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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mecanismos da Mediunidade-Francisco Cândido Xavier

 

Índice do Blog 

 

MECANISMOS DA MEDIUNIDADE

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA

DITADO PELO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ

(12)


Série André Luiz

1 - Nosso Lar

2 - Os Mensageiros

3 - Missionários da Luz

4 - Obreiros da Vida Eterna

5 - No Mundo Maior

6 - Agenda Cristã

7 - Libertação

8 - Entre a Terra e o Céu

9 - Nos Domínios da Mediunidade

10 - Ação e Reação

11 - Evolução em Dois Mundos

12 - Mecanismos da Mediunidade

13 - Conduta Espírita

14 - Sexo e Destino

15 - Desobsessão

16 - E a Vida Continua...


ÍNDICE

Registros de Allan Kardec

Mediunidade

Ante a Mediunidade

CAPÍTULO 1 = Ondas e percepções

CAPÍTULO 2 = Conquistas da Microfísica

CAPÍTULO 3 = Fótons e fluido cósmico

CAPÍTULO 4 = Matéria mental

CAPÍTULO 5 = Corrente elétrica e corrente mental

CAPÍTULO 6 = Circuito elétrico e circuito mediúnico

CAPÍTULO 7 = Analogias de circuitos

CAPÍTULO 8 = Mediunidade e eletromagnetismo

CAPÍTULO 9 = Cérebro e energia

CAPÍTULO 10 = Fluxo mental

CAPÍTULO 11 = Onda mental

CAPÍTULO 12 = Reflexo condicionado

CAPÍTULO 13 = Fenômeno hipnótico indiscriminado

CAPÍTULO 14 = Reflexo condicionado específico

CAPÍTULO 15 = Cargas elétricas e cargas mentais

CAPÍTULO 16 = Fenômeno magnético da vida humana

CAPÍTULO 17 = Efeitos físicos

CAPÍTULO 18 = Efeitos intelectuais

CAPÍTULO 19 = Ideoplastia

CAPÍTULO 20 = Psicometria

CAPÍTULO 21 = Desdobramento

CAPÍTULO 22 = Mediunidade curativa

CAPÍTULO 23 = Animismo

CAPÍTULO 24 = Obsessão

CAPÍTULO 25 = Oração

CAPÍTULO 26 = Jesus e mediunidade


Registros de Allan Kardec (1)

No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos encarnados, ou não en­carnados, comunicação que se estabelece pelo contacto dos fluidos, que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico.

“O Livro dos Espíritos” — Pág. 233. FEB, 27ª edição.

Salvo algumas exceções, o médium exprime o pen­samento dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhes estão à disposição e a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios.

“O Livro dos Médiuns” — Pág. 229. FEB, 26ª edição.

A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.

“O Evangelho Segundo o Espi­ritismo” — Pág. 311. FEB, 48ª edição.

Por toda a parte, a vida e o movimento: nenhum canto do Infinito despovoado, nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por legiões inumeráveis de Espíritos radiantes, invisíveis aos sentidos grosseiros dos encarnados, mas cuja vista deslumbra de alegria e admiração as almas libertas da matéria.

“O Céu e o Inferno” — Pá­gina 34. FEB, 18ª edição.

São extremamente variados os efeitos da ação fluí­dica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolon­gado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica.

“A Gênese” — Pág. 279. FEB, 13ª edição.

(1) Designados pelo Autor espiritual.

Mediunidade

Acena-nos a antigüidade terrestre com bri­lhantes manifestações mediúnicas, a repontarem da História.

Discípulos de Sócrates referem-se, com admi­ração e respeito, ao amigo invisível que o acom­panhava constantemente.

Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, cer­ta noite, com um dos seus perseguidores desencar­nados, a visitá-lo, em pleno campo.

Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.

Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu rei­nado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assas­sinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.

Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os res­tos nos jardins de Lâmia, eram ali ‘vistos, frequen­temente, até que se lhe exumaram os despojos para a incineração.

Todavia, onde a mediunidade atinge culminân­cias é justamente no Cristianismo nascituro.

Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externan­do-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Di­vina.

E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em mé­diuns notáveis, no dia de Pentecostes (2),

(2) Atos, capítulo 2, versículos 1 a 13.

quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, atra­vés deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, incLu­sive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em vá­rias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.

Espíritos materializados libertavam-nos da pri­são injusta. (3)

(3) Atos, capítulo 5, versículos 18 a 20.

O magnetismo curativo era vastamente prati­cado pelo olhar (4)

(4) Atos, capítulo 3, versículos 4 a 6.

e pela imposição das mãos. (5)

(5) Atos, capítulo 9, versículo 17.

Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam. (6)

(6) Atos, capítulo 8, versículo 7.

Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um mo­mento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (7).

(7) Atos, capítulo 9, versículos 3 a 7.

E porque Saulo, embora corajoso, experimente enor­me abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a ta­refa. (8)

(8) Atos, capítulo 9, versículos 10 e 11.

Não somente na casa dos apóstolos em Jeru­salém mensageiros espirituais prestam contínua as­sistência aos semeadores do Evangelho; igualmen­te no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome A gabo (9),

(9) Atos, capítulo 11, versículo 28.

incorpora um Espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos medianímicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. (10)

(10) Atos, capítulo 13, versículos 1 a 4.

Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe con­curso fraterno. (11)

(11) Atos, capítulo 16, versículos 9 e 10.

E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Bênção Divi­na, experimentavam injustiça e perseguição. Quase por toda a parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações.

Logo no início das atividades mediúnicas que lhes dizem respeito, vêem-se Pedro e João segrega­dos no cárcere. Estêvão é lapidado. Tiago, o filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes.

Á mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas círcen­ses, não se eclipsa, ainda mesmo quando o ensina­mento de Jesus passa a sofrer estagnação por im­positivos de ordem política. Apenas há alguns sé­culos, vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando en­tre visões; Teresa d’A vila em admiráveis desdo­bramentos; José de Copertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano 8º, e Swe­denborg recolhendo, afastado do corpo físico, ano­tações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

Compreendemos, assim, a validade permanente do esforço de André Luiz, que, servindo-se de es­tudos e conclusões de conceituados cientistas ter­renos, tenta, também aqui (12),

(12) Sobre o tema desta obra, André Luiz é o autor de outro livro, intitulado “Nos Domínios da Me­diunidade”. — (Nota da Editora.)

colaborar na eluci­dação dos problemas da mediunidade, cada vez mais inquietantes na vida

conturbada do mundo moderno.

Sem recomendar, de modo algum, a prática do hipnotismo em nossos templos espíritas, a ele re­corre, de escantilhão, para fazer mais amplamente compreendidos os múltiplos fenômenos da conju­gação de ondas mentais, além de com isso demons­trar que a força magnética é simples agente, sem ser a causa das ocorrências medianímicas, nascidas, invariàvelmente, de espírito para espírito.

Em nosso campo de ação, temos livros que consolam e restauram, medicam e alimentam, tanto quanto aqueles que pro põem e concluem, argumen­tam e esclarecem.

Nesse critério, surpreendemos aqui um livro que estuda.

Meditemos, pois, sobre suas páginas.

EMMANUEL

Uberaba, 6 de agosto de 1959.

Ante a Mediunidade

Depois de um século de mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, com inequívocas provas da sobrevi­vencia, nas quais a abnegação dos Mensageiros Divinos e a tolerância de muitos sensitivos foram colocadas à prova, temo-la, ainda hoje, incompreendida e ridi­cularizada.

Os Intelectuais, vinculados ao ateísmo prático, des­prezam-na até agora, enquanto os cientistas que a ex­perimentam se recolhem, quase todos, aos palanques da Metapsíquica, observando-a com reserva. Junto deles, porém, os espíritas sustentam-lhe a bandeira de trabalho e revelação, conscientes de sua presença e signi­ficado perante a vida. Tachados, muitas vezes, de fa­náticos, prosseguem eles, à feição de pioneiros, des­bravando, sofrendo, ajudando e construindo, atentos aos princípios enfekcados por Allan Kardec em sua codificação basilar.

Alguém disse que «os espíritas pretenderam mis­turar, no Espiritismo, ciência e religião, o que resultou em grande prejuízo para a sua parte científica”. E acentuou que “um historiador, ao analisar as ordena­ções de Carlos Magno, não pensa em Além-Túmulo; que um fisiologista, assinalando as contrações muscu­lares de uma rã não fala em esfera. ultraterrestres; e que um químico, ao dosar o azoto da lecitina, não se deixa impressionar por nenhuma fraseologia da so­brevivéncia humana”, acrescentando que, “em Meta-psíquica, é necessário proceder de igual modo, absten­do-se o pesquisador de sonhar com mundos etéreos ou emanações anímicas, de maneira a permanecer no terra-a-terra, acima de qualquer teoria, para somente indagar, muito humildemente, se tal ou tal fenômeno é verdadeiro, sem o propósito de desvendar os misté­rios de nossas vidas pregressas ou vindouras”.

Os espírita, contudo, apesar do respeito que con­sagram à pesquisa dos sábios, não podem abdicar do senso religioso que lhes define o trabalho. Julgam lícito reverenciá-los, aproveitando-lhes estudos e equa­ções, qual nos conduzimos nestas páginas (13),

(13) A convite do Espírito André Luiz, os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira receberam os textos deste livro em noites de quin­tas e terças-feiras, na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais. O prefácio de Emmanuel e os capítulos pares foram recebidos pelo médium Fran­cisco Cândido Xavier, e o prefácio de André Luiz e os capítulos ímpares foram recebidos pelo médium Waldo Vieira. — (Nota dos médiuns.)

tanto quanto eles mesmos, os sábios, lhes homenageiam o esforço, utilizando-lhes o campo de atividade para ex­perimentos e anotações.

Consideram os espíritas, que o historiador, o fisio­logista e o químico podem não pensar em Além-Tú­mulo, mas não conseguem avançar desprovidos de sen­so moral, porqüanto o historiador, sem dignidade, éveículo de imprudência; o fisiologista, sem respeito para consigo próprio, quase sempre se transforma em car­rasco da vida humana, e o químico, desalmado, facil­mente se converte em agente da morte.

Se caminham atentos à mensagem das Esferas Espirituais, isso não quer dizer se enquistem na visão de “mundos etéreos”, para enternecimento beatifico e esterilizante, mas para se fazerem elementos úteis na edificação do mundo melhor. Se analisam as emana­ções anímicas é porque desejam cooperar no aperf ei­çoamento da vida espiritual no Planeta, assim como na solução dos problemas do destino e da dor, junto da Humanidade, de modo a se esvaziarem penitenciarias e hospícios, e, se algo procuram, acima do “terra­-a-terra”, esse algo é a educação de si mesmos, atra­vés do bem puro aos semelhantes, com o que aspiram, sem pretensão, a orientar o fenômeno a serviço dos homens, para que o fenômeno não se reduza a simples curiosidade da inteligéncia.

Quanto mais investiga a Natureza, mais se con­vence o homem de que vive num reino de ondas trans­figuradas em luz, eletricidade, calor ou matéria, se­gundo o padrão vibratório em que se exprimam.

Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais, por enquan­to, sômente poderemos recolher informações pelas vias do espírito.

Prevenindo qualquer observação da critica cons­trutiva, lealmente declaramos haver recorrido a diver­sos trabalhos de divulgação científica do mundo con­temporâneo para tornar a substância espírita deste livro mais seguramente compreendida pela generalidade dos leitores, como quem se utiliza da estrada de todos para atingir a meta em vista, sem maiores dificul­dades para os companheiros de excursão. Aliás, quan­to aos apontamentos científicos humanos, é preciso reconhecer-lhes o caráter passageiro, no que se refere à definição e nomenclatura, atentos à circunstância de que a experimentação constante induz os cientistas de um século a considerar, muitas vezes, como supe­rado o trabalho dos cientistas que os precederam.

Assim, as notas dessa natureza, neste volume, to­madas naturalmente ao acervo de Informações e dedu­ções dos estudiosos da atualidade terrestre, valem aqui por vestimenta necessária, mas transitória, da expli­cação espírita da mediunidade, que é, no presente livro, o corpo de idéias a ser apresentado.

Não podemos esquecer a obrigação de cultuar a mediunidade e acrisolá-la, aparelhando-nos com os re­cursos precisos ao conhecimento d nós meninos.

A Parapsicologia nas UniVersidades e o estudo dos mecanismos do cérebro e do sonho, do magnetismo e do pensamento nas instituições ligadas à Psiquiatria e ás ciências mentais, embora dirigidos noutros rumos, chegarão igualmente á verdade, mas, antes que se in­tegrem conscientemente no plano da redenção huma­na, burilemos, por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de que não basta a observação dos fatos em si, mas também que se fazem indispensáveis a disciplina e a iluminação dos ingredientes morais que os constituem, a fim de que se tornem ‘fatores de aprimoramento e felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a realidade maior.

ÂNDRÉ LUIZ

Uberaba, 11-8-59.

1

Ondas e percepções

AGITAÇÃO E ONDAS — Em seguida a es­forços persistentes de muitos Espíritos sábios, en­carnados no mundo e patrocinando a evolução, a inteligência do século 20 compreende que a Terra é um magneto de gigantescas proporções, consti­tuído de forças atômicas condicionadas e cercado por essas mesmas forças em combinações multifor­mes, compondo o chamado campo eletromagnético em que o Planeta, no ritmo de seus próprios mo­vimentos, se tipifica na Imensidade Cósmica.

Nesse reino de energias, em que a matéria con­centrada estrutura o Globo de nossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima peculiar, a vida desenvolve agitação.

E toda agitação produz ondas.

Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras.

Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas.

Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos on­das luminosas.

Façamos funcionar o receptor radiofônico e encontraremos ondas elétricas.

Em suma, toda inquietação se propaga em forma de ondas, através dos diferentes corpos da Natureza.

