Nota do Blog: Apesar de estar integralmente apresentado. Esse livro ainda não está totalmente formatado nesse blog, para uma leitura mais prazerosa.
CARO AMIGO: Caso você tenha gostado do livro e tenha condições de comprá-lo, faça-o, pois os direitos autorais são doados.
Muita Paz
JANELAS PARA A
VIDA
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
E
FERNANDO WORM
INDICE DETALHADO
ONDE CRISTO ESTÁ
NOTA AO LEITOR
I- A PROVETA E O AMANHÃ
II- TERAPIA PARA AS DORES DO MUNDO
III- FUMO E PERISPÍRITO
A ação do perispírito
Redução da resistência orgânica
Fumo e mediunidade
IV- A SENSIBILIDADE DAS PLANTAS NOS DOIS PLANOS DA VIDA
O invisível no visível
Para além do tempo
V- ASSUNTOS DA VIDA
Psicanálise
Mediunidade
Moradas do universo
Acerca da morte
Painel
VI- MENSAGENS DO CÉU À TERRA
Oração de sempre
Anotações do caminho
Memorando
Chaves libertadoras
Paz e vida
Façamos a conta
Ensino e vida
Em nós
Vida livre
Zeca Leal
VII- JANELA PARA A VIDA
Mediunidade com Jesus
Referências
Vibrações
ONDE CRISTO ESTÁ
Certa noite de novembro de 1971, de repente vi-me frente aos altos muros de Jerusalém. O
núcleo cristão da cidade velha preparava-se para as festividades natalinas, iluminando feericamente
alguns prédios e templos, as torres e o mercado.
Embora ali comparecesse com a credencial única de mero viajor daquelas eleitas regiões do
Planeta, causou-me perplexidade a consciência de que a poucos passos de mim estavam a Porta de
Damasco, a Porta de Santo Estevão, a antiga pretoria de Pilatos, a via Dolorosa, o Santo Sepulcro, os
templos sagrados de judeus e muçulmanos, o Getsemane no Monte das Oliveiras e todos aqueles
históricos locais cujos nomes, desde pequenino, eu me acostumará a ouvir intermitentemente.
Os registros históricos informam que a cidade murada foi tomada e destruída pelos romanos no
ano 70 da nossa era. No rastro das hordas de Tito, a dramática Jerusalém prosseguiu sendo invadida e
saqueada primeiramente pelos persas de Khosro, em 614; depois pelos árabes, em 637; pelos
Cruzados de Godefroi de Bouillon, em 1099; por Saladino, em 1187; por Frederico ll, em 1229; por
tropas franco-inglesas, em 1917. Internacionalizada pela Organização das Nações Unidas em 1947, foi
então dividida pela linha de armistício entre árabes e judeus em 1948; novamente invadida a anexada
à Jerusalém nova após a “Guerra dos Seis Dias”, a estranha cidade murada dos Patriarcas prossegue na
rota de seu dramático destino de marco de disputa entre povos irmãos, cultuando religiões que ali
tiveram sua origem comum.
Dois dias após a chegada às semi-áridas terras da antiga Judéia e Samaria, desci a Jericó,
visitando depois Belém, Hebron, a desembocadura do rio Jordão no Mar Morto e a região adjacente no
deserto de Neguef.
A enganosa calma que se observava na região só era quebrada pela passagem ruidosa de
veículos militares, ou pela visão dos campos de refugiados, com cercas divisórias de arame farpado,
além dos destroços de tanques de guerra ao longo da rodovia que desce em direção ao mar Morto.
Continuava a não existir ali a paz entre os homens.
Não bastaram dois milênios de desencontros após a passagem do Nazareno sob o mesmo céu
cintilantemente azul, pregando incessantemente a tolerância e o amor, a busca da perfeição e a
necessidade de perdoar-nos uns aos outros.
Árabes viam com ressentimento seus irmãos judeus, enquanto cristãos peregrinavam pelos
santuários do Cristianismo como quem pisa chão alheio.
A tensão dominante, visível no relacionamento das comunidades conterrâneas,
inconscientemente fazia com que nos lembrássemos das vozes ressoantes do Cristo, desde aquelas
terras de antanho: “Perdoai-vos setenta vezes sete vezes; Sede misericordiosos; Amai os vossos
inimigos; Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; Não separais o que Deus juntou; Pedi e
obtereis”.
Não, ali não se achava o Cristo. Ou seu Espírito ali ainda não chegara, depois de tudo e de tanto
tempo.
Passaram-se anos.
Do regresso lembro apenas Ter ouvido de alguém esta perene afirmativa: “É mais fácil encontrar
o Cristo no coração de uma criatura animada pela fé do que no silencioso e subterrâneo tumulto de
Jerusalém”.
Decorridos quatro anos dessa viagem, eis que um dia circunstâncias inesperadas me levam a
tomar parte numa peregrinação a bairros humildes de Uberaba, no preparo de matéria jornalística.
Numa das moradas com paredes de barro e piso de chão batido, fomos encontrar uma senhora
enferma, de aproximadamente 70 anos de idade, dividindo a casa com outra amiga, também anciã e de
saúde abalada.
A paralisia atingira todo um lado de seu corpo, prejudicando a faculdade da fala de tal forma que
ela, embora ouvindo perfeitamente, só respondia através de sinais mímicos.
Por meio desses sinais emitidos com dificuldade, ela inicialmente demonstrou júbilo pela
presença da caravana de irmãos, que fraternalmente a visitava, para em seguida, enquanto um
médium da comitiva fazia a prece de agradecimento e súplica a Deus, emitir através de seus olhos uma
luminosidade estática, cuja transcedente descrição eu só poderia tentar se conhecesse a linguagem dos
anjos. Era como uma antevisão celestial da presença irradiante do próprio Deus.
Naquele olhar vasado de amor sublimado, naquelas encarquilhadas e trêmulas mãos em prece,
estava o Cristo redivivo dos Evangelhos de sempre.
Menos de um ano depois desse significativo episódio, quase ao fim de um dia de intenso
trabalho, adentrei-me pelo paço de uma igreja a fim de desfrutar da paz, do reconfortante silêncio e
das vibrações das preces ali existentes.
Quase ao meu lado, uma senhora de meia-idade orava com visível fervor e concentração.
De seus olhos, voltados para o Mais Alto, fulgia o mesmo luminescente olhar da enferma de
Uberaba: pareciam verter lágrimas de iluminado amor.
Saímos do templo quase ao mesmo tempo, de forma que pude observar quando, deparando-se
com um menino que descia a rua fronteira transido de frio, tirou de seus ombros a manta que a
agasalhava, colocando-a sobre os ombros da criança.
Novamente, ali estava o Cristo redivivo.
Em outra ocasião, ainda em Uberaba, uma caravana de fiéis do “Grupo da Prece” com Chico
Xavier à frente, lia o Evangelho sob uma densa chuva, pés imersos no barro campesino, antes de fazer
a distribuição de gêneros para centenas de criaturas nas quais a subnutrição era visível, algumas
comendo o alimento ali mesmo,
Pontos luminosos na Terra, propiciando a revivência daquele mesmo Jesus dos tempos primevos
do Cristianismo.
A constatação se impunha desde logo: a presença viva do Cristo tanto pode estar na aparente
solidão de um velho que tenha o coração aquecido pela fé em Deus, quanto no aconchego de uma
catedral; tanto na prece de uma mãe aflita pelo seu rebento, quanto na súplica inocente de uma
criança orando; no gesto de boa-vontade de uma criatura para com outra menos favorecida ou na
esperança convicta em Deus de um moribundo à mingua de recursos médicos num humilde tugúrio,
embora assistido pelo consolo do Mundo Espiritual Maior.
“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.” (S.Lucas – 6/45.) Preciosos
ensinamentos hauridos ao correr de um caminho e de um tempo longo e frutífero, que não devo
esquecer:
UM SÁBIO ME FALOU ISTO:
-“O CRISTO EM JERUSALÉM?
NÃO VIVE LÁ, JESUS CRISTO
ESTÁ ONDE ESTEJA O BEM”.
***
Enquanto me concentrava na redação desta breve introdução, lia em horas disponíveis um
compêndio tratando da Astronomia e do Universo em expansão. Recolho nas páginas admiráveis desse
compêndio os seguintes dados científicos:
O observatório de Monte Palomar, nos Estados Unidos, consegue abranger, numa única chapa
fotográfica, dez bilhões de sóis; a Via-Láctea, à qual pertencemos, é composta de 200 mil estrelas,
sendo o nosso Sol uma dessas estrelas, de tamanho apenas mediano, embora 109 vezes maior do que
a Terra – pelo Equador. Cada galáxia contém centenas de milhares, ou milhões, ou bilhões de estrelas,
sendo que o raio desse observatório permite entrever um bilhão de galáxias. A luz viaja a uma
velocidade, necessita de oito minutos para chegar à Terra; a Constelação Andrômeda, uma das mais
próximas da nossa Via-Láctea, necessita de 680,000 anos-luz até tocar nosso planeta, existindo
galáxias cujas distâncias são superiores a milhões de bilhões de anos-luz. Quase ao fim de uma longa
existência de pesquisa debruçado sobre a imensidão cósmica, e sentindo a proximidade da morte,
exclama Isaac Newton: “Ignoro o que o mundo pensa de mim, mas tenho a impressão de nunca haver
sido, em toda a minha vida, senão um garotinho brincando à beira do mar e se divertindo com
descobrir, aqui e ali, uma pedrinha mais polida ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o
grande oceano da Verdade se estendia, pleno de mistérios, diante de meus olhos. Há um Ser Infinito
que governa tudo, é Deus quem dirige o balé do Universo”. A Cosmologia comprovou que o Universo se
move em contínua expansão, enquanto as galáxias se afastam rapidamente umas das outras em
direção a rumos desconhecidos.
Uma única colher de café, se contivesse massa dos chamados espaços ou “buracos negros”,
onde a matéria fica concentrada ao extremo, pesaria em torno de um bilhão de toneladas.
Os “quasar” do espaço, ou nebulosas gasosas dotadas das luminosidades azul e ultravioleta, de
intensidade espantosa e com cauda de luz saindo de um dos flancos, embora não sejam classificadas
como cometa, estrela ou planeta, emitem sinais de radioeletricidade com freqüência e potência
desconcertantes.
Também numa colher das de café existem 50,000,000,000,000,000 de átomos, sem falar nos
subátomos.
O macrocosmo e o microcosmo contêm enigmas de estonteante grandeza, harmonia e equilíbrio
perfeitos!
Observando tudo isso, analisando, medindo e comparando, os sábios e astrônomos que se
debruçam sobre a mais ampla das ciências – a Cosmologia – após um esforço desesperado de
compreensão abrangente, afirmam, entre perplexos e desiludidos: “Nada sabemos acerca da origem e
da razão de ser do Universo e de tudo o que nele há”. Depois que os homens aprenderam a se orientar
pelos astros, a Cosmologia, teoricamente, tornou-se uma ciência inútil!
A grande janela aberta para o Céu por Copérnico, Tycho Brahe, Kepler e Galileu, Newton e
Willian Herschel, de repente se revela um espetáculo tão grandioso quanto vazio de sentido. “Por que
tudo isso? Para que existem esses bilhões de mundos aparentemente estéreis, mudos e despovoados?
Para onde vão as galáxias? Por que esses bilhões de astros anódinos – e conhecemos apenas uma
fração deles – não respondem aos nossos sinais e interpelações?”
Renova-se, através das gerações, a firmativa de Jesus quando diz que Deus confunde os sábios
com aquilo que revela aos simples pela graça da fé. “Há muitas moradas na casa de meu pai; se assim
não fosse, já eu vo-lo teria dito.” (S. João – 24 – 1 a 3)
Outro dia, numa reunião fraterna de amigos no Hospital Espírita de Porto Alegre, presentes o
professor Cícero Marcos Teixeira, os doutores Nei da Silva Pinheiro e José Jorge da Silva, e este vosso
servidor, considerava-se a grandiosidade de Deus relembrando a célebre frase de Santo Agostinho:
“Que absurdo não crer!”
***
“Janela Para a Vida” constitui uma das tentativas de iluminar ao menos parte dos múltiplos
problemas e indagações que fazem também perplexo o ser humano perquiridor das razões que teriam,
determinado a origem do homem, sua presença e finalidade neste planeta.
Através das respostas do Benfeitor Emmanuel – a Mediunidade com Jesus – novas luzes para
enfocar problemas emergentes descem até nós sempre por acréscimo da Misericórdia divina do Pai.
Mudam os tempos e as circunstâncias e, com eles, às vezes sem o perceber, mudamos nós
também.
Janela Para a Vida deseja fazer parte desse esforço de conscientização individual e coletiva que
aproxima o homem de Deus, visando à autotransformação para melhor.
Através das luzes do Mundo Maior, tenta colocar frente a frente a involução e a evolução, a
dúvida e a resposta, o amargor e a esperança, a obscuridade e a luminescência Divina, objetivando
sintonizar a mente humana com os enigmas da vida, na busca do sentido real da existência.
Longa e difícil é a caminhada evolutiva, desde a mônada até o Arcanjo, desde o profundo sono
da inconsciência nos reinos inferiores da Natureza até o cósmico despertar do espírito para a essência
de tudo o que existe nos Dois Planos da Vida: Deus.
Sabemos que é nas asas do amor e do conhecimento que a alma humana alça vôo definitivo
para as cumeadas do Mundo Maior.
Num futuro não previsível, o Evangelho será a Lei Maior para a Humanidade inteira.
Isto pode parecer utopia de um escriba alienado das realidades da existência terrena.
Entretanto, se formos considerar o progresso alcançado pelos seres humanos, principalmente a partir
do século XlX até esta parte, nos campos filosóficos, científico e religioso, constataremos que há
motivos para grandes esperanças quanto ao futuro da Humanidade.
Enquanto esse amanhecer do Espírito não chega, cabe-nos prosseguir na gradual
conscientização da senda evolutiva que a todos, sem exceções, convoca e condiciona, sempre sob as
luzes infinitas e misericordiosas do Alto.
Guaíba, 23 de julho de 1979.
FERNADO WORM
Fonte: livro – “Janela para a Vida” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Fernando Worm.
Digitado por Valeria Guida
NOTA AO LEITOR
Amigo leitor.
De janela determinada, será sempre possível contemplar horizontes e paisagens, criaturas e
objetos, dentro de limitações compreensíveis.
Este livro, por isso mesmo, é uma abertura para anotações da vida, sem a pretensão de dissecála.
Unidos ao companheiro Fernando Worm, que nos convidou a examinar com ele os panoramas e
quadros de nossas vivências em comum, eis-nos com o médium, junto ao médium e através do
médium neste volume.
Compete-nos, entretanto, explicar que não nos achamos aqui com garbos de mentor ou
instrutor, capaz de solucionar os problemas que a vida, em si, nos apresenta, e sim na condição de
aprendiz que lhe compartilha o estudo e o respeito, diante das questões de natureza superior em que
todos nós – Espíritos encarnados e desencarnados na Terra – nos envolvemos.
Na escola da evolução, todos somos instintivamente chamados ao diálogo e ao trabalho de
assistência mútua para a aquisição de conhecimento do trato do Universo em que nos achamos
inseridos.
É assim que, usufruindo o privilégio de ombrear consigo no estudo e na observação do mundo e
dos fatos do mundo a que nos vinculamos, rogo ao Senhor Jesus que nos inspire e nos guie em nossa
jornada de indagações e deduções, de modo a reconhecermos que, acima de tudo, nos cabe a prática
do amor uns pelos outros, a fim de merecermos a compreensão da Sabedoria e da Benção de Deus.
EMMANUEL
Uberaba, 15 de maio de 1979.
Fonte: livro – “Janela para a Vida” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Fernando Worm
Digitado por Valeria Guida
I - A PROVETA E O AMANHÃ
A 25 de julho de 1978, na pequena cidade de Oldhan, a poucos quilômetros de Londres, nasceu
a menina Louise Brown, pesando 1,600 kg.
O óvulo de sua mãe – senhora Lesley Brown – fora fecundado numa proveta, em laboratório, e
transplantado com êxito para o claustro materno.
Os médicos desse notável feito, o ginecologista Patrick Steboe e o fisiologista Robert Edwards,
da Universidade de Cambridge, alcançavam assim a concretização de uma façanha há longo tempo
acalentada pela ciência genética em relação ao homem: uma fecundação humana extragenital.
Com o escoar do tempo outros países participaram com êxito desses experimentos no campo da
genética.
Em torno desse importante e debatido tema, o Espírito Emmanuel assinou as respostas a seguir
formuladas, por intermédio de Francisco Cândido Xavier.
BEBÊ DE PROVETA, A REENCARNAÇÃO, A MORAL, ETC.
P – Ser concebido dentro de uma proveta, em laboratório, significaria para nascituro – e/ou
para seus pais – uma provação a ser aceita e superada?
R – Consideramos o assunto com sadio otimismo, desde que o óvulo fertilizado em proveta, com
o apoio de autoridades respeitáveis, para a implantação no claustro materno revela senso de
maturidade espiritual na mulher que assume a maternidade conscientemente, em plenitude de
responsabilidade ante a vida que passa a acalentar no próprio regaço.
P – A circunstancia de ser concebido artificialmente e só depois de alguns dias ser transportado
para o útero materno significaria, para o Espírito que vai nascer desse recurso de manipulação
científica, alguma limitação espiritual para o bebê?
R – Não vemos qualquer limitação espiritual para o bebê, uma vez que o processo de
reencarnação para o Espírito experimenta menos riscos, porquanto estará sob apoio mais completo da
responsabilidade humana.
P – Aluguel de úteros maternos é uma realidade a ser alcançada brevemente por cientista e
pesquisadores. Procederia mal a mulher que, por necessidade econômica e material, alugasse seu
útero para a gestação de um óvulo fecundado que não fosse seu? Tal subterfúgio ou recurso extra não
traria conseqüências ao nascituro?
R – As mães incapazes de amamentar os próprios filhos recorrem aos préstimos de
companheiras que as assessoram nesse mister ou aproveitam outros recursos para a alimentação dos
recém-nascidos. Quando a mulher se dispõe a ser mãe consciente e digna do elevado encargo de se
responsabilizar por determinadas vidas, sem possibilidades próprias, se possível, tome a si o trabalho
de gestar, em favor dela, o filho ou os filhos que essa mulher digna da maternidade consciente se
propõe a receber nos próprios braços.
P – Transgredirá a Lei de Deus a mulher solteira que queira Ter filhos sem o intercurso sexual
com um companheiro masculino, ou seja, que queira engravidar através de inseminação artificial?
R – No caso, o problema é estritamente de natureza consciencial.
P – A fecundação e criação de bebês de proveta em série, ou larga escala de feição industrial,
não traria para a Humanidade outros problemas de conotação imprevisível?
R – A evolução moral dos povos não permitirá a criação de semelhante indústria, ou o homem
estará rebaixando o nível de conhecimento superior em que se encontra, com perigosos
comprometimentos para a Humanidade inteira.
P – Sabendo-se que nada no Universo acontece por acaso e sim que tudo obedece aos planos do
Mais Alto, é razoável deduzirmos que os Espíritos que devem vir à luz do nosso Mundo por este
caminho, são previamente preparados para esta via de nascimento?
R – Sim, quando a Ciência na Terra, iluminada pela benção da fé na imortalidade, puder intervir
no auxílio, realmente digno, junto ao trabalho da Genética no campo humano, sem nenhuma disposição
para extravagâncias e abusos através de experimentações absolutamente desaconselháveis; a
implantação do óvulo fertilizado no claustro da mulher responsável evitará muitos desastres na
reencarnação, especialmente os que se referem ao aborto sem justificativas.
P – Como é vista no Plano Espiritual Superior a conquista científica que possibilitou o “bebê de
proveta”?
R – Os Amigos da Espiritualidade consideram a realização com o melhor otimismo, desde que o
óvulo fertilizado em proveta por autoridades competentes revele senso de maturidade espiritual na
mulher que assume tal maternidade ante a vida que passa a acalentar no próprio regaço.
P – Isso significará evolução na estrada humana?
R – Sim, porque enquanto o homem estiver socorrendo a mulher que aspira a ser mãe,
aceitando voluntariamente os encargos decorrentes dessa tarefa, a ciência terrestre estará
colaborando com a natureza, amparando-lhe os processos de auto-preservação.
P – O homem age sabiamente entrando, qual vem fazendo, nesses problemas do campo da
Genética?
R – O homem cumpre um dever cooperando com a natureza nesse sentido, abstendo-se de
experiências extravagantes que não teriam razão de ser. Aliás, a Divina Sabedoria oferece ao homem
determinados recursos de evolução que o próprio homem se vê impulsionado a aperfeiçoar. Descoberto
o fogo a inteligência terrestre esmerou-se em aprender como aproveitá-lo. Conquistada a força elétrica
a Ciência, até agora, ainda lhe estuda os efeitos e aplicações.
P – Possui o Plano Espiritual razões específicas para apoiar a gestação da criança de proveta?
R – Uma dessas razões, mais que justa, será observar na mulher a disposição à maternidade,
atendendo mais à ação do que ao instinto. Outro motivo para desejarmos todos amplo sucesso nessas
experiências será a diminuição dos processos de aborto, nos quais milhares de criaturas se empenham
a débitos complicados prejudicando amigos desencarnados em vias de novo nascimento no Plano Físico
e prejudicando, desse modo, a si mesmas.
p- Certo tipo de intervenção do homem na Embriologia não criará oportunidades de experiências
infelizes?
R – Quando destacamos a excelência da colaboração humana na gênese do corpo, com a
fertilização do óvulo feminino em proveta, a fim de que o ovo seja entregue à nidação no claustro
materno, não nos reportamos aos experimentadores cruéis, capazes de provocar fenômenos
teratológicos, de vez que semelhantes inteligências, conforme esperamos, serão controladas pelas
autoridades chamadas a legislar no relacionamento entre as criaturas.
