Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO: Caso você tenha gostado do livro e tenha condições de comprá-lo, faça-o, pois os direitos autorais são doados.
Muita Paz
RUMO CERTO
Leitor amigo
Cremos não emprestar qualquer pretensão de ordem pessoal no título deste livro.(*)
Rumo certo, sim, não porque as idéias nele contidas sejam nossas.
Integramos também com as falhas que nos caracterizam individualmente a legião dos
espíritos que evoluem nos climas culturais da Terra, tão falíveis ainda quanto quaisquer
outros.
E, qual ocorre a milhões de viajores do Planeta, encarnados e desencarnados,
observamos não apenas os caminhos da existência física, mas igualmente, e em muito
maiores proporções, os caminhos da vida espiritual.
Estradas de todos os feitios se nos desdobram à visão.
Avenidas do ideal, flamejantes de luz.
Sendas de laboriosas realizações.
Alamedas de sonhos e alegrias.
Carreiros de serviço construtivo, talhados nas rochas do esforço máximo.
Veredas de provações edificantes.
Trilhos de socorro ou de regeneração, através de pântanos e lágrimas.
Atalhos de sofrimento.
Corredores de privações educativas.
Túneis de perigosas experiências.
E em todas essas vias reconhecemos o impositivo do conhecimento e do
autoconhecimento, para que o erro ou o desequilíbrio não nos compliquem a romagem ou
atrasem a marcha.
Eis por que, livremente associados à obra benemérita da Doutrina Espírita que, na
atualidade, restaura para nós outros os ensinamentos do Cristo, solicitamos vênia para
entregar-lhe, nestas páginas simples, a bússola das lições evangélicas que nos têm
servido à própria recuperação íntima, na viagem para a Vida Superior.
São estas notas, por isso mesmo, reflexos da lâmpada acesa que o Senhor
misericordiosamente nos permitiu empunhar por dever, a fim de que conhecêssemos as
próprias deficiências, de maneira a tratá-las e extingui-las. Carregando semelhante luz por
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fora até que possamos instalá-la por dentro de nós mesmos, ofertamo-la aos
companheiros encarnados no Mundo, na forma de anotações para rumo certo, a benefício
de nós todos, os que já nos reconhecemos necessitados da paz interior, com a vitória
sobre nós mesmos, com vistas à nossa definitiva integração em Jesus, de modo a viver e
saber viver com Jesus e por Jesus.
Emmanuel
Uberaba, 1 de julho de 1971
(*) A estrutura dos capítulos deste livro, em sua apresentação, foi organizada pelo Autor
Espiritual. – NOTA DO MÉDIUM.
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1 - ELE ATENDERÁ
Quando atravesses um instante considerado terrível, na jornada redentora da Terra,
recorda que o desespero é capaz de suprimir-te a visão ou barrar-te o caminho.
Para muitos, esse minuto estranho aparece na figura da enfermidade; para outros, na
forma da cinza com que a morte lhes subtrai temporariamente o sorriso de um ente
amado.
Em muitos lugares, guarda a feição de crise espiritual, aniquilando a esperança; e, em
outros ainda, ei-lo que surge por avalanche de provas encadeadas, baldando a energia.
* * *
Ninguém escapa aos topes de luta, que diferem para cada um de nós, segundo os
objetivos que procuramos nas conquistas do Espírito.
Esse jaz atormentado de tentações, aquele padece abandono, aquele outro chora
oportunidades perdidas e mais outro lamenta os desenganos da própria queda.
* * *
Se chegaste a instante assim, obscurecido por nuvens de lágrimas, arrima-te à paciência,
ouve a fé, aconselha-te com a reflexão e medita com a serenidade, mas não procures a
opinião de esmorecimento.
* * *
Desânimo é fruto envenenado da ilusão que alimentamos a nosso respeito. Ele nos faz
sentir pretensamente superiores a milhares de irmãos que, retendo qualidades não menos
dignas que as nossas, carregam por amor fardos de sacrifício, dos quais diminutas
parcelas nos esmagariam os ombros.
* * *
Venha o desânimo como vier, certifica-te de que a forma ideal para arredar-lhe a sombra
será compreender, auxiliar e servir sempre.
* * *
Guardes o coração conturbado ou ferido, magoado ou desfalecente, serve em favor dos
que te amparem ou desajudem, entendam ou caluniem.
Ainda que todos os apoios humanos te falhem de improviso, nada precisas temer.
Tens contigo, à frente e à retaguarda, à esquerda e à direita, a força do companheiro
invisível que te resolve os problemas sem perguntar e que te provê com todos os recursos
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indispensáveis à paz e à sustentação de teus dias. Ele que ama, trabalha e serve sem
descanso, espera que ames, trabalhes e sirvas quanto possas.
Sem que o saibas, ele te acompanha os pequeninos progressos e se regozija com os teus
mais íntimos triunfos, assegurando-te tranqüilidade e vitória. Ele que te salvou ontem,
salvará também hoje.
Em qualquer tempo, lugar, dia ou circunstância, em que te sintas à beira da queda na
tentação ou na angustia, chama por Ele.
Ele te atenderá pelo nome de Deus.
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2 - NO MUNDO PESSOAL
Quando te observares na verdadeira posição de criatura imortal, nascida de Deus, com
estrutura original, decerto te habilitarás a compreender que o Criador te conferiu tarefas
individuais que deves aceitar por intransferíveis.
* * *
Reflete nisso :
Ninguém possui o trabalho que te foi concedido executar, conquanto algumas vezes a
obra em tuas mãos possa assemelhar-se, de algum modo, a certas atividades alheias, no
levantamento do progresso geral.
Ninguém dispõe da fonte de teus pensamentos plasmados por tua maneira
especialíssima de ser.
Qual sucede com as impressões digitais, a voz que te serve se te erige em propriedade
inalienável.
Em qualquer plano e em qualquer tempo, mobilizas todo um mundo interior de cujas
manifestações mais íntimas e mais profundas os outros não participam.
À face disso, estarás em comunidade, mas viverás essencialmente contigo mesmo, com
os teus sentimentos e diretrizes, ideais e realizações.
Isso porque o Governo da Vida te fez concessões que não estendeu a mais ninguém.
* * *
Observa os compromissos que te assinalam, seja em família ou seja no grupo social, e
descobrirás para logo as obrigações que se te reservam de imediatismo das
circunstâncias.
Se falhas no serviço a fazer, alguém te substitui no momento seguinte, porque a
Obra do Universo não depende exclusivamente de nós;entretanto seja como seja onde te
colocares, podes facilmente identificar as tarefas pessoais que a vida te solicita.
* * *
Quis a Divina Providência viesses a nascer no Universo por inteligência única, de modo a
cumprir deveres inconfundíveis, sob a justa obrigação de te conheceres, mas não nos
referimos a isso para que te percas no orgulho e sim para que te esmeres no burilamento
próprio, valorizando-te na condição de criatura eterna em ascensão para a Espiritualidade
Superior, a fim de brilhar e cooperar com Deus na suprema destinação da Sabedoria e do
Amor, para a qual, por força da própria Lei de Deus, cada um de nós se dirige.
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3 - PROVAS E BÊNÇÃOS
Esforçando-te por superar dificuldades e contratempos, nas áreas da reencarnação,
recorda o patrimônio das bênçãos de que dispões, afim de que os dissabores e empeços
educativos da existência não te sufoquem as possibilidades de trabalhar e de auxiliar.
* * *
Atravessas incompreensões e tribulações em família. Entretanto, possuis saúde relativa e
recursos, ainda que mínimos, para vencê-las construtivamente até que se extingam de
todo.
* * *
Sofres com os entraves do parente difícil. Todavia, guardas contigo a luz da
compreensão, de modo a ajudá-lo a solver os conflitos e inibições de que se sente objeto.
* * *
Trabalhas afanosamente na proteção econômica indispensável a vários entes queridos.
Mas não te escasseiam energias e oportunidades de serviço, a fim de ampará-los até que
possam dispensar o concurso mais intenso.
* * *
Respondes por determinadas tarefas de socorro material e espiritual em benefício de
muitos, e em muitas circunstâncias sentes a presença da exaustão. No entanto,
aparecem providencialmente criaturas e acontecimentos que te refazem as forças para
que a obra continue.
* * *
Assumiste pesadas obrigações que te compelem a enormes prejuízos a favor de outrem,
e, por vezes, te supões na total impossibilidade de satisfazer aos compromissos próprios.
Contudo, novo alento te visita o espírito e pouco a pouco atinges a liquidação de todos os
débitos que te oneram a responsabilidade.
* * *
Em todas as provas que te assaltam os dias considera a quota das bênçãos que te
rodeiam. E, escorando-te na fé e na paciência, reconhecerás que a Divina Providência
está agindo contigo e por teu intermédio, sustentando-te em meio dos problemas que te
marcam a estrada, para doar-lhes a solução.
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4 - PROVAS DA VIRTUDE
A riqueza material é chamada na Terra a provas características.
Quando se não associa ao trabalho e ao progresso, à educação ou à beneficência, perde
nos exames da vida, rebaixando-se à condição de avareza.
A virtude é também constantemente intimada a testes que lhe confirmem o valor.
Que será do ignorante sem professor que o instrua; do enfermo sem alguém que o assista
com o remédio necessário; do cego sem guia; da criança absolutamente desvalida de
apoio com que se lhe dê orientação?
Se já te equilibraste, do ponto de vista do sentimento e do raciocínio, detendo a
possibilidade de conservares o pensamento reto, por cima dos próprios ombros,
compadece-te dos irmãos que ainda não te alcançaram a eminência espiritual e amparalhes
o reajuste, em bases de simpatia e cooperação.
Recorda que Deus a ninguém desampara. E semelhante princípio começa a patentear-se
nos departamentos mais simples da natureza.
A roseira é um emaranhado de espinhos ornamentado de flores.
Não existe diamante autêntico que não haja sido carvão...
Se tens a posse da virtude, que te assegura paz e conhecimento, não fuja de socorrer
aqueles que sabes em duros problemas, na conquista do próprio equilíbrio e sustentação.
Para isso, não é preciso lhes adotes os conflitos e desajustes, tanto quanto o médico,
para ajudar, não necessita estirar com o doente no mesmo leito.
Basta te disponhas a auxiliar com bondade e entendimento.
Compreender, no bom sentido, é ver para abençoar, aliviar, amparar, construir ou
reconstruir.
E se dúvidas te surgirem na alma, sempre que te decidas a servir, lembra-te de Jesus
quando, por outras palavras, nos afirmou, convincente:
— “De mim mesmo, não vim ao mundo para curar os sãos.”
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5 - APOIO DIVINO
Seja onde seja, recorda que Deus está sempre em nós e agindo por nós.
Para assegurar-nos, quanto a isso, bastar-nos-á a prática da oração, mesmo ligeira ou
inarticulada, que desenvolverá em nós outros a convicção da presença divina, em todas
as faixas da existência.
* * *
Certamente, a prece não se fará seguida de demonstrações espetaculares, nem de
transformações externas imprevistas.´
Pensa, todavia, no amparo de Deus e, em todos os episódios da estrada, senti-lo-ás
contigo no silêncio do coração.
Nos obstáculos de ordem material, esse apoio não te chegará na obtenção do dinheiro
fácil que te solva os compromissos, mas na força para trabalhar a fim de que os recursos
necessários te venham às mãos; na hora de dúvida, não te virá em fórmulas verbais
diretas que te anulem o livre arbítrio e sim na inspiração exata que te ajude a tomar as
decisões indispensáveis à paz da própria consciência; nos momentos de inquietação, não
surgirá em acontecimentos especiais que te afastem dos testemunhos de fé, mas
percebê-los-ás contigo em forma de segurança e bom animo, na travessia da aflição; nos
dias em que o mal te pareça derrotar a golpes de incompreensão ou de injúria, não se te
expressará configurado em favores de exceção que te retirem dos ombros a carga das
provas redentoras e sim na energia bendita da fé viva que te restaure a esperança,
revestindo-te de coragem, a fim de que não esmoreças na rude jornada, em direção à
vida nova.
* * *
Seja qual seja a dificuldade em que te vejas ou a provação que experimentes, recorda
que Deus está contigo e nada te faltará, nos domínios do socorro e da bênção, para que
atravesses todos os túneis de tribulação e de sombra, ao encontro da paz e a caminho da
luz.
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6 - DIANTE DA PAZ
Entendendo-se a paciência, à maneira de ciência da Paz, não procures a Paz, à distância,
de vez que ela reside em ti mesmo.
* * *
A Paz, no entanto, baseia-se na lei da troca que mantém o equilíbrio do Universo, através
do binômio “dar e receber”.
Semeia a Paz, a fim de que a recolhas.
Quando te não seja possível providenciar a segurança do ambiente fustigado de
inquietação, mentaliza a Paz por intermédio da palavra e do pensamento.
* * *
Ante os enfermos, cala os assuntos suscetíveis de criar agitação e oferece-lhes a
tranqüilidade, relacionando temas capazes de garanti-la.entretanto, se o verbo não te for
facultado, envia idéia de reconforto e encorajamento aos doentes, diligenciando protegerlhes
as forças mentais, ameaçadas de desgoverno.
Surpreendendo a discórdia, permanece com a verdade e aclara o caminho, mas emite
pensamentos de paz, no rumo dos irmãos em contenda; e, se podes falar, pronuncia a
frase edificante que consiga ajudar a extinguir os focos de perturbação ou desequilíbrio.
* * *
Renteando com alguma criatura menos feliz,por maiores sejam os motivos que a tornem
pouco simpática, rememora os vínculos de fraternidade que nos unem fundamentalmente
uns aos outros e procura ampará-la mentalmente, abençoando-lhes a presença com
silenciosas mensagens de amor e renovação.
* * *
Se recebes notícias acerca das aflições e provas de alguém, endereça a esse alguém
pensamentos de compreensão e consolo que lhe favoreçam o reajuste.
* * *
Conversando, acalma os que te ouvem.
Escrevendo, articula imagens de otimismo e confiança, serenidade e alegria.
* * *
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Lembrando amigos ou inimigos, envia-lhes votos de êxito nas tarefas e compromissos
que abracem.
* * *
Seja a quem seja, auxilia como e quanto puderes, afim de que todos os que se
comunicam contigo permaneçam em Paz e Alegria.
* * *
Cada consciência, na Excelsa Criação de Deus, é núcleo de vida independente na Vida
Imperecível.
* * *
Reflete na importância de tua própria imortalidade e recorda, onde estejas, que a paz de
teu ambiente começa invariavelmente de ti.
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7 - ASSUNTO DE TODOS
Efetivamente não dispões do poder de improvisar a paz do mundo; entretanto, Deus já te
concedeu a faculdade de renunciar à execução dos próprios desejos, em favor da
tranqüilidade desse ou daquele ente querido, que depende de tua abnegação para ser
mais feliz.
* * *
Não consegues estabelecer o entendimento fraternal entre todas as comunidades a que
te vinculas; no entanto, a Divina Providência já te honrou com a bênção das palavras, no
uso das quais podes entretecer a concórdia, no agrupamento de criaturas em que a vida
te situou.
