Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO: Caso você tenha gostado do livro e tenha condições de comprá-lo, faça-o, pois os direitos autorais são doados.
Muita Paz
CONVIVÊNCIA
E as indagações de numerosos amigos se multiplicam.
Por que o aumento do antagonismo e da intolerância no mundo, formando os mais
dolorosos processos de violência?
De que modo justificar a desvinculação entre pais e filhos, quase sempre, em bases de
frieza e indiferença?
Como entender a freqüência dos divórcios com esquecimento de crianças inteligentes e
observadoras, que, em muitas ocasiões, passam a se considerar na condição de órfãos
de pais vivos?
De que maneira sonhar as lutas entre chefes e subalternos, habitualmente empenhados à
carga das reclamações abertas?
Como extinguir o racismo e o preconceito negativo, as aversões gratuitas e as antinomias
entre idéias respeitáveis?
Sob que razões, interpretar a delinqüência entre irmãos?
E a guerra? Como definir a sinistra presença da guerra nas comunidades e nações?
Respondendo às perguntas de vários companheiros, oferecemos aos leitores amigos este
livro despretensioso, afirmando que viver é de todos, mas a convivência é o fator que nos
ensina a compreensão e a solidariedade de uns parsos outros,- a ciência da comunicação
recíproca que estamos adquirindo na atualidade do mundo, porque só adquirindo os
valores da convivência pacífica atingiremos a plena vitória do amor que o Cristo nos
legou.
Emmanuel
Uberaba, 29 de janeiro de 1984
CAMINHA
A tarefa com Jesus é semelhante a grande caminhada.
*
Em plena marcha, compreenderás que o serviço do bem não te permite o luxo do repouso
desnecessário.
*
Os apelos para que te interrompas surgem, habitualmente, de muitos modos.
*
É o cântico das sereias da antiga imagem literária, induzindo-te a distrações, que te
imobilizem no esquecimento.
*
É a lamentosa alegação de cassandras do pessimismo, inventando fadigas que não
sentes, tentando paralizar-te.
*
São companheiros que se envolvem na trama de intrigas e melindres a te requisitarem
para o desequilíbrio.
*
São amigos que te deixam a sós, receando perder as vantagens que os vinculam a
paixões possessivas.
*
Ouve a consciência que te impele ao dever e não te perturbes.
*
Seja qual for o convite que te façam para que te detenhas no campo cinzento da inércia,
não te prendas a semelhante domínio da sombra.
*
Serve e caminha.
5
CONSTRUÇÃO
Em assuntos alusivos à edificação do Reino de Deus em nós, não nos esqueçamos dos
requisitos essenciais em qualquer construção terrestre.
*
Qualquer obra simples, no Plano Físico, para que se levante, exige planejamento, serviço
e ordem.
*
Planejamento que inclui diretiva e orientação.
Serviço que se define por atividade e dever.
Ordem que expresse cooperação e ajustamento.
*
Em suma, a disciplina é a síntese de todos os programas e obrigações para que o menor
edifício se concretize na esfera humana.
*
Obedece a pedra nas reentrâncias da base que se horizontaliza no solo.
Obedece o tijolo na faixa da alvenaria.
Obedece a viga de aço no campo da segurança.
*
Na estrutura doméstica, obedece a semente no preparo da refeição, obedece o metal na
utilidade caseira, obedece o fio na confecção da vestimenta.
*
Não poderemos construir os mínimos tópicos de elevação no próprio espírito, sem que
nos rendamos com alegria ao trabalho que nos compete.
*
Somos material inteligente nas mãos sábias do Cristo. O Senhor, no entanto, não opera
em nós, através de constrangimento, porque o Reino de Deus deve realmente surgir nos
recessos de nossas próprias almas.