P – O Amigos Espirituais consideram a possibilidade da Ciência criar um aparelhamento especial
que substitua o claustro materno nas suas funções?
R – A Ciência, indiscutivelmente, poderá chegar até lá; no entanto, por muito tempo ainda será
prudente permanecer o homem no aperfeiçoamento da fertilização do óvulo para a condução do ovo ao
ninho maternal. Nesse sentido é muito provável que vejamos na Terra as amas de gestação, como já se
conhece, as amas-de-leite ou as amas guardiães da criança. Observando-se o assunto, nas implicações
remotas que ele envolve, as amas de gestação deverão ser, decerto, submetidas a testes de afinidade,
saúde, empatia e resistência física, antes de se lhe contratarem os serviços atinentes à formação dos
nascituros. Isso é mais que natural, sem que haja qualquer diminuição de amor entre pais e filhos.
P – Quais então os perigos presentes e futuros que essa manipulação dos gens pode gerar à vida
nos dois planos da existência?
R – O materialismo inteligente, quando cruel, sem qualquer idéia de Deus e da imortalidade da
alma é o perigo que ameaça a manipulação dos recursos genéticos sem responsabilidades, mas
devemos confiar nos homens de bom senso e de espírito humanitário que, através de legislações
dignas, podem e devem coibir quaisquer abusos suscetíveis e deprimente, confiemos no amparo e na
inspiração dos Mensageiros do cristo, em auxílio à coletividade humana.
Fonte: livro – “Janela para a Vida” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Fernando Worm
Digitado por Valeria Guida
II - TERAPIA PARA AS DORES DO MUNDO
São 14h30min de uma tarde de julho em Uberaba. No trajeto que medeia entre sua residência e
a sede do “Grupo Espírita da prece”, comento para o médium o visível aumento das filas de
necessitados de toda sorte que o procuram a cada fim de semana. Chico redagui: “Não foi apenas o
número que aumentou. Você esteve aqui há sete meses atrás e poderá observar que aumentou
principalmente o grau de ansiedade das pessoas. Estes são tempos de prova e renovação para todos
nós, criaturas humanas cada vez mais carentes de amparo no aprendizado do Bem. Mas a Misericórdia
Divina alcança a todos sem exceção e assim vamos seguindo para a frente com as nossas tarefas.
O atendimento prolonga-se por horas a fio. São mães e pais que perderam filhos, irmãos e
amigos, aos quais o desaparecimento de alguém trouxe grandes provações; outras tantas pessoas são
portadoras de males físicos, morais, mentais, espirituais; é a própria involução da condição humana
que parece sofrer de uma cadeia de sofrimentos aparentemente intermináveis.
Com raras exceções, cada atendimento dura apenas alguns minutos. Uma trilha musical de
fundo suave, músicas que incluem Mozart, Haendel, Bach e outros, auxilia a harmonização do ambiente
de trabalho.
O médium permanece sentado num banco de madeira do “Centro” enquanto ouve os
consulentes; às vezes indaga, perquire, dá sugestões, faz apontamentos. Os espíritos aparentados com
a pessoa que está solicitando orientação se manifestam pela palavra do médium, ou enviam recados
através dele.
É quando surge a imprevisível pergunta: “Quem é fulano?”. A pessoa atendida geralmente é
tomada por surpresa e habitualmente responde: “é meu avô, ou avó, pai, irmão, irmã, tio, amigo,
companheiro, colega, etc”. então o médium completa: “Esse Espírito está aqui conosco e roga para que
lhe seja dito isso ou aquilo (geralmente citando nomes, datas, situações que o médium desconhecia
totalmente e, apesar disso, invariavelmente corretos).” “Deus não desampara ninguém, por maiores
que sejam nossas provações a Misericórdia Divina tem o bálsamo de que necessitamos.”
Noutras ocasiões Chico Xavier apenas ouve o que a pessoa tem a relatar, toma nota do nome e
endereço do Centro Espírita que essa pessoa eventualmente freqüenta, permanecendo tais registros
sobre a mesa de trabalho. A alguns lembra o medianeiro que seja feito o pedido de orientação por
escrito para que ele psicografe a resposta dos Espíritos. A outros endereça palavra de consolo e
esperança, solidariedade e amparo e, em algumas circunstâncias, indicações homeopáticas.
Alguns visitantes recebem respostas e esclarecimentos mais diretos e objetivos, conforme o teor
do que foi perguntado.
Após a recepção mediúnica dessas orientações, serviço esse que perdura em média por 6 horas
consecutivas, encerra-se a primeira parte da reunião pública da noite.
Em seguida, na parte final das tarefas, comumente os espíritos amigos aparentados com
pessoas do auditório enviam mensagens de saudade, reconforto, paz e esperança, com muitas citações
e referências pessoais no texto respectivo. Para melhor esclarecimento, ao final deste capítulo,
reproduzimos uma das mensagens do jovem Cássio aos seus pais, D. Tereza Leite Llorente e Sr.
Florentino Llorente, residentes em São Paulo, e outra mensagem assinada por D. Maria Lúcia Pedrosa,
que foi esposa do Gen. Ilcon da Cunha Cavalcanti, residente no Rio de Janeiro, e que nos escreveu
autorizando a publicação da mensagem.
Vejamos, pois, o que nos foi possível registrar em duas reuniões públicas de Sexta-feira, no ano
de 1978, e numa terceira, no início de 1979.
Os nomes dos consulentes aqui citados são pseudônimos, a fim de resguardar o imprescindível
anonimato das pessoas atendidas.
O número de consulentes nessas 3 sessões públicas foi para mais de 200, de forma que para
não tornar monótona a leitura, selecionamos 76 casos sinteticamente reproduzidos a seguir:
VITÓRIA – 38 anos – “Sinto ardência nas mãos e esbraseamento pelo corpo. Saíram estas
manchas pelos braços e pernas. Não sinto dores, é só como se fosse uma queimação”.
LUCI – 32 anos – “Enxaquecas que duram quase uma semana em cada crise. Então, perde o
apetite e emagrece. Não encontrou solução em medicamentos e pede auxílio espiritual.”
Menina ASCENSÂO – 5 anos – “Chico, minha filha pelo que os médicos dizem é portadora de
mongolismo, mas eu creio que é atuação de Espíritos.” (resposta do médium: “Sua filha não tem
atuação de Espíritos. Os movimentos descoordenados são da própria doença”, etc. Quando a mãe e
filha se dirigiam à sala de passes o médium volta-se para mim e diz: “Os Espíritos estão me dizendo
que essa menina, em vida anterior recente, suicidou-se, atirando-se de um lugar muito alto...”)
EDNA – 26 anos – “Minha personalidade muda muito freqüentemente. Às vezes tenho a
impressão de ser outra pessoa. Será que estou ficando louca?” (Chico: “Essa mudança em si é imposta
espiritualmente. No caso você está funcionando qual um espelho. Busque ajudar-se. Qual a sua
profissão?” Resposta da jovem: “Sou técnica em serviço de perfuração em máquinas IBM. Mas se
continuar assim, acho que vou abandonar a profissão”. Chico: “Sugiro-lhe que não faça isso. Distraia-se
em seu trabalho. Você não é louca, não. Você sabe o que quer. Diga-me, quem é Rosa?” (A moça
titubeia e, após breve hesitação, responde: “É minha avó já falecida há muitos anos”. Chico intervém:
“Ela está aqui e roga que lhe diga que tem procurado ajudá-la mas você deve exercer um certo controle
sobre si própria. Busque orar muito. Não se preocupe, ela está dizendo que vai lhe ajudar”.)
JOÂO – 45 anos – “Desejo saber se meu filho Alcides, que sofre de ataques epiléticos, está com
“encosto” espiritual. Peço saber também se minha mulher deve aceitar o emprego que está proposto
messe envelope.”
ANTÔNIO – 28 anos – “Estive perturbado e me internaram em hospital psiquiátrico em São
Paulo. Fiz o tratamento e não me sinto melhor.” O médium Xavier pergunta-lhe: “Quem é Alfredo?” –
“É meu pai”, responde Antônio. “Ele não existe mais”. Chico acrescenta: “Ele está aqui e roga que lhe
diga para continuar os tratamentos médicos, pede para que ore com fé. Ele o protege”.
MARISA – 42 anos – “Sinto dores na coluna, no peito e um cansaço permanente. Já fui a vários
médicos. Quero curar-me do desespero.”
SILVA – 45 anos – “Veja esse caroço que está crescendo aqui na minha garganta, sinto muita
queimação nas pernas.”
Menino RUIZ – 5 anos – “Chico, meu filho é perturbado, francamente excepcional. Fala muito
pouco e não memoriza mais que cinco minutos qualquer coisa que se lhe ensine.” (Após encaminhar o
menino e sua mãe para a sala de passes, o médium Xavier volta-se para mim e diz: “Esse menino, na
última encarnação que viveu na Terra, deu um tiro na cabeça que lhe foi fatal”.)
VLADIMIR – 19 anos – “Vim pedir ao senhor para curar minha bronquite, tenho muita falta de
ar. Não consigo deixar o cigarro, acho que não posso viver sem nicotina. Quase não durmo à noite.
Creio que preciso de auxílio espiritual.”
FURTADO – 57 anos – “Sofro de um ruído ininterrupto nos ouvidos e tenho um problema
constante de sexo.”
PAULINO – 38 anos – “Eu tinha economizado um dinheiro, deixei minha terra e fui para São
Paulo. Empreguei esse dinheiro num negócio que foi mal e fiquei sem nada. Agora nem emprego
decente consigo arranjar. Minha mulher quer deixa-me.”
MÁRCIA – 4 anos – “Minha filha é muito agressiva comigo, vive quebrando coisas em casa e
ainda não aprendeu a falar. Levei-a a um médico, que a encaminhou a um psiquiatra de crianças,
entretanto, ela continua muito agressiva.”
ANGELA – 50 anos – “Meu filho entregou-se à bebida alcoólica e por acusa disso não consegue
ficar nos empregos. Até 2 anos atrás ainda nos dávamos bem. Agora, acho que ele não gosta mais de
mim.”
CARLOS ALBERTO – 22 anos – “Chico, não posso dizer o que tenho mas trouxe esta carta que
diz tudo. Meu pai expulsou-me de casa. Acho que há um espírito encostado em mim e faço o que não
quero.” (O médium lê uma parte da carta depois diz: “Mas se você não entregar-se à viciação tóxica
sua vida irá melhorar. Você não tem nenhum espírito encostado. Precisa é dedicar-se a agir contra as
tendências destrutivas. As Leis de Deus não permitem que os espíritos nos levem a fazer coisas
contrárias a nossa vontade. Se você vencer esse hábito, sua vida melhorará muitíssimo. Você tem
muitas chances. Esforce-se que o Espírito de Deus não lhe faltará”.)
ZAÍRA – 38 anos – “Extirpei um seio faz 4 anos, agora o médico diz que é preciso extrair o
outro seio. A biópsia deu resultado positivo de novo.”
JOSÉ – 40 anos – “Vim aqui para que me autografe este livro (título Amizade, ditado pelo
Espírito Meimei) e pedir para que ore no sentido de algo que necessito.”
FRANCISCO – 56 anos – “Tenho um problema de coluna, fui operado três vezes, agora é mais
difícil qualquer operação porque o diabete ficou pior.”
GERALDO – 55 anos (conduzido por uma filha) – “Meu pai ouvia normalmente, de 15 meses
para cá ficou totalmente surdo. Ele presentemente vive sem esperanças”.
APARECIDA – 32 anos – “Tenho andado muito nervosa, às vezes me vem à mente uma
persistente idéia de suicídio, aí eu luto comigo mesma e só não me mato porque sei que o espírito não
vai morrer e vou ficar penando por aí.”
SOLANGE – 28 anos – “Às vezes vejo espíritos e quero fugir deles. Fui consultar o padre da
nossa paróquia, ele me aconselhou a rezar o terço, mas os espíritos continuam.”
NADIR – 50 anos – “Chico, vim pedir proteção para estes dois filhos que estão aqui comigo e
para que lá em casa tudo volte ao normal.”
ELISABETE – 45 anos – “Meu marido está voltando para o lar, eu queria saber se ele se
desligou definitivamente da pessoa que o fez perder a cabeça.”
ELVIRA – 48 anos – “Perdi meu filho Antônio em agosto de 1975 em acidente automobilístico.
Agora meu filho Carlos caiu em apatia, não quer comer nem se prepara mais para ir a bailes e festas.
Vim pedir auxílio para esse filho.”
D.GABRIEL – 35 anos – “Sou médico cardiologista e estou cruzando uma fase muito difícil.
Estou casado há 3 anos e há pouco tive um desacerto afetivo com minha esposa. Ela voltou à casa dos
pais e eu cai em profunda prostração. Com o passar dos dias fui a um psicanalista conhecido, tendo um
tratamento de sonoterapia.” O médium Xavier indaga: “O irmão é espírita?” – “Sou”, responde o
médico. Replica o médium: “Perdoe-me, não sou ninguém para dizer-lhe isto, mas se o irmão é
espírita, seu conflito afetivo poderia ser resolvido dentro dos recursos próprios com que conta nossa
Doutrina. Se o seu problema fosse um caso neurológico ou, digamos, de loucura manifesta, então é
certo que os recursos da Medicina psiquiátrica seriam de inestimável valia. Mas o senhor demonstra que
o problema é de fortalecimento da sua vontade própria. Estamos certos de que os ensinamentos de
Jesus, conforme as explicações de Allan Kardec, podem lhe oferecer o necessário apoio. O irmão é
médico e amigo nosso e, portanto, sabe que respeitamos e enaltecemos a Medicina dos homens. Só
não podemos aceitar é que um problema da vontade não possa ser resolvido pela própria pessoa
interessada em tranqüilizar-se.”
JUAN – 48 anos – “Sou chileno e estou há 10 anos no Brasil. Sofro desta alergia que me surge
nos braços e pescoço. Sempre que como carnes, principalmente a de porco, as manchas reaparecem.
Se tomo álcool? Não, não tomo mais.”
CESÀRIO – 30 anos – O rapaz olha para Chico Xavier, os olhos marejados de lágrimas, não
consegue articular uma única palavra. Permaneceu na fila desde a noite de Quinta-feira, irradia de si
um halo de sofrimento manso e reprimido. O médium insta-o a falar, mas ele apenas cobre a face com
as mãos. Diz-lhe o médium Xavier: “Doutor Bezerra está dizendo que quando você conseguir falar o
que está sentindo, já estará melhor”. O rapaz é encaminhado à sala de passes.
SONIA – 22 anos – “Tenho sinusite desde pequenina, agora estou tomando os remédios desta
receita aqui.” Diz-lhe o médium: “Continue com essa medicação e passes. Você está com as melhores
indicações”.
MATSU – 60 anos – “Vim como imigrante japonês quando tinha 6 anos. Há seis meses opereime
de câncer no estômago e só melhorei quando vim a Uberaba pela primeira vez. Voltei para
melhorar. Necessito de acentuar minha vontade de viver.”
NISSEI – 35 anos – “Meus problemas de coluna estão maiores apesar dos tratamentos que
tenho feito"” O médium sugeriu-lhe que experimentasse a “acupuntura”.
VALDIR – 27 anos – “Detesto minha mãe desde criança, principalmente depois que ela casou-se
pela Segunda vez. Ainda não consegui concluir o curso básico e não tenho emprego fixo. Sempre me
saio mal no relacionamento com as mulheres.” Pergunta de Chico: “Sua mãe maltratou você alguma
vez?” Resposta: “Não muito”. – “Dê-me então seu nome e endereço, também nome e endereço de sua
mãe. A prece é muito importante. Você deve perdoar para sair desse campo negativo do sentimento.
Nossas mães são sempre nossas benfeitoras.”
LOIVA – 24 anos – “Ouvi falar muito do senhor, queria conhecê-lo. Meu pai enfermou do
coração faz dois anos, daí para cá em sonho ou em vigília me parece que caminho sempre à beira de
abismos. Preciso de uma orientação e de auxílio para minha alma.”
DINARTE – 29 anos – “Estou com dois problemas. O primeiro deles é um mal na próstata. O
segundo é em relação a meu pai. Não gosto de estudar e ele quer que eu seja professor. Me sinto
melhor em outras profissões que não exijam tanta concentração e esforço mental.” Chico Xavier faz
somente uma observação: “Em algumas existências nós vimos para enriquecer a inteligência. Em
outras, para enriquecer o coração. Tudo indica que seu desenvolvimento atual deve ser o do coração.”
MARIA – 40 anos – “Chico, faz alguns anos que anseio trabalhar na caridade, mas minha família
é pudica, sei lá, ela é contraria. Não quer que eu faça o bem.” – “Minha irmã”, responde o médium,
“creia que o bem verte do Alto buscando expressar-se através de nós. No início das minhas tarefas na
mediunidade, Emmanuel me disse: Na prática do bem não disputamos com ninguém”. “Ore e espere. A
prece lhe trará um caminho para o bem que deseja fazer.”
GENI – 43 anos – “Perdi meu pai em 5/03/1969 e nunca pude esquecê-lo, porque ele foi a única
pessoa que me deu amor. Na época em que viveu eu não o compreendi e algumas vezes lhe criei
problemas que mais tarde me trouxeram remorsos. Sinto necessidade de pedir-lhe perdão e rogo
auxílio espiritual.”
NEUSA – 42 anos – “Atualmente, perdi o amor por Jesus. Não sei como isso aconteceu mas
aquele amor me fortalecia muito.” Pondera-lhe o médium Xavier: “Não, a senhora não perdeu o amor
por Jesus. Uma faixa se interpôs entre a irmã e o caminho de Nosso Senhor”. – “Mas, e essa aflição que
sinto?” “À noite me atormento com pensamentos atrozes. Serão espíritos demoníacos?” – Chico Xavier
tira do bolso um impresso e o entrega à mulher aflita: “Peço-lhe que leia esta mensagem de
Emmanuel. Busque refúgio na segurança da prece. A irmã vai melhorar”.
RAIMUNDO – 26 anos – “Vim pedir que o senhor me consiga notícias de meu pai. Sem ele a
vida tem sido muito dura para mim...” O médium pede-lhe que encaminhe uma consulta à direção do
Grupo.
NINA – 45 anos – “Perdi meu filho num acidente de caminhão no Paraná e não posso entender
porque Deus me tenha tirado esse filho. Era a única razão da minha vida. Olhe a foto dele. Faz 3 anos
que tudo aconteceu. Não sei se ele estava desgostoso; ele vinha guiando um Volkswagen que entrou na
traseira de um caminhão. A vida, a vida...” Chico Xavier acrescenta o seguinte: “ Está aqui um espírito
que se diz chamar-se Artidório Fernandes. Está dizendo que seu filho Sidnei não se suicidou, ele
ressonou na direção do carro, embora fosse de dia”. Nina obtempera: “O nome de meu filho era Sidnei
mas não conheço nenhum Artidório Fernandes”. O médium Xavier volta-se para mim e comenta:
“Infelizmente esta nossa irmã está com o pensamento muito voltado para o suicídio”.
VICENTE – 22 anos – “Amei muito uma garota mas não consegui me acertar com ela. Tenho
um problema sexual e não consigo me realizar. Desde adolescente que carrego isso comigo. Vivo
inseguro. A memória anda fraca e agora quero estudar Medicina. Acha que devo seguir essa carreira?”
(O médium recomendou que ele se concentrasse nos estudos, sem desânimo!
ANA – 18 anos – “Perdi minha mãe na idade de 8 anos, mas meu pai cuida muito de mim.
Agora ele extraiu um tumor na cabeça e os remédios que toma não conseguem acalmar as dores. Vim
pedir orientação para que eu não me sinta tão fraca nem perca a fé e a esperança em Deus.”
NORMA – 58 anos – “Moro no Rio de Janeiro e sou escultora. Atualmente convalesço de uma
crise orgânica, moral e espiritual. Sei claramente que há espíritos que me perseguem. Sinto
intuitivamente que meu espírito entra numa nova fase em que vou precisar de reforço para a
perspectiva de uma abertura.”
JANETE – 24 anos – “Minha mediunidade é muito conflitante e me tem trazido inúmeros
problemas. Estou cursando o último ano da escola normal, mas agora ,e surgiu um tumor na garganta,
bem aqui. Vim consultar para ver se devo operar-me. Preciso de orações.”
ZÉLIA – 19 anos – “Perdi meu namorado há dois anos, quando o carro dele bateu num poste.
Nós havíamos discutido justo naquele dia. Eu não tinha razão e agora sinto imensa falta dele. Queria
que o senhor me dissesse se Carlos guardou mágoa de mim.”
EUGÊNIA – 65 anos – “Fui operada deste pé direito, agora o médico quer operar novamente.
Sinto dores mas, com alguma dificuldade, consigo andar.” O médium indaga: “A senhora sente que
poderia viver com essa dor?” “Acho que sim”, responde a consulente. Recomendação de Chico: “Às
vezes, sendo possível, é melhor suportar certas dores.”
ANA AMÉLIA – 50 anos – “Sou mãe de Maria Amélia que desencarnou juntamente com o
esposo e mais 5 netos meus num acidente automobilístico. Esta aqui é a foto de minha filha com a
família. Vim pedir notícias dela, é a Quinta vez que venho aqui.” Chico Xavier: “Esta aqui conosco um
espírito que diz chamar-se Francisco”. – “É meu pai!”, responde Ana Amélia. Processe o médium: “O
avô Francisco diz que socorreu Maria Amélia, o esposo e os netos no instante do acidente. Maria Amélia
apesar de achar-se grávida do 6º filho quando desencarnou, agora está em boa recuperação. Uma
outra pessoa, também aqui presente, que se diz ser tia Leonor, pede que a senhora se tranqüilize. Seus
familiares estão bem na espiritualidade, é preciso que a irmã tenha fé e não alimente mágoas nem
revolta. Transforme em preces a sua saudade. Deus nos sustentará.”
