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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista com Irene Carvalho e Princesa Isabel

Essa entrevista foi  apresentada no Grupo de Estudos Espírita do ICEF. (Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis) Através da participante, Suzana da Cunha Silveira Camargo.

Entrevista: Irene Carvalho

“A promulgação da Lei Áurea foi da mais alta importância, por

tratar-se de um planejamento feito pelo plano espiritual”

O IMORTAL – Sabe-se que Princesa Isabel comunica-se como uma preta-velha, a Mãe Isabel, já tão amada pelos frequentadores da Comunhão Espírita de Brasília. Esse fato significa que ela tenha vivido entre escravos?

Irene – Sim! E o seu trabalho libertador de escravos foi a mais alta missão que enfrentou durante a Coroa. Afirma-nos, a própria Mãe Isabel, que foi muito difícil tomar essa decisão, já que eram inúmeras as correntes contrárias.

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A promulgação da Lei Áurea foi planejada

antes pelo plano espiritual

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O IMORTAL – Podemos saber qual a avaliação que a ex-Princesa faz a respeito da Lei Áurea, que completa cem anos de existência em 13 de maio próximo?

Irene – Revela-nos ela ter sido de suma importância para o processo de humanização do País e que somente no mundo espiritual pôde avaliar a real grandeza do evento. Ela tem a certeza de ter contado com a ajuda espiritual. Afirma que em sonho era levada às regiões dos Planos mais Altos, onde recebia instruções de como proceder. As palavras que me transmite neste instante são confirmadas por Bezerra de Menezes.

O IMORTAL – Mais de trinta anos antes da Lei Áurea, o Livro dos Espíritos assinalava que a escravidão é um abuso da força, contrária à natureza e à lei de Deus, implicando para os escravagistas sérios compromissos perante o Criador. Essa posição dos Espíritos que assistiam Kardec na codificação da doutrina espírita demonstra sua preocupação com o problema?

Irene – Depois de João Evangelista, escrevendo o Apocalipse, ninguém melhor do que Allan Kardec para receber e transmitir com tanta segurança uma mensagem desse teor. Isso comprova as palavras de Mãe Isabel sobre a preocupação dos Espíritos acerca do assunto.

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“Ao assinar a Lei Áurea, minha mão foi

conduzida por outra mão mais forte”

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O IMORTAL – Neste 13 de maio de 1988, cem anos após a promulgação da Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil, se fosse possível à Princesa Isabel dizer-nos alguma coisa, quais seriam suas palavras?

Irene – A mensagem seria dirigida à Nação brasileira. Lembro-me de que Francisco Cândido Xavier disse que, numa ocasião como esta, nós médiuns, para captar a adequada resposta espiritual, temos de esperar que o “telefone toque”. Foi o que fiz. Sem demora apresentou-se à minha mente o telão onde costumo ver mensagens e textos teatrais a mim transmitidos. Acompanhada da abnegada figura de Bezerra de Menezes, Mãe Isabel pediu-nos toda a atenção para que não perdesse nenhuma das palavras que seriam projetadas. Ressaltamos que Mãe Isabel prefere apresentar-se como uma “preta-velha” e não com a envergadura da Princesa Isabel. De uma ou de outra forma, ela é linda e nós a amamos profundamente. Ela nunca erra em suas palavras e está sempre pronta para atender aos que sofrem.

Eis sua mensagem:

“Diletos irmãos,

Abençoe-nos Jesus em Sua Luz.

O momento é de profunda reflexão. Neste instante, ainda ouço o clamor do negro escravo, que mesmo depois de liberto chorava suas dores, sem ter para onde ir. Reporto-me a esses dias com muita emoção.

Ao assinar a Lei Áurea, a minha mão foi conduzida por outra mão mais forte. Uma enorme força brotou dentro de mim e mesmo que eu quisesse não poderia retroceder. Foi um momento de enorme emoção e eu chorei.

O Brasil é sem dúvida um país de grandes dimensões e haverá lugares para todos, se houver, realmente, uma compreensão maior por parte daqueles que o governam. Dirijo-me a eles, em especial, afirmando que a palavra empenhada recebe na Espiritualidade o selo dos grandes compromissos, severamente inadiáveis. Que ninguém se iluda, pois a cobrança dos débitos será sempre feita.

Que a semeadura do Evangelho chegue também aos corações dos políticos e atinja as crianças que percorrem as ruas dos grandes centros em busca do pão e da verdade, escravas da fome e do vício. Para elas a única verdade é fugir do abandono. Alimentá-las não é o suficiente, mas sim possibilitar-lhes um mundo melhor. Uma vida equilibrada para os escravos dos novos tempos só será possível numa sociedade voltada para o bem e a fraternidade.

Quem não recebe amor não o pode dar a outrem. Os que fecham os olhos a essa dura realidade, de adultos e crianças subjugados a condições subumanas, e especialmente os que se comprazem na existência de tal condição, por fazer dela sua base de lucro e promoção pessoal, estes, sem dúvida, podem ser considerados os novos feitores, como os de outrora...

Mãos à obra, brasileiros. Que o anjo Ismael continue a proteger essa terra gigantesca, que dia a dia se destaca das demais, convergindo tantas atenções e atraindo múltiplas famílias estrangeiras que jamais a deixam.

Que o 13 de maio seja lembrado como uma data simbólica, que nos desperte para as mais nobres realizações de libertação do ser humano e não como um grito de angústia.

Dia há de chegar em que todos na Terra se abraçarão como irmãos.

Muita alegria!

Mãe Isabel.”

A entrevista em sua íntegra está no site: www.oconsolador.com.br