6
*
É por isso que, em nos ensinando como se deve atuar, viver, crescer, trabalhar, servir e
morrer, na edificação do Reino Eterno, esteve o próprio Divino Mestre entre nós, vivendo
em regime de simplicidade nas bênçãos da Natureza, crescendo sem ilusões, trabalhando
em apagada carpintaria, servindo sem exigência e morrendo injustamente na cruz, sem
revolta e sem mágoa, para que aprendamos a buscar primeiramente os Desígnios de
Deus, cujo plano de ação, é luz e felicidade para todas as criaturas.
7
OS QUE NÃO ESPERARAM
Não é difícil encontrar, entre os nossos irmãos do mundo, aqueles que, embora
sofredores, não se catalogam entre os bem-aventurados, aos quais Jesus se referiu.
São companheiros que se voltam contra os obstáculos suscetíveis de ofertar-lhes a
precisa oportunidade de ascensão às mais altas experiências.
*
Muitos deles se acolhem à rebeldia sistemática, contraindo débitos que os afetam, de
imediato.
*
No Plano Espiritual, vemo-los freqüentemente. São amigos padecentes que, em verdade,
passaram pelo crivo do sofrimento, entrando, porém, nas perturbações decorrentes da
deserção dos deveres que lhes cabiam cumprir. São irmãos que conheciam o valor dos
entraves que poderiam transpor, a benefício de si mesmos, e acabaram situados nas
sombras da delinqüência. São colaboradores das boas obras que as desfiguraram,
estabelecendo dificuldades para si próprios pela intolerância para com os outros. São
companheiros que articularam problemas e desafios para aqueles que lhe hipotecavam
confiança e carinho e deles se afastaram deliberadamente, procurando escapar às
responsabilidades que eles mesmos escolheram para observar e viver. São todos aqueles
outros irmãos que preferiram o desespero diante das provações de que necessitavam
para o próprio burilamento e se enveredaram, conscientemente, através dos
resvaladouros da inconformação e da disciplina, para as alucidações da angústia e do
suicídio.
*
Realmente, afirmou-nos Jesus:
“Bem-aventurados os que choram porque serão consolados...”
Entretanto que Ele mesmo, Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, se compadeça de todos
os nossos companheiros que conheciam semelhante promessa e não quiseram esperar.
Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará
igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com
Deus venceremos.
8
OPINIÕES CONTRÁRIAS
Em muitos episódios da experiência humana, é provável que a provação te bata à porta.
Não te aflijas.
Recebe-a com serenidade e bom-ânimo.
*
Por mais grave a situação, não te precipites com decisões na base da insegurança.
*
Estuda o desafio que as circunstâncias te lançam em rosto.
*
Sobretudo, não emprestes qualquer traço sinistro às dificuldades que se te apresentem.
*
É possível te vejas sob o peso das chamadas “opiniões gerais”.
Entretanto, nem todas as manifestações das “opiniões gerais” se harmonizam com a
realidade.
Asserena-te e ora, preparando-te para os esclarecimentos necessários, que surgirão em
momento oportuno.
*
Não admitas a ansiedade por mentora de tuas resoluções.
Ainda mesmo que todos os itens da luta em que te encontras, sejam formulados pelos
outros, contra o teu modo de agir e de ser, guarda a consciência tranqüila e não temas.
*
É possível que todas as opiniões em derredor de ti se façam contrárias, entretanto,
conserva a paciência e espera por Deus, porque a opinião dos Mensageiros de Deus
pode ser diferente.
9
ASPIRAÇÕES E TRABALHO
Todos nós aspiramos conseguir determinada realização em determinados ideais, mas
todos necessitamos complementar qualidades para as aquisições de demandados.
*
Querias um casamento perfeito e a Divina Providência te concedeu um matrimônio em
que te aperfeiçoes.
Considerando que não somos seres angélicos e sim criaturas humanas, recebeste uma
esposa ou vice-versa para um encontro feliz, entendendo-se, porém, que esse encontro
não exclui o aprendizado da abnegação, através da solidariedade recíproca.