JUDITE – 40 anos – “Este é o meu filho Carlos de 6 anos, ele sofre dos nervos e tem dificuldade
de andar. As pessoas dizem que é espírito”. Palavras do médium: “Ter um filho, ou filhos sem
problemas, é privilégio de Deus. Ter filho com problema é superprivilégio para o nosso espírito”.
Redargüiu D. Judite: “Antes de meu filho nascer, algo me fazia sentir ou pensar que ele não nasceria
perfeito” Ao que o médium Xavier acrescenta: “A irmã já estava sendo avisada pelos Mentores. Este
menino vai ser um companheiro muito querido da senhora. Vamos orar para que seja feliz”.
MOEMA – 32 anos – “Estou desolada porque perdi minha filha Dina, de apenas 9 aninhos, num
acidente em que um caminhão de refrigerantes esmagou minha filha na rua. Venho rogar a bênção de
notícias.” (Moema foi uma das mães que em número de três receberam mensagens de entes queridos
naquela noite.)
NORMA – 50 anos – “Sou viúva e venho pedir notícias de meu marido desencarnado a
29/5/1978. Venho sentindo muita dor de cabeça e falta de ar, creio que pelo meu estado de angústia.”
JANE – 32 anos – “Esta é minha filhinha, ela não anda e não fala já com 4 anos de idade. Teve
o primeiro ataque quando estava com apenas 3 meses; há poucos dias teve vinte ataques em menos
de 24 horas. Aninha está sonolenta assim devido aos tranqüilizantes que deve usar. Freqüento o Centro
Espírita de Guarulhos, mas preciso de muita ajuda dos Amigos da Vida Maior.”
MÁRIO – 30 anos – “Tenho uma inibição geral, não consigo completar meu curso de
radiotécnico, que é o que gosto.” Resposta de Chico Xavier: “O irmão não está doente. Busque
concentrar-se, nem que tenha que recorrer a um gravador para gravar as lições no seu subconsciente.
Estude, meu filho, você é inteligente e deve aproveitar a oportunidade.”
VALDIR – 30 anos – “Não sigo bem de negócios, tenho a impressão de que alguma influência
ruim me persegue. Trabalho dia e noite, acumulo um pouco do que ganho depois perco tudo em pouco
tempo. Vivo em desastres financeiros constantes”.
MARINA – 20 anos – “Meu noivo Marco Antonio morreu inesperadamente; um dia antes nós
havíamos discutido mas eu o amava muito. Vim pedir orientação, uma palavra, sei lá. Tenho sede de
paz, anseio captar-lhe algum conselho, alguma frase que me pacifique por dentro e me reaqueça a
confiança na Bondade de Deus.”
DORA – 60 anos – “Sou uma pessoa só, às vezes o mundo me parece muito agressivo, eu busco
me refugiar em Deus mas o estado de meus nervos não permite. Também sofro da coluna, penso que
só um tratamento espiritual poderá resolver meus problemas.”
CAIO – 42 anos – “Exerço a profissão de engenheiro mas sinto que obsedo com facilidade. Vou
pouco ao Centro Espírita de meu bairro em Pinheiros, São Paulo. Certa feita freqüentei a Federação
Espírita de São Paulo. Lamentável e inexplicavelmente meu pai enforcou-se em 1º/12/1968 e eu sinto
muito a presença dele com certa angústia para mim. Parece que uma atmosfera muito ruim me envolve
em inquietude. Peço orientação espiritual e uma ajuda em esperança.”
LÚCIA – 35 anos – “Esta minha filha, agora com três anos, é mongolóide. Olhe, Chico, este
rostinho não é um amor? Não sei por que Deus me deu uma prova tão dura frente a essa criaturinha
tão adorável. Há dias em que mergulho na desesperança embora se firme em mim a certeza de que
somente aqui encontrarei a solução que preciso do ponto de vista espiritual.”
BENEDITO – 35 anos – “Estou doente dos nervos e do sexo. Fiz tratamento num Centro Espírita
mas a dor de cabeça que me atormenta não cede. Sinto como se minha vida estivesse cercada por um
muro, não vejo saída.”
MARA – 24 anos – “Tive um relacionamento com um rapaz que não era benquisto por minha
família. Através dele, envolvi-me com drogas, desculpe que esteja falando assim devagar, hoje não
estou bem. O rapaz me abandonou e agora não consigo desvencilhar-me das drogas. Desculpe, estou
um pouco dopada, acho que preciso deixar disso...”
NELI – 42 anos – “Primeiro perdi meu filho mais velho de doença do coração. Um ano depois
este rapaz de que lhe mostro a fotografia foi realizar um passeio de moto em Guarulhos e morreu
imprensado por um caminhão. Tenho mais dois filhos e eles querem moto. Não sei o que devo fazer
para contentá-los. Preciso de sua ajuda espiritual.”
ROSE – 55 anos – “Chico, meu filho deixou de estudar e não para em emprego algum. Vive
muito ensimesmada, lê muito romance policial. Vim pedir orações em favor desse filho.”
MARIA JOSÉ – 50 anos – “Meu pai está paralítico há 22 anos,, cuidei dele todo esse tempo
sem constituir família. Mês passado decidi tirar uns dias de férias e, ao voltar, meu irmão mais velho
me expulsou de casa. Meu pai me mandou dizer que quer ir comigo para o Norte, eu venho perguntar
se ele agüentará essa viagem de ônibus.”
JOSÉ – 34 anos – “Meu pai está muito doente. Ele agora está em São Paulo, com o pensamento
concentrado nesta entrevista, a fim de receber auxílio vibratório. Perdoe se me emociono... As
palavras... não acho palavras... É que minha vida também não anda boa, houve um acontecimento
traumático com minha família, isto há mais de 10 anos e eu me afastei do Espiritismo. Sinto que
preciso reiniciar um tratamento espiritual e venho pedir a esse Grupo orações em meu favor.”
APARECIDA – 55 anos – “Eu era muito ligada a um irmão que desencarnou há menos de dois
anos. Ela era compositor de músicas eruditas com certa fama nos meios musicais do rio e de São Paulo.
Minha mãe e minha avó sentiram e sentem muita revolta pela morte dele e eu não estou conseguindo
controlar as duas. Venho pedir notícias espirituais desse irmão e preces lá para casa.”
MANOEL – 33 anos – “Lá em casa andam acontecendo coisas que não consigo entender. Não
deve ser a presença de espíritos bons pelo que fazem. Eu sinto muita dor de cabeça, às vezes perco
sangue pelas narinas, mordo com freqüência a língua sem querer, tropeço e caio assim muito
seguidamente. Percebo que há algo errado e não sei o que é. Vim pedir auxílio através de preces.”
LUIS – 29 anos – “Tenho tido muito pesadelos ultimamente e tudo o que sonho de negativo
termina acontecendo. Quando vou a um ambiente com muitas pessoas, sinto que atraio sobre mim as
vibrações desse ambiente. Sou como um imã atraindo alfinetes.”
LUCIMAR – 40 anos – “Perdoe minhas lágrimas, perdi meu filho em São Bernardo do Campo
quando seu carro bateu num muro. Isso faz apenas dois meses, acho que seu carro bateu naquele
muro, ele sofria de desmaios súbitos. Desculpe, se choro... Era moço, tinha noivado com uma moça de
muito valor, era feliz... Sabe Chico, uma existência inteira não é suficiente para afastar a dor do
coração de uma mãe que perde um filho. Haverá no mundo dor maior? Uma semana antes de
desencanar, o meu Roberto escreveu esse poema que mandei imprimir.”
(Olho na direção do impresso, e leio as primeiras linhas do poema: “Levo a vida
Imaginando de onde venho
Corro riscos
Não me assustam...”)
CARMOSINA – 48 anos – “Sou advogada e presentemente trabalho num Fórum. Perdi meu
marido há dois anos, fui convidada a ir a um Centro Espírita; havia lá uma sessão de materialização, vi
que alguém se materializava através do ectoplasma de um médium mas não consegui distinguir as
feições do rosto. Ele me chamou de Carminha, Dra. Carminha, meu verdadeiro nome. Será que foi meu
marido que se materializou naquela sessão? Tenho muitas dúvidas...”
CARLOTA – 60 anos – “Meu filho está desaparecido há onze meses. Dizem amigos dele que ele
caiu na Barragem do Jupiá mas seu corpo nunca apareceu. À s vezes me vem a mente a esperança de
que tudo foi brincadeira dele, quem sabe, não é? Vim pedir uma confirmação.”
PEDRO – 32 anos – “Meu problema é que não sou sexualmente potente. Fiz tratamento, o
médico diz que fisiologicamente estou bem, que é tudo psicológico mas eu desconfio que não é porque
estou assim desde a adolescência.”
JUAREZ – 50 anos – “Sinto dores e cãibras nas pernas. Penso que possa ser “despacho” de
pessoas que me invejam ou não gostam de mim. Venho pedir ajuda espiritual.”
CARLOS – 12 anos – “Vim em visita a este Grupo e ao senhor pedir preces para que meus pais
não briguem tanto.”
ANGELO – 45 anos – “Ultimamente só durmo com soníferos. De madrugada me acordo, fico de
olhos abertos horas a fio. Se tomo Segunda dose, não consigo acordar na hora do trabalho.” (O
médium Xavier diz a esse consulente: “O irmão não deve se dopar, isto que você sente não vem de si.
O irmão é lúcido, é integro, seria bom que buscasse remédio na fé, em deus, em si mesmo. Creio que
passes na base da fé lhe farão grande bem”.)
CARLOS – 23 anos – “Meu caso é que há um ano atrás, ao me desesperar por um problema que
afinal não tinha a importância que eu lhe dava, dei um tiro no ouvido mas consegui sobreviver. Desde
então perdi a saúde e agora quero viver. Não sei como fui fazer isso, tenho medo de um derrame, eu
preciso continuar vivendo mesmo sem saúde.”
SONIA – 23 anos – “Acordo à noite com dormência no corpo. Às vezes essa dormência se
transforma em tremores e então eu sinto a presença de meu pai falecido em 1976, em Minas Gerais.”
SOFIA – 49 anos – “Vim para conhecê-lo... espere um pouco...(lágrimas) desculpe... peço
socorro para meus sentimentos...”
ANA – 30 anos – “Meu marido desapareceu nas águas do rio Corumbá, faz um ano e até hoje
não encontraram o corpo dele. Tenho três filhos, preciso de notícias que me esclareçam...”
MANOEL – 11 anos – “Vim pedir para que curem meu olho direito, esta é minha mãe. (Ela
explica ao médium que com apenas 8 dias de vida o menino começou a apresentar problemas nos
olhos) Chico comenta: “Antes de nasce, no Espaço, seu filho já estava assim. Ao reencarnar a moléstia
seguiu seu curso. É um processo curativo ao avesso, ou seja, do perispírito para o corpo. Certos males
nos advêm para que possamos enrijecer os músculos do Espírito. Para ficarmos fortes e readaptados às
Leis de Deus.”
THEREZINHA – 45 anos – ... não conseguiu falar. Tirou da bolsa uma foto do filho Cássio e
apertou as mãos do médium. Várias pessoas receberam, naquela noite, mensagens de seus entes
queridos já desencarnados. D. Therezinha, transbordando saudades e indizível felicidade pelo contato
obtido, recebeu do jovem Cássio esta mensagem:
“Querida Mãezinha Therezinha e meu querido pai Florentino, abençoem-me.
Glória de nossa vida, abrace-me.
Marlise, nossa irmã, Deus nos proteja a todos.
Mãezinha, estou aqui. Nem podia deixar de ser assim.
A gente imagina que a separação no Plano Físico vem a ser distância, mas o próprio coração nos
diz que semelhante ocorrência seria claramente impossível.
O amor vem de Deus e em deus estaremos reunidos sempre.
Compreendo.
As noites supostas vazias, as horas julgadas entregues ao tempo sem nada e a saudade por
sentinela espreitando-nos todos os movimentos.
Isso, mãe querida, foi no princípio. Agora é setembro. Hora de primavera. Festa de aniversário.
As velhinhas são orações e os nossos pensamentos são flores de esperança e de fé.
Agradeço todo seu esforço, mãe abençoada e inesquecível. Eu sabia que sua ternura ouviria
minha voz nas palavras escritas e que minhas notícias lhe ecoariam na alma, à feição da música de
nossa união constante. Eu sabia que meu pai Florentino encontraria meios de registrar a minha
presença e que a nossa querida Glória Cristina me entenderia, sem muitos argumentos do mundo,
porque sempre fomos um todo e a parcela que sou eu permanece no lar, tanto quanto o lar permanece
em mim.
Sei igualmente que ainda choramos; entretanto, nossas lágrimas assemelham-se ao orvalho da
noite, vitalizando as flores do alvorecer. A alegria na grande compreensão também se revela através do
pranto – desse pranto que nos alcança os recessos do espírito, como que lavando e purificando nossas
idéias e emoções, ao levantar-nos para a Vida Maior. Se estou feliz, posso dizer que estou quase. A
saudade é parte que falta para que a minha alegria seja perfeita. Mas não é a sensação pesada do
sentimento rebelde quando anseia pela obtenção do impossível. É a saudade-esperança que floresce no
espírito, iluminado pela fé viva em Deus. Como não ser assim, se nos amamos tanto? Como poderia ser
de outro modo se a nossa vida permanece no mundo positivamente impregnada pela vida uns dos
outros? Graças á nossa confiança em Jesus, entretanto, vamos transformando inquietação em
tranqüilidade e carência em plenitude. Viveremos juntos, sim, e para sempre, porque a Divina
Providência não nos criou para exilar-nos do carinho com que nos enlaçamos de coração para coração.
Estou e estarei, quanto possível, em nosso caminho diário, seguindo nos passos com que marcam a
estrada humana.
Mãezinha querida, hoje entendo que os pais não nos perdem, quando trocamos de vestimenta,
nas metamorfoses da desencarnação. Somos filhos, quando conseguimos adentrar os sentimentos
daqueles corações benditos que nos plasmam a existência. E tanto mais filho sou eu agora que oro em
suas preces, mãe querida, por aquela outra mãe que me entregou no endereço a que Deus me
destinava. Agora, que o meu olhar alcança mais longe, enterneço-me ao refletir nas circunstâncias em
que fui conduzido aos seus braços. E juntos, como sempre, teremos o coração a diluir-se no carinho por
outras crianças que chegaram à Terra indagando pela moradia em que devam respirar. Elas e eles,
rebentos da vida de Deus, em nossos cuidados receberão nosso amos. Com a nossa Marlise e outros
corações generosos, abraçaremos por nossos entes queridos aqueles mesmos companheiros do Cássio
pequenino, a asilar-se em seu colo para refazer-se ou chorar nos dias primeiros da infância.
Eu sei, mãezinha querida. Sei que vim à nossa casa terrestre para cultivar as flores da crença ao
seu lado, junto de meu pai, de nossa Glorinha e de todos os nossos. De começo, imaginei que teríamos
um imenso jardim de rosas pela frente, mas em regressando ao Plano espiritual reconheci que a nossa
plantação era de saudades do Céu. Voltei mais cedo, como que a fim de imprimir renovado vigor às
flores de nossas aspirações. As saudades nos chamaram as todos, dos vales terrestres para os montes
da espiritualidade superior. E vicejando cada vez mais a nossa floricultura invisível nos fornece ideais e
planejamentos de serviço ao próximo, cada vez mais valiosos e mais belos. Peço-lhes, porém, alegria e
otimismo, de vez que fomos trazidos ao continente das construções novas em que nos
reencontraremos, um dia, bendizendo a Bondade Infinita de Deus. Estamos pavimentando um caminho
de libertação. Cada minidência do trabalho no bem, na qual nos esqueçamos para pensar no bem dos
outros, é um tijolo de amor ajustando as sendas redentoras em que o carro de nossa vidas deslizará,
um dia, à procura da felicidade perfeita. Por isso mesmo, rejubilamo-nos ao vê-los todos interessados e
integrados nas obras da beneficência e da luz. Auxiliemos aos companheiros do futuro que hoje sonham
juntos de nós. A criança é o capital de Deus para a sublimação da vida, na Terra. De nós depende
sejam os pequeninos da atualidade os grandes responsáveis pelo progresso e pela felicidade d e todos,
no grande Amanhã.
Agradeço, mãezinha querida, as suas lembranças com respeito ao natalício de seu filho. Tenho
recebido suas preces e, pelo reconhecimento de tantos, qual se houvéssemos usado o correio dos
corações, obtenho diariamente as notícias do seu amor. Muito grato por entender-me o coração nas
mãos operosas. “isto é pelo meu filho”, “em nome de meu filho”, “com o amor de meu filho” e “em
lembrança de meu filho” são frases que me soam nos ouvidos à maneira de cânticos celestes. Como
dizer a palavra certa, no sentido de agradecer? Não encontro a frase que desejaria articular para
manifestar-lhe reconhecimento e carinho, mas a prece falará por mim. Amigos devotados daqui me
auxiliarão a orar, pedindo a Deus pela felicidade e paz de nós todos.
Á nossa querida Marlise, posso dizer que a nossa sempre querida Rosana vai bem, tanto quanto
é possível asserenar-se um coração que voltou de inesperado ao Plano Espiritual. Aqui estão, em nossa
companhia, duas avós convertidas em mães do coração, nossas queridas Maria Faustina e Maria
Caruso. Nossa Rosana vem recebendo todos os cuidados que o seu tratamento merece e, em breve,
esperamos contar com a colaboração dela em nossas mensagens. Que nossa irmã do coração, nossa
Marlise, espere confiante, pois, com a Bênção Divina, estará a irmãzinha trazendo notícias de próprio
punho, muito brevemente. Creiam que todos nós, aqueles que voltamos nos dias mais verdes da
existência terrestre, éramos destinados a tempo ligeiro. Mas a vida não cessa e todas as edificações do
amor continuam.
Meu pai Florentino, o vovô Florentino se encontra aqui conosco e envia lembranças ao meu outro
vovô. Achamo-nos todos felizes com as disposições de todos, no sentido de darmos de nós, quanto
possível, à Causa do Bem.
Mãezinha, este é o caminho que se nos desvenda perante os olhos: construir amando e
abençoando sempre, a fim de que, por nossa vez, sejamos abençoados. A luta nobre pela vitória do
bem prossegue ativa e sentimo-nos felizes em vê-los participando dessa cruzada de bênçãos.
Estimaria escrever ainda muito, mas o tempo nos diz que todas as palavras a serem ditas se
resumem na descoberta do amor, em cuja refulgência vivemos todos. Amor infinito e belo, semelhante
ao Sol que nos aquece por dentro das próprias almas. Nas vibrações benditas dessa alegria indescritível
que sinto, em lhes escrevendo, ofereço-lhes o meu carinho por ramalhete de pétalas de saudade – mas
de saudades sempre iluminadas na esperança e na fé. Mãezinha querida, desejava encontrar em meu
peito uma harpa de luz para dizer cantando quanto a amo, entretanto, isso fica em meus pensamentos
que lhe pertencem nas menores situações do sentimento e da vida.
Estou contente à maneira de alguém que estivesse muito feliz numa festa maravilhosa de
bênçãos com um espinho oculto na própria alma. O espinho da saudade que dividida em quatro partes,
pelo muito que nos amamos, ainda é um peso enorme nos ombros de cada um, mas Deus tudo
transformará em alegria.
Pode a pedra repousar desconhecida entranhada no solo, mas virá um dia no qual se erguerá do
chão anônimo para entregar o ouro que conserva consigo; pode o espinheiral vestir-se de verde
escondendo agudas lâminas na folhagem, mas um dia virá em que Deus lhe enfeitará de rosas a roupa
de espinhos; pode o deserto escaldar os pés do viajante cansado, qual se fora a imagem da solidão e
da morte, no entanto, virá um dia em que a fonte se lhe alçará das profundezas para fazer o oásis
balsamizante; pode a ostra ferida gemer na imensidão do mar, sem que ninguém na Terra lhe perceba
o sofrimento, mas, um dia virá em que Deus, por mãos prodigiosas de trabalho e de amor, lhe trará o
tesouro da pérola à superfície para que a preciosidade que se lhe formou do pranto invisível funcione
em auxílio dos homens; e pode também perdurar a dor da imaginária separação que hoje nos assinala
o relacionamento, entre os dois mundos, entretanto, um dia virá em que a Providência Divina
converterá a nossa cruz de saudade em asas de luz para a Terra do Amor e do Reencontro.
Com essa bendita certeza da vida imperecível, aqui termino para recomeçar o nosso diálogo,
pensamento a pensamento.
Nossa querida Marlise receba o nosso carinho de sempre, nossa Gloria conserve o beijo fraterno
do irmão reconhecido e para meu pai Florentino e para minha mão Therezinha, todo o coração
agradecido, na ternura total do filho que lhes deve a vida e a felicidade e que pede a Deus nos conserve
para sempre em sua proteção de paz e em sua bênção de amor.
Sempre o filho do coração, carinhosamente, sempre o mesmo,
Cássio
(REFERÊNCIAS DA MENSAGEM)
Cássio Leite Llorente
Nascimento: 24/09/1961
Desencarnação : 02/02/1978
Mão : Therezinha Leite Llorente
Pai : Florentino Llorente
Irmã : Glória Cristina
Vovô Florentino : bisavô paterno
Maria Faustina : bisavó materna
Rosana : afilhada de Therezinha, desencarnada em 24/02/78, 22 dias após a desencarnação de
Cássio.
Marlise : mãe de Rosana
Maria Caruso : avó de Rosana.
Fonte: livro – “Janela para a Vida” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Fernando Worm
Digitado por Valeria Guida
III – FUMO E PERISPÍRITO
Em 1964 escrevi um livro intitulado “Deixe de Fumar Pelo Método de Cinco Dias” que contou
com seis edições seguidas.
Na época eu nada sabia sobre Allan Kardec.
Via a questão “fumo-saúde” sob um ângulo parcial de higidez orgânica, dos danos físicos
reversíveis ou não trazidos pelo cigarro, da dependência do fumante em relação à nicotina e outros
componentes do fumo.