TIPOS E DEFINIÇÕES — As ondas são ava­liadas segundo o comprimento em que se expressam, dependendo esse comprimento do emissor em que se verifica a agitação.

Fina vara tangendo as águas de um lago pro­vocará ondas pequenas, ao passo que a tora de madeira, arrojada ao lençol líquido, traçará ondas maiores.

Um contrabaixo lançá-las-á muito longas.

Um flautim desferí-las-á muito curtas.

As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma substância, diferenciando-se, po­rém, na pauta do seu comprimento ou distância que se segue do penacho ou crista de uma onda à crista da onda seguinte, em vibrações mais, ou me­nos rápidas, conforme as leis de ritmo em que se lhes identifica a frequência diversa.

Que é, no entanto, uma onda?

À falta de terminologia mais clara, diremos que uma onda é determinada forma de ressurreição da energia, por intermédio do elemento particular que a veicula ou estabelece.

Partindo de semelhante princípio, entenderemos que a fonte primordial de qualquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação, despedindo raios ou ondas que se articulam, de acordo com as oscilações que emite.

HOMEM E ONDAS — Simplificando conceitos em torno da escala das ondas, recordemos que, oscilando de maneira integral, sacudidos simples mente nos elétrons de suas órbitas ou excitados apenas em seus núcleos, os átomos lançam de si ondas que produzem calor e som, luz e raios gama, através de inumeráveis combinações.

Assim é que entre as ondas da corrente alter­nada para objetivos industriais, as ondas do rádio, as da luz e dos raios 10º, tanto quanto as que de­finem os raios cósmicos e as que se superpõem além deles, não existe qualquer diferença de natu­reza, mas sim de frequência, considerado o modo em que se exprimem.

E o homem, colocado nas faixas desse imenso domínio, em que a matéria quanto mais estudada mais se revela qual feixe de forças em temporária associação, sômente assinala as ondas que se lhe afinam com o modo de ser.

Temo-lo, dessa maneira, por viajante do Cos­mo, respirando num vastíssimo império de ondas que se comportam como massa ou vice-versa, con­dicionado, nas suas percepções, à escala do pro­gresso que já alcançou, progresso esse que se mostra sempre acrescentado pelo patrimônio de ex­periência em que se gradua, no campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela o que a vida já lhe deu, ou tempo de evolução. e aquilo que ele próprio já deu à vida, ou tempo de esforço pessoal na construção do destino. Para a valorização e enriquecimento do caminho que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro do cére­bro, por intermédio do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no concerto das forças universais, e absorve aquelas com as quais pode entrar em sintonia, ampliando, os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação.

CONTINENTE DO “INFRA-SOM” — Ajus­tam-se ouvidos e olhos humanos a balizas naturais de percepção, circunscritos aos implementos da própria estrutura.

Abaixo de 35 a 40 vibrações por segundo, a criatura encarnada, ou que ainda se mostre fora do corpo físico em condições análogas, movimenta-se no império dos “infra-sons” (14),

(14) Outros Autores admitem que estes Infra-sons começam abaixo de 18 vibrações por segundo. — (Nota do Autor espiritual.)

porqüanto os sons continuam existindo, sem que disponha de recursos para assinalá-los.

A ponte pressionada por grande veículo ou a locomotiva que avança sobre trilhos agita a porta de residência não distante, porta essa cuja inquie­tação se comunica a outras portas mais afastadas, em regime de transmissão “infra-som”.

Nesse domínio das correntes imperceptíveis, identificaremos as ondas eletromagnéticas de Hertz a se exteriorizarem da antena alimentada pela ener­gia elétrica e que, apresentando frequência aumen­tada, com o emprego do. chamados “circuitos osci­lantes”, constituídos com o auxílio de condensado­res, produzem as ondas da telegrafia sem fio e do rádio comum, começando pelas ondas longas, até aproximadamente mil metros, na medida equi­valente à frequência de 300.000 vibrações por se­gundo ou 300 quilocíclos, e avançando pelas ondas curtas, além das quais se localizam as ondas mé­tricas ou decímétricas, disciplinadas em serviço do radar e da televisão.

Em semelhantes faixas da vida, que a ciência terrestre assinala como o continente do «infra-soma, circulam forças complexas; contudo, para o Espí­rito encarnado ou ainda condicionado às sensações do Plano Físico, não existe nessas províncias da Natureza senão silêncio.

SONS PERCEPTIVEIS — Aumente-se a fre­quência das ondas, nascidas do movimento inces­sante do Universo, e o homem alcançará a escala dos sons perceptiveis, mais exatamente qualificá­veis nas cordas graves do piano.

Nesse ponto, penetraremos a esfera das per­cepções sensoriais da criatura terrestre, porqüanto, nesse grau vibratório, as ondas se transubstanciam em fontes sonoras que afetam o tímpano, gerando os «tons de Tartini» ou «tons de combinação», com efeitos psíquicos, segundo as disposições mentais de cada indivíduo.

Eleva-se o diapasão.

Sons médios, mais altos, agudos, superagudos.

Na fronteira aproximada de pouco além de 15.000 vibrações por segundo, não raro, o ouvido vulgar atinge a zona-limite. (15)

(15) A escala de percepção é extremamente va­riável. (Nota do Autor esp(rituat.)

Há pessoas, contudo, que, depois desses mar­cos, ouvem ainda.

Animais diversos, quais os cães, portadores de profunda acuidade auditiva, escutam ruídos no «ultra-som», para além das 40.000 vibrações por segundo.

Prossegue a escala ascendente em recursos e proporções inimagináveis aos sentidos vhiculados ao mundo físico.

OUTROS REINOS ONDULATÓRIOS — Salien­tando-se no oceano da Vida Infinita, outros reinos ondulatórios se espraiam, ofertando novos campos de evolução ao Espírito, que a mente ajustada às peculiaridades do Planeta não consegue perceber.

Sigamos através das oscilações mais curtas e seremos defrontados pelas ondas do infravermelho.

Começam a luz e as cores visíveis ao olhar humano.

As micro-ondas, em manifestação ascendente, determinam nas fibras intra-retinianas, segundo os potenciais elétricos que lhes são próprios, as ima­gens das sete cores fundamentais, fàcilmente des­cortináveis na luz branca que as sintetiza, por in­termédio do prisma comum, criando igualmente efeitos psíquicos, em cada criatura, conforme os estados mentais que a identifiquem.

Alteia-se a ordem das ondas e surgem, depois do vermelho, o alaranjado, o amarelo, o verde, o azul, o anilado e o violeta.

No comprimento de onda em que se localiza o violeta, em 4/10.000 de milímetro, os olhos humanos cessam de enxergar; todavia, a série das oscilações continua em progressão constante e a chapa fotográfica, situada na vizinhança do espec­tro, revela a ação fotoqulmica do ultravioleta e, ultrapassando-o, aparecem as ondas imensamente curtas dos raios 10º, dos raios gama, dirigindo-se para os raios cósmicos, a cruzarem por todos os departamentos do Globo.

Semelhantes notas oferecem ligeira ideia da transcendência das ondas nos reinos do Espírito, com base nas forças do pensamento.

2

Conquistas da Microfísica

PRIMÓRDIOS DA ELETRÔNICA — Espíritos eminentes, atendendo aos imperativos da investiga­ção científica entre os homens, volvem da Espiri­tualidade ao Plano Terrestre, incentivando estudos acerca da natureza ondulatória do Universo.

A Eletrônica balbucia as primeiras notas com Tales de Mileto, 600 anos antes do Cristo.

O grande filósofo, que tinha a crença na uni­dade essencial da Natureza, observa a eletrização no âmbar (elektron, em grego).

Seus apontamentos sobre as emanações lumi­nosas são retomados, no curso do tempo, por Herão de Alexandria e outras grandes inteligências, cul­minando nos raciocínios de Descartes, no século 17, que, inspirado na teoria atômica dos gregos, conclui, trezentos anos antes da descoberta do elé­tron, que na base do átomo deveria existir uma partícula primitiva, chegando a desenhá-la, com surpreendente rigor de concepção, como sendo um «remoinho» ou imagem aproximada dos recursos energéticos que o constituem.

Logo após, Isaac Newton realiza a decompo­sição da luz branca, nas sete cores do prisma, apre­sentando, ainda, a ideia de que os fenômenos lu­minosos seriam correntes corpusculares, sem excluir a hipótese de ondas vibratórias, a se expandirem no ar.

Huyghens prossegue na experimentação e de­fende a teoria do éter luminoso ou teoria ondulatória.

Franklin teoriza sobre o fluido elétrico e pro­põe a hipótese atômica da eletricidade, tentando classificá-la como sendo formada de grânulos sutis, perfeitamente identificáveis aos remoinhos eletrô­nicos hoje imaginados.

CAMPO ELETROMAGNÉTICO — Nos pri­mórdios do século 19, aparece Tomás Young, exa­minando as ocorrências da reflexão, interferência e difração da luz, fundamentando-se sobre a ação ondulatória, seguindo-se-lhe Fresnel, a consolidar-lhe as deduções.

Sucedem-se investigadores e pioneiros, até que, em 1869, Maxwell afirma, sem que as suas asser­ções lograssem despertar maior interesse nos sá­bios de seu tempo, que as ondulações de luz nas­ciam de um campo magnético associado a um campo elétrico, anunciando a correlação entre a eletricidade e a luz e assegurando que as linhas de força extravasam dos circuitos, assaltando o espaço ambiente e expandindo-se como pulsações ondulatórias. Cria ele a notável teoria eletromag­nética.

Desde essa época, o conceito de campo eletro­magnéticos assume singular importância no mun­do, até que Hertz consegue positivar a existência das ondas elétricas, descobrindo-as e colocando-as a serviço da Humanidade.

Nas vésperas do século 20, a Ciência já con­sidera a Natureza terrestre como percorrida por ondas inumeráveis que cruzam todas as faixas do Planeta, sem jamais se misturarem.

Entretanto, certa indagação se generalizara.

Reconhecido o mundo como vasto magneto, composto de átomos, e sabendo-se que as ondas provinham deles, como poderiam os sistemas atô­micos gerá-las, criando, por exemplo, o calor e a luz?

ESTRUTURA DO ÁTOMO — Max Planck, dis­tinto físico alemão, repara, em 1900, que o átomo, em lançando energia, não procede em fluxo contí­nuo, mas sim por arremessos individuais ou, mais propriamente, através de grânulos de energia, es­tabelecendo a teoria dos “quanta de energia”.

Foi então que Niels Bohr deduziu que a des­coberta de Planck somente se explicaria pelo fato de gravitarem os elétrons, ao redor do núcleo, no sistema atômico, em órbitas seguramente definidas, a exteriorizarem energia, não girando como os pla­netas em torno do Sol, mas saltando, de inespe­rado, de uma camada para outra.

E, procedendo mais por intuição que por obser­vação, mentalizou o átomo como sendo um núcleo cercado, no máximo, de sete camadas concêntricas, plenamente isoladas entre si, no seio das quais os elétrons circulam livremente, em todos os senti­dos. Os que se localizam nas zonas periféricas são aqueles que mais fàcilmente se deslocam, patroci­nando a projeção de raios luminosos, ao passo que os elétrons aglutinados nas camadas profundas, mais jungidos ao núcleo, quando mudam de órbita deixam escapar raios mais curtos, a se graduarem na série dos raios X.

Aplicada a teoria de Bohr em multifários se­tores da demonstração objetiva, ela alcançou encorajadoras confirmações, e, com isso, dentro das possíveis definições terrestres, o cientista dinamar­quês preparou o caminho a mais amplo entendi­mento da luz.

ESTADO RADIANTE E RAIOS 10º — A Ciên­cia da Terra acreditava antigamente que os átomos fossem corpúsculos eternos e indivisíveis. Elemen­tos conjugados entre si, entrelaçavam-se e se se­paravam, plasmando formas diversas.

Seriam como vasto mas limitado capital da vida de que a Natureza poderia dispor sem qualquer desperdício.

No último quartel do século 19, porém, sin­gulares alterações marcaram os passos da Física.

Retomando experiências iniciadas pelo cientis­ta alemão Hittorf, William Crookes valeu-se de um tubo de vidro fechado, no qual obtinha grande ra­refação do ar, fazendo passar, através dele, uma corrente elétrica, oriunda de alto potencial.

Semelhante tubo poderia conter dois ou mais eletrodos (cátodos e ânodos, ou pólos negativos e positivos, respectivamente), formados por fios de platina, e rematados em placas metálicas de subs­tância e molde variáveis.

Efetuada a corrente, o grande físico notou que do cátodo partiam raios que, atingindo a parede oposta do vidro, nela formavam certa luminosidade fluorescente.

Crookes classificou como sendo radiante o es­tado em que se mostrava o gás contido no recipiente e declarou guardar a impressão de que conseguira reter os corpúsculos que entretecem a base física do Universo.

Mas, depois dele, aparece Roentgen, que lhe retoma as investigações, e, projetando os raios ca­tódicos sobre tela metálica, colocou a própria mão entre o tubo e pequena chapa recamada de subs­tância fluorescente, observando que os ossos se destacavam, em cor escura, na carne que se fizera transparente.

Os raios 10º ou raios Roentgen foram, desde então, trazidos à consideração do mundo.

ELETRON E RADIOATIVIDADE — O jovem pesquisador francês Jean Perrin, utilizando a am­pola de Crookes e o eletroscópio, conseguiu positi­var a existência do elétron, como partícula elétrica, viajando com rapidez vertiginosa.

Pairava no ar a indagação sobre a massa e a expressão elétrica de semelhante partícula.

Surge, todavia, José Thomson, distinto físico inglês, que, estudando-a do ponto de vista de um projétil em movimento, consegue determinar-lhe a massa, que é, aproximadamente, 1.850 vezes menor que a do átomo conhecido por mais leve, o hidro­gênio, calculando-lhe, ainda, com relativa seguran­ça, a carga e a velocidade.