*
Desejavas filhos queridos que te concretizassem os sonhos e a vida te entregou filhos
amados que te ofertam os mais altos testemunhos de ternura, entretanto, ei-los que
exigem de ti sacrifício e renúncia a fim de que se façam educados e felizes.
*
Sonhavas com certos empreendimentos, em matéria de arte e cultura, indústria e
administração e atraíste semelhantes encargos, no entanto, qualquer deles te angaria o
êxito com vantagens compensadoras, se te entregares, sinceramente, à disciplina e à
responsabilidade.
*
Esperavas amigos, em cujos ombros te apoiasses para viver e esses amigos apareceram,
porém, a fim de conservá-los, será preciso aceitá-los tais quais são, com o dever de
compreendê-los e auxiliá-los tanto quanto aguardas de cada um deles entendimento e
cooperação, nas áreas do apoio mútuo.
*
Efetivamente queremos essa ou aquela premiação da vida, mas não nos esqueçamos de
que a vida nos pede a retribuição de todos os valores que venhamos a conquistar com o
trabalho na edificação do bem, de vez que também no campo da alma para receber é
preciso dar, porquanto, em qualquer setor da existência, daquilo que se planta é que será
justo colher.
10
BENEFICÊNCIA SEMPRE
Nem todos dispomos de telescópios para observar as estrelas, no entanto, é imperioso
reconhecer que todos possuímos recursos para enxergar as crianças desvalidas no
mundo, de modo a estender-lhes o amparo que se nos faça possível.
*
Nem todos conseguimos subordinar as palavras aos princípios gramaticais, a fim de
articular uma alocução irrepreensível, do ponto de vista idiomático, ao redor de assunto
determinado, todavia, a possibilidade de pronunciar essa ou aquela frase de consolo e
esperança, a benefício dos companheiros que estão suportando sofrimentos e provações
maiores do que os nossos não exclui a ninguém.
*
Nem todos penetramos os segredos da botânica em toda a extensão, contudo, todos
guardamos o privilégio de plantar árvores amigas e flores diversas, por onde passemos e
onde estivermos.
*
Nem todos movimentamos a fortuna moedada para a sustentação da beneficência,
entretanto, é justo anotar que todos podemos repartir o pão que nos é destinado com
alguém que necessite.
*
A vida não nos pede o impossível para que nos integremos nos mecanismos da caridade,
extinguindo as provações que atormentam a Terra, mas, para que o mal desapareça,
espera de cada um de nós essa ou aquela migalha do bem.
11
HUMANIZAÇÃO
Hostilidade, aversão, desafeto, ressentimento: semelhantes palavras assinalam estados
evolutivos nos quais se fixam, transitoriamente, milhões de criaturas.
*
Os antagonismos entre as pessoas, na essência, expressam atritos, nos quais se lhe
embatem as forças de envoltório, das quais, por fim, se desvencilham com o tempo, de
modo a adquirirem os recursos de elevação que lhes patrocinam a transferência para as
Esferas Superiores.
*
A imagem mais adequada ao esclarecimento do assunto, temo-la, mais particularmente,
na atualidade, nos foguetes fabricados pelo homem, destinados à pesquisa do Espaço
Cósmico.
À medida que alcançam as alturas, os engenhos dessa espécie se desfazem de cápsulas
diversas, conquistando leveza e libertação para transitarem sem maiores empeços, à
distância do centro de gravitação que os atrai.
Erguendo-se o Plano Físico por região, na qual ainda preponderam os impulsos animais
de egoísmo e auto-defesa, quantos se liberam de semelhantes impedimentos se projetam
nos altos domínios da compreensão, penetrando outros campos relacionados com a
Cúpula do Universo.
Eis porque atingindo a própria humanização, a criatura deixa de conhecer adversários
para encontrar unicamente irmãos em qualquer clima evolutivo.