Decorridos dez anos, circunstâncias pessoais de dor e reflexão me levaram ao estudo da
Doutrina codificada por Kardec sob a orientação do Mundo Espiritual Superior.
Uma nova visão acerca da vida, do destino e da morte do ser humano aos poucos haveria de
despertar-me para as inarredáveis realidades da alma em suas recorrentes trajetórias terrenas.
O conhecimento das leis de causa e efeito, sobretudo no que concerne ao princípio intermediário
entre a matéria e o espírito, elo de união conhecido pelo nome de perispírito, levar-me-ia a refletir mais
adiante nos danos visíveis e invisíveis que certos hábitos adquiridos, quase sempre inconscientemente,
nos causam.
Desde o “Livro dos Espíritos”, a literatura doutrinária vem mostrando abundantemente a estreita
vinculação desse tripé homogêneo representado pelo “corpo-perispírito-espírito”.
Observei, outrossim, serem relativamente escassas as informações disponíveis em torno da
influência do cigarro no perispírito, por se tratar de um hábito relativamente novo na existência
humana.
Ocorreu-me então a idéia de submeter a questão à apreciação de Emmanuel, através de
perguntas formuladas a Chico Xavier.
Ao tempo em que Kardec viveu, o tabagismo era elitista, quase não se difundira em termos das
populações.
Porém, de um modo geral, o tema ficou incluído no capítulo “Das Paixões", dessa obra básica,
conforme questões de nº. 907 a 912. Dali extraímos as seguintes proposições respondidas pelos
espíritos:
“Visto que o princípio das paixões está na Natureza, ele é mau em si mesmo?"
– Não, a paixão está no excesso acrescentado à vontade, porque o princípio foi concedido ao
homem para o bem e as paixões podem levá-lo ;as grandes coisas, sendo o abuso que delas se faça
que causa o mal.
O homem poderia sempre vencer suas más tendências por seus esforços?
– Sim, e, algumas vezes, por fracos esforços. É a vontade que lhe falta. Ah! Quão poucos dentre
vós fazem esforços!
Não há paixões tão vivas e irresistíveis que a vontade não tem poder para superá-las?
– Há muitas pessoas que dizem: ‘eu quero’, mas a vontade não está senão nos lábios; elas
querem, mas estão contentes que assim não seja. Quando se crê não poder vencer suas paixões, é que
o Espírito nelas se compraz em conseqüência de sua inferioridade. Aquele que procura reprimi-las,
compreende sua natureza espiritual, e as vitórias são para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
Qual é o meio mais eficaz de combater a predominância da natureza corporal?
– Praticar a abnegação de si mesmo.”
A ação do perispírito
Sabemos, portanto, que o perispírito é o agente intermediário das sensações externas. Tudo que
façamos, nele fica gravado indelevelmente, como se fora num filme intocado, Após a morte do corpo
físico, as sensações se generalizam no espírito, ou seja, as dores não ficam localizadas. Num paciente
que tenha desencarnado, por exemplo, de câncer pulmonar proveniente do uso prolongado e constante
do cigarro, o espírito não fica propriamente sofrendo de um mal localizado, mas de um mal
correspondente que lhe abrange toda a constituição espiritual.
Às nossas perguntas Chico Xavier deu as seguintes respostas:
P – A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo
físico? Até quando?
R – “O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos
tecidos sutis do corpo ,espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispirítico, o que, na maioria
das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo em que o hábito perdurou na existência
física do fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida paro
arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas
diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja
administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência
do fumo.” (EMANUEL)
Redução da resistência orgânica
P – Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma?
R – “As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa
sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obsedante que as melhores
lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que despercebidas, até que se lhe normalizem as
percepções. O assunto, no entanto, no capítulo da saúde corpórea, deveria ser estudado na Terra mais
atenciosamente, de vez que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de fumar,
favorecendo a instalação de moléstias que poderiam ser claramente evitáveis. A necropsia do corpo
cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa sem esse hábito estabelece clara
diferença.” (EMMANUEL)
P – Sendo o perispírito o substrato orgânico resultante de nossas vivências passadas, seria certo
raciocinar que uma criança, nascida de pais fumantes, já teria nessa circunstância uma prova inicial a
ser vencida, em conseqüência de certas tendências negativas de vidas passadas?
R – “muitas vezes os filhos ou netos de fumantes e dipsômanos inveterados são aqueles
mesmos espíritos afins que já fumavam ou usavam agentes alcoólicos em companhia deles mesmos,
antes do retorno à reencarnação. Compreensível, assim, que muitas crianças (espíritos extremamente
ligados aos hábitos e idiossincrasias dos pais e dos avós) apresentem, desde muito cedo, tendências
compulsivas para o fumo ou para o álcool, reclamando trabalho persistente e amoroso de reeducação.”
P – No Mundo Espiritual Maior há tratamento para fumantes inveterados, ou seja, como se faz
na Terra, através de quotas diárias cada vez menores, etc. As indagações decorrentes são: se o
fumante não abandonar o cigarro durante o transcurso da vida física terá de fazê-lo, inarredavelmente,
na esfera espiritual? E quanto tempo exigirão tais tratamentos antitabágicos para fumantes
desencarnados? Na vida extrafísica também ocorrem reincidências ou recaídas dos dependizados do
fumo?
R – “Justo esclarecer que não apenas quanto ao fumo, mas igualmente quanto a outros hábitos
prejudiciais, somos compelidos na Espiritualidade a esquecê-los, se nos propomos a seguir para diante,
no capítulo da própria sublimação. O tratamento na Vida Maior para que nos desvencilhemos de
costumes nocivos perdura pelo tempo em que nossa vontade não se mostre tão ativa e decidida,
quanto necessário, para a liberação precisa, de vez que nos planos extrafísicos, nas vizinhanças da
Terra propriamente dita, as reincidências ocorrem com irmãos numerosos que ainda se acomodam com
a indecisão e a insegurança.”
P – Há pessoas que alegam não poder deixar de fumar porque o cigarro é uma companhia
contra a solidão. Que tem a considerar sobre isso?
R – “Em nossa palavra, não desejamos imprimir censura ou condenação a ninguém, mas, ao que
nos parece, o melhor dissolvente da solidão é o trabalho em favor do próximo, através do qual se
forma, de imediato, uma família espiritual em torno do servidor.”
P – Afirmam muitos fumantes que, sem cigarros, não conseguem pensar com clareza,
memorizam mal e não conseguem permanecer calmos. A pesquisa médica objetiva e imparcial,
inobstante, revela que o fumo é um veneno para os nervos. Qual sua opinião?
R – “A opinião médica, no assunto, é a mais justa. Considerando os prejuízos dos amigos
fumantes contra eles mesmos, a racionalização não se revela bem posta.”
P – O fumante que, após anos de luta contra o hábito arraigado de fumar, finalmente consegue
desligar-se da dependência da nicotina, do alcatrão, do furfurol, do monóxido de carbono e de tantos
outros componentes tóxicos, estará conseguindo, em termos espirituais, um feito luminoso?
R – “Conseguir esquecer o hábito arraigado de fumar é, realmente, uma vitória espiritual de alto
alcance.”
P – Pesquisas médicas revelam que a dependência física dos fumantes, sua “fome” de nicotina e
derivados do fumo, costuma ser mais compulsiva que a dependência orgânica dos viciados em
narcóticos. Isto é certo se o enfoque for do Plano Espiritual para o Plano Físico?
R – “Acreditamos que ambos os tipos de dependência se equiparam na feição compulsiva com
que se apresentam, cabendo-nos uma observação: é que o fumo prejudica, de modo especial, apenas
ao seu consumidor, quando os narcóticos de variada natureza são suscetíveis de induzir seus usuários a
perigosas alucinações que, por vezes, lhes situam a mente em graves delitos, comprometendo a vida
comunitária.”
P – Algumas indústrias do fumo em vários países, pressionadas pelas autoridades de saúde
pública, para não diminuir sua clientela dispõem-se a fabricar sucedâneos de cigarros com pouca ou
nenhuma nicotina, recorrendo a aromatizantes, etc. Seria válido tal recurso industrial?
R – “Compreendendo as nossas próprias dificuldades, em matéria de renovação íntima, sempre
difícil para todos aqueles que cultivam sinceridade para com a própria consciência, não devemos
subestimar o esforço da indústria, no sentido de atenuar a nicotina ou suprimi-la, recorrendo a meios
pacíficos que auxiliem os fumantes a esquecê-la sobretudo gradativamente.”
P – É viável imaginar-se que um fumante, tendo desencarnado, tão logo desperte do letargo da
morte física sinta desde aí o prosseguimento da vontade insopitável de fumar?
R – "Quando o espírito não conseguiu desvencilhar-se de hábitos determinados, enquanto no
corpo físico, é compreensível que esses mesmos hábitos não o deixem tão logo se veja desencarnado.”
P – Em que consistem os cigarros etéricos, no plano extrafísico, utilizados por espíritos
fumadores? Enfim, é mais fácil deixar de fumar no Plano Físico ou no Plano Espiritual?
R – “O fumo, decorrente de recursos condensados para a sustentação de hábitos humanos, em
derredor do Plano Físico, é constituído por agentes químicos semelhantes àqueles que integram o fumo,
no campo dos homens. E,em se tratando de costume nocivo da entidade espiritual, tanto encarnada
quanto desencarnada, tão difícil é a erradicação do hábito de fumar na Terra quanto nos círculos de
atividade espiritual que a rodeiam, no que tange à sensações de ordem sensorial.”
P – Com apenas ligeiras restrições quase todos os países do mundo admitem o consumo social e
a promoção do fumo, tendo em vista sua vultosa contribuição ao erário em forma de impostos,
empregos, etc. Que é mais importante: racionalizações baseadas na predominância de valores
econômicos que aumentam a riqueza de uma sociedade, ou a preservação de outra riqueza, a
representada pela saúde humana?
R – “O assunto é complexo, de vez que somos impulsionados, pelo espírito de humanidade, a
considerar que o fumante arruína as possibilidades unicamente dele mesmo, requisitando, de modo
quase que exclusivo, o manejo da própria vontade para exonerar-se de um hábito que lhe estraga a
saúde. Partindo do princípio de que o uso do fumo se relaciona com a liberdade de cada um, indagamos
de nós mesmos: não será mais compreensível que o homem pague ao seu grupo social essa ou aquela
taxa de valores econômicos, pela permissão de usar uma substância unicamente nociva a ele próprio,
aumentando a riqueza comum, do que induzi-lo a uma situação de clandestinidade a que se entregaria
fatalmente o fumante inveterado, sem nenhum proveito para a sociedade a que pertence? Como
vemos, é fácil observar que a supressão do tabagismo é um problema de educação, com sólidos
fundamentos no autocontrole.”
P – Obséquio explicar-nos a relação “fumo-constituição molecular do perispírito” e os reflexos de
um sobre o outro, nos dois Planos da Matéria.
R – “Qualquer hábito prejudicial cria condições anômalas para o perispírito, impondo-lhe
condicionamentos difíceis de serem erradicados. Quanto à definição do relacionamento ‘hábito nocivoconstituição
molecular do perispírito e os reflexos de um sobre o outro nos dois planos da matéria’, em
nos reportando às vivências da Terra, ainda não dispomos de terminologia própria a fim de apresentar
por dentro o fenômeno em si, como seria de desejar.”
P – Pode dizer-nos se em civilizações extraterrenas mais evoluídas que a terrestre, sobrevivem
esses problemas compulsivos de tabagismo, alcoolismo e tóxico?
R – “Nas civilizações sublimadas, que consideramos por muito mais evoluídas que a civilização
terrestre, os problemas de tabagismo, alcoolismo e toxicomania, efetivamente não existem.”
(EMMANUEL)
Fumo e mediunidade
P – Você considera o hábito de fumar um suicídio em câmara lenta? Por quê?
R – Creio que o hábito de fumar não pode ser definido por suicídio conscientemente considerado.
Será um prejuízo que o fumante causa a si mesmo, sem a intenção de se destruir, mas o prejuízo que
se deve estudar com esclarecimento, sem condenação, para que a pessoa se conscientize quanto às
conseqüências do fumo, no campo da vida, de maneira a fazer as suas próprias opções.
P – Você teria alcançado condições de desempenho de seu mandato mediúnico, ao longo de
mais de meio século de trabalho incessante, se fosse um dependente da nicotina?
R – Creio que não, com referência ao tempo de trabalho, de vez que a ingestão de nicotina
agravaria as doenças de que sou portador, mas não quanto a supostas qualidades espirituais para o
mandato referido, de vez que considero "o hábito de cultivar pensamentos infelizes” uma condição pior
que o abuso da nicotina e, sinceramente, do “hábito de cultivar pensamentos infelizes” ainda não me
livrei.
P – Que é que você habitualmente aconselha aos fumantes enfraquecidos por derrotas
sucessivas, vêm pedir orientação, forças renovadas e motivação para vencer a dependência física e
mental criada pela nicotina?
R – A prece e o trabalho, em meu entendimento, são sempre os melhores recursos para
defender-nos contra qualquer desequilíbrio.
(Chico Xavier)
Do livro “Janelas para a vida”. De Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm.
IV – A SENSIBILIDADE DAS PLANTAS NOS DOIS PLANOS DA
VIDA
Em 1943 veio a lume o livro Nosso Lar, ditado a Chico Xavier pelo Espírito André Luiz, contendo
descrições pormenorizadas da vida e atividades dos Espíritos nas regiões e paisagens do Mundo Maior,
de acordo com o grau evolutivo atingido por esses Espíritos.
A narrativa, que pela primeira vez descreve a existência de cidades e colônias povoadas por
Espíritos dedicados às mais diversas tarefas, no espaço que circunda o nosso planeta Terra, faz
também várias referências a formosos jardins, bosques e plantas, bem como a cidades de vida
organizada com serviços os mais diversificados.
Constata-se, desde logo, que, nas diversas “Moradas do Pai”, conforme o prometido pelo Cristo,
a suave presença de plantas, folhagens, belos e aromáticos arvoredos, roseirais de indescritível beleza,
ambientes de música e harmonia constitui um fator constante. Dir-se-ia que as plantas e flores, essas
prestimosas e encantadoras companheiras do ser humano, não se limitam a enriquecer a vida somente
no Plano da Matéria mais densa, mas também acompanham a Humanidade como um todo, mesmo
após a passagem pela morte, apresentando-se em feições, matizes e aromas de uma forma cada vez
mais etérea e espiritualizada.
Até mesmo nas inóspitas e sombreadas regiões do Umbral, onde se domiciliam os Espíritos nas
condições evolutivas menos felizes, sua presença marcante é condicionada pelo meio.
Tudo na vida é energia, transformação, renascimento, ascensão e luz. Nada se perde e tudo
avança de conformidade com os desígnios de Deus, dentro dos processos evolutivos que orientam o
rumo dos seres criados.
Com relação à vida das plantas no Plano Extrafísico, muitas revelações surpreendentes
chegaram ao conhecimento de todos nós, através da mediunidade de Chico Xavier. Podemos verificar a
secreta e insuspeitada sensibilidade dos vegetais reagindo aos processos da vida, tanto na Terra como
no Mundo Maior.
De resto, aparelhamentos mais sensíveis, criados pela técnica do homem, registram
poligraficamente as reações das plantas às influências do meio e às intervenções e sentimentos
humanos, de forma a não pairar qualquer dúvida fundamental às manifestações de sensitividade do
complexo mundo vegetal que nos cerca.
Acerca dessa transcendente questão, os Espíritos Superiores prestaram valiosos e significativos
esclarecimentos.
O invisível no visível
P – Como explicar que as plantas manifestam sensações semelhantes às da pessoa que as cuida
e ama – conforme se comprova através de polígrafos ligados à planta através de dois eletrodos –
mesmo que essa pessoa esteja a quilômetros de distância?
R – Caro Fernando, devo explicar a você que responderei às suas perguntas, ouvindo o nosso
devotado Emmanuel, a quem posso e devo atribuir a autoria dos Conceitos emitidos, especialmente
agora, em que de corpo físico menos apto para qualquer esforço mental, tenho tido mais facilidade para
ouvir o nosso Amigo da Vida Maior que, com toda a certeza, por amor à nossa Doutrina de Luz, e não
por méritos que não possuo, tem me favorecido de modo mais amplo, sempre que os assuntos se
reportem aos temas espíritas-cristãos, com mais reforço de amparo, suprindo-me as deficiências
naturais em evidência maior com a diminuição das possibilidades de minha saúde física. Feito o
esclarecimento, iniciemos as respostas de nosso Amigo da Espiritualidade.
“O fenômeno da Empatia está presente em todos os seres c em todos os domínios do Universo.”
P – Isso quer dizer que, também telepaticamente, nós afetamos as plantas?
R – Todo ser organizado é sensível ao campo magnético da criatura que se lhe faça mais
próxima.
P – Experiências feitas nos Estados Unidos, no árido Deserto de Monjave, com aparelhos de
áudio-sinal e biossinal acoplados às plantas da região, revelam emissões de sons organizados e
inconfundíveis, provindos da Ursa Maior. Para grande surpresa dos pesquisadores, tais emissões não se
utilizaram de meios eletromagnéticos e sim da via que se convencionou chamar de comunicação
biológica de alta freqüência”. A maior singularidade desse fenômeno reside na provável descoberta,
embora o assunto esteja ainda em tempo de especulação científica, de que as comunicações biológicas
são EXTRATEMPORAIS, isto é, estão acima, fora e além do tempo, tal e qual o conhecemos. Se isso
confirmar tal constatação, significará – ou significa – que enquanto uma comunicação por meios
eletromagnéticos entre a Terra e aqueles planetas exigirá milhares de anos-luz, por via biológica a
troca de mensagens será praticamente instantânea, ou seja, viajará com a velocidade do pensamento.
Que tem a dizer sobre isso?
R – A ciência humana continuará com êxito nas investigações em torno das comunicações
biológicas, registrando a presença de forças que se interligam, de acordo com o tempo mensurável na
Terra e de conformidade com recursos, a outras de TEMPO EXTRATERRESTRE, cabendo-nos respeitar o
trabalho humano de pesquisa e solução aos problemas da Natureza, sem nos anteciparmos em
conclusões que pertencem às forças representativas da ciência no Plano Físico.
P – Por meios eletromagnéticos uma mensagem leva de seis a sete minutos entre a Terra e o
planeta Marte. Conforme ficou exposto, as emissões mentais e espirituais dos seres humanos dos
mundos habitados transcendem o tempo, isto é, são instantâneas mesmo que se trate de uma
comunicação entre um e outro. Se for assim, não teríamos aí o melhor, o mais rápido e eficiente meio
de comunicação entre mundos e galáxias, possibilitando de forma extra-temporal as comunicações
planetárias inteligentes?
R – Quanto ao assunto, recordemos que, até mesmo em observações que se fizerem rotineiras,
a luz precede o som nas manifestações que se lhes fazem características. No que se refere a vibração,a
inteligência humana se encontra à frente de imenso império de energias a serem devidamente
estudadas para a necessária catalogação.
P - Você confirmaria que as plantas têm memória? Cito uni exemplo: um homem molestou
durante vários dias uma planta em teste – um gerânio. Um outro homem a regou e cuidou durante
esses dias. Após três dias de ausência os dois se apresentaram ante o gerânio e este mostrou medo e
tensão ante o primeiro, mas se tranqüilizou quando da presença do segundo homem.
R – As plantas possuem, compreensivelmente, a MEMÓRIA EM CONSTRUÇÃO, se nos é permitido
assim nos exprimirmos. A memória, em qualquer grau, apresenta a parcela de discernimento que haja
conquistado.
P – Para além das regras da fisiologia e da biologia de hoje, poderíamos então dizer que além de
mera sensitividade molecular HÁ ESPIRITUALIDADE NAS PLANTAS?
R – Em graus e tons diversos a Espiritualidade se encontra em qualquer partícula de vida.
P – Poderíamos então dizer que as plantas, percebendo o mundo que as rodeia, têm uma
memória, uma linguagem própria e até mesmo alguns rudimentos de altruísmo?
R – Sim, reconhecendo-se que a palavra “rudimentos” está positivamente adequada à indagação
proposta.
P – Um pé de cevada subitamente mergulhado em água quente “grita de dor”, isto de acordo
com os registros de seus impulsos elétricos e biológicos. Será verdade que as plantas também sofrem?
No caso de positividade na resposta, não acha que as legislações ecológicas do futuro deverão levar em
conta tal comprovação científica?
R – Intuitivamente, desde hoje, os responsáveis pela solução dos problemas de ecologia na
Terra já reconhecem a necessidade de proteção ao mundo vegetal para garantir as condições de
habitabilidade e conforto da pessoa humana nos variados climas do Planeta.
P – Pesquisadores estadunidenses, europeus e indianos, em caráter experimental, estão
tentando obter quilowatts de energia elétrica através da fotossíntese das plantas. Você acredita que se
possa obter energia utilizando-se a vida vegetal?
R – O tempo, com o trabalho, auxiliará o homem a descobrir a energia elétrica através das
plantas, tanto quanto já cooperou com a inteligência humana; por exemplo, na descoberta do álcool na
cana-de-açúcar e do óleo na mamoneira, para fins específicos na indústria.
P – O cientista Burban afirmou que as plantas (os biólogos já catalogaram mais de 3SO mil
espécies diferentes) têm mais de 20 percepções diferentes das do homem. Como você classificaria tais
percepções?
R – As percepções das plantas estão no homem; contudo, as percepções humanas com a
evolução da inteligência se fizeram altamente complexas, mas sempre enfeixando em si – mesmo em
caráter Crítico – todas as percepções das várias faixas da Natureza, pelas quais o Espírito Humano já
passou em sua multimilenária evolução sobre a Terra.