* * *
Não reténs o dom de te fazeres ouvir indefinidamente por todos, em todos os recantos do
orbe, no levantamento do bem; todavia, a Sabedoria infinita já te confiou o benefício das
letras, com as quais podes gravar os teus pensamentos nobres, inspirando bondade e
segurança em tuas áreas de ação.
* * *
Não tens contigo os elementos precisos para sustentar a harmonia, nos lugares onde a
Humanidade surge ameaçada de caos e perturbação, mas o Amor Supremo já te
entregou a possibilidade de manter a ordem, quando não seja dentro da própria casa,
pelo menos no espaço diminuto em que te dedicas ao trato pessoal.
* * *
Não extinguirás a fome que ainda atormenta vastos setores da Terra, mas podes ceder
um prato em auxílio de alguém.
* * *
Não curarás todas as enfermidades que flagelam largas regiões em todo o Planeta. No
entanto, podes ofertar, de quando em quando, uma hora de serviço no socorro aos
doentes.
* * *
Não logras trazer o Sol para clarear os caminhos entenebrecidos durante a noite, mas
podes acender uma vela e rechaçar a escuridão.
* * *
Realmente, por enquanto, nenhum de nós - os Espíritos em evolução na Terra -pode
jactar-se de ser uma enciclopédia de talentos para realizar todas as operações do Bem
Universal, ante as leis de Deus, mas, ajustados às Leis de Deus, todos já possuímos
recursos para evolver na direção do Bem-Maior, fazendo o bem que podemos fazer.
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8 - OBSTÁCULOS
Na execução das tarefas que o Senhor nos concede na seara espírita, encontramos
obstáculos de todo gênero:
aqueles que procedem das circunstâncias, como sejam:
os empecilhos do tempo;
a condução difícil;
as exigências sociais;
as atividades extras da profissão.
* * *
Aqueles que nascem de casa:
a festa imprevista;
o parente enfermo;
a visita inesperada;
o impedimento doméstico.
* * *
Muitos que nos chegam dos entes queridos, quais estes:
a oposição dos pontos de vista;
a incompreensão;
o apelo insistente a regozijos menos felizes;
a dificuldade, em comum, que exige apoio.
* * *
Os que se originam no grupo de trabalho:
o azedume dos companheiros;
a ausência de concurso fraterno;
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a crítica destrutiva;
a falta de entendimento.
* * *
E aqueles outros dos piores, os que nascem de nós mesmos:
o desânimo;
a irritação;
a rebeldia;
a intemperança mental;
a doença de gravidade imaginária;
o cansaço suposto invencível.
Toda vez que obstáculos se nos interponham entre o dever da ação e a necessidade da
cooperação no serviço do bem aos semelhantes, que redundará sempre em benefício a
nós mesmos, peçamos o Auxílio Divino, através da prece silenciosa, e atendamos a todos
aqueles que nos digam respeito à tranqüilidade da consciência, mas, à frente de
quaisquer outros, sem qualquer fundamento sério na vida espiritual, tenhamos suficiente
coragem para romper com eles, na certeza de que, com a Bênção de Deus, saberemos
atravessar todas as crises e empeços da luta cotidiana, se nos dispusermos a trabalhar.
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9 - O PRÓXIMO E NÓS
Esperas ansiosamente encontrar o Senhor e um dia chegarás à Divina Presença;
entretanto, antes de tudo, a vida te encaminha à presença do próximo, porque o próximo
é sempre o degrau da bendita aproximação.
* * *
Mas quem é o meu próximo? - perguntarás decerto, qual ocorreu ao Doutor da Lei nas
luzes da parábola.
Todavia, convém saber que, além do próximo mais próximo a quem nomeias como sendo
o coração materno, o pai querido, o filho de nossa bênção, o irmão estimável e o amigo
íntimo, no clima doméstico, o próximo é igualmente o homem que nunca vista, tanto
aquele que te fixa indiferente em qualquer canto da rua. É a criança que passa, o chefe
que te exige trabalho, o subordinado que te obedece, o sócio de ideal, o mendigo que te
fala a distância...
É a pessoa que te impõe um problema, verificando-te a capacidade de auxílio; é quem te
calunia, medindo-te a tolerância; quem te oferece alegria, anotando-te o equilíbrio; é a
criatura que te induz à tentação, testando-te a resistência... É o companheiro que te
solicita concurso fraterno, tanto quanto o inimigo que se sente incapaz de pedir-te o mais
ligeiro favor.
Às vezes tem um nome familiar que te soa docemente aos ouvidos; de outras, é
categorizado por ti à conta de adversário, que não te aprova o modo de ser. Em suma, o
próximo é sempre o inspetor da vida que nos examina a posição da alma nos assuntos da
Vida Eterna. Entre ele e nós se destacam sempre a necessidade e a oportunidade a que
se referia Jesus na parábola inesquecível.
Isto porque o Bom Samaritano foi efetivamente o socorro para o irmão caído na estrada
de Jerusalém para Jericó, mas o irmão tombado no caminho de Jerusalém para Jericó foi
para o Bom Samaritano, o ponto de apoio para mais um degrau de avanço, no caminho
para o encontro com Deus.
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10 - AÇÕES E REAÇÕES
Ante a coleção das boas ações de alguém é forçoso se lhe analisem igualmente as
reações diante da vida. Um e outro lado do bem.
* * *
Doarás o prato substancioso a quem te bate à porta em penúria; mas não se te azedará o
coração, se o beneficiário te fere com palavras de incompreensão e desequilíbrio.
Ofertarás tua própria alma, a favor dos amigos, aos quais te devotas; entretanto, se algum
deles te malversa os tesouros afetivos que lhe puseste ao dispor, abençoá-lo-ás, como
sempre o fizeste, conquanto nem sempre lhe possas compartilhar, de imediato, a
intimidade ou a convivência.
* * *
Atenderás ao impositivo de auxiliar os companheiros que se te aderem aos pontos de
vista; no entanto, aprenderás a respeitar os adversários e a reverenciar as qualidades
edificantes de que se façam portadores.
* * *
Exteriorizarás entusiasmo e alegria, nas horas belas da estrada; todavia, demonstrarás
coragem e paciência, nos dias amargos, quando tudo pareça despedaçar-te os sonhos e
aniquilar-te as esperanças.
* * *
Tuas ações constituem recursos que sorveste na organização crediária da vida.
Tuas reações, porém, são as garantias que lhes preservam a estabilidade ou os golpes
que lhes desmerecem o valor, conforme o bem ou o mal a que te afeiçoes.
Se as tuas reações forem constantemente elevadas, decerto que as tuas realizações
serão sempre respeitáveis e dignas.
* * *
Pelas ações somos retratados, segundo as tintas da opinião de cada um.
Pelas reações somos vistos em nossa estrutura autêntica.
* * *
Provas, aflições, problemas e dificuldades se erigem na existência, como sendo
patrimônio de todos. O que nos diferencia, uns diante dos outros, é a nossa maneira
peculiar de apreciá-los e recebê-los.
Anotemos semelhante realidade, porquanto, em nos consagrando ao exercício real da
caridade, a benefício do próximo e a favor de nós mesmos, é indispensável nos
mantenhamos vinculados aos ensinamentos do Cristo, na hora de agir e de reagir.
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11 - ACUSAÇÃO INDÉBITA
No capítulo da censura, comumente chega em nossa vida um momento de perplexidade,
à frente do qual muito companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo.
Não se trata da ocasião em que somos induzidos a reprovar os outros e nem mesmo
daquela em que somos repreendidos, em razão de nossas quedas.
Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por faltas que não perpetramos e por
intenções que nos afloram à mente.
Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados por falsas aparências, dando
lugar a comentários depreciativos em torno de nós mesmos.
* * *
Teremos agido no bem de todos e, em seguida, analisados sob prisma diferente, qual se
estivéssemos diligenciando gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos
posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas melhores energias, e tivemos nossas
palavras ou providências, sob interpretação infeliz, atraindo-nos à crítica desapiedada, até
mesmo naqueles amigos a quem oferecemos o coração.
Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te permitas o mentiroso descanso
no esmorecimento.
Se trazes a consciência tranqüila, entre os limites naturais de tuas obrigações ante as
obrigações alheias, ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue centralizando a
própria atenção no desempenho dos encargos que o senhor te confiou, de vez que o
tempo é o juiz silencioso de cada um de nós.
* * *
Ouve a todos, trabalhando e trabalhando.
Responde a tudo, servindo e servindo.
* * *
Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao redor de teus passos, converte
Toda tendência à lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas palavras de
autojustificação, que desejarias dizer, em mais serviço, conversando com os outros
através do idioma inarticulado do dever retamente cumprido, porquanto se, em verdade,
não temos o coração claramente aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a
todo instante, a justiça nos segue e em toda parte Deus nos vê.
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12 - SEGURANÇA
Insegurança é o estado mental de que se lastimam enfermos inúmeros nos consultórios
médicos e de que se queixam legiões de criaturas que se confessam angustiadas ante os
problemas da vida.
* * *
A pessoa aspira a possuir determinado sítio; a obter determinado emprego; a conquistar
eficiência e êxito na realização de determinado negócio; na essência, entretanto, a
criatura não deseja unicamente uma casa e sim um lar onde possa exprimir livremente as
suas próprias decisões; não anela simplesmente um encargo material, mas o ensejo de
mostrar-se tal qual é, de maneira a fazer o melhor que pode; não intenta, de modo
exclusivo, o domínio da posse financeira, mas anseia adquirir a certeza de que vive
indene do assédio de empeços e dificuldades materiais.
* * *
Urge reconhecer, portanto, que todas as aquisições, na origem, procedem dos Poderes
Superiores, em cuja atuação personalizamos a Providencia Divina.
* * *
A segurança decorre do mecanismo intangível das circunstâncias, de vez que, oferecendo
aos outros o melhor de nós próprios, receberemos dos outros o melhor de que sejam
capazes.
* * *
Meditando nisso, consagremo-nos ao bem geral e mais ampla soma de bem surgir-nos-á
no amparo das possibilidades imediatas.
* * *
Seve a alguém e esse alguém, com todos os recursos que lhe assessorem a existência,
estará induzido a servir-te.
* * *
Doemos com espontaneidade algo de nós e, automaticamente, receberemos de tudo
aquilo que houvermos dado.
* * *
Age, em favor dessa ou daquela causa, e essa mesma causa, pelas forças que a
representam, agirá em teu próprio favor,
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* * *
Abstenhamo-nos de qualquer incerteza, quanto ao amanhã que venha longe ou perto.
* * *
Toda segurança procede unicamente de Deus.
* * *
Daí, a oportunidade de recordarmos a palavra do Divino Mestre, na advertência
inesquecível:
“Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e tudo o mais ser-vos-á acrescentado.”
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13 - UM SÓ PROBLEMA
Quando a ilusão nos colhe o espírito, impelindo-nos para amargosos desenganos,
evidentemente não nos é lícito lançar a responsabilidade integral do fracasso de nossa
expectativa sobre os outros, já que, no fundo, somos nós mesmos que nos deixamos
embair pela nossa própria super-estimação acerca de criaturas e circunstâncias.
* * *
Se a tentação nos apanha desprevenido, sacudindo-nos em rajadas de aflição, depois de
atirar-nos a despenhadeiros de remorso, não nos será possível atribuir a outrem a culpa
dos pesares que nos desajustam as províncias da alma e sim a nós, que não vigiamos
suficientemente a tranqüilidade de consciência.
* * *
Por trás do sofrimento a se nos originar do orgulho ferido, está simplesmente a paixão
pelas aparências a que ainda se nos afeiçoa o sentimento de superioridade ilusória.
* * *
Ante as nossas queixas, em torno da ingratidão, na essência existe apenas a
incompreensão que, por enquanto, nos assinala o modo de ser, a exigir dos
companheiros de experiência devoções e atitudes para as quais não se mostram ainda
amadurecidos ou indicados.
* * *
Empenhados ao azedume da crítica, debitamos semelhante perturbação tão-somente a
nós pela nossa incapacidade de avaliação do esforço alheio.
* * *
E sempre que tenhamos de alegar, enquanto na Terra, provas e inibições, obstáculos e
lutas que por vezes começam para nós do berço físico, o montante desses impedimentos
é a carga de sombra que trazemos em nós, por injunções da Contabilidade Divina,
transportada de existência para existência, assim como determinada conta é transferida
de livro para livro, na Contabilidade do Mundo, conforme os débitos que assumimos.
* * *
À vista disso, encontramos conosco um só problema fundamental - nós em nós mesmos.
Aprendamos a conhecer-nos e conheceremos os outros.
Retifiquemos a nossa vida por dentro de nós e a vida por fora se nos revelará sempre por
maravilha de Deus.
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14 - TRIBULAÇÕES
Quando estiveres à bica de maldizer as provações que a Terra te ofereça por lições
beneméritas, pensa na estagnação em que se nos erigiria o caminho, se não houvesse a
mudança, que tantas vezes se nos expressa à custa de sofrimento.
* * *
Se a semente não aceitasse a solidão, no claustro da gleba, flor e fruto não surgiriam no
enriquecimento da vida.
Se a fonte recusasse passar por sobre lodo e pedra, o campo estaria reduzido à
esterilidade.
Se a lâmpada se negasse a suportar a carga de força que gradativamente a consome,
não se faria luz dissolvendo as trevas.
Se a criança não se desenvolvesse, transformando-se em adulto, a ingenuidade jamais
daria lugar à experiência.
* * *
Assim em todos os distritos da edificação e do sentimento.
Se a cultura não crescesse, não haveria progresso.
Se a teoria não avançasse para a realização, nunca passaria de um montão de palavras.
* * *
Transposição, atrito, provas e desafios são condições de melhoria e aperfeiçoamento,
ajuste e elevação. À vista disso, aceitemos em paz as tribulações que a existência nos
imponha.
Se lutas e empeços, conflitos e lágrimas não nos visitassem os corações, nosso espírito
se deteria gradeado na ilusão e na insipiência, ensombrado de ignorância e primitivismo.
Agradeçamos os obstáculos que nos chegam em forma de alteração ou mudança,
quebrando-nos a inércia e renovando-nos a vida.
* * *
Recordemos a águia nascitura.
Não fosse o rompimento do invólucro que a constringe, não desenvolveria as próprias
asas para ganhar as alturas.
Não existisse o sofrimento que nos estilhaça a crosta da personalidade egoística, não
encontraríamos caminho para elevar-nos à felicidade da vida eterna.
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15 - AGRESSORES E NÓS
Quase sempre categorizamos aqueles que nos ferem por inimigos intoleráveis; entretanto,
o Divino Mestre, que tomamos por guia, determina venhamos a perdoar-lhes setenta
vezes sete.
Por outro lado, as ciências psicológicas da atualidade terrestre nos recomendam que é
preciso desinibir o coração, escoimando-o de quaisquer ressentimentos, e estabelecer o
equilíbrio das potencias mentais, a fim de que a paz interior se nos expresse por harmonia
e saúde.