*
Esforcemo-nos, assim, ao máximo, para entender acima de julgar e, pouco a pouco, o
conceito de inimigos se nos afastará da mente, porquanto, ainda mesmo nos
companheiros que se empenhem a ferir-nos, identificaremos candidatos ao remédio e à
piedade e por eles trabalharemos a fim de que o bem nos favoreça, com a dedicação de
quem se auxilia, auxiliando aos próprios irmãos.
12
DINHEIRO E EXPERIÊNCIA
Não consideres o dinheiro por “vil metal.”
Justo acatar-lhe as funções na existência humana.
*
O dinheiro não é um motor, mas gera o progresso.
Não é alegria, no entanto, consegue distribuí-la, ainda mesmo se doada por aqueles que
não a possuem.
Não é paz, contudo, constrói caminhos para a conciliação.
Não é segurança, mas protege a pessoa contra a necessidade.
Não é alimento, no entanto, assegura o pão de cada dia.
Não é agasalho, porém, adquire os fios que o entretecem.
Não é saúde, entretanto, adquire o remédio para aliviar a enfermidade ou saná-la de vez.
Não é um tapete mágico, mas auxilia ao homem a ganhar tempo, no aconchego do
automóvel ou no bojo do avião.
Não é amizade, no entanto, sempre que mobilizado para o bem dos outros, é capaz de
criar os melhores valores da simpatia e do reconhecimento.
*
Dinheiro é suor do trabalho e sangue do organismo social.
Aprendamos a respeitá-lo.
*
A finança em si, não é vida, no entanto, em nome de Deus, é um dos mais valiosos
apoios pra a vida, a fim que a criatura possa viver.
13
TRABALHO E CRÍTICA
Trabalho edificante em andamento no Plano Físico, onde se reúnem milhões de criaturas
diferentes entre si, não se desenvolve sem críticas.
*
A pancadaria verbal cercará os obreiros.
E explodem objurgatórias, tais quais estas:
- Por que tanta lentidão nos detalhes?
- É impossível não estejam vendo as falhas com que se mostram...
- Aquele cooperador é um desastre...
- Não se compreende uma realização assim tão elevada em mãos tão incompetentes.
- Não consigo colaborar com gente tão despreparada...
- Tudo cairá sobre a turma irresponsável!
- Estão todos errados...
- Aguardemos o fracasso final...
*
Quando essas vozes se façam ouvir, não temas e prossegue trabalhando.
*
Imperfeições todos temos e teremos, até que possamos alcançar o Plano Divino.
*
Problemas evidenciam presença e colaboração.
Dificuldades trazem observações e observações justas geram insegurança.
*
Deixa que a censura te vigie e segue adiante.
14
Apesar de nossos erros e acima de todas as nossas deficiências, a construção do Bem
não nos pertence; essencialmente, pertence a Jesus que zelará por ela, em nome de
Deus.
E sabemos que o trabalho de Jesus não pode e nem deve parar.
*
A vida não nos pede o impossível para que nos integremos nos mecanismos da caridade,
extinguindo as provações que atormentam a Terra, mas, para que o mal desapareça,
espera de cada um de nós essa ou aquela migalha do bem.
15
NO TRÂNSITO DA FÉ
No caminho da fé, para que se lhe consolide o valor, é possível encontres obstáculos,
através dos quais possas demonstrar as tuas aquisições de sinceridade e coragem, tais
quais sejam: a incompreensão dos bons, a agressão dos desesperados, o sarcasmo dos
irreverentes, a perturbação dos irmãos ainda ignorantes, a exigência dos críticos, a
deserção de companheiros, a perseguição dos adversários, as horas de crise, as sombras
da tristeza, os braseiros da aflição, os imperativos da renúncia, a necessidade do
sacrifício pessoal e o golpe de amargas desilusões, mas, se tiveres humildade, na marcha
em direção aos elevados objetivos que te propões a atingir, não te faltarão apoio e
assistência constante, na senda a percorrer, porque a humildade se transforma em amor
e o amor se te fará luz e bênção, na jornada para Deus.