P – Como explicar racionalmente o fato de que nos Estados Unidos lavouras de arroz e trigo,
sobre as quais foram irradiadas músicas melodiosas, inclusive sonatas de Bach, através de alto
falantes, apresentaram rendimento superior entre 25 a 60% por hectare? A estimulação musical e
rítmica em certas lavouras pode resultar em aumento de colheita, apesar de que em alguns desses
plantios se tenha evitado adubagem com nutrientes industriais?
R – O estímulo musical trará sempre rendimentos em qualquer resultado da conjugação de
esforços entre o Homem e a Natureza, com vistas à produção de valores para determinados fins.
P – Alguma vez você conseguiu ou consegue enxergar a seiva interna ou as emanações
magnético-espirituais de uma planta ou árvore? Já viu ou estabeleceu contato com os Devas, Espirítos
da Natureza e encarregados de nutrir e proteger o reino vegetal?
R – No Mundo Espiritual, propriamente assim chamado na Terra, o Espírito desenfaixado das
experiências no Plano Físico entra, facilmente, em relação com os chamados Espíritos da Natureza.
(Quanto a mim, aqui já me expresso na condição do médium ou espírito encarnado no corpo denso já
entrei em relação com seres diversos que precidem certos fenômenos da Natureza, e isso começou em
mim quando iniciei a psicografia dos livros de autoria do nosso Amigo Espiritual André Luiz, que nos fala
dessas inteligências em muitos tópicos de seus apontamentos e narrativas – Nota de Chico Xavier).
P- Recentes Experiências no campo da Biofísica e da Biodinâmica sugerem existir mais do que
apenas probabilidade de que o pensamento que o homem põe na terra – a radiação mental dele sobre
o solo que está lavrando e plantando – é mais importante em relação ao crescimento e colheita dos
frutos que o próprio adubo ou até a qualidade do solo. Isso é possível?
R – O pensamento do homem exerce constantemente influência decisiva no meio em que se
encontra.
P – Não se lhe afigura significativo que as teorias evolucionistas de Charles Darwin, expostas no
livro A Origem da Espécies, tenham sido concebidas quase ao mesmo tempo em que foi preparada e
editada a obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec?
R – Allan Kardec e cientistas outros que se consagraram ao estudo da evolução do princípio
inteligente, estavam em sintonia com o mesmo campo vibratório da Vida Superior que impelia e impele
sempre a criatura terrestre ao exame dos processos evolutivos na oficina do progresso planetário.
P – Segundo os atuais conhecimentos da Microfísica acadêmica, os pesquisadores desse ramo
ignoram como um objeto – um livro por exemplo – pode desaparecer de um lugar e reaparecer em
outro, ou seja, é ignorado o processo como se dá a separação das partículas atômicas e subatômicas do
objeto assim desintegrado e seu reagrupamento correto em outro lugar. Como você vê esse fenômeno?
R – Atentos ao contexto evangélico das tarefas que nos competem desempenhar, cremos que
seja nosso dever entregar à inteligência humana os problemas da materialização, desmaterialização e
rematerialização da matéria nos vários conceitos de definição da matéria na esfera das investigações
científicas, vigentes no mundo.
P – Você confirmaria que as plantas e os animais aceitam a condição ou a tarefa de servir de
alimento, contanto que o processo seja dentro de um ritual amoroso, capaz de evitar os agentes
químicos do medo causado pela morte violenta ou desapiedada?
R – Não somente as plantas e os animais necessitam ele amor para se renderem às
necessidades do processo evolutivo em que todos nos encontramos. Nós mesmos, os espíritos humanos
ou candidatos à humanização, não conseguimos prescindir do amor ou da proteção do amor fim de nos
submetermos às disciplinas da vida, de modo a servirmos com segurança e eficiência na engrenagem
do progresso comum.
P – Uma bétula, em dia de grande calor, pode absorver até 380 litros de água; a rosela apanha
moscas com precisão fantástica; a chamada planta-bússula que nasce no Mississipi, Estados Unidos,
aponta para os pontos cardeais, Pedra, planta, cristal, ondas etéreas, homem, tudo é de Deus porque
dele promana?
R – A inteligência, em qualquer setor da Natureza, está impregnada de princípios que
caracterizamos como sendo “divinos”, já que procedem da Sabedoria Divina, agindo sempre no rumo
de objetivos determinados.
P – Qual o papel das plantas e árvores na remodelação física e espiritual do planeta Terra?
R – Todos os reinos da Natureza na Terra, em plano inferior à posição da Pessoa Humana,
precisam da proteção da inteligência terrestre para que possam proteger inteligência terrestre.
Achando-nos todos em evolução no Planeta, é natural semelhante intercâmbio, para que estejamos no
lugar que nos é próprio, auxiliando para que sejamos auxiliados.
P – E no que se refere aos minerais, você confirmaria existir ali certas formas de sensitividade
peculiar, ou INICIOS DE ORGANIZAÇÃO ESPIRITUAL, em formações minerais tais como o basalto, o
ferro, o ouro, a prata, o urânio e todos os demais radioativos? Seria então que o reino vegetal
representaria o primeiro estágio da nossa evolução planetária?
R – Segundo os nossos conhecimentos atuais, o início da sensibilidade do reino mineral antecede
as ocorrências de sensibilidade no mundo vegetal.
P – Todas as evidências indicam estar ocorrendo em nosso Planeta, como em nenhuma outra
fase de evolução da Humanidade, sofrimentos individuais e coletivos crescentes, os quais se refletem
também no meio ambiente, afetando minerais, plantas e animais, participantes (passivos?) da imensa
conturbação. Essa persistência geral na dor é uma realidade vigente, ou eu estou olhando a situação
sob o ângulo de uma ótica negativista?
R – Se pudéssemos trocar idéias com os minerais, os vegetais e os animais de que nos
prevalecemos na Terra para a sustentação da vida física, também eles possivelmente nos perguntariam
por que lhes causamos tanto sofrimento, ignorando que a dor é sofrimento educativo de primeira
ordem, sem o qual o mais rudimentar aperfeiçoamento das criaturas e das coisas seria claramente
impossível. (Emmanuel)
Para além do tempo
P – Obrigado pelo que ficou dito até aqui. Para encerramento desta entrevista peço que nos diga
algo acerca das suas reflexões sobre os cinquenta e dois anos de seu mandato mediúnico.
R – “Caro Fernando, aqui respondo por mim mesmo. Para mim é como se o tempo não tivesse
existido na contagem humana das horas. Atualmente, conforme já disse, observo o meu corpo físico em
desgaste natural, à maneira do trabalhador que registra o desgaste da enxada de que se utiliza no trato
do solo. Indiscutivelmente, nos primeiros dez e quinze anos do início das tarefas, estive na condição do
animal em processo de domesticação para aceitar o serviço que se lhe faz necessário, mas, com o
escoar tempo, na condição de animal humano, fui reconhecendo o valor dos que me domesticavam
para as atividades do intercâmbio espiritual (no caso, os Espíritos benevolentes e sábios que nos
protegem e auxiliam), de tal maneira que voluntariamente obedeci e obedeço até hoje ao plano de
trabalho traçado por eles, reconhecendo, plenamente, que as realizações deles estão muito acima de
qualquer cogitação de meu espírito estreito, cabendo-me a obediência feliz às Instruções que, por
bondade deles, possa receber, notando embora, de minha parte, que se meu corpo vai cedendo à lei do
desgaste com o tempo terrestre, meu espírito se vê cada vez mais interessado e contente, absorvendo
ensinamentos e orientações dos Espíritos amigos, qual se eu vivesse NUM TEMPO Que NÃO É DA TERRA
(sic), com a mesma surpresa e com a mesma vitalidade emocional com que os nossos Benfeitores da
Vida Maior me proporcionaram a honra do engajamento no trabalho deles em nome de Jesus, nosso
Divino Mestre e Senhor, desde uma noite de julho de 1927, quando os recursos mediúnicos, que me
caracterizavam a existência terrestre desde os primeiros dias de meu corpo atual, entraram na
disciplina e na condução do serviço dirigido e organizado segundo as instruções fundamentais de Allan
Kardec, no Cristianismo atualmente redivivo.”
(Chico Xavier)
Do livro “Janelas para a vida”. De Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm.
V – ASSUNTOS DA VIDA:
“Morte clinica” e desencarne, amor, eutanásia, psicanálise, vida pulsante do Universo,
sexo e evolução, divórcio, marxismo, o fim das guerras, a arte de envelhecer, etc.
Com mais de dez comensais à mesa, naquele meio-dia de sábado, o médium Xavier pede que
cada um se sirva daquilo que preferir, enquanto ele próprio serve refrigerante aos presentes.
Finda a refeição, e antes que Chico Xavier se retire para um repouso de meia hora recuperando
energias para a tarefa evangélica de sábados à tarde, retenho-o por alguns instantes em palestra sobre
planos para este livro. Sugeri-lhe que o título fosse Janela Para o Céu, tendo ele preferido que o título
seja Janela Para a Vida, já que seu tema principal é a mediunidade.
Enquanto concordava com ele que sua sugestão era a mais indicada, notei que o médium Xavier
me observava com uma expressão indefinível. Ou melhor, aquele olhar compassivo e doce,
compreensivo e profundo, não era o olhar de Chico Xavier a que eu me habituara.
Aquela luz vertendo do Mais Alto proporcionava-me sentimentos de profunda paz, aliados a uma
indescritível vontade de superar-me em minhas limitações, de já me ter libertado das algemas das
ilusões materiais. Uma luz de inavaliável beleza, vinda de regiões desconhecidas de minha alma mas
presentes nas mais recônditas esperanças de meu espírito sedento de Luz e Sabedoria Divina.
Poderia afirmar tratar-se de Emmanuel, o Benfeitor e o Amigo dos necessitados. Seja como for,
penso que nunca esquecerei os vívidos sentimentos que me avassalaram a alma naqueles breves e
infinitos minutos de enlevo espiritual.
Antes de recolher-se aos seus aposentos, o médium Xavier entregou-me um envelope contendo
respostas às perguntas que eu lhe formulara em várias folhas datilografadas.
Tratando de muitos e variados assuntos, disse ao médium que respondesse somente as que lhe
parecessem mais apropriadas ou significativas. Apesar disso, nem uma só ficou sem resposta. Ei-las:
Psicanálise
P – A psicanalista Karen Horney afirma que enquanto dormimos verifica-se oculta atividade
mental inconsciente, fazendo com que, ao acordarmos, encontremos a impensada solução para esse ou
aquele problema que nos preocupava até antes de adormecermos. Como no caso do famoso problema
matemático, cuja solução aparece pronta pela manhã... Acha que essa imperceptível atividade onírica,
que tantas vezes nos oferece soluções surpreendentes, é de ordem puramente mental, da própria
pessoa, ou pode ter o concurso de Espíritos afins?
R – Respeito a interpretação da ciência psicológica com referência à nossa vida mental
inconsciente, entretanto, creio que, na maioria dos casos em que despertamos após o sono comum com
determinadas “soluções prontas” para problemas que nos inquietavam, isso se deve ao amparo de
Espíritos Amigos e Benfeitores que nos estendem auxílio, quando a nossa mente repousa entre as
atividades de vigília.
Aliás, não nos seria lícito esquecer que os magnetizadores, mesmo entre nós, os espíritos
encarnados, conseguem prestar valioso auxílio aos companheiros por eles magnetizados, enquanto se
encontram esses, no estado de hipnose, sem que eles, os magnetizados, conservem, pelo menos
temporariamente, qualquer lembrança dos benefícios recebidos.
P – Mais ou menos dentro dessa mesma teorização Karen Horney denomina de insight o
fenômeno conscientizador da mente humana, termo que em nossa língua equivaleria ao famoso
“estalinho do Padre Vieira”. Por exemplo, segundo Horney: se eu sinto medo de lugares altos, no
instante em que me dou conta desse temor, tenho um primeiro insight conscientizador. Se,
eventualmente, mais tarde consigo descobrir as causas desse medo das alturas, tenho um novo e mais
amplo insight, capaz até mesmo de diluir o medo que me atormenta. Á luz da Espiritualidade, como
definiria o enfoque dessa lúcida psicanalista?
R – Compreendemos o fenômeno não só por socorro indireto de amigos desencarnados, como
também por impacto de recordações instintivas, decorrente de circunstâncias em que a personalidade
reencarnada recapitula experiências pelas quais haverá passado em existências anteriores.
P – De acordo com teorias psicanalistas, a neurose é uma anomalia que induz o paciente a sentir
exagerada necessidade de afeto e aprovação por parte das pessoas e do meio em que vive. Qual o
remédio eficaz para as afecções neuróticas e as obsessões da alma?
R – Admitimos que o conhecimento dos princípios reencarnacionistas, auxiliando-nos a aceitar
com paciência e coragem os problemas e provações criados por nós mesmos, com o aprendizado e
prática da tolerância recíproca nos imunizará contra os prejuízos das neuroses, auxiliando-nos,
igualmente, na cura das obsessões.
P – Que diria aos pais que inconscientemente suscitam em suas crianças a idéia de que seu
direito à vida de certa forma depende exclusivamente de que elas, como filhos, correspondam às
expectativas nelas depositadas pelos pais?
R – Com a maturidade espiritual necessária, o homem perceberá que os filhos são espíritos
imortais, independentes dos pais, que lhes são tutores perante Deus e a Vida.
Isso desfará a ilusão de que os filhos são cópias dos genitores que lhes propiciaram a formação
de novo corpo, na Terra, conquanto saibamos que, em numerosos casos, os filhos se parecem
extraordinariamente com os pais, conforme os princípios da afinidade, compreensíveis em nossas
vivências comuns.
P – Goethe afirmou certa vez que no mundo só existiu e existe um único conflito: o conflito entre
a incredulidade e a fé. Você concorda com tal síntese?
R – Cremos que o admirável poeta condensou todo um mundo de pensamentos complexos na
síntese apresentada, porque renteando com esse conflito entre a incredulidade e a fé, somos induzidos
a reconhecer outros, como sejam os conflitos entre o ódio e o amor, entre o equilíbrio e o desequilíbrio,
e outros muitos, entre os quais lidamos e lutamos, todos, nós, à busca de nosso próprio burilamento.
P – Você concorda com a teoria freudiana quando diz que problemas afetivo-sexuais mal
resolvidos na infância e na mocidade criam problemas ao longo de toda a existência?
R – A educação do impulso sexual é trabalho não só para a infância e para a juventude, mas
para todo o tempo da existência terrestre, continuando além da morte para as inteligências
desencarnadas.
P – Acha válido o dogma psicanalítico que diz que até a idade de 3 ou 4 anos TUDO está
formado na personalidade da criança, sendo o restante da existência nada mais que uma continuação
do que até ali ficou construído dentro dela?
R – Ao que nos parece, o conteúdo da personalidade, formada na criança, é um testemunho
eloqüente da reencarnação, compelindo toda criatura humana a ser educada e a educar-se no curso da
existência berço-túmulo.
P – Acha que a mamadeira, dada desde muito cedo à criança, pode criar um clima de
artificialismo entre a mãe e o bebê, suscitando neste uma senda de insegurança que poderia prolongarse
pela vida a fora?
R – Um assunto para a pediatria que merece consideração.
P – Por que as crianças não têm medo da morte?
R – A amnésia parcial ou total em que se encontra o espírito encarnado no período da infância
equivale a um estado de semi-consciência no qual a criança não dispõe de recursos para raciocínios
mais profundos.
P – Há pais que a pretexto de uma educação liberal e sem tramas preferem nada esconder dos
filhos, em termos de educação sexual. Alguns chegam a tomar banho despidos junto aos filhos, apesar
de que isso poderia suscitar complexos de inferioridade ou outros. Alguns pais se permitem acariciar
seus rebentos de maneira inconveniente, originando nestes uma espécie de pudor doentio. Peço
consideração sobre isso.
R – Somos partidários do respeito recíproco entre pais e filhos, adultos e jovens, em todas as
fases da vida. Cada espírito é um mundo por si, com a obrigação de descobrir-se a aprimorar-se,
conquanto deva e possa receber o auxílio de outrem para isso, mas sempre na base do apreço mútuo.
P – Afirmam os médicos que uma criança já nascida sente inconscientemente, por intuição ou
telepaticamente, quando seus pais tentam rejeitá-la sendo que tal fato transparece nos desenhos e
criações infantis pois ela considera o fato um assassínio embora nem justo nem injusto.
R – Verdade. O espírito do nascituro, mais ou menos conscientemente, conhece as disposições
dos pais a seu respeito.
P – Que é pior para a criança ou para o adolescente: a violência que vê na televisão ou no
cinema, ou a que presencia ao redor de si?
R – Qualquer violência, em qualquer lugar e em qualquer tempo, é prejudicial ao autor e aos que
lhe assistem a exteriorização, seja qual for a idade do espectador.
P – No livro Amor e Sexo, Cap. 21, Emmanuel nos fala dos problemas das minorias sexuais e a
necessidade de respeito fraterno para com esses irmãos em prova. Observa-se na sociedade atual que
a predominante maioria dos heterossexuais habitualmente ridiculariza aqueles que não lhe seguem a
prática, o mesmo acontecendo com certos núcleos religiosos que vêem o problema sob o prisma de
endemonianamento no p!ano da unicidade da existência. Acha você que, no futuro, as religiões irão
compreender melhor a situação de resgate desses irmãos, amparando-os mais adequadamente?
R – Em matéria de relacionamento sexual tão só o tempo com a maturidade espiritual das
criaturas encarnadas na Terra é que solucionará problema da compreensão necessária ao equilíbrio e
segurança dos grupos sociais.
P – De todos os relacionamentos entre seres humanos (materno-paterno, amistoso, social,
profissional, de companheirismo, etc.), nenhum me parece mais conflitante que o relacionamento entre
homem e mulher. Por que são tão raros os casais que vivem num clima de harmonia perfeita?
R – O relacionamento entre os parceiros da vida íntima no lar, na essência, é uma escola ativa
de aperfeiçoamento do espírito. Até que duas criaturas alcancem o amor integral, uma pela outra, sob
todos os aspectos da individualidade, é compreensível o atrito mais ou menos freqüente entre ambas,
visando ao burilamento recíproco.
P – Quando um dos cônjuges não assume a responsabilidade na parte que lhe toca na
sustentação do equilíbrio recíproco, qual a responsabilidade do outro que for buscar fora do lar
vinculações extraconjugais?
R – Alguém que fira outro alguém, depois dos compromissos afetivos devidamente assumidos
em dupla, é responsável pela lesão psicológica que cause, criando para outrem e para si mesmo
dificuldades que só pelo amparo do tempo conseguirá resgatar.
P – Por que nunca há divórcio entre os Espíritos sublimados no Bem?
R – Os espíritos sublimados nas leis do Bem aprenderam a amar sem exigência e a aceitar as
pessoas amadas como realmente são ou estão. (Emmanuel)
Mediunidade
P – Muitas pessoas presumem ou estão convictas de que você, não possuindo nenhum curso
acadêmico capaz de oferecer condições de poder escrever os livros que levam seu nome, dedica-se
intensivamente ao hábito da leitura, surgindo daí a cultura que adquiriu ao longo dos anos. Pode dizernos
quantos livros lê por mês? Poderia acrescentar algo acerca desse presumido autodidatismo?
R – Realmente são muitas as pessoas que me supõem na condição de uma criatura que devora
livros e mais livros. Não me ofendem com isso. Ficaria até mesmo feliz se assim fosse. Acontece,
porém, que comecei a trabalhar profissionalmente aos dez janeiros de idade e, desde 1931, sou
portador de enfermidade irreversível num dos olhos. Em vista disso, nunca pude ler excessivamente,
conquanto seja um dever para cada pessoa cultivar-se quanto lhe seja possível. Nos anos últimos, a fim
de poupar trabalho aos poucos recursos visuais de que disponho, procuro realmente ler apenas livros
que me sejam recomendados por amigos para não perder forças experimentando leituras que não me
trariam qualquer proveito.
P – Ao descrente não será difícil afirmar que o livro psicografado, do Espírito André Luiz, sob o
título Nosso Lar, é pura ficção científica sob enfoque espiritual. Qual sua opinião?
R – Pessoalmente guardo a convicção de que o livro Nosso Lar nos oferece plena realidade da
vida além da morte física. Os contatos mediúnicos com André Luiz e outras entidades da Vida Maior não
me deixam qualquer dúvida quanto a isso.
P – A respeito da auto-imunização contra os males e tentações da fama, Einstein fez o seguinte
comentário: “A única forma de iludir a corrupção pessoal dos elogios é seguir trabalhando. A gente
sente a tentação de deter-se para escutar os que nos elogiam. A única coisa a fazer é não prestar
atenção e continuar trabalhando. Não há nada melhor que o trabalho”. Qual sua fórmula ou meio de
defesa ante as tentações da fama?
R – Não me considero com créditos para adquirir popularidade. Mas devendo responder à
pergunta creio que a fama é uma grande oficina de fotografias. Uma criatura conquista renome e, com
isso, passa a ser vista por numerosas pessoas que simpatizam ou não simpatizam com ela. Começam aí
as “fotos” da pessoa em causa. Cada amigo ou cada adversário apresenta a imagem que mentaliza e os
retratos falados ou comentados vão aparecendo. Entretanto, no íntimo penso que uma criatura famosa
se vê, na realidade, tal qual é, com muito mais necessidade de amparo a fim de viver do que de
popularidade, embora, a meu ver, as pessoas famosas devam ser agradecidas a quantos lhes
dispensam atenção. Não conhecia a fórmula de Einstein para que alguém se imunize contra os riscos do
elogio, mas nela encontro um modelo de equilíbrio e sensatez. Aliás, Emmanuel sempre me adverte
que o trabalho é o caminho para a verdadeira paz, quando o trabalho se encontre alicerçado no bem.
Refiro-me ao assunto com o respeito que me vincula à indagação, mas preciso esclarecer que, quanto a
mim, nunca precisei estar vigilante contra os inconvenientes da fama, de vez que nada fiz para
conquistá-la e se trabalho sempre é porque preciso aprender a servir, em meu próprio benefício,
competindo-me ainda acrescentar que os Espíritos Amigos me ensinam que devo sempre trabalhar
porque, sinceramente, não tenho algo de melhor para fazer.