Como, porém, executar semelhante feito? Compreendendo-se que o entendimento não é
fruto de meras afirmativas labiais, reconhecemos que o perdão verdadeiro exige
operações profundas nas estruturas da consciência.
* * *
Se a injúria nos visita o cotidiano, pensemos em nossos opositores na condição de filhos
de Deus, tanto quanto nós e, situando-nos no lugar deles, analisemos o que estimaríamos
receber de melhor das Leis Divinas se estivéssemos em análogas circunstâncias.
À luz do novo entendimento que nos repontará dos recessos da alma, observaremos que
muito dificilmente estaremos sem alguma parcela de culpa nas ocorrências desagradáveis
de que nos cremos vítimas.
Recordaremos, em silêncio, os nossos próprios impulsos infelizes, as sugestões
delituosas, as pequenas acusações indébitas, e as diminutas desconsiderações que
arremessamos sobre determinados companheiros, até que eles, sem maior resistência,
diante de nossas mesmas provocações, caem na posição de adversários perante nós.
Efetuado o auto-exame, não mais nos permitiremos qualquer censura e sim
proclamaremos no coração a urgente necessidade de amparo da Misericórdia Divina, em
favor deles e a nosso próprio benefício.
Então, à frente de qualquer agressor, não mais diremos no singular: “eu te perdôo”, e sim
reconheceremos a profunda significação das palavras de Jesus na oração dominical,
ensinando-nos a pedir a Deus desculpas para as nossas próprias falhas, antes de as
rogar para os nossos ofensores, e repetiremos com todas as forças do coração:
“Perdoai senhor, as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores”.
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16 - INQUIETAÇÃO E RENOVAÇÃO
É possível que as tribulações do cotidiano, de quando em quando, te enevoem os olhos,
com relação à senda em que a vida te situou.
Na escola da Terra, porém, a dificuldade é a prova que assegura a lição, e a crise é a
época de exame, na qual nos assinalamos, quanto ao proveito no trato da experiência.
Imperioso não nos sintamos tomados de pessimismo ou pressa, à frente dos empeços na
tarefa a concretizar.
E que não haja de nossa parte qualquer declaração de impossibilidade, no setor de tempo
e limitação, porque o tempo está incessantemente ao nosso dispor, E a limitação, na
essência, não existe nos domínios do espírito imperecível.
E que não haja de nossa parte qualquer declaração de impossibilidade, no setor de tempo
e limitação, porque o tempo está incessantemente ao nosso dispor, e a limitação, na
essência, não existe nos domínios do espírito imperecível.
* * *
Muitas vezes, o rude aprendizado da criatura na derradeira quadra da existência terrestre
é o agente de base que lhe garantirá o êxito na próxima reencarnação; e, com freqüência,
apenas depois de numerosas tentativas, supostamente frustradas, é que obtemos a
realização que se objetiva.
* * *
Cada um de nós é um ser terno vivendo no Universo sem limites.
Pensa nisso, antes de qualquer predisposição ao desânimo ou desespero.
* * *
Se trazes alguma enfermidade recidivante. Não descanses na assistência a ti mesmo, em
demanda da cura necessária; se sofres erros crônicos, reconsidera a própria orientação,
adotando novo rumo; se carrega desilusões, alija a carga de tristeza a que
inconseqüentemente te submetes, contemplando horizontes mais altos, e, se fracassaste
em alguma iniciativa, refaze as próprias forças, empreendendo tarefas novas.
* * *
Recordemos: para sanar qualquer problema em que se nos encrava a marcha para
diante, bastará sempre nos disponhamos a reagir construtivamente buscando a solução
justa, trabalhando para isso, seja a começar ou recomeçar.
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17 - COMPANHEIROS DISTANCIADOS
Quando esse ou aquele companheiro se nos distancia, deixando-nos a sós na Seara do
Bem, habitualmente a nossa reação inicial é de choque e desagrado.
Recordamos para logo os votos em comum, as atividades partilhadas, as esperanças e os
sonhos das horas primeiras...
Entretanto, embora devamos resguardar intacto o amor por eles, não é o sentimento
negativo de amargor ou censura que a vida espera de nós outros, nessas circunstâncias.
É preciso entendê-los e acatá-los, antes de tudo. Lembrá-los no bem que nos fizeram,
nas luzes que acenderam. E, ante a ausência, considerar as possíveis razões que a
ditaram.
* * *
Esse se viu defrontado por obstáculos que não logrou vencer; aquele entrou a
experimentar a enfermidade complexa; outro não achou em si a força necessária para
garantir a própria esperança, e outro ainda passou imperceptivelmente a faixas de
obsessão oculta. E se integramos determinada equipe de trabalho, como condenar os
companheiros doente ou acidentados em serviço?
Claro que, em se verificando isso, nos cabe o dever de entregá-los a organizações
capazes de restaurá-los, e continuar trabalhando, substituindo-os, quanto nos seja
possível, na empresa em andamento.
* * *
Diante dos amigos que nos deixam nas frentes da luta edificante, procuremos honrá-los e
abençoá-los com os nossos melhores pensamentos de carinho e de gratidão. E
reconhecendo, acima de tudo, que nos achamos todos submetidos à Sabedoria e à
Misericórdia do Senhor, compete-nos a obrigação de compreender-nos e auxiliar-nos, uns
aos outros, em quaisquer circunstâncias, na certeza de que, se o Senhor nos permite a
mudança de atividade quando assim desejamos - e já nos achamos credenciados para
colaborar com ele, nas construções do Evangelho -, isso se verifica a fim de que
aprendamos, na escola da experiência, a servi-lo na Obra de Redenção e
Aperfeiçoamento do Mundo, sempre mais, e melhor.
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18 - PETIÇÃO E RESPOSTA
Entre o pedido terrestre e o Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da
vontade humana, com decisão e firmeza, para que se efetive o auxílio solicitado.
Buscando as concessões do Céu, desistamos de lhes opor a barreira dos nossos
caprichos próprios.
* * *
Suplicamos no mundo: Senhor, dá-nos a paz.
Se persistimos, no entanto, a remoer conflito e ressentimento, cozinhando mágoas e
esquentando desarmonia, decerto que a tranqüilidade só encontrará caminho para morar
conosco, quando tivermos esquecido as farpas da dissensão.
* * *
Imploramos: Senhor, dá-nos saúde.
Se continuamos, porém, acalentando sintomas e solenizando quadros mentais
enfermiços, é indiscutível que o remédio só terá eficácia, em nosso auxílio, quando
estivermos decididos a liquidar com as idéias de lamentação e doença.
* * *
Pedimos: Senhor, dá-nos prosperidade.
Mas se teimamos em dilapidar o tempo, reclamando contra o destino e hospedando
chorosas rebeldias, é forçoso reconhecer que só adquiriremos progresso e reconforto,
quando largamos queixa e azedume, concentrando esforços em melhoria e trabalho.
* * *
Rogamos: Senhor, dá-nos compreensão.
Se prosseguirmos, entretanto, censurando e criticando os outros, a descortinar faltas
alheias, sem cogitar das próprias deficiências, é óbvio que só atingiremos a luz e a
segurança do entendimento, quando nos voltarmos sinceramente para dentro de nós
mesmos, verificando que somos tão humanos e tão falíveis quanto aqueles irmãos dos
quais nos julgávamos muito acima.
* * *
Confiemos em Deus e supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a
Bênção Divina, procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas
petições, a fim de oferecer à Bênção Divina, clima de aceitação, base e lugar.
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19 - CONQUISTA ÍNTIMA
Todos os estados enfermiços da alma se assemelham, no fundo, aos estados enfermiços
do corpo, solicitando remédio adequado que lhes patrocine a cura.
E a impaciência que tantas vezes gera rixas inúteis é um deles, pedindo o específico da
calma que a desterre do mundo íntimo.
Como, porém, obter a serenidade, quando somos impulsivos por vocação ou por hábito?
Justo lembrar que assim como nos acomodamos, obedientes, para ouvir o professor
trazido a ensinar-nos, é forçoso igualmente assentar a emotividade, na carteira do
raciocínio, a fim de educá-la, educando-nos; e, aplicando os princípios de fraternidade e
de amor que abraçamos, convidaremos os nossos próprios sentidos à necessária
renovação.
Feito isso, perceberemos que todo instante de turvação ou desequilíbrio, é instrumento de
teste para avaliação de nosso próprio aproveitamento.
* * *
Aprenderemos, por fim, que, diante da crítica, estamos convocados à demonstração de
benevolência; diante da censura, é preciso exercer a bondade; à frente do pessimismo,
somos induzidos a cultivar a esperança; ante a condenação, somos indicados à bênção; e
que, renteando com quaisquer aparências do mal, é imperioso pensar no bem, dispondonos
a servi-lo.
Entregando-nos com sinceridade a semelhantes exercícios de compreensão e tolerância,
estaremos em aula profícua, para a aquisição de valores eternos no terreno do espírito.
É assim que, em matéria de paciência, se a paciência nos foge, urge reconhecer que,
perante as circunstâncias mais constrangedoras da vida, estamos, todos nós, no justo
momento de conquistá-la.
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20 - FAMILIARES E AMIGOS
No torvelinho das preocupações em torno dos familiares queridos, pausemos, de algum
modo, para enxergá-los, não com os olhos da afeição possessiva, e sim na posição de
criaturas de Deus, como são, tanto quanto nós.
* * *
Queríamos talvez que eles crescessem pelos nossos padrões; no entanto, possuem
caminhos outros pelos quais chegarão às mesmas fontes da fé em que se nos apóia a
existência.
* * *
Desejávamos pensassem pelas idéias que nos orientam a estrada, mas trazem consigo
vocações e tendências, ideal e visão muito diversos daqueles que nos caracterizam a
marcha.
* * *
Aspirávamos a tê-los no mesmo trabalho que mais se nos adapta à maneira de ser;
todavia, nem sempre se destinam a fazer aquilo que nos compete realizar.
* * *
Anelávamos situá-los nos figurinos de felicidade que nos parecem mais justos e
aconselháveis; entretanto, permanecem guiados pelo Governo da Vida para outros tipos
de felicidade que ainda não chegamos a conhecer.
* * *
Às vezes, não nos conformamos ao vê-los sofridos ou inquietos, porém, é forçoso
considerar que, como nos ocorre, estarão carregando débitos e compromissos que, nem
nós e nem eles, resgataremos sem dificuldade ou sem dor.
* * *
Por tudo isso, aprendamos a observar nos entes amados criaturas independentes de nós,
orientadas freqüentemente, noutros rumos e matriculadas em outras classes, na escola
da experiência.
E, acima de tudo, reconhecendo quão importante se faz a liberdade para o desempenho
das obrigações que nos foram assinaladas, saibamos respeitar neles a liberdade que
igualmente desfrutamos, perante as Leis do Universo, a fim de crescerem e se
aperfeiçoarem na condição de livres filhos de Deus.
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21 - TENTAÇÕES E VIRTUDE
Quando a criatura retém enorme fortuna, podendo claramente desmandar-se na avareza,
aplicando-se tão-só ao gozo pessoal, e procura utiliza-la no progresso e no bem-estar dos
semelhantes...
Quando a pessoa dispõe de autoridade para manejar, em seu exclusivo proveito, a
influência de que desfruta, mas, ao invés disso, busca emprega-la no auxílio aos outros...
Quando um homem ofendido se vê com meios suficientes para vingar-se, pela forma que
julgue mais razoável, e perdoa de coração a ofensa recebida, reconhecendo-se
igualmente passível de errar...
Quando alguém já fez por outrem todos os benefícios que se lhe faziam possíveis,
recolhendo invariavelmente a incompreensão por resposta, e prossegue amparando esse
alguém, na medida de seus recursos, sem exigência e sem queixa...
Em verdade, semelhantes companheiros terão vencido as maiores tentações que lhes
assediavam a vida.
* * *
Todos nós – espíritos ainda em evolução regate – somos experimentados nos temas do
caminho terrestre, em cuja vivência temos caído de outras vezes...
Isso acontece, porque, em muitas circunstâncias, as nossas provações assumem na
escola humana a forma de testes indispensáveis.
Há quem renasça ostentando atrações físicas para superar a inclinação para o
desregramento; portando um cérebro privilegiado para vencer a vaidade da inteligência;
retendo múltiplas titulações acadêmicas para subjugar a propensão para o abuso;
exercendo encargos difíceis, em causas nobres da Humanidade, para extinguir o impulso
de traição ou deslealdade.
* * *
Cada um de nós, onde esteja, é examinado pela Vida Superior, nas tendências inferiores
nas quais já faliu em existências passadas, e apenas conseguiremos a vitória sobre nós
mesmos, quando repetirmos as operações do bem sobre o mal que nos procure, tantas
vezes quantas sejam necessárias, mesmo além do débito pago ou da mancha extinta.
Fácil, por isso, reconhecer que sem o toque da tentação a virtude realmente não aparece,
e assim será sempre, de vez que toda inocência será levada, hoje, amanhã ou depois, ao
cadinho da luta, a fim de que não permaneça na condição de flor improdutiva no vaso
lindo, mas inútil, da ingenuidade.
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22 - ENSINAMENTO ESPÍRITA
Dividimos o prato com os irmãos em penúria, extinguindo o suplício da fome.
Dividimos o vestuário com os que sofrem nudez, para que o frio não lhes anule a
existência.
Providenciamos remédio em favor dos enfermos desamparados.
Partilhamos o teto com os que vagueiam sem rumo.
Mas não é só.
Ensinamos lições de justiça para que a desordem não nos induza à barbárie.
Espalhamos noções de higiene preservando a saúde.
Quanto mais se adianta a civilização mais se nos desdobram os bens da vida.
* * *
Imperioso lembrar que é necessário distribuir também os valores da alma.
Nós, os tarefeiros desencarnados e encarnados da Doutrina Espírita, em plena renovação
da Terra, não podemos olvidar que é preciso repartir o conhecimento superior.
Saibamos repartir, através da palavra e da ação, da atitude e do exemplo, o ensinamento
espírita à luz do Evangelho do Cristo, imunizando a vida terrestre contra as calamidades
de ordem moral.
Nós que levantamos a escola para remover as sombras do cérebro, atendamos à
educação espiritual que dissipa as trevas do coração.
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23 - AUTO-APRIMORAMENTO
Tanto quanto sustentamos confidências menos felizes com os outros, alimentamos
aqueles do mesmo gênero de nós para nós mesmos.
Como vencer os nossos conflitos interiores? De que modo eliminar as tendências menos
construtivas que ainda nos caracterizam a individualidade? - indagamo-nos.
De que modo esparzir a luz se muitas vezes ainda nos afinamos com a sombra?
E perdemos tempo longo na introspecção sem proveito, da qual nos afastamos
insatisfeitos ou tristes.
Ponderemos, entretanto que os doentes estivessem proibidos de trabalhar, segundo as
possibilidades que lhes são próprias, e se os benefícios da escola fossem vedados aos
ignorantes, não restaria à civilização outra alternativa que não a de se extinguir, deixandose
invadir pelos atributos da selva.