16
LIBERDADE E PROVEITO
São muitos os companheiros que requisitam liberdade e mais liberdade.
Entretanto, a maioria se esquece de que a independência de alguém vale pela disciplina
que esse alguém apresenta na execução dos deveres que a vida lhe preceitue.
*
A Natureza mostra isso em lições claras e simples.
*
O Sol é um gigante de força no Espaço Cósmico, no entanto, se não aceitasse os
impositivos da gravitação, não sustentaria a sua imensa colméia de mundos.
*
A cachoeira assemelha-se a uma explosão de energias desatadas, mas sem a represa
que lhe condiciona o poder das águas, o homem não usufruiria muitos dos valiosos
benefícios da Civilização.
*
Sem controle dos implementos que lhe são próprios, o avião não se levantaria.
*
Sem leis que presidam o relacionamento entre as criaturas, a ordem seria uma ilusão.
*
Reflitamos nisso e saibamos cumprir as obrigações que nos cabem.
*
A criatura se destaca pelo que saiba, mas vale pelo bem que se decida a fazer.
17
AMIGOS
De quando a quando, aqui e além, por vezes, aparece determinado obreiro do bem que
se acredita capaz de agir sozinho, no entanto, a breve tempo, reconhece a própria ilusão.
*
O Criador articulou a vida de tal modo, que ninguém algo constrói sem a cooperação de
alguém.
*
Na Terra, há quem diga que amigo é alguém que nos procura unicamente nas horas de
alegria e prosperidade, de vez que comumente se afasta quando o frio da adversidade
aparece.
*
Temos nisso, porém, outra inverdade, porquanto o amigo, ainda mesmo cercado de
obstáculos, compreende os companheiros que se distanciam dele, transitoriamente,
entendendo que circunstâncias imperiosas os compelem a isso.
*
Na condição de espíritos ainda imperfeitos, é certo que, em muitas ocasiões, não nos
achamos afinados uns com os outros, especialmente, no Plano Físico, nos momentos em
que as nossas queixas recíprocas revelam-nos os pontos deficientes.
*
E se soubermos reconhecer que todos temos provas a superar e imperfeições a extinguir,
não experimentaremos dificuldades maiores para exercer a solidariedade e praticar a
tolerância, melhorando o nosso padrão de serviço e comportamento.
*
Se instalados na compreensão mais ampla, observamos que a amizade apenas sobrevive
no clima da caridade que se define por prática do amor, de uns para com os outros.
*
Na posição de amigos, entendemos espontaneamente os nossos companheiros,
oferecendo-lhes o apoio fraterno que se nos faça possível, mesmo quando estejamos
separados, porquanto estaremos convencidos de que possivelmente, surgirá o dia em
que necessitaremos que eles nos amparem com o mesmo auxílio.
*
18
Aprendamos a valorizar os nossos colaboradores para que não nos falte o concurso deles
no momento certo.
*
Amigos são alavancas de sustentação.
*
Saibamos adquirir cooperadores e conservá-los, lembrando-nos de que o próprio Jesus
escolheu doze irmãos de ideal para basear a campanha do Cristianismo no mundo.
Foi ele mesmo, o Mestre e Senhor, que, certa feita, lhes falou de modo convincente: - “Em
verdade, não sois meus servos, porque vos tenho a todos por amigos do coração”.
19
ANTE OS ADVERSÁRIOS
É possível encontres alguns adversários nas melhores realizações a que te entregas.
*
Se isso acontece, habitualmente estás diante de uma pessoa desinformada ou doente
que te recebe com evidentes demonstrações de desapreço.
E quando esse alguém, não consegue asserenar-te o campo íntimo a certas reações
negativas, por vezes, alteia a voz e se faz mais inconveniente nas provocações.
*
De qualquer modo, tolera o opositor com paciência e serenidade.
Ouve-lhe as frases ásperas em silêncio e reflete no desgosto ou na enfermidade em que
provavelmente se encontre.