P – Uma das afirmações mais interessantes de Einstein é a de que o ser humano, de um modo
geral, não utiliza mais do que 10% de sua capacidade mental. Quanto aos restantes 90% dessa
capacidade, poderiam ser alcançados exclusivamente através de desdobramentos mentais, isto é, sem
o concurso do Espírito?
R – Os Benfeitores Espirituais comumente nos dizem que, o tempo, com a evolução do ser
humano, através de múltiplas experiências, a todos nos ensinará como aproveitar toda a capacidade
mental de que somos dotados.
P – Durante os quase seis anos da Segunda Guerra Mundial, médicos e psicólogos europeus
constataram um decréscimo no número de doenças mentais enquanto perdurou o conflito. Encerrada a
guerra, as estatísticas constataram a reintensificação das doenças psíquicas. Como isso pode ser
explicado?
R – A opinião aqui exposta pertence ao nosso Emmanuel. Diz nosso Amigo Espiritual que, no
curso das provações coletivas, somos instintivamente induzidos a trabalhar em auxílio do próximo, com
esquecimento de nós mesmo e, com isso, aprendemos espontaneamente solidariedade, união,
tolerância e entendimento recíproco, imunizando-nos contra muitas das doenças consideradas mentais.
E acrescenta que se nos decidirmos a trabalhar, todos nós, voluntariamente, uns pelos outros, sem
propósitos de egoísmo e ambição, nos tempos de paz, teremos sempre os mesmos resultados. Isso
acontece em nosso atual estágio evolutivo, porque carregar as dificuldades alheias, auxiliando aos
outros com amor e desinteresse é muito mais fácil que carregar, sozinhos, o peso mental de nós
mesmos.
Moradas do Universo
P – A cada 76 anos o cometa Halley visita regularmente o nosso Planeta, encantando e ao
mesmo tempo atemorizando a comunidade terrestre com sua cauda esplendorosa de 32 milhões de
quilômetros. Em 1986 essa “visita luminosa” repetir-se-á indesviavelmente. Haverá algum significado
espiritual ou existencial, ainda não percebido pela Humanidade, nessa matemática periodicidade? Que
espécie de vida poderia existir num cometa como esse?
R – O assunto é de resposta impraticável para os obreiros do Evangelho do Cristo, de vez que
demanda ciência absoluta, o que nos induziria provavelmente a regiões polêmicas sem proveito para as
construções do homem interior.
P – Os chamados “poços negros” do espaço exterior têm provocado crises de espanto e
perplexidade entre físicos e astrônomos de todo o mundo. Com um empuxo gravitacional de força
quase infinita, inexistindo em seu interior o espaço-tempo e a matéria tais como os conhecemos, o
aturdimento entre os cientistas é tal que até aqui eles não encontraram um caminho ou premissa capaz
de induzi-los, pelo menos, a conjeturas teóricas. Há algo que possa ser dito capaz de libertar alguma
luz sobre o impenetrável significado dessa incógnita do mundo físico sustentada pela Sabedoria Divina?
R – Um tema para os cientistas, cujos labores e realizações profundamente respeitamos.
P – Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão, além do Sol, são astros do
nosso sistema solar que poderiam abrigar a vida em suas variadas manifestações. Você confirma que lá
existem formas de vida mais, ou menos,densas em conteúdo perispiritual, ou seja, mais, ou menos,
evoluídas que a nossa própria?
R – Uma gota dágua comum é um mundo microscópico, intensamente habitado. Não existem
planetas vazios de vicia, mas as formas de manifestação da vida variam ao infinito e não nos serviria a
penetração num terreno de discussões inoportunas ou estéreis.
P – Que é que você provavelmente pensaria se, tal qual os astronautas do Projeto Apoio,
pudesse ver a Terra à distância, pequenina e frágil ante a imensidão do Universo?
R – A Terra, observada à imensa distância nas vastidões do Cosmo pode ser considerada
pequena moradia das criaturas em evolução, confrontada com outros mundos da galáxia, mas
examinada pelo sentimento, em qualquer ângulo pelo qual se nos apresente é maravilhosa mansão do
Espírito, pelos bens inestimáveis que a todos nos proporciona.
P – De algumas décadas a esta parte vem se acentuando, nos mais variados países e
continentes, os testemunhos, alguns insuspeitos, de pessoas que mantiveram contatos diretos com
seres de outras civilizações do Espaço Sideral. Seriam seres de mundos mais evoluídos que o nosso,
aqui vindos com propósitos ainda não definidos.
Você crê que num futuro mais ou menos próximo esses seres venham a estabelecer contatos
oficiais com pessoas ou grupos organizados do nosso Planeta? Em que aspecto isso iria contribuir para
uma maior elevação do pensamento humano?
R – Consideramos que o problema proposto pertence ao domínio da ciência, mesmo porque, nós
outros, os espíritos desencarnados, somos habitantes de outras faixas evolutivas do Planeta, quase que
em comunicação constante com os irmãos corporificados no Plano Físico, sem que muitos companheiros
da Humanidade estejam conscientizados a respeito disso. (Emmanuel)
Acerca da morte
P – De acordo com renomados meios científicos a “morte clínica” de uma pessoa se verifica
quando o cérebro deixa de dar registros de atividade cerebral, mesmo que o coração ainda esteja
batendo. Do ponto de vista espiritual, em que preciso instante ocorre a desencarnação da alma?
R – A desencarnação não é uma ocorrência absolutamente igual para todos. Por isso mesmo
consideramos por desencarnação o estado do espírito que já se desvencilhou de todos os liames que o
prendiam ao corpo propriamente material.
P – Será lícito manter-se uma pessoa viva por recursos inteiramente artificiais quando não reste
nem uma só esperança de que essa pessoa possa sobreviver sem tal artificialismo?
R – A ciência na Terra pode, em muitos casos, realizar processos artificiais de retenção do
espírito no corpo físico, mas sempre a título precário, sem ligação com as realidades definitivas da vida.
P – Como se explica o caso da norte-americana que jaz inconsciente num leito há anos e que,
mesmo retirada da tenda de oxigênio que amparava sua vida física continua vivendo contra todas as
previsões médicas?
R – Um problema na lei de causa e efeito a que a ciência no mundo, muito louvavelmente, não
aplicou a eutanásia, permitindo que as leis superiores da existência claramente se manifestem.
P – Em meio ao pragmatismo da era atual uma onda de misticismos e magia parece avassalar
amplas comunidades humanas, induzindo-as a movimentos de fanatismo e loucura. Tivemos um
exemplo disso na Guiana, quando mais de 900 pessoas foram induzidas ao auto-extermínio por um
desses líderes do fanatismo impregnado de violência. Qual a palavra orientadora do Plano Mais Alto
sobre tais movimentos?
R – A doutrina Espírita, restaurando os ensinamentos de Jesus, pede ao homem discernimento e
não o exonera da responsabilidade sobre os próprios atas. (Emmanuel)
P – O poder da palavra. Com a palavra podemos edificar ou destruir vidas, reerguer ou arruinar
esperanças, balsamizar ou acicatar feridas, etc. Quantas pessoas não esperariam apenas uma palavra
nossa para se erguerem às alturas celestiais ou se jogarem no mais escuro abismo. Toda palavra é um
mundo cambiante. Pediria considerações acerca da profunda influência e instrumentalidade da palavra
nos dois Planos da Vida.
R – A palavra é tão importante, em qualquer domínio da vida, que o próprio Apóstolo João
começa a narrativa evangélica que nos legou com o trecho inesquecível: “No princípio era o Verbo...”.
P – Espera mudanças ou modificações no instituto do dogma, abrindo oportunidades novas à
propagação do Cristianismo Redivivo?
R – Com os instrutores da Vida Maior acreditamos que as instituições cristãs, em futuro próximo
ou talvez ainda um tanto distante, farão grandes aberturas nos princípios criados por elas mesmas,
para que sejam os ensinamentos de Jesus interpretados com base nas realidades simples da vida.
P – Como vê a opção feita por milhares de pessoas entregues à uma religiosidade mística, que
se refugiam na intimidade de mosteiros e carmelos, preferindo desta forma a pura contemplação de
Deus, em vez do esforço de relacionamento e troca com os seres humanos, seus iguais que vivem no
mundo cá fora?
R – Entendemos a inconveniência da solidão e da inércia, em nome da fé; no entanto, será justo
reconhecer que os refúgios da Religião para o exercício da vida conventual tiveram manifesto valor para
milhares de criaturas portadoras de conflitos psicológicos ou vítimas de anseias que os preconceitos do
mundo positivamente hostilizavam e que se reconheciam em muito melhores condições, no passado,
nas casas de oração, consagradas à confiança em Deus e ao estudo dos problemas espirituais do que
hoje, se procurassem abrigo e segregação em sanatórios e recantos de repouso mental. Conservamos,
aliás, a convicção de que esses recantos de solidariedade e disciplina religiosa serão restaurados no
futuro, não apenas para a contemplação de Deus, mas para a crença em Deus com trabalho e proveito
para a vida comunitária, já que teremos inevitavelmente, reencarnados na Terra, por muito tempo
ainda, milhares de companheiros em pesadas dificuldades psicológicas ou marcados por frustrações,
para os quais a cura ou o tratamento pela fé e pela terapêutica ocupacional serão de eficiência mais
ampla do que os processos curativos aconselhados, na atualidade, nas terapias que se interligam com a
patologia da mente, muito embora não nos seja lícito esquecer ou desprezar o valor inconteste da
medicação moderna em numerosos casos específicos.
P – O instrumento da mediunidade tem sido comparado a um telefone. Toca do lado de lá e
alguém poderá ou não atender ao nosso chamado. Ás vezes o chamado vem de lá, mas o aparelho não
está em condições de recepção. Esta segunda hipótese ocorre com mais freqüência do que a primeira,
ou se dá o inverso?
R – A segunda hipótese é muito mais freqüente nas tentativas de intercâmbio espiritual.
Entretanto, qual ocorria nas comunidades terrestres de outro tempo, sequiosas por facilidade de
comunicação uma com as outras, antes da era do telefone, há que esperar a época em que os
desencarnados consigam recursos mais amplos para a troca de notícias com os irmãos domiciliados no
Plano Físico, a fim de que o problema seja devidamente solucionado.
P – Em termos espirituais o marxismo é um mal em si mesmo?
R – O assunto é de natureza política, pertinente à responsabilidade dos irmãos transitoriamente
encarnados na Terra, sem conexão com as nossas construções espirituais. Entretanto, os amigos ainda
residentes no mundo podem estar de braços dados conosco, os amigos que já atravessamos as
barreiras da Grande Mudança.
P – Quando jovem, vinculado a conflitos emocionais, freqüentei consultórios de psicanalistas por
mais de ano. Certos problemas pessoais, como a timidez, por exemplo, foram solucionados com a ajuda
dessa venerável ciência. Para outras questões existenciais, tais como “de onde vim, por que estou aqui,
para onde vou", a Psicanálise não teve, não tem, nenhuma resposta. Inobstante, todo o panorama
modificou-se para mim a partir do dia em que aceitei convictamente a Lei das Vidas Sucessivas, através
da reencarnação. Agora a minha pergunta é: que acontecerá com os líderes religiosos do mundo atual
quando ficar cientificamente comprovado ser a Reencarnação uma lei tão precisa e inelutável quanto o
é, por exemplo, a lei da gravidade. Quando tal ocorrer não haverá modificações profundas no próprio
governo terrestre que esteja na administração do planeta?
R – Os princípios da Reencarnação, quando forem aceitos pela Ciência na Terra, conseguirão
liquidar aflitivas questões do espírito humano; entretanto, não seria justo, de nossa parte, impor a
verdade ou exigi-la em bases de violência. Enquanto na experiência física, saibamos recolher da Ciência
os benefícios que ela nos consiga prestar, sem reclamar-lhe realizações que ela própria considere de
caráter prematuro.
P – Qual a solução profunda para o problema da violência nos grandes centros urbanos?
R – Admitimos que a violência pode e deve ser contida pelos órgãos de repressão, mas
acreditamos que será erradicada do campo humano somente quando nos voltar-mos todos – os
espíritos vinculados à Terra – para o serviço de educação a partir da criança recém-nascida.
P – Jean Jacques Rousseau afirmou que o homem nasce essencialmente bom e a sociedade o
torna mal. Certo ramo evolucionista contradiz essa tese ao contrapropor que o ente humano nasce rude
e primitivo e que os choques da vida é que o vão tornando bom. Erich Fromm por sua vez acrescenta
que o homem não é essencialmente bom nem mau, no fundo ele é apenas contraditório. Sob prisma
espiritual, qual é a essência da criatura humana?
R – Ante a grandeza do Universo somos inevitavelmente compelidos a reconhecer na criatura
humana um espírito imortal, em evolução no rumo da Vida Superior, cujo burilamento não prescinde
das relações com as demais criaturas do mesmo nível de inteligência, a fim de que se lhe acentue a
compreensão e se lhe aprimorem os sentimentos, em demanda dos cimos do progresso e da elevação a
que aspira alcançar.
P – No Além a decomposição da luz através de um prisma etérico gera cores desconhecidas do
homem terrestre? Pode dizer-nos quais e como são essas cores?
R – No Mais Além, outras cores se nos descortinam às percepções, na decomposição da luz, mas
não encontramos as palavras adequadas para definir a ocorrência, nas áreas atuais do conhecimento
terrestre.
P – Afirmam os especialistas terrestres que a cor é dimensão, peso, iluminação, temperatura,
simbolismo e emoção. Explicam, por exemplo, que o amarelo é iluminativo, alegre, quente. Alaranjado
é cor excitante; ele é eufórico, digestivo, dinâmico. Violeta é cor mística, atormentada, fria. Já o azul é
cor atmosférica, tranqüilizadora, esperançosa. Alguns estudiosos vêm afirmando que a música, por seu
turno, irradia cores, invisíveis ao olho humano, mas nem por isto menos reais, o que, aliás, é
amplamente confirmado nos livros de André Luiz. A cor é importante para a interação e evolução do
Espírito nos Dois Planos da Vida?
R – Consideramos a poesia dos especialistas terrestres, no terreno das cores, por ingrediente
respeitável nas definições expostas e não nos consideramos capazes de lhe aditar ponderações
científicas por falta de termos próprios' que funcionariam em apoio da argumentação que porventura
pudéssemos agora articular. Quanto à música é certo que ela irradia cores, a traduzir-se em espectro
multicor. Reconhecemos, outrossim, que a cor se reveste de muita importância para a harmonização e
evolução do Espírito, seja no Plano Físico ou no Plano Espiritual.
P – Já no crepúsculo da existência física o encanecido Platão deu a seguinte definição de Deus:
“Deus deve ser para nós a medida de todas as coisas, muito mais que qualquer homem, como hoje em
dia se apregoa. Quem quiser tornar-se agradável a um ser tão eminente, deve, necessariamente,
assemelhar-se a Ele o mais possível. Eis a razão por que é agradável a Deus um homem ponderado,
pois este lhe assemelha, ao passo que o irrefletido não se parece com Ele,incorre na sua inimizade e
termina na improbidade; e em tudo acontece o mesmo”.Preponderava na época de Platão a teoria
sofista, que pretendia fazer do homem a medida de todas as coisas. De qualquer forma , se refletirmos
que tal definição foi emitida quase cinco séculos antes de Cristo, não lhe parecem admiráveis as
palavras do discípulo preferido de Sócrates?
R – As expressões do grande filósofo são indiscutivelmente admiráveis e, a nosso ver,
preparavam os ouvidos humanos para entenderem a afirmativa do Cristo: “Sede perfeitos, tanto quanto
perfeito é o vosso Pai Celestial”.
P – Concorda com o pensamento de que a pessoa descrente de Deus, mesmo que tal não seja só
por mera revolta, no fundo o que deseja é não acreditar no Espírito imortal e nas implicações morais e
de comportamento que uma tal crença na Suprema Divindade trariam para a pessoa?
R – Estamos na convicção de que assim é, Freqüentemente observamos que a pessoa culta,
quando não admite a sobrevivência do Espírito além da morte, não raro também se declara descrente
da existência de Deus, muitas vezes criando teorias que lhe justifiquem o ateísmo, unicamente para
não aceitar as responsabilidades que a certeza da existência de Deus e da imortalidade da alma
implicam, nela mesma.
P – O pensador Holbach, um dos pilares do materialismo dialético, fez certa vez a seguinte
afirmação: “À luz de um exame o nome de Deus sobre a Terra se anises apenas como pretexto das
paixões humanas. Quando o homem adora Deus, adora a si mesmo”. Chegados ao mundo espiritual, o
que normalmente ocorre com os superdotados de inteligência e que utilizaram esse dom para negar e
confundir os caminhos que levam o homem a Deus?
R – Sabemos que no Plano Espiritual, os que se utilizaram na Terra do nome de Deus pira
extravasarem as paixões próprias, mais enquistados se tornam nessa atitude infeliz, adorando a si
mesmos e tiranizando as criaturas culpadas em nome do Criador. Isso ocorre com as inteligências que
desertaram do bem – que é o Bem de todos – de vez que os Espíritos, encarnados ou desencarnados,
que amam a Deus, procuram revelar esse amor junto aos semelhantes, neles encontrando os seus
próprios irmãos e, igualmente, filhos de Deus.
P – Como se explica que homens do porte intelectual de Charles Darwin e Sigmund Freud se
tenham autoproclamado ateus?
R – Temos a impressão de que cientistas do porte de Darwin e Freud, se afirmando ateus
estariam intimamente procurando a tranqüilidade da fé religiosa, na torturante indagação que lhes
assinalava a mente insatisfeita. Na imensidade das perquirições mentais em que viviam, a solução do
problemas de vida interior em que se fixavam seria muito difícil, no curto espaço de tempo em que
perdura uma só das múltiplas existências humanas.
P – Perplexo, bradava Jó em seu infortúnio (9, 32, ss.) : “Deus não é um homem semelhante a
mim, a quem eu possa retrucar e que possa entrar em juízo comigo. Não existe entre nós juiz
intermediário que possa sobre nós estender sua mão. Assim mesmo me dirijo ao Onipotente; desejo
unicamente raciocinar com Ele. Oh! Todos os que me cercais, conservai-vos em silêncio, para que eu
possa contar o que me está acontecendo! Por que estou dilacerando minhas carnes com meus dentes e
trago minha alma entre as mãos? Ainda que Ele me mate. confiarei nEle. Porém, com os olhos fitos
nEle lhe direi o que tenho a dizer e Ele será meu Salvador! Que Ele me julgue! Sou inocente! Reclamo
um árbitro! Silenciar equivale para mim a morrer. Não me queirais amedrontar! Ponhamos as cartas na
mesa para então conversarmos um com o outro! Por que Te escondes? O que Te diz que sou Teu
inimigo?”. (Já, Cap. 13.) Na atualidade muitas criaturas parecem repetir o monólogo do atormentado
patriarca do Velho Testamento quando, ao se verem fustigadas pelos rigores da adversidade, oscilam
radicalmente entre a desesperança e a fé,
entre a dor e a certeza de se saberem filhos de Deus. Que dizer dessa repetência das
preplexidades de Jó?
R – cremos que se o ferro, conduzido ao clima de alta temperatura para converter-se em aço,
pudesse falar ao homem que o retempera e aperfeiçoa,repetiria as alegações de Jó, clamando diante
daquele que o eleva de condição e o habilita para mais nobre destino nas áreas da utilidade.
P- Tal com aconteceu a Jó assim acontece a muitas criaturas que só vão encontrar o amor e a
misericórdia de Deus dentro do próprio infortúnio. Não será por isso que se diz ser o ateísmo a antesala
da fé?
R – Os Benfeitores Espirituais asseveram comumente que “a miséria humana é um dos grandes
caminhos para o encontro da criatura com a Misericórdia Divina”.
P – O filósofo Spinoza afirmou o seguinte: “Um homem livre pensa em último lugar na morte; e
sua sabedoria é uma meditação não sobre a morte mas sobre a vida”. Em termos espirituais, é certa tal
acepção?
R – O filósofo apresenta o enunciado com claras razões, a nosso ver, porquanto o homem que se
livrou das amarras da ignorância, refletindo na morte, está meditando na vida, compreendendo,
perante a imortalidade, que a morte do corpo físico significa renascimento da vida em outras dimensões
vibratórias.
P – Que dizer daqueles que, mais desapegados da vida, amam a morte na certeza de que ela é
libertação para o Espírito?
R – Será justo esclarecer aos que amam a morte, na certeza de que ela expressa libertação, que
essa libertação unicamente traduz tranqüilidade e renovação, alegria e progresso quando a criatura
humana, dentro de si própria, já se libertou de hábitos e paixões nitidamente inferiores.
P – Um dos pioneiros dos transplantes cardíacos fez esta afirmação ao referir-se à prática da
eutanásia: “Não tenho dúvidas em receitar doses excessivas de morfina para pacientes à beira da
morte, quando a anestesia já não consegue exterminar a dor. Sou a favor da eutanásia passiva, ou
seja, da não realização de tratamento que simplesmente adiaria a morte, como também sou favorável,
em certos casos, à eutanásia ativa, ou seja, a que ajuda o paciente a morrer a morrer. São os vivos
que temem a morte, não os moribundos”. Deparamos-nos, aqui, pois, com o delicado tema da
eutanásia médica. Essa prática é moralmente correta aos olhos de Deus?
R – A eutanásia, observada do Plano Espiritual para o Plano Físico, constitui sempre descaridade
e imprudência praticadas pelo homem para com os seus semelhantes. Até nos instantes últimos do
veículo físico, o espírito encarnado ainda é suscetível de colher valiosas lições e conquistar recursos de
importância inavaliável para os entes que ficam, recursos esses que lhe serão de alto proveito logo
após a desencarnação.