* * *
Felicitemo-nos pelo fato de já conhecer as nossas fraquezas e defini-las. Isso constitui um
passo muito importante no Progresso Espiritual, porque, com isso, já não mais ignoramos
onde e como atuar em auxílio da própria cura e burilamento.
Que somos espíritos endividados perante as Leis Divinas, em nos reportando a nós
outros, os companheiros em evolução na Terra, não padece dúvida.
Urge, porém, saber como facear construtivamente as necessidades e problemas do
mundo íntimo.
Reconhecemo-nos falhos, em nos referindo aos valores da alma, ante a Vida Superior,
mas abstenhamo-nos de chorar inutilmente no beco da auto piedade. Ao invés disso,
trabalhemos na edificação do bem de todos.
* * *
Cultura é a soma de lições infinitamente repetitivas no tempo.
Virtude é o resultado de experiências incomensuravelmente recapituladas na vida.
Jesus, O Mestre dos Mestres, apresenta uma chave simples para que se lhe identifiquem
os legítimos seguidores: “conhecê-los-eis pelos frutos”.
Observemos o que estamos realizando com o tesouro das horas e de que espécie são as
nossas ações, a benefício dos semelhantes. E, procurando aceitar-nos como somos, sem
subterfúgios ou escapatórias, evitemos estragar-nos com queixas e auto condenação,
diligenciando buscar, isto sim, agir, servir e melhorar-nos sempre.
Em tudo o que sentirmos, pensarmos, falarmos ou fizermos, doemos aos outros o melhor
de nós, porque Deus nos conhecerá pelos bons frutos que produzirmos.
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24 - VANTAGENS OCULTAS
Todos precisamos de reconforto nos dias de aflição.
Isso é justo.
Importa, entretanto, observar que a Divina Providência não nos envia dificuldades
sem motivo.
Entendendo-se que o Senhor não nos relega ás próprias fraquezas e nem permite
venhamos a carregar cruzes incompatíveis com as forças que nos caracterizam, fujamos
de buscar a consolação por flor estéril.
* * *
Aproveitemos a bonança que surge em nós habitualmente após a tormenta íntima para
fixarmos o valor que a experiência nos oferece.
Não nos propomos a louvar situações embaraçosas e nem a elogiar os fabricantes
de problemas, mas é preciso reconhecer as vantagens ocultas decorrentes das provações
que nos visitam.
Quem conseguiria configurar o abismo a que seríamos arrastados pelos caprichos,
aos quais muitas vezes nos entregamos, confiantemente, se a desilusão não viesse
despertar-nos?
Quem poderia medir os espinheirais de discórdia em que chafurdaríamos o espírito,
na equipe de trabalho a que pertencemos, se lutas e lágrimas sofridas em comum não
nos ensinassem o benefício do entendimento e da união?
* * *
Ingratidão, em muitas circunstâncias, é o nome da bênção com que a Infinita Bondade de
Deus nos afasta de ambientes determinados, a fim de que a cegueira não nos induza ao
desequilíbrio.
Obstáculo, no dicionário da realidade, em muitas ocasiões expressa apoio invisível
para que não descambemos na direção das trevas.
* * *
Nossas provas - nossas bênçãos.
* * *
Reflete nos males maiores que nos alcançariam fatalmente amanhã, se não fosse o
socorro providencial dos males menores de hoje, e reconhecerás que todo contratempo
aceito com paciência e serenidade é sempre toque do amor de Deus, alertando-nos o
coração e guiando-nos o caminho.
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25 - CREDORES SEMPRE
Pais e mães – dois vínculos de amor – na experiência terrestre que não se podem
esquecer sem perpetrar ingratidão.
São eles que se esquecem para que os filhos – espíritos reencarnados no mundo – deles
façam berço e ninho, apoio e teto; que se arrancam das gratificações dos sentidos para
sacrifício e abnegação, a fim de que os próprios rebentos não sofram carência de
proteção notadamente no difícil período de adaptação, a que denominamos “infância”;
que formam o lar e sustentam-no por base do aperfeiçoamento e do progresso; que
garantem aos filhos a certidão de presença na Terra, doando-lhes o nome e a localização
social de que necessitam.
* * *
Existem na Terra os que asseguram que a comunhão afetiva entre duas criaturas é
incompatível com os serviços de fraternidade e elevação, sem se recordarem de que
dispõem de um corpo em favor da própria evolução, à custa de pai e mãe que se puseram
a servi-los, através da comunhão afetiva, cujo valor pretendem desconhecer.
Que se corrijam as manifestações poligâmicas, em nome do amor, é providência justa;
entretanto, condenar a ligação afetiva, entre os seres que sabem honrar os compromissos
que assumem e da qual se derivam todas as civilizações existentes no Planeta, seria
renegar a fonte da própria vida, que nos empresta a vida na Terra, em nome de Deus.
* * *
Pais e mães, como forem e onde estiverem, são e serão sempre credores respeitáveis
nos domínios da existência, principalmente para quantos se lhes erigem na condição de
filhos e descendentes.
Decerto que os filhos nem sempre se harmonizam com os pais nos ideais que abraçam,
como também nem sempre os pais se harmonizam com os filhos, nos propósitos a que se
afeiçoam, - de vez que no campo da alma cada Espírito é um mundo por si só - ; no
entanto, é tão significativa a função dos progenitores, nas lides terrenas, que a voz do
Mundo Maior, ouvida por Moisés, no lançamento das Leis Divinas incluiu, entre os itens
mais importantes para a felicidade do homem na Terra, a legenda inesquecível –
“honrarás pai e mãe”.
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26 - DECISÃO E VONTADE
Incerteza parece coisa de pouca monta, mas é assunto de importância fundamental no
caminho de cada um.
* * *
As criaturas entram na instabilidade moral, habituam-se a ela, e passam ao domínio das
forças negativas sem perceber.
Dizem-se confiantes pela manhã e acabam indecisas à noite.
Freqüentemente rogam em prece:
- Senhor! Eis-me diante de tua vontade!...
Mostra-me o que devo fazer!...
E quando o Senhor lhes revela, através das circunstâncias, o quadro de serviço a
expressar-se, conforme as necessidades a que se ajustam, exclamam em desconsolo:
- Quem sou eu para realizar semelhante tarefa?
Não tenho forças.
Ai de mim que sou inútil!...
Sabem que é preciso servir para se renovarem, mas paradoxalmente esperam renovar-se
sem servir.
Dispõem de verbo fácil e muitas vezes se proclamam inabilitadas para falar auxiliando a
alguém nas construções do Espírito.
Possuem dedos ágeis, quais filtros inteligentes engastados nas mãos; entretanto,
costumam asseverar-se inseguras na execução das boas obras.
Ouvem preleções edificantes ou mergulham-se na assimilação de livros nobres,
prometendo heroísmo para o dia seguinte, mas, passada a emoção, volvem à estaca
zero, à maneira de viajante que desiste de avançar nos primeiros passos de qualquer
jornada.
Louvam na rua o equilíbrio e a serenidade e, às vezes, dentro de casa, disputam
campeonatos de irritação.
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O dever jaz à frente, a oportunidade de elevação surge brilhando, os recursos enfileiramse
para o êxito e realizações chamam urgentes, mas preferem a fuga da obrigação sob o
pretexto de que é preciso cautela para evitar o mal, quando o bem francamente lhes bate
à porta.
Trabalho, ação, aprendizado, melhoria!...
Não te ponhas à espera deles sob a imaginária incapacidade de procurá-los, à vista de
imperfeições e defeitos que te marcaram ontem.
Realização pede apoio da fé.
Mãos à obra.
Tudo o que serve para corrigir, elevar, educar e construir, nasce primeiramente no esforço
da vontade unida à decisão.
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27 - LUTAS NA EQUIPE
Qual ocorre na turma de escola, o atormentado momento da auscultação de valores
chega sempre para a equipe de ação espiritual.
* * *
No estabelecimento de ensino, é o exame periódico das matérias professadas.
No grupo de realizações da alma é o tempo de provação a se definir por expressões
diversas.
* * *
Perplexidade é desequilíbrio no setores mais altos do ideal.
Laboriosa travessia de atoleiros do sentimento.
Verificação de pontos fracos.
Contagem de perdas e danos depois dos acidentes de natureza moral.
Chegada a ocasião perigosa, ouvem-se escapatórias apressadas:
- Não tenho culpa.
- Não é comigo.
- Estou fora.
- Nada sei.
A organização se converte para logo em viveiro de farpas magnéticas, conturbando e
ferindo os próprios componentes.
Entretanto, é preciso contar com isso.
Construção exige marteladas.
Aprendizado pede demonstrações.
Obstáculo é o metro da resistência.
Tribulação é cadinho da fé.
Nem azedume, nem irritação.
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No instante do testemunho, saibamos simplesmente reparar o caminho estragado e
seguir adiante.
* * *
Hora de mais luta é também hora de mais trabalho para que a paz se estabeleça.
* * *
Imunizemos o grupo contra a perturbação, acusando a nós mesmos, acentuando a nossa
responsabilidade e aprendendo com o fracasso.
* * *
Somos ainda no mundo Espíritos imperfeitos e, sem a dificuldade, de nenhum modo
conseguiríamos segurança e auto-superação.
Convençamo-nos de que a crise é a mestra da experiência e sem experiência, em
qualquer empresa edificante da Terra, é impossível melhorar e compreender, servir e
perseverar.
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28 - IMPERFEITOS, MAS ÚTEIS
“Busca e acharás” — prometeu nosso Divino Mestre.
Insistamos no esforço e com apoio no esforço alcançaremos a bênção da realização.
* * *
Em todos os lugares somos defrontados por irmãos que se afirmam inúteis ou demasiado
inferiores, e que, por isso, se declaram inabilitados a servir.
Entretanto, que tarefeiro crescido em experiência terá fugido ao rude labor da iniciação?
Onde o artista exímio que não haverá de repetir detalhe a detalhe, das atividades
criadoras a que se afeiçoa e em que se aperfeiçoa, a fim de senhorear os recursos da
mente e da natureza?
* * *
Se ainda perguntas pela ação que te compete na seara do bem, toma lugar na caravana
do serviço, consagrando alma e tempo ao concurso que lhe possamos prestar, e,
sustentando o devido respeito aos missionários de cúpula no levantamento do Mundo
Melhor, abracemos com alegria os nossos deveres nos alicerces.
Para isso, no entanto, para que te desincumbas das próprias obrigações, não requisites
nomeação particular.
Apresenta-te simplesmente no campo das boas obras e começa fazendo algo em favor
de alguém.
* * *
A construção do bem comum é obra de todos.
Todos necessitamos trabalhar no sentido de aprender e construir, auxiliando os
companheiros esclarecidos para que se tornem cada vez mais fiéis à execução dos
compromissos nobilitantes que abraçam: os valorosos para não descerem ao desânimo;
os retos para que não se transviem; os fracos para que se robusteçam; os tristes para que
se consolem; os caídos para que se reergam; os desequilibrados para que se
recomponham; os grandes devedores, para que descubram a trilha da solução aos
problemas em que se oneram.
Todos nós, espíritos em evolução no Planeta, somos ainda imperfeitos, mas úteis.
* * *
É certo que não nos é lícito alardear virtudes que não temos e nem fantasiar talentos que
nos achamos ainda muito longe de conquistar, mas todos somos chamados a contribuir
no bem geral, porquanto, assim como o minério bruto se separa da ganga, ao calor de
alta tensão, de modo a converter-se em coluna da civilização e nervo de progresso,
também nossa alma, depurada na forja acesa do serviço ao próximo, transforma-se, a
pouco e pouco, em veículo de amor e canal de sublimação.
39
29 - SERVIÇO E MIGALHA
Encontrarás nas trilhas da beneficência quem se refira às grandes obras, gigantescas e
impecáveis, desprezando a migalha que possas estender em benefício dos semelhantes.
* * *
Indubitavelmente, chegaremos um dia, na Terra, à consolidação de instituições
benemerentes, ciclópicas e perfeitas, nas quais ciência e a fé, o progresso e a ternura
humana se unam em sintonia para materializarem os preceitos de Jesus, apagando do
dicionário terrestre certas palavras-pesadelo, como sejam "penúria", "guerra", violência" e
"opressão".
Entretanto, não consideres ninharia o diminuto auxílio que alguém consiga providenciar, a
favor de alguém.
* * *
Qual acontece nos planos da natureza, onde a semente é o traço de ligação entre a
plantação e a colheita, nas esferas do Espírito a migalha é o agente intermediário entre o
sonho e a realização.
* * *
Onde o sábio que houvesse iniciado o caminho da cultura, sem as letras do alfabeto, ou o
gênio musical que atingisse a culminância artística, sem se haver disposto a começar a
própria cultura pelas sete notas?
* * *
O prato de alimento que ofereces será talvez o recurso providencial que impedirá a queda
desse ou daquele companheiro, na curva descendente para a enfermidade irreversível, e
a alegria que proporcionas a uma criança pode criar nela a inspiração do bem para a vida
inteira.
Por outro lado, há doentes que, embora garantidos no campo econômico pela base de
milhões, apenas se aliviam com o apoio de um comprimido salvador, e criaturas outras
que, apesar de guardarem posses imensas, a fim de serem realmente felizes tão-somente
esperam algumas poucas palavras de afeto e entendimento daqueles a quem mais
amam.
.
Não desprezes o pouco que se possa fazer pela felicidade dos semelhantes, recordando
que mais vale um pão nas horas de necessidade e carência que um banquete nos dias de
saciedade e vitória.
* * *
Se não podes entender o maravilhoso serviço que se atribui à migalha, medita nas lições
incessantes da vida. E compreenderás, por fim, que a estrela mais fascinante do
firmamento, conquanto se revele como sendo um espetáculo do Divino poder, nas trevas
da noite não consegue penetrar a choupana isolada onde um coração de mãe suplica
pela presença de Deus e aí desempenhar a bendita missão de uma vela.
40
30 - DINHEIRO AMIGO
Letras de câmbio ! Alterações de câmbio ! ...
Em toda parte, vemos o problema da troca na vida monetária por base de sustentação a
mercados diversos.
Tanto quanto possível, no entanto, pensa no câmbio da caridade ! ...
* * *
Sempre que se nos fixe a atenção no dinheiro, reflitamos nas aflições que ele pode
suprimir.
Medita em teu saldo financeiro, ainda que mínimo, transformado no socorro ao enfermo
ou na alegria de uma criança.
* * *
Frequentemente, a quantia que julgas modesta e sem qualquer significação, se aplicada a
benefício de outrem, pode ser transubstanciada no reconforto e na benção de muitos.
* * *
É inegável que inúmeros de nossos irmãos da Humanidade não compreendem ainda a
missão benemérita da riqueza material, dissipando-a sem elevação nem grandeza, tanto
quanto existem outros muitos que desconhecem o valor do corpo, dilapidando-lhes as
energias sem entendimento ou proveito.Gradativamente, porém, as criaturas observarão
a importância do dinheiro,à margem das próprias necessidades, por instrumento potencial
de trabalho e educação,progresso e beneficência, à espera de nossas resoluções para
construir e servir.