*
Quando haverá sofrido a criatura, até que se obrigue a trazer o coração simbolicamente
transformado num vaso de fel?
*
Anota por ti mesmo que todos aqueles que ferem estarão talvez feridos.
*
Age à frente dos inimigos de teus ideais ou de teus pontos de vista, com entendimento e
tolerância.
*
Advertiu-nos o Divino Mestre: - “Ora por aqueles que te perseguem ou caluniam.”
*
O Cristo nunca nos exortou ao revide ou à discussão sem proveito.
*
Induziu-nos a orar por todos os adversários ou acusadores gratuitos, dando-nos a
entender que eles todos já carregam consigo sofrimento bastante, sem que necessitemos
agravar-lhes as tribulações. E ainda mesmo que estejam semelhantes companheiros
agindo de maneira insincera, saibamos confiá-los ao tempo, de vez que, para que se lhes
reajuste os mais íntimos sentimentos, bastar-lhes-á-viver.
20
NOS TRILHOS MAIS ÍNTIMOS
Além da beneficência que os recursos amoedados conseguem realizar, uma beneficência
existe, ao alcance de todos, que pode frondejar e frutescer nos trilhos mais íntimos do
cotidiano, começando por dentro do próprio lar.
*
É o verbo que se cala ante a maledicência ou a palavra otimista, que alimenta as boas
intenções, convertendo-as em obras elogiáveis.
*
É a gentileza que se dispensa ao vizinho, no culto do entendimento e da cordialidade que
perdoa espontaneamente o gesto infeliz de algum companheiro.
*
É o pensamento amigo que a bondade exterioriza, em favor do necessitado de paz, ou a
prece que se formula em apoio aos irmãos caídos em provação e desvalimento.
*
É o serviço aparentemente insignificante que se pode prestar aos que nos compartilham
das experiências diárias, quais sejam a informação útil ou a condução de um fardo
pequenino.
*
É a generosidade com que nos será justo suportar a irreflexão desse ou daquele
interlocutor e a desculpa sem queixa para com as ofensas recebidas.
*
Dessa benemerência, às vezes, despercebida nas agitações do mundo, nascem valiosos
fatores para a harmonia da existência.
*
Aprendamos a tolerar-nos uns aos outros, sem atrito, sem mágoa e sem lamentações.
*
Reconheçamos que a possível falta de alguém, tanto quanto a enfermidade de
companheiro determinado poderiam ser nossas.
21
E não olvidemos que o nosso beneficiário de hoje poderá ser o nosso benfeitor de
amanhã.
*
Situando o próprio coração em nossos gestos, marcando a nossa romagem com o selo da
compreensão e do amor, estaremos efetivamente seguindo os exemplos do Amigo
Celeste, que nos auxilia e socorre, de instante a instante, sem que venhamos a perceber.
22
DUPLA BENEFICÊNCIA
A caridade, na forma externa, é suficientemente conhecida.
Toda organização assistencial é uma bênção de Deus, atenuando a penúria e o
sofrimento onde surja.
Existe, porém, a beneficência mais íntima, que se comunica, de alma para alma, nas
bases do silêncio e da compreensão.
*
A caridade mais íntima socorre a pessoa em necessidade sem aparecer; fala-lhe aos
recessos do espírito sem palavras articuladas; apoia-lhe a vida sem mostrar-se; e iluminalhe
o coração, sem ofuscar-lhe o entendimento.
*
Experimenta semelhante trabalho e observarás quanta alegria se te exteriorizará da
existência.
*
Se conheces a necessidade de alguém, não esperes que esse alguém se coloque de
joelhos a suplicar-te favor e estender-lhe o auxílio de que possas dispor; na hipótese de te
faltarem recursos para isso, encontrarás os meios de sugerir a companheiros outros para
que o façam, sem que a tua influência se mostre.