P – Diz o atormentado Shakespeare através dos lábios atormentados de seu genial personagem
Hamlet: “Dialogai com a vida deste jeito: és simplesmente joguete da morte, pois só cuidas de evitá-la
e não fazes outra coisa senão correr para ela’.” Embora desde o início da era humana o homem tenha
sido confundido acerca do fenômeno da morte, a doutrina reencarnacionista veio mostrar-nos que
morte física e renascimento são etapas complementares da existência do espírito imortal. Dentro desse
prisma parece-nos que o célebre solilóquio hamleteano (SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO), não pode
referir-se ao Espírito que, por ser imortal, é por isso mesmo indestrutível.
R – Para nós outros, os leitores do eminente escritor e dramaturgo, a afirmativa dele, “Ser ou
não ser”, não se reporta ao Espírito que, por ser imortal, é imperecível. Entretanto, para ele próprio, ao
que nos parece, ao gravar tais expressões, estaria Shakespeare procurando retratar a angústia da
maioria dos homens, diante das ocorrências da vida fatalmente encaminhadas para as transformações
da morte. (EMMANUEL)
P – Uma última pergunta para o término deste capítulo: certa vez você disse que, se pudesse
escolher, optaria por continuar médium após seu desencarne. Como se processa a mediunidade em
sentido inverso, isto é, ser médium do lado de lá para os que ainda estão domiciliados na Terra?
R – “Caro Fernando,segundo minhas observações modestas, creio que o médium na Terra pode
servir aos espíritos que se comunicam, cedendo-lhes, provisoriamente, o corpo físico em que se
encontra, e pode igualmente prestar-lhes cooperação, depois da existência física cedendo-lhes, também
provisoriamente o corpo de natureza espiritual em que se veja nas faixas de trabalho do Mais Além"
(Chico Xavier).
P – Como vê ou espera ver a humanidade terrestre, digamos daqui a um milênio, no que se
refere ao amor ao próximo, às guerras fratricidas, às doenças físicas, aos costumes sexuais, aos
poderes da mente e do Espírito, à unificação das crenças e ao evoluir das religiões?
R – Com a cooperação do homem, a Divina Providência, no curso de um milênio, pode esculpir
primores indefiníveis de paz e amor, progresso e união para a Humanidade. (Emmanuel)
Do livro “Janelas para a vida”. De Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm.
VI - MENSAGENS DO CÉU À TERRA
Desde seu primeiro livro psicografado (Parnaso de Além-Túmulo), publicado em 1931, os
Mentores Espirituais, através de Chico Xavier, constantemente se utilizam da poesia mediúnica como
veículo para mensagens e informações espirituais, conceitos morais, filosóficos e religiosos destinados
ao grande público.
Enquanto meios literários, culturais e científicos debatiam e debatem a questão da autenticidade
ou não dos autores e textos incluídos naquela e em outras obras a ela posteriores, debate que de resto
se prolonga até a atualidade sem proveito notável ou solução, o médium Xavier prossegue
perseverantemente captando em sua tarefa mediúnica a produção e o testemunho espiritual de autores
com maior produção e o testemunho espiritual de autores com maior produção e o testemunho
espiritual de autores com maior produção e o testemunho espiritual de autores com maior ou menor
renome no campo das letras, sem falar nos que se apresentam sob pseudônimo, cujo exemplo mais
notável é o do Espírito Humberto de Campos (Irmão X).
Desde a quadra popular, a trova, o soneto, até mesmo o alexandrino clássico, passando por
todos os gêneros poéticos, tal produção copiosa, diversificada e constante aponta para uma única
finalidade: evangelização com vistas à elevação espiritual da comunidade.
E quanto à autenticidade? Talvez possamos responder com outra indagação: haverá no mundo
alguém que aceite a legitimidade da produção mediúnica de um autor desencarnado, se esse alguém,
antes de mais nada, não acreditar na sobrevivência do espírito após a morte física? Como aceitar que
um espírito conserve todos os dons e características de que se revestia quando na vida corpórea se
tivermos posição firmada no conceito pelo qual a morte do corpo é o fim de tudo?
Daí por que se nos afigura que o importante não é a sustentação de um debate sobremaneira
improfícuo e claramente inútil.
O ateísmo empedernido não cede passo nem mesmo ante as mais palpáveis manifestações da
vida espiritual superior e exemplos de racionalização materialista não têm faltado ao longo do tempo,
na vã tentativa de tudo reduzir ao nível da ciência experimental e ou do sensório.
A certeza na imortalidade da alma e na manifestação dos Espíritos só a adquirimos ao longo dos
séculos de vivências em reencarnações sucessivas.
No presente caso, o essencial, portanto, é atermo-nos ao conteúdo das produções poéticas
recebidas através da mediunidade de Chico Xavier. Não raro surgem jóias do mais puro quilate, quais
as que transcrevemos a seguir:
Desencarnei é verdade
Mas prodígios não me peças
Já tenho a infelicidade
De ver o mundo às avessas.
Raul Pederneiras
Ouvi alguém que dizia
- Lá se vai o poeta morto
Sem perceber a alegria
Do sonho chegando ao porto.
Adelmar Tavares
Prazeres gerando trevas?
A vida é uma grande escola;
A cruz pesada que levas
É a força que te controla.
Antônio Martins
Veja assim o ensinamento:
Vida correta é dever,
Vale mais sofrer na vida
Que a gente fazer sofrer.
Cornélio Pires
Para a complementação deste capítulo, recebemos de Chico Xavier as produções mediúnicas de
Espíritos diversos a seguir reproduzidas.
ORAÇÃO DE SEMPRE
Meimei
Senhor Jesus!
Entre as forças que Te servem, reconheço a minha quase total desvalia. Entretanto, graças à
Tua bondade, na fé que me concedeste guardo um valor que me honra, embora as imperfeições que
ainda carrego.
Apesar da migalha de colaboração que Te possa oferecer, no crédito que me confias, auxilia-me
a ser útil em Teu serviço.
Nas horas de crise, induze-me a ser a esperança daqueles que estejam esmorecendo no dever a
cumprir; nas discórdias que encontre, coloca em meus lábios a palavra de tolerância e união; no
tumulto, conserva-me em Tua serenidade para que eu seja uma nota de paz; junto aos irmãos que
ainda não consigam trabalhar, faze que, de algum modo, possa eu substituí-los sem queixa; em minhas
necessidades atendidas não me consintas menosprezar os companheiros que ainda não disponham dos
recursos que me emprestas e nos dias de penúria e dificuldade, nos quais me levas a prender paciência
e coragem, não me permitas humilhar a ninguém.
Senhor, ensina-me a ser o pensamento que modela o bem, o sentimento que compreenda e
perdoe, o olhar que vê sem malícia, o ouvido que escuta a aspereza sem transmiti-la aos outros, a mão
que trabalha e protege; e a voz que esclarece e abençoa sem azedume ou condenação.
Servir é o único meio de renovar-me, segundo os Teus ensinamentos. Ajuda-me a agir e servir,
sem qualquer idéia de cansaço ou compensação; e, se não posso ombrear com as inteligências que se
transformam em chamas de Teu amor para engrandecerem a vida, deixa, Senhor, que eu seja, entre os
irmãos de experiência e de prova, um pequenino raio da Tua luz.
ANOTAÇÕES DO CAMINHO
Emmanuel
Não podes negar que o progresso do mundo te criou exigências de todo porte.
Vivendo numa época dedicada ao culto da velocidade, em que necessitas correr, mentalmente,
no encalço das horas, a fim de satisfazer aos próprios encargos, é indispensável adotes a serenidade
por suporte de todas as decisões.
* * *
Quanto mais complexidade nos assuntos, mais compreensão para clareá-los.
Quanto mais urgência, mais calma.
* * *
Imaginemos o corpo físico na posição do carro que diriges.
Os preceitos de paz que asseguram a consciência tranqüila assemelham-se aos sinais do
trânsito.
E as várias províncias do envoltório físico lembram peças de constituição específica a exigirem
cuidado para que não se desgastem sem razão.
Aproveitemos o lembrete para fixar o respeito que nos cabe às próprias condições e às condições
alheias, de modo a não nos perdermos em cogitações inúteis.
* * *
Em quaisquer circunstâncias, abstém-te de avançar no regime da precipitação desnecessária.
Não atravesses, à frente dos companheiros, em ocasiões nas quais semelhantes manobras são
desaconselháveis.
Não exijas que os outros viajem na Terra em veículos iguais ao teu, conformando-te com a
realidade de que nas estradas cada pessoa segue a seu modo.
* * *
Compadece-te dos irmãos do caminho que se mostrem inábeis, imprudentes, distraídos ou
disparados, ignorando os perigos da rebeldia e da indisciplina.
Em suma, escora-te na paciência e exerce a tolerância, amparando o próximo quanto puderes,
de vez que empregando a paciência e a tolerância, onde estiveres, auxiliarás aos próprios Mensageiros
da providência Divina para que eles também te possam auxiliar.
MEMORANDO
Casimiro Cunha
Reclamas alfinetadas
E choras por ninharia,
Mas não percebes o amparo
Que recebes dia a dia.
Enquanto vives no mundo,
Ante o corpo que te encerra,
Não sabes quanto socorro
Que te vem do Céu à Terra.
Sais de casa, muitas vezes,
Regressando, indiferente;
Entretanto, desfrutaste
O auxílio de muita gente.
Espíritos generosos
Em sustentando-te a paz,
Guardaram-te os aposentos,
Cerraram bicos de gás.
Outros muitos te garantem
Encontros, lucros, recados,
Trabalhando na memória
De parentes e agregados.
Na doença, ante os remédios,
Que te suprimem a dor,
Colhes o apoio invisível
Dos mensageiros de Amor.
Por muitas bênçãos que encontres
Nas pessoas benfazejas,
São muitas mãos de outros planos
Que te ajudam, sem que as vejas.
Nas provas inevitáveis,
Evita a lamentação,
O Céu te auxilia sempre
Sem contas de gratidão.
CHAVES LIBERTADORAS
André Luiz
Desgosto
Qualquer contratempo aborrece.
No entanto, sem desgosto, a conquista de experiência é impraticável.
Obstáculo
Todo empeço atrapalha.
Sem obstáculo, porém, nenhum de nós consegue efetuar a superação das próprias deficiência.
Decepção
Qualquer desilusão incomoda.
Todavia, sem decepção, não chegamos a discernir o certo do errado.
Enfermidade
Toda doença embaraça.
Sem a enfermidade, entretanto, é muito difícil consolidar a preservação consciente da própria
saúde.
Tentação
Qualquer desafio conturba.
Mas, sem tentação, nunca se mede a própria resistência.
Prejuízo
Todo golpe fere.
Sem prejuízo, porém, é quase impossível construir segurança nas relações uns com os outros.
Ingratidão
Qualquer insulto à confiança estraga a vida espiritual.
No entanto, sem o concurso da ingratidão que nos visite, não saberemos formular equações
verdadeiras nas contas de nosso tesouro afetivo.
Desencarnação
Toda morte traz dor.
Sem a desencarnação, porém, não atingiríamos a renovação precisa, largando processos menos
felizes de vivência ou livrando-nos da caducidade no terreno das formas.
Compreendamos, em face disso, que não podemos louvar as dificuldades que nos rodeiam, mas
é imperioso reconhecer que, sem elas, eternizaríamos paixões, enganos, desequilíbrios e desacertos,
motivo pelo qual será justo interpretá-las por chaves libertadoras, que funcionam em nosso espírito, a
fim de que nosso espírito se mude para o que deve ser, mudando em si e fora de si tudo aquilo que lhe
compete mudar.
PAZ E VIDA
Meimei
Todos estamos concordes, quanto ao imperativo de se colaborar na sustentação da paz.
A paz, no entanto, é uma construção quase sempre mais difícil que qualquer outra que se
levante sobre estruturas materiais.
O próprio Jesus quando prometeu aos companheiros: “a minha paz vos dou”, não fez
semelhante afirmativa senão depois do extremo sacrifício.
Se nos propomos a contribuir na preservação da harmonia, em nosso grupo doméstico ou social,
aprendamos a compreender os outros, a fim de auxiliá-los, sempre que preciso, a se ajustarem ao
esquema de equilíbrio, sobre o qual as leis da vida se executam.
Tantas vezes aspiramos a alcançar a paz, exigindo-a de pessoas que em muitas ocasiões, jazem
às portas do desespero, aguardando algum gesto de simpatia, capaz de aliviá-las na tensão que as
aflige.
Se queres serenidade nas criaturas queridas, procura envolvê-las em tua própria serenidade,
porquanto a paz é um sentimento que se transmite, de coração para coração.
Às vezes, é indispensável renunciar à alegria própria, a fim de que se veja a alegria brilhar na
face daqueles que nos compartilham a existência. Para isso, é necessário operar no câmbio da
compreensão, pelo qual entregamos a outrem aquilo que careçamos receber.
Nesse sentido, freqüentemente, aqueles que te pareçam ferir, em verdade, muito te amam,
entretanto, provisoriamente se inclinam para estradas e tarefas que se relacionam com eles e não
contigo.
Se podes entender essa realidade, estás em condições de produzir a paz.
E chegados a esse ponto de nossas experiências, penetraremos esta profunda lição da vida que
resumimos aqui em poucas palavras: “a paz que se dá é a paz que se tem”.
FAÇAMOS DE CONTA
Maria Dolores
Nas lides comuns, talvez
Não saibas, alma querida,
Quanto vale em plena vida
Qualquer migalha de amor;
Tão depressa corre o tempo,
Que nem sempre se avalia
Nas bênçãos de cada dia
A larga extensão da dor.
Reflitamos quanto a isso...
Provação é trilha em fogo.
Façamos nós este jogo
De pura imaginação:
Se sofrêssemos no mundo
Penúria e aflição no lar,
Saberíamos notar
O imenso valor de um pão.
Em lugar das mães aflitas,
De tristes pais sem trabalho,
Meditando no agasalho
Para os filhos quase nus;
Na condição da criança
Sozinha e desamparada,
Qual seria a nossa estrada
Sem pouso, sem paz, sem luz ? ! ...
Lembra o “façamos de conta...”
Em meio de tanta gente
Cansada, triste ou doente
Dos caminhos teus e meus,
Teríamos num lençol,
Numa fatia de bolo
Ou num gesto de consolo
Mensagens e dons de Deus.
Ensino em vida
Cornélio Pires
- “A morte, meus irmãos, é coisa à-toa”
- Pregava Nhô Picanço Albergaria –
“A morte é o despertar em novo dia,
Na luz de nova vida clara e boa”...
“Considero infeliz toda pessoa
Que não sabe morrer como devia,
Medo da morte é pura covardia...
A morte é a vida que nos abençoa...”
Mas nisso, um marimbondo entrou de manso,
E ao ferroar o peito de Picanço,
Fez-se na sala um bafafá tremendo...
Caindo, ele gritou de voz opressa:
- “Estou de enfarte! ... Um médico depressa!...
Socorro, meus irmãos, que estou morrendo!”...
Em nós
Emmanuel
Se já acordaste para as realidades do Espírito, medita nas oportunidades de elevação que te
felicitam na Terra, a fim de aproveitá-las.
* * *
Pensa, primeiro, na estreiteza do tempo que desfrutas e observa, em teu próprio campo de
ação, as tuas imensas possibilidades de servir.
* * *
Se deténs o supérfluo, recorda que a vida te chama, buscando ensinar-te a difícil ciência de
administrar e distribuir com justiça e discernimento.
* * *
Se atravessas as provações da carência, é que as circunstância te compelem a trabalho árduo,
de modo a superá-las, educando a própria vontade para que consigas operar futuramente na edificação
do porvir de felicidade e abastança que te propões a atingir.
* * *
Se te encontras num corpo doente, é preciso lembrar que os princípios da vida te permitem
treinar paciência e disciplina, coragem e esperança, em teu proveito próprio.
* * *
Se te vês em meio de familiares e companheiros difíceis, eis te no cotidiano com as pessoas
certas, com as quais necessitas adquirir tolerância e compreensão.
* * *
Diante dessa ou daquela ofensa, reconhecer-te-ás na época adequada de exercitar perdão e
entendimento.
* * *
Presença no Plano Físico significa internação em escola edificante.
* * *
Reflete na lei da mudança que altera incessantemente situações e pessoas, quadros e processos
dos quais te vales para a execução das tarefas que te vinculam provisoriamente ao mundo, e então
perceberás que o centro de todas as soluções dos nossos problemas está irreversivelmente em nós
mesmos.
VIDA LIVRE
Maria Dolores
Ele casava a filha numa festa
E o sitiante, em meio aos convidados.,
Explica sobre o filho que lhe resta:
- Meu rapaz, um gigante de destreza,
É criado, conforme a natureza.
Vai por todos os lados,
Estuda como quer e quando quer.
Homem é diferente de mulher,
Não se deve mostrar com ares de menina,
Nada de contenção ou disciplina.
Endimião, meu filho, é um atleta perfeito.
Não só isso. É uma grande inteligência,
Sem qualquer pensamento acovardado e estreito.
É livre para toda experiência
Em que deseje realizar-se,
Sem máscara, sem freio, sem disfarce...
Aparecendo a pausa, um amigo aparteia:
- Mas, coronel, e a lei da educação?
- A educação – replica o interpelado –
Nunca foi o tabu que se receia,
É caminho do impulso liberado
Para elevar a civilização.
Era assim o sitiante: um homem singular.
A palestra, porém, fora rompida.
A filha e o genro estavam a chegar,
Morariam não longe do lugar
E apresentavam-se contentes
Para o abraço de terna despedida.
Endimião, em plena juventude,
Era dono da força e da saúde.
Dois anos findos sobre o relatado
No longo entardecer de um dia quente,
Eis o rapaz surgindo, de repente,
No sítio do cunhado.
A irmã tanto se alegra quão se espanta,
Estava a sós com velha governanta;
O marido ausentara-se em serviço...
Um dia apenas, breve compromisso.
O rapaz se declara de passagem,
Diz-se ansioso por seguir viagem...
Mas a irmã, em diálogo escondido,
Roga-lhe: - Fica, irmão, estou desorientada,
Tenho medo da noite... Meu marido
Deixou comigo, em caixa resguardada,
Duzentos e cinqüenta mil cruzeiros...
A nossa governanta é pessoa cansada,
Nossos poucos peões e alguns vaqueiros
Não residem tão perto...
Este sítio é um lugar quase deserto,
Somente em nossos cães consigo companheiros...
A noite se avizinha,
Temo ficar sozinha, Tenho medo, confesso...
O irmão sorriu e esclareceu: - Não posso,
Agora me despeço,
Tenho grande jornada
Para vencer até o fim do dia...
E acrescentou, num gesto de alegria:
- Irmã, não tenhas medo,
Ninguém sabe o que guardas em segredo.
Deixando a moça amedrontada,
Saiu no próprio carro em disparada.
Mas, depois de uma hora,
Eis que ali chega, inopinadamente,
O conhecido pai da estimada senhora.
Soubera o genro ausente, por um dia,
E viera fazer-lhe companhia.
Júlio, reencontro e lembranças do lar,
O diálogo segue ativo e manso
Até que se despedem, a buscar,
No silêncio noturno, a bênção do descanso.
Alta noite, em seu quarto, a senhora desperta,
Tem pela frente um homem mascarado,
Que lhe aponta um revólver, lado a lado,
E lhe diz numa voz estranha e sibilante:
- É um assalto,
Quero todo o dinheiro,
Toda a quantia por inteiro...
Ouvi o seu marido a conversar na praça
E exijo a soma toda...
Atônita, a senhora, a tremer e a tremer,
Ergue-se à luz do luar que vem pela vidraça
E põe-se a obedecer...
Segue na direção da caixa que lacrara,
No entanto, o genitor já despertara...
Pé ante pé, caminha armado,
Faz luz que jorra, em cheio, no salão,
E atira sobre o homem mascarado
Que se estira no chão.
Acorrem servidores prestimosos
E o defensor da filha solicita,
Ante a senhora, agoniada e aflita:
- Que alguém me desmascare este sujeito,
Não se importem com o sangue a borbulhar no peito,
Quero ver esta cara de ladrão...
Sob as mãos calejadas na lavoura,
Primeiro, surge a cabeleira loura,
Depois, em dolorosa exclamação,
Todos gritam um nome: “Endimião!...”
O pai que dera o filho à liberdade
Sem ressalva, sem base, sem suporte,
Cai sobre o filho, agora entregue à morte,
Sobre quem arrojara o rápido gatilho
E clama a estremecer em convulsivo pranto:
- Oh! Deus, por que matei o filho que amo tanto? ! ...
Socorre-me, Senhor! ... Ah! - ... meu filho, meu filho! ...
ZECA LEGAL
Cornélio Pires
Morre Zeca Leal numa palhoça,
Morre a sós quem servira a vida inteira...
Faz calor... Cantam aves na mangueira ...
Depois, é a noite, a sombra que se engrossa...
Morre Leal lembrando o milho, a eira,
O cafezal imenso, além da roça...
Nisso, aparece um moço à choça...
- “Quem é?” – murmura o pobre em voz rasteira.
- “Já não agüento mais minhas feridas!...”
O moço toca as chagas doloridas
E diz: “Eu sou Jesus! Vim socorrê-las!...”
Leal entrega o corpo à terra fria
E segue o Cristo em pranto de alegria,
Numa estrela mais clara que as estrelas!...
Do livro “Janelas para a vida”. De Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm.
VII - JANELA PARA A VIDA
O dia amanhecera úmido e chuvoso. Por volta das 15 h uma caravana de pessoas, em carros e
ônibus, se formara à frente do “Grupo Espírita da Prece”, aguardando o início da peregrinação
evangélica de sábados à tarde ao “bairro dos Pássaros”.
Pouco antes da chegada do médium Xavier a chuva se adensara formando poças d’água ao
longo da estrada de chão batido.
À chegada, uma pequena multidão se agrupou ao abrigo de algumas árvores existentes numa
clareira próxima à estrada.