* * *
Bendita seja sempre a moeda que remunera o suor do pai de família, que realiza os
sonhos respeitáveis da juventude, que faz socorro aos irmãos desfalecentes na estrada
ou que se converte em escora e recuperação dos pequeninos que vagam sem apoio e
sem direção!
* * *
Coloca-te no lugar daqueles companheiros nossos do mundo que se oneram de débitos e
compromissos de solução urgente, que varam humilhação e penúria, que sofrem doença
com abandono ou que se estiram nas trilhas de provação, sem ânimo e sem teto, e
reconhecerás que a moeda empregada a serviço do bem pode ser comparada a um raio
de luz do Céu que verte de mais alto, ao encontro da lágrima na Terra, a fim de
transformá-la em bênção de esperança e de amor, na edificação de um mundo mais feliz.
41
31 - PENÚRIA DE ESPÍRITO
Acreditarás talvez que nada possuis para dividir nas tarefas do bem; no entanto, pensa
naqueles cujas provações foram somadas até o resultado da angústia extrema e cujos
sofrimentos podes diminuir, através da multiplicação dos teus gestos de amor.
Não só isso.
Coloca-te, sinceramente, no lugar deles.
* * *
Se fosses o doente largado às horas, com que júbilo receberias os quinze minutos de
companhia e de afeto que alguém te pudesse oferecer, repartindo contigo algum saldo de
tempo.
Se estivesses na posição do obsidiado infeliz, com que reconforto recolherias as ligeiras
instruções de algum companheiro que viesse a destacar humilde parcela do próprio
conhecimento a fim de suprir-te a necessidade de paz e orientação!...
Em semelhante assunto, ao lado da penúria material, consideremos aquela outra, a
penúria de espírito, para verificar que a divisão do entendimento e da bondade é recurso
a ser aplicado, incessantemente, na contabilidade da vida!...
* * *
Reflete naqueles que foram ludibriados pela fortuna sem trabalho e resvalaram no tédio,
às vezes comprando, a preço de ociosidade e imprudência, a ficha dourada que lhes
assinala a presença no manicômio.
Calcula o suplício moral dos que se enganaram com as facilidades da inteligência, com
menosprezo pelo serviço aos semelhantes, e acordaram, um dia, de consciência perdida
nas teias da criminalidade.
Pensa no sofrimento das crianças desajustadas que se desenvolvem para o mundo entre
a revolta e o desânimo e reflete naqueles companheiros outros da Humanidade que
tombam diariamente, em frustração, conquanto instruídos e abastados, aniquilando nos
excessos do álcool e nos abusos do entorpecente as melhores possibilidades da
reencarnação promissora!...
* * *
Comumente admitimos que, a rigor, a obra de assistência é trabalho tão-somente
atribuível às forças administrativas do campo oficial através da conjugação de verbas
gigantescas que suprimam as exigências imediatas do corpo.
Ainda assim, por enquanto as exigências da alma sobram em grande número.
* * *
Desespero, aflição, desencanto, rebeldia, ódio, desequilíbrio, obsessão e loucura são
males que nem sempre o apoio amoedado consegue socorrer.
* * *
Para a eliminação da penúria de espírito, essencialmente só existe um remédio – o amor;
no entanto, para que o amor se transfira por bênção, de criatura a criatura, é imperioso
aprendamos a dividir, uns com os outros, as infinitas riquezas do coração.
42
32 - PREVENÇÕES
No capítulo dos sofrimentos voluntários, se somássemos os problemas, conflitos,
obstáculos e tribulações decorrentes da prevenção que alimentamos habitualmente contra
aquilo que os nossos irmãos estejam pensando ou poderiam pensar, decerto que
chegaríamos a conclusões espantosas acerca de aflição desnecessária e tempo perdido
* * *
Oponhamos o bem ao mal e deixemos aos outros a faculdade de serem eles mesmos.
* * *
Esse amigo ter-nos-á omitido o nome para determinada manifestação de alegria...
Outro companheiro nos haverá negado a saudação que lhe endereçamos com frase
amistosa...
Pessoa querida passou indiferentemente por nós com o semblante carregado de
preocupação ou azedume...
Certo colega terá erguido demasiadamente a voz, ferindo-os a sensibilidade, por
bagatelas...
E caímos nos excessos de imaginação, fantasiando ofensas que não existem.
* * *
Aprendamos a considerar quem tanto quanto nos acontece, os outros também podem
sofrer lapsos da memória, contrariedades imanifestas, inquietações e doenças.
E lembremo-nos: toda vez que descambamos para semelhantes desequilíbrios, somos
igualmente capazes de esquecer ou ferir, sem participação de nossa vontade.
* * *
Evitemos a prevenção no cotidiano, a fim de que a nossa vida encontre o máximo de
rendimento no bem.
* * *
Confiança em Deus.
Consciência tranqüila.
Dever cumprido.
Trabalho à frente.
E, fazendo todo o bem que se nos faça possível, por todos os modos justos, em todas as
ocasiões, com todos os recursos ao nosso alcance e para com todas as criaturas, nunca
nos previnamos contra quem quer que seja, porque os pensamentos dos outros
pertencem a eles e não a nós.
43
33 - DENTRE OS OBREIROS
Dos obreiros que se te fizeram colaboradores e amigos, no campo do bem, conhecerás
muitos deles na condição de representantes de faixas diversas da evolução humana:
aqueles que começam entusiasticamente, na trilha da obra, lançando arrojados planos de
ação, e abandonam o apostolado nos alicerces, com receio do sacrifício;
os que chegam otimistas, louvando as perspectivas do trabalho, e deixam a tarefa, assim
que lhe observam a complexidade e a extensão;
os que recolheram benefícios da seara e regressaram a ela, prometendo auxílio e
reconhecimento, mas largam-na, às vezes de improviso, tão logo se vejam chamados a
aprender quanto custa o esforço da sementeira;
os que formulam projetos avançados de renovação, sob o pretexto de se atender ao
progresso, e retiram-se quando observa,m quanto suor e quanta distância existem
sempre entre a teoria e a realização;
os que supõem na gleba um filão de recursos fáceis e fogem dela logo que tomam
pessoalmente o peso da charrua de obrigações que lhes compete movimentar.
Entretanto, ao lado desses cooperadores, sem dúvida respeitáveis, mas ainda inabilitados
para os compromissos de longa duração, encontrarás aqueles outros, os que conhecem a
importância da paz de espírito e não se arredam da empreitada que lhes coube,
prosseguindo no desempenho dos deveres que abraçaram, ainda mesmo quando isso
lhes custe o pão amassado com lágrimas, nos testemunhos de fé e abnegação, dia por
dia.
Forma entre esses que se mostram decididos a pagar o preço da própria ascensão e
reconhecerás para logo que o obreiro digno do salário da felicidade e da paz, nos erários
da vida eterna, será sempre aquele que caminha para a frente com a obra no pensamento
e no coração, a pleno esquecimento de si mesmo, trabalhando e servindo,
compreendendo e auxiliando, amando e construindo, a serviço do bem de todos, até o
fim.
44
34 - ESCÂNDALO E NÓS
Acalmar-nos, a fim de trabalhar e servir com segurança será sempre o processo mais
eficiente para liberar-nos da influência de escândalos, quaisquer que eles sejam.
* * *
Não poucas vezes, demoramo-nos acalentando mágoas e condenações contra nós
mesmos, das quais costumamos sair desolados ou deprimidos, aumentando a
incapacidade própria para qualquer reajuste.
Teremos errado, reconheçamos.
Lamentar-nos, porém, indefinidamente, seria o mesmo que segregar-nos em remorso,
não só improdutivo mas destrutivo também, porquanto comunicaríamos o fogo de nossas
próprias inquietações aos entes que mais amamos.
Importante aceitar nossas culpas, mas desaconselhável acomodar-nos voluptuosamente
com elas, sem a mínima diligência para extinguir-lhes os desastrosos resultados.
* * *
Queixar-se alguém de si próprio, uma, duas, três vezes, quanto às dívidas e defeitos de
que se lhe onere o caminho, será claramente compreensível, mas lastimar-se, todos os
dias, e acusar-se, em todas as circunstâncias, sem qualquer esforço para melhorar de
situação, pode transformar-se em atitude compulsiva, gerando enfermidade e
perturbação.
Esterilidade, em qualquer setor, será invariavelmente.
* * *
Recordemos a lição viva e constante do livre arbítrio a conclamar-nos ao próprio
burilamento e utilizemos o empréstimo das horas que nos é concedido, nos recursos em
mão, comandando as oportunidades que o tempo nos faculte para empreender as
renovações de que sejamos carecedores.
Somos espíritos eternos e, conquanto nos caiba o dever de aproveitar as experiências do
passado no que evidenciem de útil e de preparar o futuro para que o destino se nos faça
mais elevado, lembremo-nos de que somos chamados nas áreas do agora a viver um dia
de cada vez.
Erros, teremos perpetrado inúmeros.
Débitos, temo-los ainda enormes.
Entretanto, se soubermos empregar com critério e equilíbrio os instrumentos de que
dispomos, não há tempo a desperdiçar com lamentos inúteis, de vez que, quanto mais
quisermos aprender e trabalhar, compreender e servir, mais alto e mais belo se nos fará
o caminho na direção da Vida Melhor.
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35 - IRMÃOS NECESSITADOS
É preciso compreender - mas compreender substancialmente - que nem todo mendigo é
aquele que te requisita socorro material. Muito mais que os irmãos em penúria do corpo,
solicitam-te amparo aqueles outros companheiros em aflição ou desvalimento, na vida
íntima, a te pedirem apoio e consolação.
Muita vez, alcançam-te a esfera pessoal expectantes ou irritadiços, ansiosos ou
arrogantes, qual se de coisa alguma necessitassem. Entretanto, é preciso estender-lhes o
verbo amigo para que se habilitem à paz e ao refazimento.
Acolhe-os, pois, no clima da própria alma e dá-lhes do que puderes em fraternidade e
ternura para que se restaurem.
* * *
Justo entender que, de maneira geral, quantos nos rogam orientação e conselho, no imo
de si mesmos já sabem, à saciedade, o que lhes compete fazer.
Se cansados, não desconhecem que a fadiga não se lhes extinguirá num toque de
mágica; se enfermos, estão cientes de que precisarão de remédio; se desiludidos,
conhecem as farpas de angústia que lhes atormentam o coração, farpas essas que é
imperioso retirar e esquecer; se carregam remorso, não ignoram que a dor da culpa não
se lhes desaparecerá da consciência lesada, assim como por encanto.
O que semelhantes irmãos necessitados esperam de nós, quase sempre, é um tanto mais
de força, afim de que possam seguir adiante.
* * *
Compadece-te de quantos te procuram, mergulhados em dúvida ou desespero.
Eles não aguardam de nós um milagre, cuja existência não admitem. Procuram
simplesmente a caridade de uma palavra compreensiva ou um gesto de paz que lhes
propiciem renovação e bom ânimo.
Em suma, aspiram tão somente a saber que não se encontram sozinhos e de que Deus,
por intermédio de alguém, não lhes terá esquecido as necessidades do coração.
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36 - AS OUTRAS PESSOAS
Diante de qualquer pessoa, seja quem seja, inclina-te à bondade e começa por
endereçar-lhe um pensamento de simpatia.
* * *
Se renteias com alguém que admiras pelas virtudes que lhe exortam o caráter, pondera
os riscos a que essa criatura se vê exposta pela altura a que se guindou e, calculando os
sacrifícios que terá ela feito para alcançar as responsabilidades em que se situa, oferecelhe
apoio, para que não se lhe desafinem as cordas da alma.
À frente de outra pessoa que consideres errada, com mais razão orarás por ela, rogando
o auxílio da Vida Maior, em seu favor, a fim de que se lhe refaçam as forças.
Farás ainda mais.
Meditarás nas muitas vezes em que essa criatura haverá sofrido o impacto das tentações
que lhe assaltaram a estrada e não acharás motivo para estranheza ou condenação se
refletirem nas lágrimas que ela terá vertido, até que a loucura mental lhe impulsionasse o
coração para o colapso das energias morais em que se escorava dificilmente.
* * *
Todos somos defrontados no cotidiano por inúmeras pessoas que a vida nos traz à
observação. Recebamo-las todas na condição de criaturas irmãs, portadoras de recursos
e fraquezas, esperanças e sonhos, tarefas e lutas, problemas e dores semelhantes aos
nossos.
* * *
Consideremos, sobremaneira, que ninguém se aproxima de alguém pedindo reprovação
ou azedume.
Todos carecemos de compreensão e bondade.
Quando estamos em paz, o conselho que nos induz ao aperfeiçoamento moral lembra a
lâmpada acesa impelindo-nos para a frente.
Entretanto, quando desajustados pelas conseqüências de nossos próprios erros, já
carregamos em nós próprios fardos de angústia suficiente para suplício do coração.
* * *
Doemos a quantos se abeirem de nós o melhor que pudermos: o entendimento e a
fraternidade a boa palavra e o serviço nobilitante.
Convençamo-nos todos de que todos os males, os nossos e o dos outros, ficarão um dia
para trás, em definitivo. Toda sombra chega e passa à feição de nuvem perante o Sol da
Providência Divina todos os mundos e todos os seres se encadeiam na corrente do amor
eterno, em permanente e vitoriosa sublimação.
47
37 - TAXA DE SOMBRA
Em matéria de tribulações, será justo salientar a taxa de sombra que comumente
adicionamos à carga de provas salvadoras e regenerativas que, para nosso próprio
benefício, a vida nos deu a carregar.
* * *
A rebeldia é sempre condição negativa, e, em se manifestando conosco, na forma de
inquietação desnecessária, é dos piores corrosivos da alma, frustrando-nos recursos de
realização e oportunidade, serviço e tempo.
Referimo-nos, sobretudo, ao sofrimento criado por nossas próprias atitudes de não
aceitação diante da vida.
Reflitamos nisso, podando as aflições que se nos amontoam em torno das dificuldades
naturais.
* * *
Teremos renascido na Terra com determinado problema físico o psicológico...
Se o admitimos por lição amiga ou controle edificante, para logo se transforma em bênção
de auxílio, ao invés de persistir conosco por empeço a complicar.
* * *
Provavelmente no mundo teremos recebido parentes difíceis...
Se o abraçamos à conta de companheiros destinados a experimentar-nos a paciência e a
ternura, para breve se transfiguram em tesouros de sentimento.
* * *
Sofremos doenças...
Se as acolhemos por ensinamentos justos da vida, elas se transfiguram em cursos de
educação.
* * *
Estaremos faceando rude fracasso...
Se nos dispomos a vará-lo, com entendimento e coragem, ei-lo que se nos faz alavanca
de apoio para os caminhos de êxito e segurança.
* * *
48
Achar-nos-emos nos obstáculos da madureza extrema do plano material...
Se aceitamos o desgaste orgânico, sem deixar o trabalho que se nos faça possível, na
seara do bem, a mais avançada senectude ser-nos-á período precioso de meditação e
ajuste espiritual.