Os apontamentos objetivos, em torno do elé­tron, incentivaram novos estudos do infinitamente pequeno.

Animado pelos êxitos dos raios de Roentgen, Henri Becquerel, com o auxílio de amigos espiri­tuais, porque até então o gênio científico na Terra desconhecia o extenso cabedal radioativo do urânio, escolhe esse elemento para a pesquisa de novas fontes dos raios 10º e surpreende as radiações diferentes que encaminham o casal Curie à descoberta do rádio.

A Ciência percebeu, afinal, que a radioativi­dade era como que a fala dos átomos, asseverando que eles nasciam e morriam ou apareciam e desa­pareciam no reservatório da Natureza.

QUIMICA NUCLEAR — O contador de Gei­ger, emergindo no cenário das experimentações da Microfísica, demonstrou que, em cada segundo, de um grama de rádio se desprendem 36 bilhões de fragmentos radioativos da corrente mais fraca de raios emanantes desse elemento, perfazendo um total de 20.000 quilômetros de irradiação por se­gundo.

No entanto, há tão grande quantidade de áto­moa de rádio, em cada grama desse metal, que somente no espaço de 16 séculos é que o seu peso fica reduzido à metade. (*)

Apreendendo-se que a radioatividade exprimia a morte dos sistemas atômicos, não seria possível apressar-lhes a desintegração controlada, com vis­tas ao aproveitamento de seus potenciais energé­ticos?

Rutherford lembrou que as partículas emana­das do rádio funcionam como projéteis vigorosos, e enchendo um tubo com azoto, nele situou uma parcela de rádio, reparando os pontos de queda dos corpúsculos eletrizados sobre pequena tela fos­forescente. Descobriu, desse modo, que os núcleos do azoto, espancados em cheio pelas partículas ra­dioativas alfa, explodiam, convertendo-se em hi­drogênio e num isótopo do oxigênio.

Foi realizada, assim, calculadamente, a primeira transmutação atômica pelo homem, originando-se, desde então, a chamada química nuclear, que cul­mina hoje com a artilharia atômica do cíclotron, estruturado por Lawrence, à feição de um eletro­-imã, onde, acelerados por uma corrente de mi­lhares de volta, em tensão alternada altíssima, projéteis atômicos bombardeiam os elementos a eles expostos, que se transmutam em outros ele­mentos químicos conhecidos, acrescidos dos chama­dos radioisótopos, que o casal Joliot-Curie obteve pela primeira vez arremessando sobre o alumínio a corrente menos penetrante do rádio, constituída de núcleos do hélio, ou hélions. Surgiram, assim, os fecundos serviços da radioatividade artificial.

Nossos apontamentos sintético. objetivam ape­nas destacar a analogia do que se passa no mundo Intimo das forças corpusculares que entretecem a matéria física e daquelas que estruturam a maté­ria mental.

(*) NOTA DA EDITORA, em 1993: Este parágrafo, confor­me está escrito, parece dizer que o tempo de meia-vida depende da quantidade de material, ou número de átomos de rádio, o que não condiz com o conhecimento que a Ciência tem do assunto.

Lembra Emmanuel, no Prefácio, que André Luiz se serviu, nesta obra, de estudos e conclusões de cientistas da Terra, podendo, então, ter havido, quanto ao assunto em pauta, entendimento imperfeito ou do autor espiritual, ou do médium, ou da fonte científica da qual se originou o parágrafo.

3

Fótons e fluido cósmico

ESTRUTURA DA LUZ — Clerk Maxwell, cen­tralizado nos estudos do eletromagnetismo, previra que todas as irradiações, inclusive a luz visível, pressionam os demais corpos.

Observações experimentais com o jato de uma lâmpada sobre um feixe de poeira mostraram que o feixe se acurvou, como se impelido por leve cor­rente de força. Semelhante corrente foi medida, acusando insignificante percentagem de pressão, mas o bastante para provar que a luz era dotada de inércia.

Os físicos eram defrontados pelo problema, quando Einstein, estruturando a sua teoria da relatividade, no princípio do século 20, chegou àconclusão de que a luz, nesse novo aspecto, possuiria peso específico.

Isso implicava a existência de massa para a luz. Como conciliar vibração e peso, onda e massa? Intrigado, o grande cientista voltou às expe­riências de Planck e Bohr e deduziu que a luz de uma lâmpada resulta de sucessivos arremessos de grânulos luminosos, em relâmpagos consecutivos, a se desprenderem dela por todos os lados.

Pesquisadores protestaram contra a assertiva, lembrando o enigma das difrações e das interferências, tentando demonstrar que a luz era cons­tituída de vibrações.

Einstein, contudo, recorreu ao efeito fotoelé­trico — pelo qual a incidência de um raio luminoso sobre uma película de sódio ou potássio determina a expulsão de elétrons da mesma película, elétrons cuja velocidade pode ser medida com exatidão —, e genialmente concebeu os grânulos luminosos ou fótons que, em se arrojando sobre os elétrons de sódio e potássio, lhes provoca o deslocamento, com tanto mais violência, quanto mais concentrada for a energia dos fótons.

O aumento de intensidade da luz, por isso, não acrescenta velocidade aos elétrons expulsos, o que apenas acontece ante a incidência de uma luz ca­racterizada por oscilação mais curta.

“SALTOS QÜÂNTICOS” — A teoria dos “sal­tos qüânticos” explicou, de certo modo, as oscilações eletromagnéticas que produzem os raios luminosos.

No átomo excitado, aceleram-se os movimentos, e os elétrons que lhe correspondem, em se distan­ciando dos núcleos, passam a degraus mais altos de energias. Efetuada a alteração, os elétrons se afastam dos núcleos aos saltos, de acordo com o quadrado dos números cardinais, isto é, de 1 para 2 no primeiro salto, de 2 para 4 no segundo, de 3 para 9 no terceiro, de 4 para 16 no quarto, e assim sucessivamente.

Na temperatura aproximada de 1.000 graus centígrados, os elétrons abandonam as órbitas que lhes são peculiares, em número sempre crescente, e, se essa temperatura atingir cerca de 100.000 graus centígrados, os átomos passam a ser cons­tituídos sômente de núcleos despojados de seus elé­trons-satélites, vindo a explodir, por entrechoques, a altíssimas temperaturas.

Reportando-nos, pois, a escala de excitação dos sistemas atômicos, vamos encontrar a luz, conhe­cida na Terra, como oscilação eletromagnética em comprimento médio de onda que nasce do campo atômico, quando os elétrons, erguidos a órbitas ampliadas pelo abastecimento de energia, retornam às suas órbitas primitivas, veiculando a sua ener­gia de queda.

Se excitarmos o átomo com escassa energia. apenas se altearão aqueles elétrons da periferia, capazes de superar fàcilmente a força atrativa do núcleo.

Compreenderemos, portanto, que, quanto mais distante do núcleo, mais comprido será o salto, determinando a emissão de onda mais longa e, por esse motivo, identificada por menor energia. E quanto mais para dentro do sistema atômico se verifique o salto, tanto mais curta, e por isso de maior poder penetrante, a onda exteriorizada.

“EFEITO COMPTON” — Buscando um exem­plo, verificaremos que a estimulação das órbitas eletrônicas externas produzirá a luz vermelha, for­mada de ondas longas, enquanto que o mesmo pro­cesso de atrito nas órbitas que se lhe seguem, na direção do núcleo, originará a irradiação azul, for­mada de ondas mais curtas, e a excitação nas órbitas mais íntimas provocará a luz violeta, de ondas ainda mais curtas. Continuando-se a pro­gressão de fora para dentro, chegaremos aos raios gama, que derivam das oscilações do núcleo atô­mico.

Em todos esses processos de irradiação, o po­der do fõton depende do comprimento da onda em que se manifesta, qual ficou positivado no “efei-to Compton», pelo qual uma colisão provocada entre fótons e elétrons revela que os fótons, em fazendo ricochete no entrechoque, descarregam energia, baixando a frequência da própria onda e originando, assim, a luz mais avermelhada.

FÓRMULA DE DE BROGLIE — A evidência do fóton vinha enriquecer a teoria corpuscular da luz. Entretanto, certos fenômenos se mantinham à margem, sômente explicáveis pela teoria ondula­tória que a Ciência não aceitara até então.

Foi o estudioso físico francês, Luis De Broglie, que compareceu no cenário das contradições, enun­ciando o seguinte principio:

— “Compreendendo-se que as ondas da luz, em certas circunstâncias, procedem à feição de cor­púsculos, por que motivo os corpúsculos de matéria, em determinadas condições, não se comportarão àmaneira de ondas?»

E acrescentava que cada partícula de matéria está acompanhada pela onda que a conduz.

Suportanto hostilidades e desafios, devotou-se a minuciosas perquirições e criou a fórmula para definir o comprimento da onda conjugada ao cor­púsculo, entendendo-se, desde então, que os elétrons arremessados pela válvula de Roentgen, quando ori­ginam oscilações curtas, aproximadamente 10.000 vezes mais reduzidas que as da luz, são transpor­tados por ondas tão curtas como os raios X.

MECÂNICA ONDULATÓRIA — Físicos dis­tintos não se sentiam dispostos a concordar com as novas observações de De Broglie, alegando que a teoria se mostrava incompatível com o fenômeno da difração e pediam que o sábio lhes fizesse ver a difração dos elétrons, de vez que não admitiam a existência de corpúsculos desfrutando proprieda­des que, a seu ver, eram exclusivamente caracte­rísticas das ondas.

Pouco tempo decorrido, dois cientistas ameri­canos projetaram um jato de elétrons sobre um cristal de níquel e registraram a existência da di-fração, de conformidade com os princípios de De Broglie.

Desde então, a mecânica ondulatória instalou-se na Ciência, em definitivo.

Mais da metade do Universo foi reconhecido como um reino de oscilações, restando a parte constituída de matéria igualmente suscetível de converter-se em ondas de energia.

O mundo material como que desapareceu, dan­do lugar a tecido vasto de corpúsculos em movi­mento, arrastando turbilhões de ondas em frequên­cias inumeráveis, cruzando-se em todas as direções, sem se misturarem.

O homem passou a compreender, enfim, que a matéria é simples vestimenta das forças que o servem nas múltiplas faixas da Natureza e que todos os domínios da substância palpável podem ser plenamente analisados e explicados em lingua­gem matemática, embora o plano das causas con­tinue para ele indevassado, tanto quanto para nós, as criaturas terrestres temporàriamente apartadas da vida física.

“CAMPO1 DE EINSTEIN” — Conhecemos a gama das ondas, sabemos que a luz se desloca em feixes corpusculares que denominamos “fótons”, não ignoramos que o átomo é um remoinho de for­ças positivas e negativas, cujos potenciais variam com o número de elétrons ou partículas de força em torno do núcleo, informarno-nos de que a energia, ao condensar-se, surge como massa para trans­formar-se, depois, em energia; entretanto, o meio sutil em que os sistemas atômicos oscilam não pode ser eqüacionado com os nossos conhecimentos. Até agora, temos nomeado esse «terreno indefinível, como sendo o «éter»; contudo, Einstein, quando buscou imaginar-lhe as propriedades indispensáveis para poder transmitir ondas características de bi­lhões de oscilações, com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, não conseguiu acomodar as necessárias grandezas matemáticas numa fór­mula, porqüanto as qualidades de que essa maté­ria devia estar revestida não são combináveis, e concluiu que ela não existe, propondo abolir-se o conceito de «éter», substituindo-o pelo conceito de «campo».

Campo, desse modo, passou a designar o es­paço dominado pela influência de uma partícula de massa.

Para guardarmos uma ideia do princípio esta­belecido, imaginemos uma chama em atividade. A zona por ela iluminada é-lhe o campo peculiar. A intensidade de sua influência diminui com a dis­tância do seu fulcro, de acordo com certas propor­ções, isto é, tornando-se 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, etc., a revelar valor de fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, porque, em teoria, o campo ou região de influência alcançará o infinito.

A proposição de Einstein, no entanto, não re­solve o problema, porque a indagação quanto àmatéria de base para o campo continua desafiando o raciocínio, motivo pelo qual, escrevendo da esfera extra-fisica, na tentativa de analisar, mais acura­damente, o fenômeno da transmissão mediúnica, definiremos o meio sutil em que o Universo se equi­libra como sendo o Fluido Cósmico ou Hálito Di­vino, a força para nós inabordável que sustenta a Criação.

4

Matéria mental

PENSAMENTO DO CRIADOR — Identifican­do o Fluido Elementar ou Hálito Divino por base mantenedora de todas as associações da forma nos domínios inumeráveis do Cosmo, do qual conhece­mos o elétron como sendo um dos corpúsculos-base, nas organizações e oscilações da matéria, interpre­taremos o Universo como um todo de forças dinâ­micas, expressando o Pensamento do Criador. E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encon­traremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações tempo­rárias, adstritas à nossa necessidade de progresso.

No macrocosmo e no microcosmo, tateamos as manifestações da Eterna Sabedoria que mobiliza agentes incontáveis para a estruturação de siste­mas e formas, em variedade infinita de graus e fases, e entre o infinitamente pequeno e o infini­tamente grande surge a inteligencia humana, do­tada igualmente da faculdade de mentalizar e co-criar, empalmando, para isso, os recursos intrínsecos à vida ambiente.

Nos fundamentos da Criação vibra o pensa­mento imensurável do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura, a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os poderes do Espírito se manifestam.

PENSAMENTO DAS CRIATURAS — Do Prin­cípio Elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as ener­gias profundas que produzem eletricidade e magne­tismo, sem conseguir enqüadrá-las em exatas defi­nições terrestres, e, da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo ener­gético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando pelas os­cilações curtas, médias e longas em que se exte­rioriza a mente humana, até às ondas fragmentá­rias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, sômente arroja de si determinados pensa­mentos ou raios descontínuos.

