nos de provocar elogios e recompensas;

substituir qualquer irmão impedido de exercer as funções que lhe são próprias, na equipe

de trabalho em que se integre, sem cobrar-lhe qualquer tributo de reconhecimento;

liquidar os problemas da experiência comum, à custa do esforço próprio, evitando

incomodar a quem quer que seja.

*

Em suma, quando se fala de paciência, invoca-se a presença de alguém que se dispõe a

trabalhar e a servir, sem a mínima idéia de que a paciência possa ser uma cadeira de

balanço para refúgio da inércia.

27

CARIDADE E RELACIONAMENTO

Lições professadas nas faculdades de ensino conferem às criaturas variadas titulações de

competência.

Entretanto, embora se observe, na Terra de hoje o imperativo de se formarem valores

acadêmicos, no que se refere à comunicação, é justo reconhecer que a ciência do

relacionamento, nos acertos precisos, é prerrogativa de Jesus.

Foi na cátedra da caridade que ele, o Mestre Divino, lecionou todas as matérias

necessárias à concórdia entre os homens, como sejam: o perdão das ofensas, a oração

pelos perseguidores, o amparo aos necessitados, o socorro aos doentes, o bom-ânimo

aos tristes e o apoio aos fracos e aos pequeninos.

*

Lembremo-nos disso e atendamos à compreensão para com os outros, a fim de que

sejamos compreendidos.

Indaguemos de nós mesmos de quantos contratempos e desgostos nos livraríamos, se

houvéssemos humanizado determinados gestos para com os nossos semelhantes e

especialmente para com os mais íntimos participantes do nosso círculo doméstico nas

horas de crise.

*

Os pais que censuramos, quando se desinteressam de nós; os filhos que se nos afastam

da convivência, desconhecendo-nos o amor; os amigos que nos deixam embora as

nossas súplicas para que não nos abandonem; os associados que não hesitaram, a

nosso ver, em causar-nos prejuízos; os irmãos que nos sonegam apoio e que, segundo o

nosso ponto de vista, estão em condições de nos atender... Em todas essas situações, a

caridade está pronta a mostrar-nos que não nos cabe exigir-lhes, nem mesmo em se

tratando dos entes mais queridos, o que não nos podem doar e que, em muitas ocasiões,

não nos comportaríamos de maneira diferente, se estivéssemos no lugar deles.

*

Louvemos as conquistas da inteligência que patrocinam o progresso, nas frentes da

cultura, mas ampliemos, quanto possível, a nossa idéia de caridade do amparo material

ao campo espiritual propriamente considerado e reconheceremos que a beneficência, em

nosso relacionamento recíproco, é a única luz suscetível de nos conduzir ao clima do

amor e à vitória da paz.

28

COM DEUS VENCEREMOS

É possível que a provação te visite algumas vezes.

Quando isso ocorra, não te aconselhes com o desânimo.

Encoraja-te na fé e caminha para a frente com as tarefas que a vida te confiou.

*

Recorda que as dificuldades que te alcançaram o caminho terão atingido outros

companheiros.

É razoável reflitas que não és a única criatura atravessando as sombras que te parecem

excessivamente pesadas nos ombros.

Outros choram e sofrem.

*

Não percas tempo com o frio do desalento ou com a febre do desespero.

Ao invés disso, conquanto as provações que te assinalem a marcha, estende mãos

socorredoras aos que talvez estejam suportando problemas muito mais difíceis do que os

teus.

*

Não te marginalizes.

Confiando na Divina Providência, segue adiante e não temas.

*

Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará

igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com

Deus venceremos.

29

CARIDADE E CONVIVÊNCIA

A Caridade é a base da paz no relacionamento humano.

*

A Convivência feliz pede apoio e compreensão.

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Por vezes, é possível que os outros necessitem de nós, mas não podemos esquecer que

todos nós necessitamos igualmente dos outros.

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Auxilia aos vizinhos para que os vizinhos te auxiliem.

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O próximo é a ponte capaz de escorar-nos na travessia das dificuldades.

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Não fujas à prestação de serviço que a outrem consigas oferecer.

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Esquece possíveis ofensas alheias, reconhecendo os nossos próprios erros.

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Fala criando otimismo e paz.

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Não te queixes de ninguém.

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Trabalha e serve sempre.

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Decerto, pensando na importância da Caridade nos mecanismos de nossas relações

recíprocas, é que Jesus nos legou a observação inesquecível:

- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”