* * *
Quando a provação nos visite – lição preciosa e natural na escola da Vida – aceitemos o
que sejamos e sirvamos com tudo aquilo de que possamos dispor, a benefício do
próximo, com serenidade e compreensão, e estaremos livres da taxa de desespero que,
em qualquer sofrimento, é sofrimento muito maior.
49
38 - VERDADE E AMOR
Efetivamente, todos nos dirigimos para a verdade suprema que é luz viva, mas, até
lá, de quantas lições careceremos para nos desvencilharmos da sombra?
E a fim de aprendermos o caminho certo para as realidades eternas, só o amor
pode tutelar-nos com segurança.
* * *
Todos somos na Terra, - os Espíritos encarnados e os desencarnados que ainda nos
vinculamos a ela -, uma família só, a caminho da imortalidade; entretanto, na longa
excursão evolutiva, quantos de nós teremos tido necessidade ou ainda estaremos
necessitados de apoio?
Esse acreditou que o afeto exigia violência para confirmar-se e caiu na
criminalidade, mutilando-se ao pretender mutilar.
Aquele se admitiu suficientemente forte para oprimir os destinos alheios e estirou-se
nos excessos do poder, destrambelhando o cérebro e gastando tempo vasto em moléstia
e restauração.
Outro assumiu débito enorme, escravizando-se a situações complexas das quais
despenderá laborioso esforço para sair.
Outro ainda se iludiu com relação a repouso e alegria, sem bases na
responsabilidade e perdeu temporariamente a faculdade de discernir, transviando-se em
labirintos de cegueira espiritual.
Realmente, devem todos esses nossos irmãos ser reajustados e curados, a fim de
prosseguirem jornada acima: entretanto, para isso, não bastaria sacudi-los com
afirmativas condenatórias, acerca das ruínas e lutas em que se encontram.
Urge administrar-lhes cuidado, assistência, remédio, compreensão.
* * *
Assemelhamo-nos, de modo geral, no Planeta Terrestre, até agora, a alunos no
educandário ou doentes no sanatório.
Sem que nos entendamos e nos auxiliemos mutuamente, ser-nos-á talvez
impossível adquirir reajuste e esclarecimento.
* * *
Com toda a certeza, brilharão mundos na Imensidade Cósmica, nos quais as criaturas já
se transformaram em luz, confundindo-se com o esplendor dos Sóis em que se conjugam
as realidades excelsas da vida, mas na Terra, por enquanto, e provavelmente por muitos
séculos ainda, embora a nossa obrigação de render culto incessante à Verdade, fora do
amor o nosso problema de equilíbrio e de reequilibrio não terá solução.
50
39 - EM REGIME DE FÉ
O Universo vive em regime de fé.
Em semelhante sistema, a Terra gira sobre si mesma e avança, a pleno Espaço Cósmico,
através de ciclos perfeitos de movimento e vida.
Automaticamente, os átomos efetuam as transformações que lhes são peculiares,
sustentando a economia da natureza.
De maneira mecânica, planta se desenvolve na direção do sol.
O animal promove a formação do próprio ninho, valendo-se de princípios da inteligência.
Claramente possível classificar a gravitação como sendo Confiança sabiamente
orientada; a atração definindo a Confiança magneticamente dirigida; o heliotropismo
expressando a Confiança no impulso, e a inteligência rudimentar exprimindo-se em grau
determinado da Confiança instintiva.
* * *
Paradoxalmente, apenas o homem por vezes se declara sem fé; no entanto, mesmo sem
fé, ele pensa, Confiando nos implementos do cérebro;fala, Confiando nas cordas
vocais;pratica o artesanato, Confiando nas mãos;alimenta-se, confiando no engenho
gastrintestinal; caminha, Confiando nos pés;viaja, Confiando naqueles que lhe orientam
as máquinas;estuda, Confiando nos professores;traça programas de ação, Confiando em
horários.
Tudo na vida se harmoniza em recursos de confiança.
* * *
Atualmente, porém, a Doutrina Espírita vem acordar as criaturas para a fé raciocinada,
que não dispensa a lógica e o discernimento precisos, a fim de que a consciência humana
se eduque suficientemente, sem a ingenuidade que a tudo se submete e sem a violência
que a tudo aspira dominar.
51
40 - DIANTE DA TERRA
Teríamos sido, porventura, situados na gleba do mundo para fugir de colaborar no
progresso do mundo, quando o mundo nos provê com todas as possibilidades
necessárias ao progresso de nós mesmos?
* * *
Muitos companheiros se marginalizam em descanso indébito, junto à seara, alegando que
não suportam os chamados problemas intermináveis do mundo; desejariam a estabilidade
e a harmonia por fora, a fim de se mostrarem satisfeitos na Terra, quando a harmonia e a
estabilidade devem morar por dentro de nós, de modo a que nossos encargos, à frente do
próximo, se façam corretamente cumpridos.
* * *
O mundo, em todo tempo, é uma casa em reforma, com a lei da mudança a lhe presidir
todos os movimentos, através de metamorfoses e dificuldades educativas.
* * *
O progresso é um caminho que avança. Daí, o imperativo de contarmos com oposições e
obstáculos toda vez que nos engajemos na edificação da felicidade geral.
Omissão, no entanto, é parada significando recuo.
Entendamo-nos na posição de obreiros, sob a pressão de crises renovadoras.
* * *
Todos faceamos permanente renovação, a cada passo da vida.
Nem tudo que tínhamos ontem por certo, nos quadros exteriores da experiência, continua
como sendo certo nas horas de hoje. Os ideais e objetivos prosseguem os mesmos, a nos
definirem aspiração e trabalho; entretanto, modificaram-se instrumentos e condições,
estruturas e circunstâncias.
* * *
A Terra, porém, nos pede cooperação no levantamento do bem de todos e a ordem não é
deserção e sim adaptação. Em suma, estamos chamados à vivência no mundo, a fim de
compreendermos e melhorarmos a vida em nós e em torno de nós, servindo ao mundo,
sem deixarmos de ser nós mesmos, e buscando a frente, mas sem perder o passo de
nossos contemporâneos, para que não venhamos a correr o risco de seguir para frente
demais
52
41 - PACIÊNCIA E VIDA
Estudo necessário da paciência: observar cada um de nós face a própria conduta nas
relações humanas e no reduto doméstico.
* * *
Sabemos compreender habitualmente os assaltos morais de inimigos gratuitos,
obrigando-nos a refletir quanto à melhor forma de auxiliá-los para que se renovem
construtivamente em seus pontos de vista, e, em muitos casos, esbravejamos contra o
desagrado de uma criança que a doença incomoda.
* * *
Aprendemos a suportar com serenidade e entendimento, prejuízos enormes da parte de
amigos, nos quais depositávamos confiança e carinho, buscando encontrar modo seguro
de ajudá-los para o resgate preciso e, muitas vezes, condenamos asperamente pequenas
despesas naturais de entes queridos, credores insofismáveis de nosso reconhecimento e
ternura.
* * *
A tolerância para com superiores e subalternos, colegas e associados, familiares e
amigos íntimos é realmente o recurso da vida em que se nos erige o metro do burilamento
moral. Isso porque, conquanto a beneficência se mostre sempre sublime e respeitável, em
todas as suas manifestações e atributos, é sempre muito mais fácil colaborar em
campanhas públicas em auxílio da Humanidade ou prestigiar pessoas
com as quais não estejamos ligados por vínculos de compromisso e obrigação que tolerar
com calma e compreensão, os contratempos mínimos e as diminutas humilhações no
ambiente individual.
Paciência por isso mesmo, em sua luminosa autenticidade Há de ser aprendida, sentida,
sofrida, exercitada e consolidada junto daqueles que nos povoam as áreas do dia-a-dia,
se quisermos esculpi-la por realização imorredoura no mundo da própria alma.
* * *
Proclamemos e ensinemos quanto nos seja possível os méritos da paciência, no entanto,
examinemos as próprias reações da experiência íntima à frente de quantos nos
compartilham a luta cotidiana, na condição de sócios da parentela e do trabalho, do ideal
e das tarefas de cada dia e, perguntemos com sinceridade a nós próprios se estamos
usando de paciência para com eles e para com todos os outros companheiros da
Humanidade, assim como estamos incessantemente tolerados e amparados pela
paciência de Deus.
53
42 - AÇÃO E ORAÇÃO
Sempre muito importante a oração por luz interior, no campo íntimo, clareando passos e
decisões sem nos despreocuparmos, porém, da ação que lhe complementa o valor, nos
domínios da realidade objetiva.
* * *
Pedirás a proteção de Deus para o doente; no entanto, não esquecerás de estender-lhe
os recursos com que Deus já enriqueceu a assistência humana, a fim de socorrê-lo.
* * *
Solicitarás o amparo da providência divina, a benefício do ente amado que se tresmalhou
em desequilíbrio; todavia, não olvidarás apoiá-lo com segurança e bondade, na
recuperação necessária, segundo os preceitos das ciências espirituais que a Divina
Providência já te colocou ao dispor nos conhecimentos da Terra.
* * *
Rogarás ao Céu te liberte dos que te perseguem ou dos que ainda não se harmonizaram
contigo; entretanto; não lhe sonegarás tolerância e perdão, diante de quaisquer ofensas,
conforme os ensinamentos de paz e restauração que o Céu já te deu, por intermédio de
múltiplos instrutores da espiritualidade maior, em serviço no mundo.
* * *
Suplicarás a intercessão dos Mensageiros da Vida Superior para que te desvencilhes de
certas dificuldades materiais, diligenciando, porém, desenvolver todas as possibilidades
ao teu alcance, pela obtenção de trabalho digno, que te assegure a superação dos
obstáculos, na pauta das habilitações que os Mensageiros da Vida Superior já te
ajudaram a adquirir.
* * *
Ação é serviço.
Oração é força.
Pela oração a criatura se dirige, mais intensamente, ao Criador, procurando-Lhe apoio e
benção, e, através da ação, o Criador se faz mais presente na criatura, agindo com ela e
em favor dela.
54
43 - PROBLEMAS DOS OUTROS
No que se refere à inquietação, às vezes os problemas que nos atingem não são
propriamente nossos, mas dos outros.
* * *
Estaremos em paz de consciência, todavia, entes amados terão assumido compromissos
graves, suscitando-nos desajuste e insegurança.
Possuímos, por enquanto, o nome inatacado; no entanto, criaturas profundamente ligadas
a nós surgem sofrendo o assédio da injúria, com ou sem razão, impelindo-nos ao desejo
de preservá-las contra as pedras que lhes dilapidam a imagem.
Com o amparo de certas escoras morais, conseguimos sustentar-nos relativamente livres,
quanto aos arrastamentos do coração; entretanto, afligimo-nos, como é justo, por almas
abençoadas de nosso convívio que aparecem na arena das lutas afetivas, suportando
conflitos difíceis de carregar.
Sob a proteção de facilidades transitórias que nos resguardam a segurança, acalentamos
a própria resistência, diante das tentações que nos enxameiam a estrada, mas entes
queridos haverão tombado em delinqüência, impulsionando-nos ao anseio de ajudá-los na
recuperação da própria paz.
Como, porém, auxiliá-los de nossa parte?
Saberíamos, porventura, orientar-lhes o tratamento restaurador se ignoramos toda a
extensão e conteúdo da influência que os precipitou na sombra mental em que se
debatem? E como poderíamos julgá-los se lhes desconhecemos o drama comovedor,
desde o princípio?
Seria desumano golpear a ferida, sob o pretexto de socorrer o doente, e não seria lógico
traçar diretrizes em territórios acerca dos quais não possuímos ainda qualquer
experiência.
Ante os problemas daqueles que nos rodeiam, contudo, podemos ouvi-los com paciência
e caridade, doando-lhes esperança e consolo. E, acima de tudo, cabe-nos recordar que a
luz da Divina Providência está em nós, tanto quanto neles, e que, por isso mesmo, o
máximo auxílio que nos será lícito prestar-lhes será sempre respeitar-lhes as escolhas e
decisões, orando por eles e rogando à mesma Providência Divina os guie e esclareça,
ampare e ilumine, reconhecendo que, no íntimo das próprias vidas, são todos eles tão
livres e responsáveis, diante de Deus, quanto nós.
55
44 - NEGÓCIOS HUMANOS
No capítulo das preocupações da vida humana, urge considerar que todas elas são
importantes e, a rigor, não existe pergunta que não necessite de resposta,
esclarecimento, informe, orientação.
De que modo menosprezar as inquietações alheias, quaisquer que sejam, sem tisnar as
fontes da caridade?
Entretanto, ao lado dos assuntos puramente espirituais, temos outros propriamente
vinculados ao plano físico, tão respeitáveis, aliás, quanto às questões que afetam o imo
da alma, tais quais sejam:
obtenção de trabalho;
melhoria de vencimentos;
transações em perspectiva;
mudanças prováveis;
redução de prejuízos;
instalação de empresas;
dificuldades econômicas;
apoio em questões com a justiça;
pacificação doméstica;
rearmonização em serviço;
condução de filhos;
amparo ao casamento;
necessidade de companhia;
solução de lutas afetivas.
* * *
todos os temas do caminho terrestre são respeitáveis, repetimos; no entanto, sempre que
te surjam no dia-a-dia, recorda que são eles os testes da escola humana em que te
encontras, a fim de que aprendas a decidir e a escolher, nas trilhas da existência, e para
que realizes o melhor nas tarefas de que te deves desincumbir.
Por semelhante motivo, sempre que problemas de natureza material te asfixiem no clima
das tribulações terrenas, não exijas a opinião dos outros, nas responsabilidades que te
dizem respeito, e sim recorre à prece, rogando o socorro da Inspiração Divina para as
medidas que te caiba promover ou patrocinar, de vez que, em qualquer caso de
consciência, a decisão pertence a cada um de nós, com as repercussões naturais e
justas, diante das Leis de Deus.
56
45 - IMPACIÊNCIA
Assunto importante nas áreas da paciência> a cura da impaciência que freqüentemente
alimentamos a detrimento de nós próprios.
Se somarmos os dias e os minutos que sacamos nos créditos do tempo, a fim de
acalentar irritação contra nós mesmos, verificaremos que o desespero manifesto ou
imanifesto se nos erige na existência em fator de dilapidação, desencadeando
enfermidade ou desequilíbrio, desastre ou morte prematura.
E não só no setor de prejuízo pessoal que o tema nos merece reflexão.
A intemperança mental, ä frente de nossas fraquezas ou desacertos, gera nos outros
azedume ou desânimo, tristeza ou prevenção, estragando-lhes a vida.
Nas horas que nos conscientizamos, acerca dos erros que nos sejam próprios,
acalmemo-nos para pensar, ao invés de lastimar-nos sem proveito.
Registrar as nossas falhas, diligenciando saná-las ou suprimi-las, de vez que,
menosprezando responsabilidades e compromissos, menosprezamos a nós mesmos.
Devemos examinar-nos com paciência e coragem que nos induzam a melhoria.