Os Espíritos aperfeiçoados, que conhecemos sob a designação de potências angélicas do Amor Di­vino, operam no micro e no macrocosmo, em nome da Sabedoria Excelsa, formando condições adequa­das e multiformes à expansão, sustentação e pro­jeção da vida, nas variadas esferas da Natureza, no encalço de aquisições celestiais que, por enquan­to, estamos longe de perceber. A mente dos ho­mens, indiretamente controlada pelo comando su­perior, interfere no acervo de recursos do Planeta, em particular, aprimorando-lhe os recursos na di­reção do plano angélico, e a mente embrionária dos animais, influenciada pela direção humana, hierarquiza-se em serviço nas regiões inferiores, da Terra, no rumo das conquistas da Humanidade.

CORPÚSCULOS MENTAIS — Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, — a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos pre­valecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos quí­micos conhecidos no mundo.

Temos, ainda aqui, as formações corpuscula­res, com bases nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tan­to no plano físico, quanto no plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.

Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de «núcleos, prótons, nêutrons, posítrons, elétrons ou fótons mentais», em vista da ausência de terminologia analógica para estrutu­ração mais segura de nossos apontamentos.

Assim é que o halo vital ou aura de cada cria­tura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos «quan­ta de energia» e aos princípios da mecânica ondu­latória, que lhes imprimem frequência e cor pecu­liares.

Essas forças, em constantes movimentos sin­crônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

MATÉRIA MENTAL E MATÉRIA FÍSICA — Em posição vulgar, acomodados às impressões comuns da criatura humana normal, os átomos mentais inteiros, regularmente excitados, na esfera dos pensamentos, produzirão ondas muito longas ou de simples sustentação da individualidade, cor­respondendo à manutenção de calor. Se forem os elétrons mentais, nas órbitas dos átomos da mesma natureza, a causa da agitação, em estados menos comuns da mente, quais se iam os de atenção ou tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos exprimir-se-áem ondas de comprimento médio’ ou de aquisição de experiência, por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior. E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações ex­traordinárias da mente, quais sejam as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e atu­radas concentrações de força mental ou as súpli­cas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transfor­mador do campo espiritual, teoricamente semelhan­tes aos que se aproximam dos raios gama.

Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as asso­ciações atômicas, na esfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo.

INDUÇÃO MENTAL — Recorrendo ao “cam­po” de Einstein, imaginemos a mente humana no lugar da chama em atividade. Assim como a in­tensidade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de energias em combustão, de­monstrando fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio, não obstante a diferença de condições.

Essa corrente de partículas mentais exterio­riza-se de cada Espírito com qualidade de indução mental, tanto maior quanto mais amplos se lhe evidenciem as faculdades de concentração e o teor de persistência no rumo dos objetivos que demande.

Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contacto vi­sível, no reino dos poderes mentais a indução ex­prime processo idêntico, porqüanto a corrente men­tal é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.

Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem tur­bilhões de força em que a alma cria os seus pró­prios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.

FORMAS-PENSAMENTOS — Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, en­contramos a telementação e a reflexão comandan­do todos os fenômenos de associação, desde o aca­salamento dos insetos até a comunhão dos Espíritos Superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora, defeso ao conhecimento.

Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, ideia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nos­sa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim. espontâneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir.

É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes en­carnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, cons­truções substanciais na esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso acontece porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas corren­tes de matéria mental que exterioriza, eleva-se a gradativa libertação no rumo dos planos superio­res ou estaciona nos planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés.

5

Corrente elétrica e corrente mental

DÍNAMO ESPIRiTUAL — Ainda mesmo que a Ciência na Terra, por longo tempo, recalcitre

contra as realidades do Espírito, é imperioso con­vir que, no comando das associações atômicas, sob a perquirição do homem, prevalecem as associações inteligentes de matéria mental.

O Espírito, encarnado ou desencarnado, na es­sência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do traba­lho psicofísico em forças mento-eletromagnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em que circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores e receptores, con­servadores e regeneradores de energia.

Para que nos façamos mais simplesmente com­preendidos, imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mes­mo tempo, com capacidade de assimilar correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultâneamente.

GERADOR ELÉTRICO — Recordemos que um motor se alimenta da corrente elétrica, fornecida pelos recursos atômicos do plano material.

E para simples efeito de estudo da transmis­são de força mediúnica, em que a matéria mental é substância básica, lembremo-nos de que a cha­mada força eletromotriz nasce do agente que a produz em circuito fechado.

Afirmamos que o gerador elétrico é uma fon­te de força eletromotriz, entretanto, não nos acha­mos à frente de uma força automática, mas sim de uma característica do gerador, no qual a ener­gia absorvida, sob forma particular, se converte em energia elétrica.

O aparelho, gerador, no caso, não plasma cor­rentes elétricas e sim produz determinada diferença de potencial entre os seus terminais ou extremos, facultando aos elétrons a movimentação necessária.

Figuremos dois campos elétricos separados, cada um deles com cargas de natureza contrária, com uma diferença de potencial entre eles. Esta­belecido um fio condutor entre ambos, a corrente elétrica se improvisa, do centro negativo para o centro positivo, até que seja alcançado o justo equi­líbrio entre os dois centros, anulando-se, desde en­tão, a diferença de potencial existente.

Se desejamos manter a diferença de potencial a que nos referimos, é indispensável interpor entre ambos um gerador elétrico, por intermédio do qual se nutra, constante, o fluxo eletrônico entre um e outro, de vez que a corrente circulará no con­dutor, em vista do campo elétrico existente entre os dois corpos.

GERADOR MEDIÚNICO — Idealizemos o fluxo de energias mento-eletromagnéticas, ou fulcro de ondas da entidade comunicante e do médium, como dois campos distintos, associando valores po­sitivos e negativos, respectivamente, com uma dife­rença de potencial que, em nosso caso, constitui certa capacidade de junção específica.

Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em nosso problema, representa o pensamento de aceitação ou adesão’ do médium, a cor­rente mental desse ou daquele teor se improvisa em regime de ação e reação, atingindo-se o neces­sário equilíbrio entre ambos, anulando-se, desde então, a diferença existente, pela integração das forças conjuntas em clima de afinidade.

Se quisermos sustentar o continuísmo de se­melhante conjugação, é imprescindível conservar entre os dois um gerador de força, que, na questão em análise, é o pensamento constante de aceitação ou adesão da personalidade mediúnica, através do qual se evidencie, incessante, o fluxo de energias conjugadas entre um e outro, porqüanto a corren­te de forças mentais, destinada à produção desse ou daquele fenômeno ou serviço, circulará no con­dutor mediúnico em razão do campo de energias mento-eletromagnéticas existente entre a entidade comunicante e a individualidade do médium.

ÁTOMOS E ESPIRITOS — Para entendermos com mais segurança o problema da compensação vibratória na produção da corrente elétrica e (de outro modo) da corrente mental, lembremo-nos de que. conforme a lei de Coulomb, as cargas de sinal contrário ou de força centrípeta atraem-se, con­trabalançando-se essa atração com a repulsão por elas experimentada, ante as cargas de sinal igual ou de força centrífuga.

A harmonia eletromecânica do sistema atômi­co se verifica toda vez que se encontre neutro ou, mais pronriamente. quando as unidades positivas ou unidades do núcleo são em número idêntico ao das negativas ou aquelas de que se Constituem os elétrons, estabilidade essa que decorre dos princí­pios de gravitação nas linhas do microcosmo.

Afirma-se, desse modo, que existe uma unidade de diferença de potencial entre dois pontos de um campo elétrico, quando a ação efetuada para trans­portar uma unidade de carga (ou 1 coulomb), de um ponto a outro, for igual à unidade de trabalho.

Entendendo-se que os mesmos princípios pre­dominam para as correntes de matéria mental, embora as modalidades outras de sustentação e manifestação, somos induzidos a asseverar, por analogia, que existe capacidade de afinização entre um Espírito e outro, quando a ação de plasmagem e projeção da matéria mental na entidade co­municante for, mais ou menos, igual à ação de receptividade e expressão na personalidade mediú­nica.

FORÇA ELETROMOTRIZ E FORÇA MEDIÚNICA — Compreendemos que se dispomos, em toda parte, de fontes de força eletromotriz, mediante a sábia distribuição das cargas elétricas, encon­trando-as, a cada passo, na extensão da indústria e do progresso, temos igualmente variados manan­ciais de força mediúnica, mediante a permuta har­moniosa, consciente ou inconsciente, dos princípios ou correntes mentais, sendo possível observá-los, em nosso caminho, alimentando grandes iniciativas de socorro às necessidades humanas e de expansão cultural.

Usinas diversas espalham-se na paisagem ter­restre, alentando sistemas de luz e força, na criação do conforto e da atividade, em cidades e vila­rejos, campos e estâncias, e associações mediúnicas de vária espécie se multiplicam nos quadros morais do mundo, nutrindo as instituições maiores e me­nores da Religião e da Ciência, da Filosofia e da Educação, da Arte e do Trabalho, do Consolo e da Caridade, impulsionando a evolução da espiri­tualidade no plano físico.

FONTES DE FRACO TEOR — Possuímos, ainda, aquelas fontes de força elétrica, dotadas de fraco teor, nos processos não industriais em que obtemos a eletrização por atrito, ou, por contacto, a indução eletrostática e os efeitos diversos, tais como o efeito piezelétrico, vulgarmente empregado na construção de microfones e alto-falantes, peças destinadas à reprodução do som e ao controle de frequência na radiotecnia; o efeito termoelétrico, utilizado na formação dos pirômetros elétricos que facultam a aferição das temperaturas elevadas, e o efeito fotoelétrico, aproveitado em várias espécies de medidores.

Em analogia de circunstâncias, assinalamos, em todos os lugares, os mananciais de força mediúnica, a se expressarem por mais fraco teor nos processos não ostensivos de ação, do ponto de vista da evidência pública, pelos quais servidores abne­gados do bem conseguem a restauração moral desse ou daquele companheiro rebelde, a cura de certo número de almas doentes, a repetição de avisos edificantes, a assistência especializada a múltiplos tipos de sofrimento, ou a condução enobrecedora do grupo familiar a que se devotam.

Em todas as atividades mediúnicas, porém, nas quais a mente demande a construção do bem, sejam elas de grande porte ou de singela apresentação, a importância do trabalho a realizar e a luz da Vida Superior são sempre as mesmas, possibilitan­do ao Espírito a faculdade de falar ao Espírito na obra incessante de aperfeiçoamento e sublimação.

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Circuito elétrico e circuito mediúnico

CONCEITO DE CIRCUITO ELÉTRICO — In­dica o conceito de circuito elétrico a extensão do condutor em que se movimenta uma corrente elé­trica, sempre que se sustente uma diferença de potencial em seus extremos.

O circuito encerra um condutor de ida e outro de volta da corrente, abrangendo o gerador e os aparelhos de utilização, a englobarem os serviços de geração, transmissão, transformação e distri­buição da energia.

Para a execução de semelhantes atividades, as máquinas respectivas guardam consigo recursos es­peciais, em circuitos elementares, como sejam os de geração e manobra, proteção e medida.

CONCEITO DE CIRCUITO MEDIÜNICO - Aplica-se o conceito de circuito mediúnico à exten­são do campo de integração magnética em que cir­cula uma corrente mental, sempre que se mantenha a sintonia psíquica entre os seus extremos ou, mais prôpriamente, o emissor e o receptor.

O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma “vontade-apelo” e uma “vontade-resposta”, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concor­dância do médium, fenômeno esse exatamente apli­cável tanto à esfera dos Espíritos desencarnados, quanto à dos Espíritos encarnados, porqüanto ex­prime conjugação natural ou provocada nos do­mínios da inteligência, totalizando os serviços de associação, assimilação, transformação e transmis­são da energia mental.

Para a realização dessas atividades, o emissor e o receptor guardam consigo possibilidades parti­culares nos recursos do cérebro, em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo ner­voso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espí­rito, como sejam, ideação, seleção, auto-crítica e expressão.

CIRCUITO ABERTO E CIRCUITO FECHA­DO — A corrente, em sentido convencional, no circuito elétrico, é expedida do pólo positivo do gerador, circula nos aparelhos de utilização e vol­ta ao gerador, alcançando-lhe o pólo negativo, do qual passa, por intermédio do campo interno do ge­rador, ao pólo positivo, prosseguindo em seu curso.

Entretanto, para que a corrente se mantenha, é imprescindível que o interruptor de manobra se demore ligado ou, mais claramente, que o circuito esteja fechado, de vez que em regime de circuito aberto a corrente não circula.

A corrente mental no circuito mediúnico equi­libra-se igualmente entre a entidade comunicante e o médium, mas, para que se lhe alimente o flu­xo energético em circulação, é indispensável que o pensamento constante de aceitação ou adesão do médium se mostre em equilíbrio ou, mais exata­mente, é preciso que o circuito mediúnico permaneça fechado, porque em regime de circuito aberto ou desatenção a corrente de associação mental não se articula.

RESISTÉNCIA — Todo circuito elétrico se evidencia por peculiaridades distintas, chamadas “constantes” ou «parâmetros», a saber: resistên­cia, indutância e capacitância.

Resistência é a propriedade que assinala o gas­to de energia elétrica no circuito, como provisão de calor, correspondendo à despesa de atrito em mecânica.

Igualmente no circuito mediúnico, a resistência significa a dissipação de energia mental, destinada à sustentação de base entre o Espírito comunicante e o médium.