Abriram-se diversos guarda-chuvas e o médium Xavier deu início à leitura de um trecho do Cap.
XIII do Evangelho Segundo o Espiritismo: “Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão
direita”. Quatro ou cinco pessoas do grupo foram convidadas por Chico a comentarem o trecho em 3 ou
4 min cada uma, findos os quais deu-se início à distribuição de gêneros a centenas de criaturas de
todas as idades, ali postadas em filas.
Chico Xavier estava quase afônico. Emagrecido e caminhando com dificuldade, sua palidez
indicava que, no campo da saúde, não obtivera melhoras consideráveis, de forma que todos nós, os
presentes, nos preocupávamos ao vê-lo exposto à intempérie, os sapatos embarrados, a roupa
molhada.
Já próximo dos setenta anos de existência física num organismo desgastado e mantido com vida
(diria eu que semi-artificial) pela Misericórdia Divina tendo em vista a inadiabilidade da difusão da
Doutrina Consoladora entre os homens, a marcante lição daquela tarde inesquecível que ele apresentou
para todos quantos participaram da caravana evangélica foi preponderantemente esta: para fazer o
bem toda hora é hora, todo tempo é tempo, todo obstáculo deverá ser removido, a doença
momentaneamente cede passo à saúde espiritual, a inquietude caminha rumo à paz, a dúvida rumo à
certeza, a treva rumo à luz.
Quantas e quantas vezes nos queixamos por ninharias... Quantas vezes abandonamos pequenas
tarefas do bem que poderiam valorizar nosso dia-a-dia, tarefas que se transformariam em moedas de
luz que desonerariam nosso Espírito sempre tão endividado perante a Contabilidade Divina.”Vinde a
mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é
suave o meu jugo e leve o meu fardo.” (S. Mateus, Cap. XI, v.28 a 30).
MEDIUNIDADE COM JESUS
P – Você diria que a mediunidade é uma janela voltada para o Céu?
R – “Se me fosse possível definir a mediunidade, de minha parte eu diria que ela se parece com
uma janela voltada para a vida”.
A resposta não nos surpreendera totalmente. Outra não poderia ser a linguagem, o
posicionamento da Espiritualidade Superior encarregada de difundir a Doutrina Consoladora sobre a
Terra, frente à mediunidade cristã.
Na comunicabilidade com os chamados mortos deparamo-nos com a profunda consolação de
constatarmos com certeza a continuidade da vida extrafísicamente transformada, a certeza da
eternidade para o espírito submetido às necessidades da matéria densa.
E o que é a mediunidade com Jesus senão a própria essência da consolação para milhares de
criaturas ávidas de bálsamo e conhecimento? Não morremos, eis a Verdade. No Mais Além
conservamos todos os atributos de caráter, de coração, todos os afetos e afinidades espirituais perante
aqueles que amamos nas romagens terrestres ao longo dos milênios.
Vamos ilustrar a afirmativa com exemplos. Na sessão mediúnica de 17/11/1978, no “Grupo
Espírita da Prece”, o médium Xavier, como vem fazendo há mais de meio século, psicografou a seguinte
e significativa mensagem consoladora endereçada ao Gen. Ilcon da Cunha Cavalcanti, presente à
reunião, por sua esposa Marina Lúcia Pedroza, falecida em 1976.
“Ilcon, meu filho, Deus nos abençoe.
Creio não precisar dizer que prosseguimos juntos. Não é fácil estampar o coração de
companheira no papel em que o próprio coração me induz a escrever com lágrimas de alegria. Há muito
tempo venho conservando o propósito de trazer ao seu carinho a resposta do meu amor que ambos
cultivamos no mundo com a presença de Deus. Peço a você que não chore tanto em nossas
conversações do silêncio.
Quanto posso, volto à nossa moradia para ouvir seus sentimentos que são igualmente os meus.
Escuto quando me diz a sua ternura fitando nossas relíquias, como se eu não estivesse presente, e
volto a experimentar o anseio de aliviar a sua cabeça fatigada de pensar. Querido meu, a morte é uma
cortina de sombra que simplesmente oculta uma luz maior do que esta, a que nossos olhos se habituam
na Terra.
Quanto puder, conserve a nossa alegria no coração. Há tanto a fazer pelos outros que é
necessário esquecer-nos para que a saudade não se faça um agente negativo em nossas vidas
entrelaçadas. Filho meu, você sabe que a sua esposa se reconhece, agora muito mais que antigamente,
por sua tutora ou mãezinha espiritual. Quando a tristeza surgir, lembre-me ao seu lado. E creia que
estarei na mesma posição dos dias que se foram para voltar a nós dois em espírito. Dê-me a sua
cabeça para o repouso. Saberei contar a você, de novo, as minhas histórias da infância, as brincadeiras
da Diana, a severidade da mamãe Dalila, as descrições das dificuldades que o tempo desfez e acabarei
cantando para você dormir nossas cantigas de ninar:
“Boi da cara preta
Pega esse menino
Que tem medo de careta.”
“Sapo gururu
Da beira do rio
Vem buscar este menino
Que não quer dormir”.
Vê que a sua Marina, de modo algum, perderia a memória. Os vinte e um anos de felicidade não
desapareceram. Sinta-me em sua companhia sempre. Deus não nos criou para separar-nos um do
outro. Pensa que aquela dor súbita no peito, à despedida, teria sido o fim? Não é isto. Aquilo foi um
começo brilhante de um amor diferente e maior que desafia o tempo para crescer cada vez mais.
Quanto estiver ao seu alcance continue ajudando-me através do auxílio aos outros. Ambos
sabíamos que as crianças menos felizes eram todas elas nossos filhos, compreendíamos que os nossos
irmãos se estendiam por toda parte, especialmente onde o sofrimento estivesse marcando as situações.
Amor, meu, não creia em velhice e doença. As formas terrestres são unicamente roupas que usamos e
que se desgastam com as horas. O sentimento é a vida e a vida é a nossa própria alma imortal. Desejo
que a alegria nos retome por dentro para que você consiga sorrir de novo, abençoando as experiências
felizes em que Jesus nos permitiu viver.
Quero contar a seu carinho que me encontro acompanhada por meu pai Adalgizo que me trouxe
aqui para que eu escreva esta carta. A princípio fui muito auxiliada no afastamento de minhas dores
remanescentes do corpo físico por um médico que me declarou ser seu amigo e companheiro também
nas Forças Armadas. O nome dele é Dr. Ismael da Rocha e creio que deixou a estalagem do mundo
com a respeitabilidade de um general. Foi um médico e benfeitor a quem passei a dever muito e a
quem peço auxílio em seu favor; também o nosso amigo, o Pe. Severino, antigo sacerdote de Nova
Cruz, me prestou muito amparo. Transmito-lhe essas notícias com aquele mesmo contentamento com
que lhe confiava minhas pequenas impressões do cotidiano enquanto perdurou o nosso inesquecível
convívio na existência física. Perdoe—me se me dirijo ao seu querido coração com aquela afeição de
criança-mulher que Deus me concedeu para lhe dar. A verdade, meu filho, é que não conseguiria
escrever a você de outro modo. Rogo colocar a sua coragem e a sua esperança em circulação no
desdobrar de nossos caminhos. Tudo vai seguindo bem, porquanto a nossa fé em Deus possui a beleza
cristalina das primeiras horas de nosso encontro. Não se julgue cansado ou no término da estrada que
o Senhor nos permitiu percorrer.
Caminhamos procurando servir e as estações de pausa ou renovação pertencem a Deus. Desejo
que o seu devotamento me sinta na efusão com que endereço estas palavras ao seu amor que continua
sendo a vida de minha vida. A mãezinha Dalila igualmente veio conosco e agradece-lhe por todas as
demonstrações de abnegação em nosso benefício. Querido Lelego, aqui fica toda a minha saudade na
forma de uma flor que entrego a você orvalhada de beijos, dos beijos de orvalhada ternura com que
aprendi a reverenciar a sua presença. Perdoe se não posso escrever mais.
A emoção é uma força que nos faz inaptos para o equilíbrio necessário quando se quer dizer
tudo e quando as contingências nos obrigam a dosar as frases na pauta das considerações humanas.
Filho de meu coração e esposo inesquecível, receba todo o carinho com a alma de sua companheira,
sempre mais sua companheira e mãe pelo coração”. Marina Lúcia Pedroza.
(Na carta que nos endereçou em 29/3/1979, autorizando-nos a incluir esta mensagem na
presente obra, o Sr. Ilcon Cavalcanti acrescenta o seguinte: “É uma imensa felicidade para mim ter
conhecido o médium Chico Xavier, através do qual recebi a carta-mensagem da minha insubstituível
Lúcia. Atendendo com prazer vossa solicitação, dou a seguir as referências das pessoas citadas na
mensagem:
MARINA LÚCIA PEDROZA – Esposa (Espírito comunicante).DALILA – Mãe de Lúcia.
ADALGIZO – Pai de Lúcia.
DIANA – Irmã de Lúcia, residente no Rio de janeiro.
Pe. SEVERINO – Pároco no Rio Grande do Norte, sepultado em Cruz das Almas.
DR. ISMAEL ROCHA – Médico-general, companheiro de farda em Uruguaiana.)
Destacamos também a mensagem recebida pelo Sr. Aurélio Olegário de Campos, da cidade de
Cárceres, Mato Grosso do Norte, enviada por seu filho José Wilson de Campos, desencarnado em 17 de
janeiro de 1976, aos 39 anos. A reconfortante mensagem foi psicografada por Chico Xavier na sessão
mediúnica de 13 de janeiro de 1979, no “Grupo Espírita da Prece”, estando presente o Sr. Aurélio, com
o seguinte teor:
“Querido pai, rogo a sua bênção e peço a Deus que nos proteja.
São passados três anos sobre aquele sábado de provação.
Os dias e as noites somaram experiência e, por dentro de nossos corações, o amor é sempre o
mesmo.
Creia o senhor que penso neste momento de escrever-lhe, desde muito tempo.
Realizei exercícios.
Procurei reeducar minhas próprias emoções, no entanto o que sinto é indescritível.
Meus pensamentos se conjugam num tecido de alegria e sofrimento, como se minhas
lembranças mais vivas nesta hora formassem uma noite no íntimo de meu ser, toda ela riscada pelas
luzes da esperança.
E não falta o orvalho benéfico na paisagem de minhas cogitações interiores, pois que as lágrimas
de gratidão a Deus como que me encharcam as idéias de renovação e entendimento.
Estou quase feliz, querido pai, e esse quase é aquele intervalo entre as duas vidas – a existência
na terra e a existência na Espiritualidade – que não nos permite um intercâmbio mais intenso, como
seria de desejar.
Imagine que estamos regularmente juntos em Cáceres e precisou sua paternal dedicação de
varar quase mil e quinhentos quilômetros para que ambos nos comunicássemos, através desta carta.
Ainda assim, venho aprendendo, como sempre, com a sua cartilha de exemplos e com o carinho
da Mamãe, cujas preces me auxiliam a basear a vida nova.
Não preciso falar-lhes de perdão, porque esse assunto já foi suficientemente iluminado por suas
atitudes, nas primeiras horas de meu desligamento do corpo.
Estou encontrando com alguma dificuldade as palavras que me componham a imagem real para
a situação que, graças a Deus, já superamos.
Em nossas atividades de cartório, entretanto, ser-me-á fácil descobrir o que desejo expressar.
Lembro-me dos processos de despejo, por vezes estudados por mim próprio e prefiro dizer que
fui violentamente despejado da casa física sem qualquer razão aparente para isso.
Uma conversação que julguei simples para um ajuste amistoso e dois projéteis me alcançaram
com a violência de um raio.
Era de tarde.
Pensava em alguma distração no domingo, embora refletindo na saúde de nossa querida Saé; a
nossa querida Fussaé, e, intimamente, antes do encontro pensava na melhor maneira de avistar-me
com os nossos amigos Luiz Fernando e Eduardo Benevides, quando me dirigi para o escritório onde a
surpresa me aguardava...
O rosto não preciso recontar.
Lembro-me, porém, de que ao cair, desarmado qual me achava, entrei de repente num sono
difícil de explicar.
O sono parecia vir de uma força desconhecida, como se alguém me aplicasse pesada carga de
sedativos.
Sonhei – este é o termo pelo qual posso designar o que se passou comigo – sonhei que seguia
para nossa casa e que não me achava distante da residência do Dr. Jaques Souto e pensei de mim para
comigo em pedir-lhe tutela para a minha causa, pois, apesar da atmosfera anuviada de sonho em que
me via, estava consciente de que fora agredido...
Meus pensamentos vagueavam descontrolados, quando acordei de improviso...
Achava-me ao seu lado, na casa de tratamento para onde me haviam conduzido o corpo e
ESCUTEI os seus pensamentos em prece, rogando a Deus me fortalecesse e perdoasse aquele
companheiro que se fizera instrumento de nossas atribulações.
Compreendi com a força de sua fé que fora retirado da presença da vida física, de vez que,
embora, algo entontecido, reconheci que ninguém no recinto dava conta de minha presença.
Recordei, de imediato, as suas conversações e os seus ensinamentos.
A lembrança de Mamãe e da Esposa passou a me doer no coração.
Só então registrei o sofrimento do corpo que ainda se ligava comigo por fios de vida que não sei
classificar.
Aquele anseio de retomar-me na forma inerte me compelia a experimentar um largo complexo
de inquietações...
Detive-me, no entanto, na prece e copiando os seus gestos de pai, também eu roguei a Jesus
me fortificasse e desculpasse o amigo que se deixara levar pela impulsividade negativa, quando entre
nós só existiam amizade e confiança em comum.
Foi então que realmente dormi. Dormi pesadamente, por tempo que não sei enumerar e
despertei atordoado ainda no regaço de alguém que me lembrava a Mamãe em meus tempos de
menino. Eram aquelas mãos, a me acariciarem como se voltasse a ser novamente criança...
Chorei num misto de reconforto e de aflição, mas aquela voz boa e mansa me aconselhou a
lembrar que Jesus igualmente fora sacrificado fora do ambiente doméstico – se Ele realmente possuíra
algum.
Pedia-me rezar, acalmar-me.
Só aí num transporte de alegria repleta de pranto, reconheci que a santa enfermeira que me
amparava era a minha avó Benedita Freire.
Em breves momentos o tio Olegário se me fez visível e, desde aí, começou a minha recuperação.
Papai, obrigado ao senhor e à Mãezinha, tanto quanto à querida Esposa, à Marília e ao Antônio
Carlos por não resolverem o caso em processos de condenação que somente serviriam para me afligir.
Quem de nós, meu pai, estará livre de ferir o próximo? Quem somos nós para condenar alguém
que nasceu como nós, das mãos de Deus?
A oração tem sido o nosso ponto de encontro e na oração pediremos sempre a Deus que
conduza o nosso irmão e nosso amigo para a bênção da paz.
Estou certo de que resgatei dívidas de existências passadas que ainda não estou em condições
de rever. Sinto-me renovado em suas aspirações de bondade e compreensão.
Nossa querida Wilsineli é para nós o futuro...
Trabalharemos.
Agradeço à Mãezinha todas as orações com que me aliviou e me auxilia sempre.
Nossa querida Fussaé ficou em meu lugar e temos todos tantos ideais para diante, que não há
tempo a desperdiçar com relatórios e lembranças incompatíveis agora com o nosso modo de ser.
A saudade é irreversível.
Aí e aqui mesmo, essa é uma enfermidade que só a Divina Providência consegue amenizar. Mas
as nossas saudades inspiram serviço em Jesus.
Tenho estado consigo em seus novos planos para a edificação de um lar para os nossos irmãos
perturbados e infelizes.
Estou contente, buscando identificar-me com o empreendimento.
Jesus nos proverá de energias capazes de materializar o projeto que nos ligará por laços de luz à
terra bendita de Cáceres.
Meu pai, agradeço-lhe por tudo.
Nossa integração mútua no trabalho está prosseguindo...
Confiemos em deus.
Agradeço ao vosso valoroso Túlio que se mostrou firme para a viagem.
A todos os nossos, as minhas lembranças de irmão e amigo.
O tio Olegário está comigo e abraça-o declarando que nos será sempre o companheiro de cada
dia.
Papai, diga, por favor, à Mamãe, que a nossa fé por aqui está unificada.
Somos de Cristo e Cristo nos guiará a todos para Deus.
Se eu pudesse continuaria escrevendo pela noite a dentro, mas estamos condicionados aos
recursos de tempo dos amigos que nos acolhem.
Para a Mãezinha e para a Esposa, anjos de guarda de meu caminho, os meus mais íntimos
pensamentos de amor e gratidão, com um beijo à filhinha.
Aos amigos, o fraterno abraço de sempre.
Aos irmãos com a familinha, todo o meu afeto.
E para o senhor, querido pai, a luz do nosso lema que se foi sempre UNIR PARA CONSTRUIR
agora será também construir para unir, porque edificando o bem conforme o que aprendi de sua
própria vida é que encontraremos todos o caminho de luz para a união com deus.
Receba, querido papai, as muitas saudades e as muitas esperanças no abraço de coração para
coração do seu filho e companheiro de sempre.
Sempre seu filho reconhecido de todos os momentos.
José Wilson de Campos.
Referências:
JOSÉ WILSON DE CAMPOS: nascido aos 8 de setembro de 1936, desencarnou aos 17 de janeiro
de 1976, filho de Aurélio Olegário de Campos e Maria Freire de Campos.
FUSSAÉ: esposa do comunicante, chamada na intimidade por Sae.
LUIZ FERNANDO: Amigo do comunicante.
EDUARDO BENEVIDES: Amigo do comunicante.
Dr. JAQUES SOUTO: Advogado, amigo do comunicante.
BENEDITA FREIRE: Avó materna, desencarnada aos 8 de julho de 1950.
OLEGÁRIO: Tio do comunicante, desencarnado aos 28 de outubro de 1929.
MARÍLIA: Irmã do comunicante.
ANTONIO CARLOS: Cunhado do comunicante.
WILSINELI: Filha do comunicante.
TÚLIO: Sobrinho do comunicante.
(Em 29/3/1979 o Sr. Aurélio Olegário de Campos nos endereçava correspondência, autorizandonos
a incluir na presente obra a confortadora mensagem de seu filho, acrescentando: “A perda de meu
filho José Wilson me fez entender que o sofrimento é o caminho que nos conduz a Deus e a mensagem
que recebemos tem sido um bálsamo contínuo para os nossos corações”.)
VIBRAÇÕES
Tínhamos a intenção de indagar ao médium Xavier quais os reais motivos do policiamento que
nos últimos tempos vínhamos observando na organização das tarefas de sextas-feiras e sábados.
Inobstante, nunca chegamos a formular tal pergunta. Em carta de 26/1/1979 escreve-nos o
seguinte: “prosseguimos no esquema de organização mantido sob a proteção da Polícia Militar. Muita
gente estranha isso, mas que fazer? Depois de mais de cinqüenta anos de contato com o público, os
médicos amigos expressaram o desejo de ver-me fora das reuniões públicas, atendendo-se ao meu
problema coronariano sempre suscetível de agravar-se com qualquer aumento de carga emotiva, com o
que não pude concordar. Nossos cardiologistas aconselharam, então, que as nossas atividades públicas
se processem sob o amparo policial, porquanto, desde muito, não disponho de voz para conversação
alta. Acontece que o nosso grupo recebe a média de 60 a 80 por cento de amigos sem nenhum
conhecimento espírita e, em meio a estes, encontram-se irmãos drogados ou obsedados,
carinhosamente trazidos ao nosso modesto recanto de orações, com os quais não tenho, por enquanto,
as forças precisas para dialogar com segurança, quando se mostram agressivos ou desditosos.
Em vista disso, a cobertura policial, para mim especialmente é uma bênção, que não posso
estranhar e sim agradecer”.
Faláramos a Chico Xavier acerca das prováveis influências de sua enfermidade no desempenho
mediúnico de 1976 para diante.
Chico respondeu que apenas se vê com percepções alongadas, isto é, com uma sensibilidade
mais aguda para registrar as vibrações que por sobre ele se projetam.
- E com relação à saúde nestes últimos tempos?
- “Posso sintetizar meu problema com esta definição: estou muito bem porque, se tenho
algumas dores, estou desfrutando do privilégio do trabalho regular. Recebi grande aumento de
disciplinas e Deus me concedeu a felicidade de muito auxílio”.
Mais adiante, dizia-nos (22/2/1979): “Gostei da tua observação sobre o fato de viver e
sobreviver com os problemas orgânicos que atualmente carrego. É verdade, querido amigo. Mas podes
crer que isto é obrigação minha. Já sei que, em me desencarnando, não me cabe qualquer pretensão
de subir à convivência dos nossos Patrocinadores do Mais Alto e, mais embaixo, antigas afeições que
talvez ainda persistam em desequilíbrio, não mais me aceitarão para desfrutar-lhes a companhia. A
reencarnação será o meu caminho imediato. Desse modo, considero importante fazer o possível por
aproveitar o meu veículo atual, enquanto ele me possa servir no trabalho de sempre, a fim de retirar de
meu atual emprego na vida física o máximo rendimento de concurso com os Amigos Espirituais que, ao
término da tarefa, se compadecerão de mim, auxiliando-me na recolocação necessária em algum
recanto terrestre”.
A mediunidade, portanto, é misericordiosa janela voltada para a vida. Uma luz balsamizante
penetrando e desfazendo as sombras que anuviam o espírito humano, possibilitando nossa edificação
interior através das dores do crescimento.
Se nos fosse possível observarmos de uma posição inversa à direção dessa luz inextinguível,
veríamos extasiados a maravilhosa Misericórdia Divina vertendo ininterruptamente em prol dos
necessitados, dos aflitos, dos desesperançados. Veríamos a humanidade inteira a caminho da luz.
Vislumbraríamos a Luz Divina do Supremo Autor de todas as coisas, que é Deus.
Do livro “Janelas para a vida”. De Francisco Cândido Xavier e Fernando Worm.