Teremos errado, fracassado, destruído recursos ou sofrido ilusões e desilusões.
Queixa inútil ou autopiedade, porém, não edificam.
Reconheçamos com sinceridade os obstáculos, mutilações morais, conflitos e deficiências
que ainda nos caracterizam o modo de ser o que comente nos fazem cair no chão do
arrependimento.
Entretanto, não nos permitamos permanecer estirados em angústia vazia e, sim,
compreendendo os tesouros do tempo de que a Divina Providência nos enriqueceu,
procuremos reerguer-nos, trabalhar, corrigir-nos e burilar-nos, tantas vezes quantas se
nos façam necessárias, porque a impaciência, de qualquer modo, de nada nos serve e
nem ajuda a ninguém.
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46 - NA TRILHA DAS PROVAS
Em todos os trechos da vida- mais particularmente naqueles em que as tuas forças se
vejam defrontadas pela provação - , procura tempo, através da meditação, para comungar
com as Forças Divinas que nos baseiam a existência, e reconhecerás que estamos todos
em Deus, tanto quanto cada partícula no corpo em que se integra e cada mundo no
edifício do universo de que todos partilhamos.
* * *
Se tiveres suficiente serenidade para analisar com o tempo a própria situação,
compreenderás que nos fluxos e refluxos das nossas lutas evolutivas, segundo as leis
que nos regem, estamos sempre no lugar adequado às necessidades de aprimoramento
e reajuste espiritual que nos caracterizam: na condição indicada em que devemos estar
para o desempenho de determinadas obrigações; chamados a executar essa ou aquela
tarefa que mais se nos aproprie ao adiantamento moral, conforme o programa traçado
pelos Orientadores da Vida Superior; na equipe de criaturas afins com que nos cabe
desenvolver o mandato que se nos descerra à possibilidade de servir; com os dons e
desafios, dificuldades e vantagens que nos compete aceitar e manejar no trabalho a que
fomos conduzidos em proveito próprio; e nas atividades justas nas quais encontraremos
todo o material humano e todos os recursos circunstanciais de que carecemos para a
obra de nossa própria ascensão espiritual.
*
Asserena-te sempre e abençoa as provas que te assinalem a estrada, de vez que são
essas mesmas provas que te estruturam o degrau exato que podes e deves transpor na
conquista da própria felicidade, ante a Vida Maior.
58
47 - NOSSOS ENTES QUERIDOS
Um ponto importante, nas relações afetivas: a nossa atitude para com os entes amados.
Habitualmente, em nossa dedicação, somos tentados a escolher caminhos que supomos
devam eles trilhar.
Inclinação esta mais do que justa, porquanto muito instintivamente desejamos para os
outros alegrias semelhantes às nossas.
Urge considerar, entretanto, que Deus não dá cópias.
Dos pés à cabeça e de braço a braço, cada criatura é um mundo por si, gravitando para
determinadas metas evolutivas, em órbitas diferentes.
À face disso, cada pessoa possui necessidades originais e tem o passo marcado em ritmo
diverso.
* * *
A vida, como sucede à escola, é igual para todos nos valores do tempo; no entanto, cada
aprendiz da experiência humana, qual ocorre no educandário, estagia provisoriamente em
determinado caminho de lições.
* * *
Aquele companheiro terá tomado corpo na Terra a fim de casar-se e construir a família;
outro, porém, ter-se-á incorporado no plano físico para a geração de obras espirituais com
imperativos de serviço muito diferentes daqueles da procriação propriamente
considerada.
* * *
Essa irmã terá nascido no mundo para a formação de filhos destinados à sustentação da
vida planetária; aquela outra, todavia, terá vindo ao campo dos homens a fim de servir a
causas generosas em regime de celibato.
Cada coração pulsa em faixa específica de interesses afetivos.
Cada pessoa se ajusta a certa função, compreendendo assim, sempre que a nossa
ternura se proponha traçar caminhos para os entes amados, saibamos consagrar-lhes,
em silêncio, respeitoso carinho, e, se quisermos auxiliá-los, oremos por eles, rogando à
Sabedoria Divina os inspire e ilumine, de vez que só Deus sabe no íntimo de nós todos
aquilo que mais convém ao burilamento e à felicidade de cada um.
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48 - ATUALIDADE E NÓS
Contemplarás o mundo, sob o impacto do progresso, observando que no bojo da
tempestade surge a presença do trabalho renovador.
Enquanto a ventania da transformação assopra furiosamente sobre a nave terrestre,
alterando-lhe os rumos, guardarás lealdade à fé no Supremo Poder que lhe assinala os
destinos.
Muitos viajores - nossos irmãos - amedrontados diante da tormenta, perguntam por Deus,
ao passo que outros se rendem à descrença, tentando aniquilar o tempo na embriaguez
dos sentidos, como se o tempo pudesse acabar; outros se recolhem à tristeza e ao
desânimo, desistindo da luta construtiva a que foram chamados e outros muitos ainda
derivam para a fuga, acelerando os próprios passos, na direção da morte, qual se a morte
não fosse própria vida em si.
A nenhum deles reprovarás.
* * *
Cada um de nós vive nas dimensões do entendimento em que se nos caracteriza o modo
de ser e, na altura da visão espiritual a que a Luz da Verdade já te guindou, podes ser a
compreensão de todos e o apoio fraternal para cada um.
* * *
Reconhecerás que a universidade habilita o raciocínio para as glórias do cérebro,mas tão
somente a escola da vida prepara o sentimento para as conquistas do coração.
Por isso mesmo, honorificarás a ciência, sem menosprezo à consciência: estimarás a
liberdade sem descurar da disciplina; entesourarás conhecimento, cultivando bondade; e
situar-te-ás nas frentes da cultura, socorrendo, porém, quanto possível, as retaguardas do
sofrimento.
Serás, enfim, o companheiro fiel do Cristo, a quem aceitamos por Mestre, e, na certeza de
que Ele, o Senhor, está conosco hoje tanto quanto esteve ontem e tanto quanto está
agora e estará para sempre, marcharemos juntos, a ouvir-Lhe, em qualquer circunstância,
o apelo inesquecível: “amai-vos uns aos outros como eu Vos amei”.
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49 - NÃO CENSURES
Não censures.
Onde o mal apareça, retifiquemos amando, empreendendo semelhante trabalho a partir
de nós mesmos.
O cirurgião ampara o corpo enfermo, empregando atenção e carinho, com bisturis
adequados.
O artista afeiçoa a pedra ao próprio sonho, aformoseando-lhe a estrutura com paciência e
vagar.
* * *
Ninguém desfaz a treva sem luz.
* * *
E reconhecendo-se que a luz nasce da força que se desgasta, em louvor da cooperação e
do benefício, o amor procede do coração que se entrega ao trabalho para compreender e
auxiliar.
* * *
Quando estiveres a ponto de desanimar ante os empeços do mundo, de espírito inclinado
à acusação e à amargura, lembra-te de Deus cuja presença fulge nas faixas mais simples
da Natureza.
A Divina Sabedoria apóia a semente para que germine, propiciando-lhe recursos
imprescindíveis à existência;nutre-lhe os rebentos, doando-lhes condições precisas para
que se desenvolvam,e, convertida a planta em árvore benfeitora, assegura-lhe a seiva e
aguarda-lhe ocasião justa para a colheita dos frutos que enriquecerá o celeiro.
Em toda a parte da Terra, surpreendemos a esperança de Deus, em função ativa, seja na
pedra que se erguerá em utilidade, no carvão que se fará diamante, no espinheiral que se
metamorfoseará em ninho de flores, na gleba inculta que se transfigurará em jardim.
* * *
Deus opera com tempo igual para todos.
E a própria Sabedoria Divina nos auxilia a todos indistintamente, agindo, criando,
renovando e sublimando com apoio nas horas; sempre que nos vejamos defrontados por
dificuldades e incompreensões, saibamos servir com paciência e aprenderemos que, à
frente dos problemas da vida, sejam eles quais forem, não existem razões para que
venhamos a esmorecer ou desesperar.
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50 - NA SENDA DIÁRIA
Pensa, pelo menos de quando em quando, nos irmãos que se congelaram em
pessimismo e nas grandes tarefas interrompidas, à míngua de amparo, lembrando terras
fecundas largadas à esterilidade e ao abandono, por falta de amor.
* * *
Ao redor de ti, enxameiam corações sequiosos de entendimento e colaboração, a
esperarem quase que unicamente pelo toque mágico de uma palavra boa, a fim de se
inflamarem nos dons do serviço.
* * *
Não admitas a presença do desânimo à tua mesa de fraternidade e harmonia.
Oferece a quantos te busquem alento e convívio o pão substancioso do entusiasmo que
te alimenta as realizações.
Semeia esperança e coragem no solo do espírito.
Recorda a chuva criadora e o orvalho nutriente com que a natureza levanta as energias
da Terra e oferece aos outros o melhor de ti mesmo.
O próximo é a nossa ponte para o mundo.
Mostra-te agindo e servindo para a vitória do bem e a tua mensagem será irradiada por
todos aqueles que te assinalem o trabalho ou te escutam a voz.
Em toda parte, sentimo-nos à frente da comunidade, à maneira de quem se vê defrontado
pela própria família expectante.
* * *
Fornece simpatia e admiração, bondade e otimismo.
Beneficência não é tão-só o dispensário de solução aos problemas de ordem material; é
também e muito mais, o pronto socorro à penúria de espírito.
* * *
Detém-te a refletir nos companheiros cansados, tristes, desiludidos, desencorajados,
abatidos ou exaustos que te cruzam a estrada e distribui com eles a paz e a renovação.
Qual acontece com os outros, tens igualmente a tua obra a realizar e a porta do auxílio
abre-se de dentro para fora.
Se alguém precisa de ti, também precisas de alguém.
Dar será sempre o melhor processo de receber.
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51 - INQUIETAÇÕES E COMPLICAÇÕES
A existência terrestre, no fundo, é um estágio do espírito imperecível no campo das forças
físicas em constante mutação.
Daí as complexidades que apresenta.
* * *
À feição do aluno na escola, a criatura recebe lições na Terra, através dos problemas.
* * *
Dificuldade superada, experiência adquirida.
Disse procede o imperativo da serenidade do discernimento em todas as observações e
decisões que venhamos a assumir na seara do mundo.
* * *
Quantas aflições se nos debitam unicamente à invigilância, seja nos desvarios do
raciocínio, seja nos exageros da sensibilidade?
Em todos os momentos de acerbidade e aspereza do cotidiano, confiemo-nos ao Infinito
Poder da Criação de que nos achamos totalmente envolvidos, em qualquer ponto do
Universo.
* * *
Não existem questões insolúveis para a Divina Providência, e, dentro de semelhante
convicção, aprendamos a satisfazer os compromissos que as circunstâncias nos
reservem, sem superestimar ou subestimar os acontecimentos que nos cerquem.
* * *
Equilíbrio edificante e paciência operosa.
Freqüentemente, aflição é a nosso própria ansiedade, respeitável, mas inútil, projetada no
futuro, mentalizando ocorrências menos felizes que, em muitos casos, não se verificam
como supomos e, por vezes, nem chegam a surgir.
* * *
Em suma, saibamos amar sem o ônus do apego, servir sem cobrar impostos de
reconhecimento, desculpar sem apresentar faturas de suposta superioridade e agir para o
bem sem qualquer taxa de irritabilidade ou excitação.
Abstenhamo-nos de acrescentar a sombra da inquietude aos processos da vida que nos
objetivam o indispensável burilamento moral, e, dedicados fielmente à execução dos
deveres que a vida nos atribui, entreguemos as complicações do mundo à intervenção e
ao critério da Sabedoria de Deus.
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52 - MAIS SEMPRE
Ante as questões aflitivas que nos assoberbam a experiência individual, analisemos
algumas das receitas de paz que a Doutrina Espírita nos oferece, à frente dos males com
que somos defrontados no dia-a-dia.
* * *
Entraves para entendimento com o próximo:
apliquemo-nos sempre mais à caridade de observar, com mais profundeza e
compreensão, as dificuldades dos outros.
* * *
Conflitos domésticos:
pratiquemos sempre mais a caridade do concurso fraterno, pelo culto da gentileza dentro
de casa.
* * *
Ofensa e ingratidão:
atendamos sempre mais a caridade da desculpa incondicional, dissipando a névoa do
erro com a benção da tolerância.
* * *
Injúria e maledicência:
exercitemos sempre mais a caridade de não comentar o mal.
* * *
Azedume e irritação nos corações amigos:
exerçamos sempre mais a caridade do retorno à conversação afetuosa sem alterar a voz
por pior que seja a ocorrência menos agradável que haja sucedido.
Calúnia e acusação:
demonstremos sempre mais a caridade de sermos cada vez mais úteis onde estivermos.
* * *
64
Influência obsessiva:
exemplifiquemos sempre mais a caridade da resistência às tentações, através do trabalho
no refúgio da prece.
Contratempos e provações:
estendamos sempre mais a caridade da paciência, no desempenho fiel das obrigações
que a Bondade de Deus nos tenha confiado, ofertando, dia-a-dia, ao mundo e aos nossos
semelhantes aquilo de melhor que sejamos capazes de produzir.
* * *
Tédio e desânimo:
Façamos sempre mais caridade de visitar auxiliando, quanto nos seja possível, os irmãos
em penúria, que ainda não possuem,por vezes, nem mesmo a vigésima parte das
vantagens e oportunidade4s que nos felicitam a vida.
* * *
Em verdade, a trilha da evolução é uma estrada para cima, inçada de perigos, empeços,
sofrimentos e espinhos que para nós se exibem como sendo dolorosos e difíceis
problemas.
Antes, porém, de procurarmos qualquer remédio, experimentemos sempre mais o esforço
da caridade e estaremos no exato caminho da solução.
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53 - AFEIÇÕES
Devotar-nos-emos aos familiares e amigos queridos; no entanto, há que observar sempre
o ponto exato em que seremos levados pelas circunstâncias da vida a facear problemas e
lutas intransferíveis.
* * *
Quem não precisará de escora afetiva, quando o próprio Cristo, na travessia dos empeços
terrestres, não dispensou o auxílio dos companheiros de apostolado?
Não será lícito esquecer a nossa própria necessidade de afeto; todavia, vejamos ainda
em Jesus a lição do testemunho pessoal nas horas difíceis.
Por mais admiradores tivesse, nenhum deles lhe tomou o lugar nas crises supremas.
Assim também nós.
* * *
Os entes amados incentivar-nos-ão, no desempenho dos deveres que nos competem,
mas não conseguirão cumpri-los por nós.
O professor prepara o aluno; entretanto, não lhe viverá, de futuro, os percalços da
profissão.
Os próprios pais, por mais se ofereçam em holocausto pela felicidade dos filhos, não
logram arredá-los das experiências a que se destinam, atendendo a causas variadas nas
atividades de agora e daquelas outras que remanescem de passadas reencarnações.
* * *
Amemos nossos familiares e amigos, no entanto, sem exigir venham um dia a fazer o
trabalho que nos cabe realizar.