INDUTÂNCIA — No circuito elétrico, indutân­cia é a peculiaridade através da qual a energia é acumulada no campo magnético provocado pela corrente, impedindo-lhe a alteração, seja por au­mento ou por diminuição. Em vista da indutância, quando a corrente varia, aparece na intimidade do circuito determinado acréscimo de força, opon­do-se à mudança, o que faz dessa propriedade uma característica semelhante ao resultado da inércia em mecânica. Se o circuito elétrico em ação sofre abrupta solução de contininidade, o efeito em es­tudo produz uma descarga elétrica, cujas conse­quências variam com a intensidade da corrente, de vez que o circuito, encerrando bobinas e moto­res, caracteriza-se por natureza profundamente in­dutiva-, implementos esses que não devem ser interrompidos de chofre e cujos movimentos devem ser reduzidos devagar, único modo de frustrar o aparecimento de correntes extras, suscetíveis de determinar fechamentos ou rupturas desastrosas para os aparelhos de utilização.

Também no circuito mediúnico verifica-se a mesma propriedade, ante a energia mento-eletromag­nética armazenada no campo da associação men­tal, entre a entidade comunicante e o médium, provocada pelo equilíbrio entre ambos, obstando possíveis variações. Em virtude de semelhante prin­cípio, se aparece alguma alteração na corrente men­tal, surge nas profundezas da’ conjugação mediú­nica certo aumento de força, impedindo a variação. Se a violência interfere criando mudanças bruscas, a indutância no plano mental determina uma des­carga magnética, cujos efeitos se hierarquizam, conforme a intensidade da integração em andamen­to, porqüanto o circuito mediúnico, envolvendo im­plementos fisiopsicossomáticos e tecidos celulares complexos no plano físico e no plano espiritual, mostra-se fortemente indutivo e não deve ser sub­metido a interrupções intempestivas, sendo neces­sário atenuar-se-lhe a intensidade, quando se lhe trace a terminação, para que se impossibilite a formação de extracorrentes magnéticas, capazes de operar desajustes e perturbações físicas, peris­piríticas e emocionais, de resultados imprevisíveis para o médium, quanto para a entidade em pro­cesso de comunicação.

CAPACITANCIA — No circuito elétrico, ca­pacitància é a peculiaridade mediante a qual se permite a acumulação da energia no campo elétri­co, energia essa que acompanha a presença da voltagem, revelando semelhança ao efeito da elas­ticidade em mecânica.

Os aparatos que guardam energia no campo eletrostático do circuito são chamados capacitores ou condensadores.

Um capacitor, por exemplo, acumula energia elétrica, durante a carga, restituindo-a ao circuito, por ocasião da descarga.

Em identidade de circunstâncias, no circuito mediúnico, capacitância exprime a propriedade pela qual se verifica o armazenamento de recursos es­pirituais no circuito, recursos esses que correspon­dem à sintonia psíquica.

Os elementos suscetíveis de condensar essas possibilidades, no campo magnético da conjunção mediúnica, expressam-se na capacidade conceptual e interpretativa na região mental do médium, que acumulará os valores recebidos da entidade que o comanda, devolvendo-a com a possível fidelidade ao serviço do circuito mediúnico na ação do inter­câmbio.

Essas analogias são valiosas, compreendendo-se, então, por que motivo, nas tarefas mediúnicas. organizadas para fins nobres, é sempre necessário a formação de um circuito em que cada médium permanece subordinado ao tradicional “Espirito-guia” ou determinado orientador da Espirituali­dade.

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Analogias de circuitos

VELOCIDADE ELÉTRICA — Estudemos ainda alguns problemas primários da eletricidade para compreendermos com segurança os problemas do intercâmbio mediúnico.

Sabemos que a velocidade na expansão dos im­pulsos elétricos é semelhante à da luz, ou 300.000 quilômetros por segundo.

Fácil entender, assim, que se estendermos um condutor, qual o fio de cobre, numa extensão de 300.000 quilômetros, e se numa das extremidades injetarmos certa quantidade de elétrons livres, um segundo após a mesma quantidade de elétrons li­vres verterá da extremidade oposta.

Entretanto, devemos considerar que a veloci­dade dos elétrons depende dos recursos imanentes da pressão elétrica e da resistência elétrica do ele­mento condutor, como acontece à velocidade de uma corrente liquida que depende da pressão aplicada e da resistência do encanamento.

CONTINUIDADE DE CORRENTES — Com­para-se vulgarmente a circulação da corrente elé­trica num circuito fechado, na base do gerador e dos recursos que encerram a aparelhagem utilizada, ao curso da água em determinado setor de cana­lização.

Se sustentarmos uma pressão contínua sobre o montante líquido, com o auxílio de uma bomba, a linha colateral da artéria circulatória será tras­passada sempre pela mesma quantidade dágua, no mesmo espaço de tempo, e se alimentarmos um circuito elétrico, através de um gerador, em regime de uniformidade, o grau de intensidade da corrente será constante, em cada setor do mesmo circuito.

Acontece que reduzida quantidade de elétrons produz correntes de força quase imperceptíveis, àmaneira de apenas algumas gotas dágua que, arro­jadas ao bojo do encanamento, não conseguem for­mar senão curso fraco e imperfeito.

Assim como se faz necessária uma corrente liquida, em circulação e massa constantes, é imperioso se façam cargas de bilhões de elétrons, por segundo, para que se mantenha a produção de cor­rentes elétricas de valores contínuos.

EXPRESSÕES DE ANALOGIA — Aplicando os conceitos expendidos atrás, aos nossos estudos da mediunidade, recordemos a analogia existente entre os circuitos hidráulico, elétrico e mediúnico, nas seguintes expressões:

a) Curso dágua — fluxo elétrico — corrente mediúnica.

b) Pressão hidráulica — diferença de potencial elétrico, determinando harmonia — sintonia psíquica.

c) Obstáculos na intimidade do encanamento

— resistência elétrica do circuito, através dos condutores — inibições ou desatenções do médium, dificultando o equilíbrio no cir­cuito mediúnico.

d) Para que o curso dágua apresente pressão hidráulica uniforme, superando a resistên­cia de atrito, é necessário o concurso da bomba ou a solução do problema de nível;

- para que a corrente elétrica se mante­nha com intensidade invariável, eqüacionan­do os impositivos da resistência elétrica, éimprescindível que o gerador assegure a diferença de potencial, nutrindo-se o movi­mento de elevada carga de elétrons, con­forme as aplicações da força; — e para que se garanta a complementação do cir­cuito mediúnico, com a possível anulação das deficiências de intercâmbio, é preciso que o médium ou os médiuns em conjunção para determinada tarefa se consagrem, de boamente, à manutenção do pensamento constante de aceitação ou adesão ao pla­no da entidade ou das entidades da Esfe­ra Superior que se proponham a utilizá-los em serviço de elevação ou socorro. Tanto quanto lhes seja possível, devem os médiuns alimentar esse pensamento ou recurso condutor, sempre mais enriquecido dos valores de tempo e condição, sentimento e cultura, com o alto entendimento da obra de bene­merência ou educação a realizar.

NECESSIDADES DA SINTONIA — Não se veja em nossas assertivas qualquer tendência à inutilização da vontade do médium, com evidente desrespeito à personalidade humana, inviolável em seu livre arbítrio.

Anotamos simplesmente as necessidades da sin­tonia, no trabalho das Inteligências associadas para fins enobrecedores, porque, em verdade, os médiuns trazidos ao serviço de reflexão do Plano Superior, quer nas obras de caridade e esclarecimento, quer nas de instrução e consolo, precisarão abolir tudo o que lhes constitua preocupações-extras, tanto no que se refira à perda de tempo quanto no que se reporte a interesses subalternos da experiência vul­gar, sustentando-se, por esforço próprio e não por exigência dos Espíritos Benevolentes e Sábios, em clima de responsabilidade, alegremente aceita, e de trabalho voluntário, na preservação e enriqueci­mento dos agentes condutores da sua vida mental, no sentido de valorizar a própria cooperação, com fé no bem e segura disposição ao sacrifício, no serviço a efetuar-se.

Naturalmente, estudamos, no presente registro, a mediunidade em ação construtiva e não o fenô­meno mediúnico, suscetível de ser identificado a cada passo, inclusive nos problemas obscuros da obsessão.

DETENÇÃO DE CIRCUITOS — Cabe consi­derar que as analogias de circuitos apresentadas aqui são confrontos portadores de justas limitações, porqüanto, na realidade, nada existe na circulação da água que corresponda ao efeito magnético da corrente elétrica, como nada existe na corrente elétrica que possa equivaler ao efeito espiritual do circuito mediúnico.

Recorremos às comparações em foco apenas para lembrar aos nossos companheiros de estudo a imagem de “correntes circulantes”, recordando, ainda, que a corrente líquida, comumente vagarosa, a corrente elétrica muito rápida e a corrente men­tal ultra-rápida podem ser adaptadas, controladas, aproveitadas ou conduzidas, não podendo, entre­tanto, suportar indefinida armazenagem ou deten­ção, sob pena de provocarem o aparecimento de charcos, explosões e rupturas, respectivamente.

CONDUÇÃO DAS CORRENTES — Na distri­buição prestante das águas, no circuito hidráulico, são necessários reservatórios e canais, represas e comportas, em edificações adequadas.

Na aplicação da corrente elétrica, em circuitos correspondentes, não podemos prescindir, como na administração da força eletromotriz, de alternado­res inteligentemente estruturados, para a dosagem de correntes e voltagens diversas, com a produção de variadas utilidades.

E no aproveitamento da corrente mental, no circuito mediúnico, são necessários instrumentos re­ceptores capazes de atender às exigências da emis­são, para qualquer serviço de essência elevada, compreendendo-se, desse modo, que a corrente lí­quida, a corrente elétrica e a corrente mental de­pendem, nos seus efeitos, da condução que se lhes imprima.

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Mediunidade e eletromagnetismo

MEDIUNIDADE ESTUANTE — Aplicando noções de eletricidade ao exame do circuito mediú­nico, será interessante alinhar alguns leves apon­tamentos.

Na generalidade dos metais, principalmente no cobre, na prata, no ouro e no alumínio, os elétrons livres são fàcilmente destacáveis do átomo, moti­vo pelo qual semelhantes elementos são chamados condutores.

Isso acontece em razão de esses elétrons livres serem destacáveis ante a aposição de uma pressão elétrica, de vez que, quando um átomo acusa a deficiência de um elétron, ele desloca, de imediato, um elétron do átomo adjacente, estabelecendo-se, desse modo, a corrente elétrica em certa direção, a expressar-se sempre através do metal, permane­cendo, assim, os átomos em posição de harmonia.

Aqui temos a imagem das criaturas dotadas de mediunidade estuante e espontânea, nas quais a sensibilidade psíquica se deixa traspassar, naturalmente, pelas irradiações mentais afins, recla­mando educação adequada para o justo aproveitamento dos recursos de que são portadoras.

CORRENTE ELÉTRICA — Para que se faça mais clareza em nosso tema, é imperioso incluir o magnetismo, de modo mais profundo, em nossas observações de limiar.

Sempre que nos reportamos ao estudo de cam­pos magnéticos, o ímã é recordado para marco ini­cial de qualquer anotação.

Nele encontramos um elemento com a proprie­dade de atrair limalhas de ferro ou de aço e que, com liberdade de girar ao redor de um’ eixo, assu­me posição definida, relativamente ao meridiano geográfico, voltando invariàvelmente a mesma ex­tremidade para o pólo norte do Planeta.

Estabelecendo algumas idéias, com respeito ao assunto, consignaremos que a corrente elétrica é a fonte de magnetismo até agora para nós conhe­cida na Terra e no Plano Espiritual.

Nessa mesma condição entendemos a corrente mental, também corrente de natureza elétrica, em­bora menos ponderável na esfera física.

Em torno, pois, da corrente elétrica, através desse ou daquele condutor, surgem efeitos magnéticos de intensidade correspondente, e sempre que nos proponhamos à produção de tais efeitos é ne­cessário recorrer ao apoio da corrente referida.

Sabemos, no entanto, que a eletricidade vibra em todos os escaninhos do infinitamente pequeno.

Em cálculo aproximado, não ignoramos que um elétron transporta consigo uma carga elétrica de 1,6 10º 10-19 coulomb.

Além do movimento de translação ou de sal­tos, em derredor do núcleo, os elétrons caracterizam-se igualmente por determinado movimento de rotação sobre o seu próprio eixo, se podemos referir-nos desse modo às partículas que os expri­mem, produzindo os efeitos conhecidos por «spins».

“SPINS” E “DOMÍNIOS” — Geralmente, nas camadas do sistema atômico, os chamados «spins» ou diminutos vórtices magnéticos, revelando natu­reza positiva ou negativa, se compensam uns aos outros, mas não em determinados elementos, como seja o átomo de ferro, no qual existem quatro «spins» ou efeitos magnéticos desajustados nas ca­madas periféricas, provocando as avançadas pecu­liaridades magnéticas que se exteriorizam dele, porqüanto, reunido a outros átomos da mesma subs­tância, faz que se conjuguem, ocasionando a for­mação espontânea de ímãs microscópicos ou, mais propriamente, «domínios».

Esses «domínios» se expressam de maneira irregular ou desordenada, guardando, contudo, a tendência de se alinharem, como, por exemplo, no mesmo átomo de ferro a que nos reportamos.

Inclinam-se a espontâneo ajustamento, de con­formidade com um dos três eixos do cristal desse elemento, mas sofrem obstrução oferecida pelas energias interatômicas, a funcionarem como recur­sos de atrito contra a mudança provável da con­dição magnética que lhes é característica. Todavia, se a intensidade magnética do campo for aumen­tada, alcançando determinado teor, com capacidade de garantir a orientação de cada «domínio», cada «domíniO» atingido entra imediatamente no alinha­mento magnético e, à medida que se dilate o cam­po, todos os «domínios» se padronizam pela mesma orientação, tornando-se, dessa forma, o fluxo mag­nético gradativamente maior.