*
Quanto te convenças de que essa ou aquela criatura te requisita atenção para
determinado assunto, ainda mesmo que disponhas de tempo escasso, podes dedicar-lhe
alguns momentos, nos quais a tua palavra lhe signifique o apreço que te merece.
*
Nos problemas de natureza familiar, descobrirás, sem dificuldade, a trilha mental, no
instante justo, através da qual consigas transitar, restaurando a harmonia doméstica, sem
esperar agradecimentos.
*
Ante o amigo que se suponha em erro, saberás despertar-lhe as qualidades superiores
que, porventura, estejam adormecidas, afastando-lhe os pensamentos de quaisquer
sombras.
*
23
Perante uma criatura querida que te haja desfechado essa ou aquela ofensa,
reconhecerás que estará ela em momento difícil e que te cabe esquecer o contratempo
havido, já que em lugar desse ou daquele ofensor, poderíamos estar nós com os
desacertos e precipitações que ainda nos caracterizam.
*
Não nos esqueçamos da beneficência externa que nos irmana uns aos outros, através da
existência recíproca, nas experiências do cotidiano, mas atendamos à beneficência mais
íntima, que ampara sem mostrar-se, erguendo sentimentos e levantando almas para a
elevação de hoje, que perdurará nas alegrias do hoje e sempre.
24
ANOTEMOS
Os ensinamentos de Jesus estão nas linhas da Natureza.
*
Quanto menos perseverança na enxada, mais ferrugem a dificultar-lhe o serviço.
*
Quanto mais suor no arado, mais bênçãos na sementeira.
*
Quanto menos repouso à fonte, mais limpidez na corrente.
*
Quanto mais descanso ao poço. mais estagnação enfermiça nas águas.
*
Quanto menos trato às plantas do pomar, mais ampla invasão da erva daninha.
*
Quanto mais poda nas árvores benfeitoras, mais valiosa se lhe faz a produção.
*
Assim também na vida.
*
Quanto menos esforço, mais intensa excursão na ociosidade.
*
Quanto mais diligência, mais crédito na ação.
*
Quanto menos fé, mais névoa de incerteza.
*
Quanto mais serviço apresentado, suprimento mais alto.
25
*
Quanto menos bondade, mais pessimismo.
*
Quanto mais amizade, alegria mais pura.
*
Quanto mais desprendimento no amparo, simpatia maior.
*
Quanto menos perdão, mais sombra de ressentimento.
*
Quanto mais amor, mais luz no caminho.
*
Quanto menos brandura, mais inquietação.
*
Quanto mais humildade, mais compreensão.
*
Por isso mesmo, nós, armados de vontade e discernimento, somos livres para
estabelecer na vida o clima de sofrimento que nos segregue ou para construir o nosso
caminho de felicidade, facilitando-nos a ascensão para a Grande Luz.
*
Decerto, pensando na importância da Caridade nos mecanismos de nossas relações
recíprocas, é que Jesus nos legou a observação inesquecível:
- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
26
TRAÇOS DA PACIÊNCIA
No campo da alma, a paciência é um dispositivo de ação capaz de auxiliar-nos na
realização de preciosas tarefas, tais quais sejam:
Suportar dificuldades, sem desistir do serviço a fazer;
promover, sem alarde, o socorro preciso aos companheiros necessitados;
tolerar os cooperadores de temperamento difícil, sem recorrer a advertências inoportunas;
aguentar injúrias, sem transmiti-las à sensibilidade dos outros;
fazer o bem, abstendo-nos de provocar elogios e recompensas;
substituir qualquer irmão impedido de exercer as funções que lhe são próprias, na equipe
de trabalho em que se integre, sem cobrar-lhe qualquer tributo de reconhecimento;
liquidar os problemas da experiência comum, à custa do esforço próprio, evitando
incomodar a quem quer que seja.
*
Em suma, quando se fala de paciência, invoca-se a presença de alguém que se dispõe a
trabalhar e a servir, sem a mínima idéia de que a paciência possa ser uma cadeira de
balanço para refúgio da inércia.