Todos eles serão provavelmente criaturas admiráveis no entendimento e na virtude, mas
não nos conhecem as lutas mais íntimas, tanto quanto de nossa parte não conhecemos
as deles.
* * *
Auxiliemo-nos mutuamente, aceitando-lhes o concurso, sabendo, porém, poupá-los aos
sofrimentos inúteis de viver nos obstáculos que nos digam respeito. Isso porque as
afeições nos ajudam, na parte visível de nossas dificuldades; entretanto, urge reconhecer
que não são capazes de solucionar por nós os problemas profundos que carregamos na
intimidade indevassável do coração, onde estamos absolutamente insulados, entregues à
nossa própria consciência e ao juízo de Deus.
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54 - MAIS COM JESUS
Desarrazoado exigir de qualquer de nós transformações intempestivas.
* * *
Por mais formosas e edificantes as lições de aperfeiçoamento moral, é forçoso acomodarnos
com o espírito de seqüência, na marcha do tempo, a fim de que nos afaçamos a elas,
adaptando-nos gradativamente aos princípios que nos preceituem.
Ser-nos-á, porém, claramente possível melhorar-nos com mais urgência e segurança se
adotarmos a prática de permanecer um tanto mais com Jesus, cada dia.
* * *
Problemas intricados surgiram, concitando-nos a soluções inadiáveis.
Se estivermos de sentimento interligado um pouco mais com o Cristo, aprenderemos a
ceder de nós, sem qualquer empeço, apagando as questões que nos induzam à
perturbação e à discórdia.
Apareceram desacatos, impulsionando-nos ao revide.
Se os recebemos, um tanto mais com Jesus, em nossas atitudes e respostas, todas as
expressões de desapreço serão dissolvidas nas fontes da compreensão e da tolerância.
Surpreendemos companheiros que se fazem difíceis.
Se lhes acolhemos os obstáculos, conservando as nossas diretrizes e providências, um
tanto mais com Jesus, para breve se nos transfiguram em colaboradores valiosos,
convertendo-se, por fim, em estandartes vivos de nossas idéias.
Encontramos desencantos nas trilhas da experiência.
Aceitando-os, no entanto, um tanto mais com Jesus em nosso comportamento, para logo
se transformam em lições e bênçãos que passamos a agradecer à Sabedoria da Vida.
* * *
Em casa, no grupo de trabalho, na vida social, na profissão, no ideal ou na via pública,
experimente sentir, pensar, falar e agir, um tanto mais com o Cristo, e observemos os
resultados.
* * *
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Pouco a pouco, percebemos que o Senhor não nos pede prodígios de transformação
imediata ou espetáculos de grandeza, e sim que nos apliquemos ao bem, de modo a
caminhar com Ele, passo a passo, na edificação de nossa própria paz.
* * *
Não te atemorizem programas de reajuste, corrigenda, sublimação ou burilamento.
Ante as normas que nos indiquem elevação para a Vida Superior, recebamo-las
respeitosamente, afeiçoando-nos a elas, e, seguindo adiante, na base do dever retamente
executado e da consciência tranqüila, pratiquemos a regra da ascensão espiritual segura
e verdadeira: sempre um tanto menos com os nossos pontos de vista pessoais e, a cada
dia que surja, sempre um tanto mais com Jesus.
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55 - ASSISTÊNCIA E NÓS
Coerentes quase todas as críticas desfechadas pelos observadores das obras de
caridade contra os seareiros que as exercem.
Todas essas críticas são seguras e construtivas, de vez que freqüentemente se erigem à
feição de advertências preciosas na base do dever.
Nisso estamos todos concordes.
* * *
Se somos defrontados por uma criança relegada aos lances adversos da rua, recordamos
de pronto que as organizações assistenciais devem recolhe-las para a educação
necessária.
Surpreendidos pelo companheiro embriagado na via pública, mentalizamos para logo que
as autoridades legais devem estar alerta contra os abusos do álcool.
Encontrando um enfermo entregue à ventania da noite, afirmamos, com razão, que os
serviços hospitalares devem abrir as portas a todos os que padecem angústia e febre no
espaço de ninguém.
Interpelados pelos homens tristes que se endereçam humilhados ao exercício da
mendicância, lembramo-nos, de imediato, que eles devem abraçar uma profissão e
atender à própria subsistência.
Ouvindo a voz chorosa das mães sofredoras que recorrem à prática da esmola a fim de
sustentarem os filhos pequeninos, declaramos que as administrações devem ser
responsabilizadas pela extensa fieira dos que vagueiam sem recursos em todas as
direções.
* * *
Indubitavelmente, governos e instituições, grêmios de solidariedade humana e
personalidades representativas precisam agir na erradicação da penúria e do vício, da
necessidade e da ignorância, enquanto que aos nossos irmãos do petitório cabe procurar
trabalho e instrução para se elevarem de nível.
Que devem, efetivamente devem.
Todos concordamos com semelhante alegação.
Resta a nós, os cristãos que respondemos pelo nome de Jesus, perguntar à própria
consciência, antes de qualquer censura aos serviços de amor ao próximo, sobre o que
temos realizado e observar o que estamos realizando nas boas obras que nos compete
empreender. E até que os poderes oficiais que nos pedem cooperação e não reproche
consigam executar os programas de socorro e educação que se propõem a efetuar e que
naturalmente concretizam pouco a pouco, reflitamos como seria fácil a vitória da caridade,
se cada um de nós, junto aos irmãos em dificuldade, se decidisse a auxiliar pelo menos
um.
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56 - PERDOAR E COMPREENDER
Muita gente perdoa, no entanto, não compreende, e muita gente compreende, todavia,
não perdoa.
Muitos companheiros se alheiam às ofensas recebidas, procurando esquece-las, mas
querem distância daqueles que as formulam, sem lhes entender as dificuldades, e outros
muitos compreendem aqueles que os molestam, entretanto, não lhes desculpam os
gestos menos felizes.
* * *
Perdoar e compreender, porém, são complementos do amor e impositivos do aceitar os
nossos companheiros da humanidade, tais quais são.
Reflitamos nisso, reconhecendo que o entendimento e a tolerância que os outros solicitam
de nós são a tolerância e o entendimento de que nós necessitamos deles.
É possível que nos haja ferido e igualmente provável tenhamos ferido a outrem. Alguém
terá errado contra nós e teremos decerto errado contra alguém.
Pondera isso e compadece-te de todos os ofensores.
* * *
Quem te prejudica talvez age sob compulsiva da necessidade; quem te menospreza,
possivelmente sofre a influência de transitórios enganos; aquele que te esquece com
aparente descaso estará enfermo da memória, e aquele outro ainda que te golpeia
evidentemente procede sob a hipnose da obsessão.
* * *
Nunca te revoltes, nem desanimes.
Faze o bem, olvidando o mal.
Desculpemos quaisquer faltas, compreendendo os autores delas, e compreendamos os
nossos irmãos em falta, desculpando a todos eles.
O amparo espiritual que doemos agora, a favor de alguém, será o amparo espiritual de
que precisaremos todos da parte de outro alguém.
Quando Jesus nos adverte: “perdoa setenta vezes sete a teu irmão”, claramente espera
venhamos a compreender outras tantas.
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57 - BARREIRAS
Que há sofrimentos, em toda parte do mundo, não há negar.
Reflitamos, porém, nos sofrimentos criados por nós mesmos.
Aquele da solidão em que nos ilhamos, através de falsos conceitos, é um deles. E dos
maiores.
Constrangedoras cercas mentais em que nos gradeamos, desertando da vida comum.
Barreiras as mais diferentes.
* * *
Há os que se admitem demasiadamente envelhecidos na experiência física e se
emparedam contra toda a espécie de renovação, como se a madureza não fosse o
período áureo da reflexão, com as alegrias conscientizadas da vida.
Há os que vararam acidentes afetivos e entram em pessimismo sistemático, como se o
amor – divina herança do Criador para todas as criaturas – devesse estar escravizado ao
nível da incompreensão.
Há os que se declaram ludibriados pelo fracasso e se encasulam no desanimo, olvidando
a construção da felicidade própria.
Há os que acreditam muito mais na doença que na saúde e se estiram em desalento,
rendendo culto à suposta incapacidade.
* * *
Em todos os lugares, cercas de amarguras, desalento, tristeza, deserção...
Entretanto, a vida igualmente, em toda parte, oferece a todos os seus filhos uma senha de
progresso: - trabalho e participação.
* * *
Se te dispões a aprender e servir, ninguém pode avaliar o tesouro das oportunidades de
elevação que te descerrará ao caminho.
Abençoa a disciplina que nos orienta o coração com diretrizes justas, mas não te prendas
a limitações imaginárias que te separem da idéia de Deus e da grandeza da vida.
Quando te encontrares em dúvida, quanto à liberdade espiritual a que todos nos achamos
destinados pelos princípios de evolução e aperfeiçoamento, olha para o Alto.
Toda a região que nomeamos por céu não é mais que uma saída gloriosa com milhões de
portas abertas para a celeste ascensão.
71
58 - NOS DIAS DIFÍCEIS
Nos dias difíceis, reflete nos outros dias difíceis que já se foram.
Depois de atravessados transes e lutas que supunhas insuperáveis, não soubeste
explicar a ti mesmo de que modo os venceste e de que fontes hauriste as forças
necessárias para te sustentares e refazeres, durante e depois das refregas sofridas.
* * *
Viste a doença no ente amado assumir gravidade estranha e sem que lograsses penetrar
o fenômeno em todos os detalhes, surgiu a medicação ou a providência ideais que a
arrebataram da morte.
Experimentaste a visitação do desânimo, à frente dos obstáculos que te gravaram a vida,
mas sem que te desses conta do amparo recebido, largaste o desalento das trevas e
regressaste à luz da esperança.
Crises do sentimento que se te afiguravam invencíveis, pelo teor de angústia com que te
alcançaram o imo da alma, desapareceram como por encanto sem que conseguisses
definir a intervenção libertadora que te restituiu à tranqüilidade.
Sofreste a ausência de seres imensamente queridos, chamados pela desencarnação, por
tarefas inadiáveis, a outras faixas de experiência. No entanto, sem que dependesses
qualquer esforço, outras almas abençoadas apareceram, passando a nutrir-te o coração
com edificante apoio afetivo.
* * *
Tudo isso, entretanto, sucedeu porque persististe na fé, aguardando e confiando,
trabalhando e servindo, sem te entregares à deserção ou à derrota, ofertando ensejo à
Bondade de Deus para agir em teu benefício.
Nas dificuldades em andamento, considera as dificuldades que já venceste e
compreenderás que Deus, cujo infinito amor te sustentou ontem, sustentará também hoje.
Para isso, porém, é imperioso permanecermos fiéis ao cumprimento de nossas
obrigações, de vez que a paciência, no centro delas, é o dom de esperar por Deus,
cooperando com Deus sem atrapalhar.
72
59 - SUPORTAR NOSSA CRUZ
A cruz do Cristo é a do exemplo e do sacrifício, induzindo-nos à subida espiritual, nos
domínios da elevação.
A nossa, porém, será, sobretudo, nós em nós mesmo.
Agüentar-nos como temos sido nas múltiplas existências passadas.
Carregar-nos com as imperfeições e dívidas que inadvertidamente acumulamos;
entretanto, agradecendo e abençoando a lixívia de suor e pranto no resgate ou na
tribulação com que as extirparemos.
* * *
Em muitos episódios difíceis da existência, consideramos demasiadamente amargo o
cálice da prova redentora que se nos destina, mas, de maneira geral, não é a medicação
providencial nele contida que nos aflige e sim a nossa própria debilidade em aceita-la.
Em numerosas crises do mundo, julgamos excessivamente pesada a carga dos
desenganos que nos fustigam o espírito; no entanto, não é o volume das desilusões
educativas, que nos são indispensáveis, aquilo que nos faz vergar os ombros da alma e
sim o nosso orgulho ferido a se nos esfoguear por dentro do coração.
* * *
Suportar a nossa cruz será tolerar as tendências inferiores que ainda nos caracterizam,
sem acalenta-las, mas igualmente sem condenar-nos, por isso, diligenciando esgotar em
serviço, em paciência, em serenidade e em abnegação a sucata de sombras que ainda
transportamos habitualmente no fundo das nossas atividades de auto-aprimoramento ou
reabilitação.
* * *
Chorar, em muitas ocasiões, mas nunca desesperarmos.
Errar ainda vezes muitas, no entanto, retificar-nos, em todos os lances da estrada, tantas
vezes quantas se fizerem necessárias.
* * *
Reconhecer-nos no espelho da própria consciência, resignar-nos com as nódoas e
cicatrizes emocionais da culpa que ainda se nos estampam na face espiritual e acatar no
trabalho e no sofrimento a presença de cirurgiões divinos, cujo esforço nos regenerará os
tecidos sutis da alma, preparando-nos e instruindo-nos para o Mundo Melhor.
* * *
Suportar nossa cruz jamais será maldize-la ou lamenta-la e sim acolher-nos imperfeitos
como ainda somos, perante Deus, mas procurando, por todos os meios justos, melhorarnos
e burilar-nos, avançando sempre, mesmo que vagarosamente, milímetro por
milímetro, nos caminhos de ascensão para a Vida Eterna.
73
60 - PROTEÇÃO DE DEUS
Clamamos pela proteção de Deus, mas, não raro, admitimos que semelhante cobertura
aparece nos dias de caminho claro e céu azul.
* * *
O Amparo Divino, porém, nos envolve e rodeia, em todos os climas da existência. Urge
reconhecê-los nos lances mais adversos.
* * *
Às vezes, o auxílio do Todo Misericordioso tão-somente se exprime através das
doenças de longo curso ou das dificuldades materiais de extensa duração, preservandonos
contra quedas espirituais em viciação ou loucura. Noutros ângulos da experiência,
manifesta-se pela cassação de certas oportunidades de serviço ou pela supressão de
regalias determinadas que estejam funcionando para nós à feição de corredores para a
morte prematura.
* * *
Proteção de Deus, por isso mesmo, é também o sonho que não se realiza, a esperança
adiada, o ideal insatisfeito, a prova repentina ou o transe aflitivo que nos colhe de assalto.
Encontra-se no amor de nossos companheiros, na assistência de benfeitores
abnegados, na dedicação dos amigos ou no caminho dos familiares, mas igualmente na
crítica dos adversários, no tempo de solidão, na separação dos entes queridos ou nos
dias cinzentos de angústia em que nuvens de lágrimas se nos represam nos olhos.
Isso ocorre porque a vida é aprimoramento incessante, até o dia da perfeição, e todos
nós com freqüência necessitamos do martelo do sofrimento e do esmeril do obstáculo
para que se nos despoje o espírito dos envoltórios inferiores.
* * *
Pensa nisso e toda vez que te sacrifiques ou lutes, de consciência tranqüila, ou toda vez
que te aflijas e chores, sem a sombra da culpa, regozija-te e espera o melhor, porque a
dor, tanto quanto a alegria, são recursos da proteção de Deus, impulsionando-te o
coração para a luz das bênçãos eternas.