Tão logo a totalidade dos «domínios» assume direção idêntica, afirma-se que o corpo ou material está saturado ou, mais exatamente, que já se en­contram ocupadas todas as valências dos sistemas atômicos de que esse corpo ou material se compõe.

CAMPO MAGNÉTICO ESSENCIAL — Da

associação dos chamados «domínios», surgem as li­nhas de força a entretecerem o campo magnético essencial ou, mais prôpriamente, o espaço em tor­no de um pólo magnético.

Esse campo é suscetível de ser perfeitamente explorado por uma agulha magnética.

Sabemos que um pólo magnético se caracteriza por intensidade análoga à unidade sempre que es­tiver colocado à distância de 1 centímetro de um pólo idêntico, estabelecendo-se que a força de repul­são ou da atração existente entre ambos equivale a 1 dina.

É assim que o oersted designa a intensidade do campo que funciona sobre a massa magnética unitária com a força de 1 dina.

Se o campo magnético terrestre é muito redu­zido, formando a sua componente horizontal 0,2 oersted e a vertical 0,5 oersted aproximadamente, os campos magnéticos, nos fluxos habituais de apli­cação elétrica, demonstram elevado grau de inten­sidade, qual acontece no campo característico do entreferro anular de um alto-falante, que medeia, aproximadamente, de 7.000 a 14.000 oersteds.

Fácil reconhecer que, em todos os elementos atômicos nos quais os efeitos magnéticos ou «spins» se revelam compensados, os «domínios» ou ímãs microscópicos se equilibram na constituição inter-atômica, com índices de harmonia ou saturação adequados, pelos quais o campo magnético se mos­tra regular, o que não acontece nos elementos em que os «spins» da camada periférica se evidenciam descompensados ou naqueles que estejam sob re­gime de excitação.

Possuímos, na Terra, as chamadas substâncias magnéticas naturais e ainda aquelas que podem ad­quirir semelhantes qualidades artificialmente, como sejam mais destacadamente o ferro, o aço, o co­balto, o níquel e as ligas que lhes dizem respeito, merecendo especial menção o ferro doce, que man­tém a imanização apenas no curso de tempo em que se acha submetido à ação magnetizante, e o aço temperado, que se demora imanizado por mais tempo, depois de cessada a ação referida, em vista de reter a imanização remanente.

FERROMAGNETISMO E MEDIUNIDADE —Após ligeiros apontamentos sobre circuitos elétri­cos e efeitos magnéticos, surpreendemos no ferro-magnetismo um ponto expressivo para o estudo da mediunidade. Perceberemos nas mentes ajustadas aos imperativos da experiência humana, mesmo na­quelas de sensibilidade mediúnica normal, criaturas em que os «spins» ou efeitos magnéticos da ativi­dade espiritual se evidenciam necessàriamente har­monizados, presidindo a formação dos «domínios» ou ímãs diminutos do mundo íntimo em processo de integração, através do qual o campo magnético se mostra entrosado às emoções comuns, ao passo que, nas organizações mentais em que os «spins» ou efeitos magnéticos do pensamento apareçam des­contrabalançados, as propriedades magnéticas pa­tenteiam teor avançado, tanto maior quanto mais vasta a descompensação, plasmando condições me­diúnicas variáveis por exigirem o auxílio de cor­rentes de força que lhes ofereçam o necessário equi­líbrio, o que ocorre tanto com as grandes almas que aceitam ministérios de abnegação e renúncia em planos inferiores, aí permanecendo em posição de desnível, como também com as almas menos enobrecidas, embora em outro sentido, segregadas em aflitivo desajuste nas reencarnações reparado­ras por se haverem onerado perante a Lei.

Vemos, pois, que as mentes integralmente afi­nadas com a esfera física possuem campo magnético reduzido, ao passo que aquelas situadas em condições anômalas guardam consigo campo mag­nético mais vasto, com possibilidades de ampliação, seja nas atividades que se relacionam com o exer­cicio do bem ou naquelas que se reportam à prá­tica do mal.

«DESCOMPENSAÇÃO VIBRATÓRIA» — Sem obstáculo, reconhecemos que a mediunidade ou ca­pacidade de sintonia está em todas as criaturas, porque todas as criaturas são dotadas de campo magnético particular, campo esse, porém, que é sempre mais pronunciado naquelas que estejam temporàriamente em regime de «descompensação vibratória», seja de teor purgativo ou de elevada situação, a transparecer no trabalho expiatório da alma que se rendeu à delinquência ou na ação missionária dos Espíritos de eleição que se entre­gam à bem-aventurança do sacrifício por amor, em estágios curtos ou longos na reencarnação terres­tre, com o objetivo de trazerem das Esferas Supe­riores mais alta contribuição de progresso ao pen­samento da Humanidade.

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Cérebro e energia

GERADORES E MOTORES — Na produção de corrente contínua em eletricidade, possuímos ge­radores e motores, capazes de criar força eletro-motriz e fornecer corrente, no que respeita aos geradores, ou de ceder potência determinada, no que tange aos motores.

Nas máquinas destinadas a semelhantes ser­viços, encontramos os enrolamentos em tambor, que podem ser imbricados ou ondulados, com particu­laridades técnicas variadas.

Anotando a multiplicidade dos aparelhos dessa espécie, lembremo-nos de que os geradores, em sua maioria, são sempre auto-excitados.

E para consolidar imagens comparativas, pre­ciosas no assunto, permitimo-nos repetir as figura­ções já feitas, em capítulos anteriores, em torno da atenção e da desatenção, para fixar com mais segurança o nosso estudo, acerca da criação da energia mental e expansão respectiva

GERADOR «SHUNT» — Observemos um ge­rador “shunt”, em que o fenômeno da corrente elé­trica é mais acessível ao nosso exame.

Imaginando-se-lhe o interruptor aberto, quando o induzido começa a girar, repararemos que aí se plasma pequena força eletromotriz, em vista da formação de magnetismo residual.

Essa força, no entanto, não patrocina qualquer corrente circulante no campo.

Se fechamos, contudo, o interruptor, a força eletromotriz gerada produz uma corrente no campo que, por sua vez, determina a formação de uma força magnetomotriz de sentido idêntico, àquele em que se expressa o magnetismo residual, dilatando o fluxo, até que a força eletromotriz alcance o seu máximo valor, de conformidade com a resistência integral do campo.

A elevação da voltagem cessa no ponto em que a linha de resistência interrompe a curva de satu­ração, porqüanto, acima dessa zona, a força eletro-motriz gerada é menor do que aquela necessária para sustentar o valor da corrente excitadora.

FRUSTRAÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA — Sempre que a corrente de um gerador não se alteie, a frustração é devida a causas diversas, das quais salientamos as mais importantes:

1) Ausência de magnetismo residual, em se tratando de aparelhos novos ou fora de ser­viço por longo tempo.

2) Ligações invertidas no circuito do campo, de vez que, se precisamos do magnetismo de resíduo para que se produza ação adi­cional no circuito magnético, é indispensá­vel que o campo «shunt» esteja em ligação com a armadura, de maneira que a corrente

excitadora engendre a força eletromotriz que se adicione ao campo residual.

3) Resistência excessiva do circuito do campo, que poderá advir de ligações inconvenien­tes ou de influência perniciosa dos detritos acumulados na máquina.

GERADOR DO CÉREBRO — Com alguma ana­logia, encontramos no cérebro um gerador auto-excitado, acrescido em sua contextura Intima de avançados implementos para a geração, excitação, transformação, indução, condução, exteriorização, captação, assimilação e desassimilação da energia mental, qual se um gerador comum desempenhasse, não apenas a função de criar força eletromotriz e consequentes potenciais magnéticos para fornecê­-los em certa direção, mas também todo o acervo de recursos dos modernos emissores e receptores de radiotelefonia e televisão, acrescidos de valores ainda ignorados na Terra.

Erguendo-se sobre os vários departamentos do corpo, a funcionarem por motores de sustentação, o cérebro, com as células especiais que lhe são próprias, detém verdadeiras usinas microscópicas, das quais as pequenas partículas de germânio, na construção do transistor, nos conjuntos radiofô­nicos miniaturizados, podem oferecer imperfeita expressão.

É aí, nesse microcosmo prodigioso, que a ma­téria mental, ao impulso do Espírito, é manipulada e expressa, em movimento constante, produzindo correntes que se exteriorizam, no espaço e no tem­po, conservando mais amplo poder na aura da per­sonalidade em que se exprime, através de ação e reação permanentes, como acontece no gerador comum, em que o fluxo energético atinge valor máximo, segundo a resistência integral do campo, diminuindo de intensidade na curva de saturação.

Nas reentrâncias de semelhante cabine, de cuja intimidade a criatura expede as ordens e decisões com que traça o próprio destino, temos, no córtex, os centros da visão, da audição, do tato, do olfato, do gosto, da palavra falada e escrita, da memória e de múltiplos automatismos, em conexão com os mecanismos da mente, configurando os poderes da memória profunda, do discernimento, da análise, da reflexão, do entendimento e dos multiformes valores morais de que o ser se enriquece no tra­balho da própria sublimação.

Nessas províncias-fuleros da individualidade, circulam as correntes mentais constituídas à base dos átomos de matéria da mesma grandeza, qual ocorre na matéria física, em que as correntes elé­tricas resultam dos átomos físicos excitados, for­mando, em sua passagem, o consequente resíduo magnético, pelo que depreendemos, sem dificulda­de, a existência do eletromagnetismo tahto nos sistemas interatômicos da matéria física, como na­queles em que se evidencia a matéria mental.

CORRENTE DO PENSAMENTO — Sendo o pensamento força sutil e inexaurível do Espírito, podemos categorizá-lo, assim, à conta de corrente viva e exteriorizante, com faculdades de auto-exci­tacão e autoplasticização inimagináveis.

À feição do gerador «shunt», se a mente jaz desatenciosa, como que mantendo o cérebro em circuito .aberto, forma-se, no mundo intracraniano, reduzida força mentocriativa que não determina qualquer corrente circulante no campo individual: mas, se a mente está concentrada, fazendo conver­gir sobre si mesma as próprias oscilações, a força mentocriativa gerada produz uma corrente no cam­po da personalidade que, a seu turno, provoca a formação de energia mental de sentido análogo àquele em que se exprime o magnetismo de resíduo, dilatando o fluxo até que a força aludida atin­ja o seu valor máximo, de acordo com a resistência do campo a que nos referimos.

Surpreendemos, nessa fase, o mesmo fenômeno de elevação da voltagem no gerador elétrico, porqüanto, no cosmo fisiopsicossomático, a corrente mentocriativa se alteia até o ponto de saturação, do qual se alonga, com menor expressão de poten­cial, no rumo dos objetivos a que se afeiçoe, con­forme a linha do desejo.

NEGAÇÃO DA CORRENTE MENTAL — Sem­pre que a corrente mental ou mentocriativa não possa expandir-se, tal negação se filia a causas diversas, das quais, como acontece na máquina “shunt”, assinalamos as mais expressivas:

1) Ausência de magnetismo residual, em se tratando de cérebros primitivos, isto é, de criaturas nos primeiros estágios do pensa­mento continuo, no reino hominal, ou de pessoas por largo tempo entregues a pro­funda e reiterada ociosidade espiritual.

2) Circuitos mentais invertidos, em razão de monoideísmo vicioso, na maioria das vezes agravado por influências obsessivas.

3) Deficiência da aparelhagem orgânica, por motivo de enfermidade ou perturbações temporárias, oriundas do relaxamento da criatura, no trato com o próprio corpo.

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Fluxo mental

PARTICULA ELÉTRICA — Por anotações li­geiras, em torno da Microfísica, sabemos que toda partícula se desloca, gerando onda característica naturalmente formada pelas vibrações do campo elétrico, relacionadas com o número atômico dos elementos.

Em conjugando os processos termoelétricos e o campo magnético, a Ciência pode medir com exa­tidão a carga e a massa dos elétrons, demonstran­do que a energia se difunde, através de movimento simultâneo, em partículas infra-atômicas e pulsa­ções eletromagnéticas correspondentes.

Informamo-nos, ainda, de que a circulação da corrente elétrica num condutor é invariavelmente seguida do nascimento de calor, formação de um campo magnético ao redor do condutor, produção de luz e ação química.

Deve-se o aparecimento do calor às constantes colisões dos elétrons livres, espontâneamente impe­lidos a se moverem ao longo do condutor, associando a velocidade de transferência ou desloca­mento à velocidade própria, no que tange à translação sobre si mesmos, o que determina a agitação dos átomos e das moléculas, provocando aqueci­mento.

A constituição de um campo magnético, ao re­dor do condutor, é induzida pelo movimento das correntes corpusculares a criarem forças ondula­tórias de imanização. A produção de luz decorre da corrente elétrica do condutor. E a ação química resulta de circulação da corrente elétrica, através de determinadas soluções.

PARTÍCULA MENTAL — Em identidade de circunstâncias, apesar da diversidade dos processos, toda particula da corrente mental, nascida das emo­ções e desejos recônditos do Espírito, através dos fenômenos íntimos e profundos da consciência, cuja estrutura ainda não conseguimos abordar, se des­loca, produzindo irradiações eletromagnéticas, cuja frequência varia conforme os estados mentais do emissor, qual acontece na chama, cujos fótons arremessados em todas as direções são constituídos por grânulos de força cujo poder se revela mais, ou menos intenso, segundo a frequência da onda em que se expressam.

CORRENTE MENTAL SUB-HUMANA — Nos reinos inferiores da Natureza, a corrente mental restringe-se a impulsos de sustentação nos seres de constituição primária, a começar dos minerais, preponderando nos vegetais e avançando pelo do­mínio dos animais de formação mais simples, para se evidenciar mais complexa nos animais superio­res que já conquistaram bases mais amplas à pro­dução do pensamento contínuo.