27
CARIDADE E RELACIONAMENTO
Lições professadas nas faculdades de ensino conferem às criaturas variadas titulações de
competência.
Entretanto, embora se observe, na Terra de hoje o imperativo de se formarem valores
acadêmicos, no que se refere à comunicação, é justo reconhecer que a ciência do
relacionamento, nos acertos precisos, é prerrogativa de Jesus.
Foi na cátedra da caridade que ele, o Mestre Divino, lecionou todas as matérias
necessárias à concórdia entre os homens, como sejam: o perdão das ofensas, a oração
pelos perseguidores, o amparo aos necessitados, o socorro aos doentes, o bom-ânimo
aos tristes e o apoio aos fracos e aos pequeninos.
*
Lembremo-nos disso e atendamos à compreensão para com os outros, a fim de que
sejamos compreendidos.
Indaguemos de nós mesmos de quantos contratempos e desgostos nos livraríamos, se
houvéssemos humanizado determinados gestos para com os nossos semelhantes e
especialmente para com os mais íntimos participantes do nosso círculo doméstico nas
horas de crise.
*
Os pais que censuramos, quando se desinteressam de nós; os filhos que se nos afastam
da convivência, desconhecendo-nos o amor; os amigos que nos deixam embora as
nossas súplicas para que não nos abandonem; os associados que não hesitaram, a
nosso ver, em causar-nos prejuízos; os irmãos que nos sonegam apoio e que, segundo o
nosso ponto de vista, estão em condições de nos atender... Em todas essas situações, a
caridade está pronta a mostrar-nos que não nos cabe exigir-lhes, nem mesmo em se
tratando dos entes mais queridos, o que não nos podem doar e que, em muitas ocasiões,
não nos comportaríamos de maneira diferente, se estivéssemos no lugar deles.
*
Louvemos as conquistas da inteligência que patrocinam o progresso, nas frentes da
cultura, mas ampliemos, quanto possível, a nossa idéia de caridade do amparo material
ao campo espiritual propriamente considerado e reconheceremos que a beneficência, em
nosso relacionamento recíproco, é a única luz suscetível de nos conduzir ao clima do
amor e à vitória da paz.
28
COM DEUS VENCEREMOS
É possível que a provação te visite algumas vezes.
Quando isso ocorra, não te aconselhes com o desânimo.
Encoraja-te na fé e caminha para a frente com as tarefas que a vida te confiou.
*
Recorda que as dificuldades que te alcançaram o caminho terão atingido outros
companheiros.
É razoável reflitas que não és a única criatura atravessando as sombras que te parecem
excessivamente pesadas nos ombros.
Outros choram e sofrem.
*
Não percas tempo com o frio do desalento ou com a febre do desespero.
Ao invés disso, conquanto as provações que te assinalem a marcha, estende mãos
socorredoras aos que talvez estejam suportando problemas muito mais difíceis do que os
teus.
*
Não te marginalizes.
Confiando na Divina Providência, segue adiante e não temas.
*
Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará
igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com
Deus venceremos.
29
CARIDADE E CONVIVÊNCIA
A Caridade é a base da paz no relacionamento humano.
*
A Convivência feliz pede apoio e compreensão.
*
Por vezes, é possível que os outros necessitem de nós, mas não podemos esquecer que
todos nós necessitamos igualmente dos outros.
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Auxilia aos vizinhos para que os vizinhos te auxiliem.
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O próximo é a ponte capaz de escorar-nos na travessia das dificuldades.
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Não fujas à prestação de serviço que a outrem consigas oferecer.
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Esquece possíveis ofensas alheias, reconhecendo os nossos próprios erros.
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Fala criando otimismo e paz.
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Não te queixes de ninguém.
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Trabalha e serve sempre.
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Decerto, pensando na importância da Caridade nos mecanismos de nossas relações
recíprocas, é que Jesus nos legou a observação inesquecível:
- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”