Em todas as criaturas sub-humanas, os agen­tes mentais, na forma de impulsos constantes, são, desse modo, empregados na manutenção de calor e magnetismo, radiação e atividade química nos processos vitais dos circuitos orgânicos, de maneira a sedimentarem, pouco a pouco, os alicerces da inteligência, salientando-se que nos animais supe­riores os impulsos mentais a que aludimos já se responsabilizam por valioso patrimônio de percep­ções avançadas.

FUNÇÃO DOS AGENTES MENTAIS — Por intermédio dos agentes mentais ou ondas eletro­magnéticas incessantes, temos os fenômenos elé­tricos da transmissão sináptica ou transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro, fenôme­nos esses que podem ser largamente analisados nos gânglios simpáticos (quais o oftálmico, o estrelado, o cervical superior, o mesentérico inferior, os lom­bares), na medula espinhal, após a excitação das fibras aferentes, nos núcleos motores dos nervos óculo-motor comum e motores espinhais.

Podemos, ainda, verificar essa ocorrência nos neurônios motores espinhais, valendo-nos de eletró­dios intracelulares.

Inibindo, controlando, libertando ou distribuin­do a força nervosa ou os potenciais eletromagne­ticos acumulados pelos impulsos mentais, nas pro­víncias celulares, surpreendemos a coordenação dos estímulos diversos, mantenedores do equilíbrio or­gânico, através da ação conduzida dos vários me­diadores químicos de que as células se fazem os fabricantes e distribuidores essenciais.

CORRENTE MENTAL HUMANA — No ho­mem a corrente mental assume feição mais elevada e complexa.

No cérebro humano, gabinete da alma erguida a estágios mais nobres na senda evolutiva, ela não se exprime tão só à maneira de impulso necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e reprodução. É pensamento continuo, fluxo energético incessante, revestido de poder cria­dor inimaginável.

Nasce das profundezas da mente, em circuns­tâncias por agora inacessíveis ao nosso conhecimento, porque, em verdade, a criatura, pensando, cria sobre a Criação ou Pensamento Concreto do Criador.

E, após nascida, ei-la — a corrente mental —que se espraia sobre o cosmo celular em que se manifesta, mantendo a fábrica admirável das uni­dades orgânicas, através da inervação visceral e da inervação somática a se constituírem pelo arco reflexo espinhal, bem como pelos centros e vias de coordenação superiores.

E, assim, percorre o arco reflexo visceral, vi­brando:

1) nas fibras aferentes, cuja tessitura celular permanece nos gânglios das raízes dorsais e dos nervos cranianos correspondentes;

2) nas fibras conectoras mielínicas que se ori­ginam na coluna intermédio-latcral;

3) nas fibras motoras originadas nos neurô­nios ganglionares e que terminam nos efe­tores ou fibras pós-ganglionares.

Acima do nível espinhal, vibra, ainda:

1) na integração pontobulbar em que se hie­rarquizam reflexos importantes, como se­jam os da pressão arterial;

2) no conjunto talâmico e hipotalâmico. em que se mecanizam os reflexos do Espírito;

3) na composição cortical.

A corrente mental, segundo anotamos, vitaliza, particularmente, todos os centros da alma e, con­sequentemente, todos os núcleos endócrinos e jun­turas plexiformes da usina física, em cuja urdidura dispõe o Espírito de recursos para os serviços da emissão e recepção, ou exteriorização dos próprios pensamentos e assimilação dos pensamentos alheios.

CAMPO DA AURA — Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de for­ças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares.

Evidenciam-se essas irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de satura­ção, contendo as essências e imagens que lhe con­figuram os desejos no mundo íntimo, em processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante, atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que se lhe re­velem simpáticos.

E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo proposto por Einstein, dimi­nui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a espraiar-se no Universo infinito.

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Onda mental

ONDA HERTZIANA — Examinando sumària­mente as forças corpusculares de que se constituem todas as correntes atômicas do Plano Físico, po­demos compreender, sem dificuldade, no pensamento ou radiação mental, a substância de todos os fe­nômenos do espírito, a expressar-se por ondas de múltiplas frequências.

Valendo-nos de ideia imperfeita, podemos com­pará-lo, de início, à onda hertziana, tomando o cé­rebro como sendo um aparelho emissor e receptor ao mesmo tempo.

PENSAMENTO E TELEVISÃO — Recorren­do ainda a recursos igualmente incompletos, recor­demos a televisão, cujos serviços se verificam àbase de poderosos feixes eletrônicos devidamente controlados.

Nos transmissores dessa espécie, é imperioso conjugar a aparelhagem necessária à captação, transformação, irradiação e recepção dos sons e das imagens de modo simultâneo.

De igual maneira, até certo ponto, o pensa­mento, a formular-se em ondas, age de cérebro a cérebro, quanto a corrente de elétrons, de trans­missor a receptor, em televisão.

Não desconhecemos que todo Espírito é fulcro gerador de vida onde se encontre.

E toda espécie de vida começa no impulso mental.

Sempre que pensamos, expressando o campo íntimo na ideação e na palavra, na atitude e no exemplo, criamos formas-pensamentos ou imagens-moldes que arrojamos para fora de nós, pela atmosfera psíquica que nos caracteriza a presença.

Sobre todos os que nos aceitem o modo de sentir e de ser, consciente ou inconscientemente, atuamos à maneira do hipnotizador sobre o hipno­tizado, verificando-se o inverso, toda vez que ade­rimos ao modo de ser e de sentir dos outros.

O campo espiritual de quem sugestiona gera no âmbito da própria imaginação os esboços ou planos que se propõe exteriorizar, assemelhando-se, então, à câmara de imagens do transmissor vul­gar, em que o iconoscópio, com o jogo de lentes adequadas, focaliza a cena sobre a face sensível do mosaico que existe numa das extremidades dele mesmo, iconoscópio, ao passo que um dispositivo explorador, situado na outra extremidade, fornece um feixe ténue de elétrons ou raio explorador que percorre toda a superfície do mosaico.

Quando o raio explorador alcança a superfície do mosaico, desprende-se deste uma corrente elé­trica de potência proporcional à luminosidade da região que está atravessando e, compreendendo-se que a maior ou menor luminosidade dos pontos di­versos do mosaico equivale à imagem sobre ele mesmo refletida, perceberemos com facilidade que as variações de intensidade da corrente fornecida pelo mosaico equivalem à metamorfose das cenas em eletricidade, variações que respondem pelas mo­dificações das cores e respectivos semitons.

As imagens arremessadas através do disposi­tivo de focalização da câmara, atingindo o mosaico, se fazem invisíveis ao olhar comum.

Nessa fase da transmissão, os vários pontos do mosaico acumulam maior ou menor corrente elé­trica, segundo a porção de luz a incidir sobre eles.

Somente depois dessa operação, que prossegue em variadas minudências técnicas, é que a cena passa ao transmissor da imagem, a reconstituir-se, através do cinescópio ou válvula da imagem, no aparelho receptor, válvula essa cujo funcionamento é quase análogo ao do iconoscópio, na transmissão, embora fisicamente não se pareçam.

CÉLULAS E PEÇAS — Com muito mais pri­mor de organização, o cérebro ou cabine de mani­festação do Espírito, tanto quanto possamos co­nhecer-nos, do ponto de vista da estrutura mental, em nossa presente condição evolutiva, possui nas células e implementos que o servem aparelhagens correspondentes às peças empregadas em televi­são para a emissão e recepção das correntes ele­trônicas, exteriorizando as ondas que lhe são ca­racterísticas, a transportarem consigo estímulos, imagens, vozes, cores, palavras e sinais múltiplos, através de vias aferentes e eferentes, nas faixas de sintonia natural.

As válvulas, câmaras, antenas e tubos desti­nados à emissão dos elétrons, ao controle dos elétrons emitidos, à formação dos feixes corpusculares e respectiva deflexão vertical e horizontal e a ope­rações outras para que o mosaico ou espelho elé trico forneça os sinais de vídeo, equivalentes àmetamorfose da cena em corrente elétrica, e para que a tela fluorescente converta de novo os sinais de vídeo na própria cena óptica, a exprimir-se nos quadros televisionados, — configuram-se, admirà­velmente, nos recursos sensíveis do cérebro, sis­tema nervoso, plexos e glândulas endócrinas, en­riquecidos de outros elementos sensoriais no veículo físico e psicossomático, cabendo-nos, ainda, acen­tuar que a nossa comparação peca demasiado pela pobreza conceptual, porqüanto, em televisão, na atualidade, há conjuntos distintos para emissão e recepção, quando o Espírito, na engrenagem indi­vidual do cérebro, conta com recursos avançados para serviços de emissão e recepção simultâneos.

ALAVANCA DA VONTADE — Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais pró­prias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações e desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento.

Compreendendo-se que toda partícula de ma­téria em movimentação se caracteriza por impulso inconfundível, fácil ser-nos-á observar que cada Espírito, pelo poder vibratório de que seja dotado, imprimirá aos seus recursos mentais o tipo de onda ou fluxo energético que lhe define a personalidade, a evidenciar-se nas faixas superiores da vida, na proporção das grandezas morais, do ponto de vista de amor e sabedoria, que já tenha acumulado em si mesmo.

E para manejar as correntes mentais, em ser­viço de projeção das próprias energias e de assimilação das energias alheias, dispõe a alma, em si, da alavanca da vontade, por ela vagarosamente construída em milênios e milênios de trabalho automatizante.

A principio, adstrita aos círculos angustos do primitivismo, a vontade, agarrada ao instinto de preservação, faz do Espírito um inveterado mono­maníaco do prazer inferior.

Avançando pelo terreno inicial da experiência, aparece o homem qual molusco inteligente, sempre disposto a fechar o circuito das próprias oscilações mentais sobre si mesmo, em monoideísmo intermi­tente.

VONTADE E APERFEIÇOAMENTO — A me­mória e a imaginação, ainda curtas, limitam a vo­lição do homem a simples tendência que, no fundo, é aspecto primário da faculdade de decidir.

Ele mesmo opera a retração da onda mental que o personaliza, repelindo as vibrações que o inclinem ao burilamento sempre difícil e à expan­são sempre laboriosa, para deter-se no reino afetivo das vibrações que o atraem, onde encontra os mesmos tipos de onda dos que se lhe assemelham, capazes de entreter-lhe a egolatria, no gregarismo das longas simbioses em repetidas reencarnações de aprendizagem.

A civilização, porém, chega sempre.

O progresso impõe novos métodos e a dor esti­lhaça envoltórios.

As modificações da escolha acompanham a as­censão do conhecimento.

A vontade de prazer e a vontade de domínio, no curso de largos séculos, convertem-se em prazer de aperfeiçoar e servir, acompanhados de autodo­minio.

CICLOTRON DA VONTADE — Arremessa a criatura, naturalmente, a própria onda mental na direção dos Espíritos que penetraram mais amplos horizontes da evolução.

Alcançando semelhante estágio de consciência, a vontade, no campo do Espírito, desempenha o papel do cíclotron no mundo da Química, bombar­deando automàticamente os princípios mentais que se lhe contraponham aos impulsos. E é, ainda, com essa faculdade determinante que ela preside as junções de onda, junto àquelas que se proponha assimilar, no plano das sintonias, de vez que, quan­to mais elevado o discernimento, mais livre se lhe fará a criação mental originária para libertar e aprisionar, enriquecer e sublimar, agravar os ma­les ou acrescentar os próprios bens na esfera do destino.

12

Reflexo condicionado

IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO — Entenden­do-se que toda mente vibra na onda de estímulos e pensamentos em que se identifica, fàcilmente perceberemos que cada Espírito gera em si mesmo inimaginável potencial de forças mento-eletromag­néticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que acumula em si próprio.

Daí nasce a importância da reflexão em todos os setores da vida.

É que, gerando força criativa incessante em nós, assimilamos, por impulso espontâneo, as cor­rentes mentais que se harmonizem com o nosso tipo de onda, impondo às mentes simpáticas o fruto de nossas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico, em ação que independe da distância espacial, sempre que a simpatia esteja estabelecida e, com mais objetividade e eficiência, quando o serviço de troca mental se evidencie assegurado conscientemente.

TIPOS DE REFLEXOS — Vale a pena recor­dar o conhecimento dos reflexos condicionados, em evolução na escola instituída por Pavlov.

Esse campo de experiências traz a estudo os refléxos congênitos ou incondicionados, quais os chamados protetores, alimentares, posturais e se­xuais, detentores de vias nervosas próprias, como que hauridos da espécie, seguros e estáveis, sem necessidade do córtex, e os reflexos adquiridos ou condicionados, que não surgem espontâneamente, mas sim conquistados pelo indivíduo, no curso da existência.

Os reflexos adquiridos ou condicionados, que se utilizam da intervenção necessária do córtex ce­rebral, desenvolvem-se sobre os reflexos preexis­tentes, à maneira de construções emocionais, por vezes instáveis, e sobre os alicerces das vias ner­vosas, que pertencem aos seguros reflexos congê­nitos ou absolutos.

EXPERIÊNCIA DE PAVLOV — Lembremo-nos de que Pavlov, em uma de suas experiências, separou alguns cães do convívio materno, desde o nascimento, sujeitando-os ao aleitamento artificial. Como é lógico, revelaram naturalmente os reflexos congênitos, quais o patelar e o córneo-palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto aos olhos quanto ao olfato, não segregaram saliva, não obstante à frente do alimento tradicional da espé­cie, demonstrando a esperada secreção apenas quan­do a carne lhes foi colocada na boca.

Desde então, os animais se habituaram a for­mar a mencionada secreção, sempre que o referido alimento lhes fôsse apresentado à vista ou ao ol­fato.

Observemos que o estímulo provocou um re­flexo condicionado, como que em regime de enxertia sobre o reflexo congênito desencadeado pelo ali­mento introduzido na boca.

REFLEXOS PSIQUICOS — Os princípios de reflexão podem ser aplicados aos reflexos psíquicos.

Compreenderemos, desse modo, que o ato de alimentar-se é um hábito estratificado na personalidade do cão, em processo evolucionista, através de reencarnações múltiplas, e que o ato de pre­ferir carne», mesmo em se tratando de alimento ancestral da espécie a que se entrosa, é um hábito que ele adquire, formando impressões novas sobre um campo de sensações já consolidadas.

Recorremos à imagem simplesmente para sa­lientar que os nossos reflexos psíquicos condicionados se revestem de suma importância em nossas ligações mentais diversas.

E esses reflexos são — todos eles — presididos e orientados pela indução.

Nos cães de Pavlov a que nos reportámos, a faculdade de comer representa atitude espontânea, como aquisição mental automática, mas o interesse pela carne a que foram habituados define uma atitude excitante, compelindo-lhes a mente a ex­teriorizar uma onda característica que age como pensamento fragmentário, em torno deles, a reagir neles próprios, notadamente sobre as células gus­tativas. Do mesmo modo, variados estímulos apa­recem nos animais aludidos, segundo o desdobra­mento das impressões que lhes atingem o acanhado mundo sensório, acentuando-lhes a experiência.

Podemos, assim, apreciar a riqueza dos refle­xos condicionados, pelos quais se expande a vida mental do Espírito humano, em que a razão, por luz do discernimento, lhe faculta o privilégio da escolha.

É nesses reflexos condicionados da atividade psíquica que principiam para o homem de pensamentos elementares os processos inconscientes da conjugação mediúnica, porqüanto, emitindo a onda das ideias que lhe são próprias, ao redor dos temas que lhe sejam afins, exterioriza na direção dos outros as imagens e estímulos que acalenta consi­go, recebendo, depois, sobre si mesmo os princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agentes que se lhe sintonizem com as criações mentais.

AGENTES DE INDUÇÃO — Temos plenamen­te evidenciada a auto-sugestão, encorajando essa ou aquela ligação, esse ou aquele hábito, demons­trando a necessidade de autopoliciamento em todos os interesses de nossa vida mental, porqüanto, con­quistada a razão, com a prerrogativa da escolha de nossos objetivos, todo o alvo de nossa atenção se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do pensamento contínuo na dire­ção em que se nos fixe a ideia, direção essa na qual encontramos os princípios combináveis com os nossos, razão por que, automàticamente, esta­mos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensam como pensamos, tão mais estreitamente quão mais estreita a distância entre nós e eles, isto é, quanto mais intimamente estejamos comungando a atmosfera mental uns dos outros, independentemente de fatores espaciais.

Uma conversação, essa ou aquela leitura, a contemplação de um quadro, a ideia voltada para certo assunto, um espetáculo artístico, uma visita efetuada ou recebida, um conselho ou uma opinião representam agentes de indução, que variam se­gundo a natureza que lhes é característica, com resultados tanto mais amplos quanto maior se nos faça a fixação mental ao redor deles.

USO DO DISCERNIMENTO — A liberdade de escolha, na pauta das Leis Divinas, é clara e incontestável nos processos da consciência.

Ainda mesmo em regime de prisão absoluta, do ponto de vista físico, o homem, no pensamento, é livre para eleger o bem ou o mal para as rotas do Espírito.

O discernimento deve ser, assim, usado por nós outros à feição de leme que a razão não pode esquecer à matroca, de vez que se a vida física está cercada de correntes eletrônicas por todos os lados, a vida espiritual, da mesma sorte, jaz imersa em largo oceano de correntes mentais e, dentro delas, é imprescindível saibamos procurar a com­panhia dos espíritos nobres, capazes de auxiliar a nossa sustentação no bem, para que o bem, como aplicação das Leis de Deus, nos eleve à vida superior.

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Fenômeno hipnótico indiscriminado

HIPNOTISMO VULGAR — No exame dos su­cessos devidos ao reflexo condicionado, é impor­tante nos detenhamos, por alguns instantes, no hipnotismo vulgar.

Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atuar sobre o espírito alheio, e, para que a impressão provocada, nesse sentido, se faça duradoura e profunda é imperioso se não desen­volva maior intimidade entre o magnetizador e a pessoa que lhe serve de instrumento, porqüanto a faculdade de hipnotizar, para persistir em al­guém, reclama dos outros obediência e respeito.

Reparemos o fenômeno hipnótico em sua fei­ção mais simples, a evidenciar-se, muita vez, em espetáculos públicos menos edificantes.

O operador pede silêncio, e, para observar quais as pessoas mais suscetíveis de receber-lhe a in­fluenciação, roga que todos os presentes fixem de­terminado objeto ou local, proibindo perturbação e gracejo.

Anotamos aqui a operação inicial do «circuito fechado».

Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação sobre si mesma, a corrente mental dos assistentes capazes de entrar em sintonia com o toque de indução do hipnotizador passa a absor­ver-lhe os agentes mentais, predispondo-se a exe­cutar-lhe as ordens.

Semelhantes pessoas não precisarão estar abso­lutamente coladas à região espacial em que se en­contra a vontade que as magnetiza. Podem estar até mesmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a in­fluência através do rádio, de gravações e da te­levisão. Desde que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, começam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialidades criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as formas-pensamentOS que lhes sejam sugeridas, formas essas que, estruturadas pelos movimentos de ação dos princípios mentais exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determi­nando os efeitos ou alucinações que lhes imprima a vontade a que se submetem.

Temos aí a perfeita conjugação de forças on­dulatórias.

GRAUS DE PASSIVIDADE — Induzidos pelo impacto de comando do hipnotizador, os hipnoti­zados produzem oscilações mentais com frequência peculiar a cada um, oscilações essas que, partindo deles, entram automàticamente em relação com a onda de forças positivas do magnetizador, voltando a eles próprios com a sugestão que lhes é des­fechada, estabelecendo para si mesmos o campo alucinatório em que lhe responderão aos apelos.

Cada instrumento, nesse passo, após demons­trar obediência característica, revelar-se-á em de­terminado grau de passividade.

A maioria estará em posição de hipnose vul­gar, alguns cairão em letargia e alguns raros em catalepsia ou sonambulismo.

Nos dois primeiros casos (isto é, na hipnose e na letargia), as pessoas apassivadas, à frente do magnetizador, terão libertado, em condições anô­malas, certa classe de aglutininas mentais que facultam o sono comum, obscurecendo os núcleos de controle do Espírito, nos diversos departamen­tos cerebrais. Além disso, correlacionam-se com a onda-motor da vontade a que se sujeitam, subs­tancializando, na conduta que lhes é imposta, os quadros que se lhes apresentem.

Nos dois segundos (na catalepsia e no sonam­bulismo provocado), as oscilações mentais dos hip­notizados, a reagirem sobre eles mesmos, determi­nam o desprendimento parcial ou total do perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liberto das células físicas, se mantém sob o domí­nio direto do magnetizador, atendendo-lhe as or­denações.

IDEIA-TIPO E REFLEXOS INDIVIDUAIS —Na hipnose ou na letargia, os passivos controlados executam habitualmente cenas que provocam admi­ração pela jogralidade com que se manifestam.

O hipnotizador dará, por exemplo, a dez pas­sivos, em ação, a ideia de frio, asseverando que a atmosfera se tornou súbitaxnente gélida.

Expedirão todos eles, para logo, ondas mentais características, associando as imagens que sejam capazes de formular.

Semelhantes vibrações encontram na onda men­tal do hipnotizador o agente excitante que lhes alimenta o fluxo crescente na direção do objetivo determinado.

No decurso de instantes, essas vibrações terão reagido muitas vezes sobre os cérebros que as ge­ram e entretecem, inclinando-os a agir como se real­mente estivessem em pleno inverno.

Cada um, entretanto, procederá no vaivém das oscilações de maneira diversa.

Aqui, um deles abotoará fortemente o casaco; ali, outro se encolherá, vergando a cabeça para a frente; acolá, outro fará gestos de quem toma agasalhos, utilizando objetos em desacordo com os que imagina, e, além, ainda outros tremerão. impacientes, como que desamparados à ventania de um temporal.

O toque excitante do hipnotizador lançou uma ideia-tipo; contudo, as mentes por ele impressio­nadas responderam em sintonia, mas segundo os reflexos peculiares a si mesmas.

AULA DE VIOLINO — Na mesma ordem de fenômenos, o hipnotizador sugerirá aos mesmos passivos, em sono provocado, que se encontram numa aula de música e que lhes cabe o dever de ensaiarem ao violino.

A mente de cada um despedirá ondas de acor­do com a ordem recebida, criando a forma-pensa­mento respectiva.

Em poucos segundos, sob o controle do mag­netizador, tê-la-ão plasmado com tanto realismo quanto lhes seja possível.

Os mais achcgados ao culto do referido ins­trumento assumirão atitude consentânea com o es­tudo mentalizado, conjugando movimentos harmo­niosos, com a dignidade de um concertista, enquan­to os adventícios da música exibirão gestos grotes­cos, manobrando a forma-pensamento mencionada quais se fôssem crianças injuriando a arte musical.

Em todos, os estados anômalos a que nos re­ferimos, os sujets governados demonstrarão certo grau de passividade. Da hipnose semiconsciente ao sonambulismo profundo numerosas posições se evi­denciam.

HIPNOSE E TELEMENTAÇÃO — Em deter­minados estágios da ocorrência hipnótica, verifica-se o desprendimento parcial da personalidade, com

o deslocamento de centros sensoriais.

Ainda aí, porém, o hipnotizado, no centro das irradiações mentais que lhe são próprias, perma­nece controlado pela onda positiva da vontade a que se submete.

Nessa condição, esse ou aquele passivo pode ainda representar o papel de suposta personalidade, conforme a sugestão que o magnetizador lhe incuta.

O hipnotizador escolherá, de preferência, uma ‘igura popular, um cantor, um literato ou um re­gente de orquestra que esteja no âmbito de conhe­cimento do passivo em ação e inclina-lo-á a sentir-se como sendo a pessoa lembrada.

Imediatamente o sujet estampará, no próprio fluxo de energia mental, a figura do artista, do escritor ou do maestro, de acordo com as possibi­lidades da própria imaginação, tomará da pena, erguerá a voz, ou empunhará a forma-pensamento de uma batuta, por ele mesmo criada, manobrando os mecanismos da mente para substancializar a su­gestão recebida.

Entretanto, se o magnetizador lembra algum maestro de aldeia, ou escritor sem projeção, ou algum cantor obscuro, conhecido apenas dele, não será tão fácil ao passivo atender-lhe as ordens, por falta de recursos imaginativos a serem apostos por ele mesmo nas próprias oscilações mentais, o que apenas será conseguido após longos exercícios de telementação especializada entre ambos.

SUGESTÃO E AFINIDADE — Estabelecida a sugestão mais profunda, o hipnotizador pode traçar ao sujet, com pleno êxito, essa ou aquela incumbência de somenos importância, para ser exe­cutada após desperte do sono provocado, seja ofe­recer um lápis ou um copo dágua a certa pessoa, sugestão essa que por seu caráter elementar éabsorvida pela onda mental do passivo, em seu mo­vimento de refluxo, incorporando-se-lhe, automàti­camente, ao centro da atenção, para que a vontade lhe dê curso no instante preciso.

Isso, porém, não aconteceria de modo tão sim­ples se a sugestão envolvesse processos de mais alta responsabilidade na esfera da consciência, porqüanto, nos atos mais complexos do Espírito, para que haja sintonia nas ações que envolvam compro­misso moral, é imprescindível que a onda do hipno­tizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao outro nos recessos da afinidade profunda.

14

Reflexo condicionado específico

PRÓDROMOS DA HIPNOSE — Após obser­varmos o fenômeno do hipnotismo num espetáculo público, imaginemos que o magnetizador seja um homem digno de respeito, capaz de nutrir a con­fiança popular.

Suponhamos seja ele procurado por um cidadão qualquer, portador de doença nervosa, desejoso de tratar-se pela hipnose.

O enfermo tê-lo-á visto na exibição a que nos referimos ou dela terá recebido exato noticiário e, por isso mesmo, buscar-lhe-á o concurso, fortemen­te decidido a aceitar-lhe a orientação. (16)

(16) A utilização dos fenômenos hipnóticos serve, neste livro, simplesmente para explicar os mecanismos da mediunidade, e não para induzir os companheiros do Espiritismo a praticá-los em suas tarefas, porqüan­to o nosso objetivo primordial é o serviço da Doutrina Espírita que devemos tomar por disciplinadora de todos os fenômenos que nos rodeiam, na esfera das ocorrências mediúnicas. a beneficio de nossa própria melhoria moral. — (Nota do Autor espiritual.)

O hipnotizador, de imediato, adquire conheci­mento da atitude simpática do visitante e acolhe-o com manifesto carinho.

Toma-lhe a mão, entrando de imediato na aura ou halo de forças do paciente, endereçando-lhe al­gumas inquirições.

Nesse toque direto, inocula-lhe vasta corrente revitalizadora, em lhe falando de bom ânimo e es­perança, e o doente se lhe rende, satisfeito, aos apelos silenciosos de relaxamento da tensão que o castiga.

O consulente prestará ligeiros informes acerca dos sintomas de que se vê objeto, e o anfitrião, paternal, convidá-lo-á a sentar-se em larga poltro­na que lhe faculte mais amplamente o repouso.

MECANISMO DO FENÔMENO HIPNÓTICO — Recorrendo, para exemplo, em nosso estudo, ao conhecido processo de Liébeault, o hipnotizador passará à ação franca, colocando-se à frente do enfermo.

E, situando de leve a mão esquerda sobre a sua cabeça, manterá dois dedos da mão direita, à distância aproximada de vinte a trinta centíme­tros dos olhos do paciente, de modo a formar com eles um ângulo elevado, compelindo-o a levantar os olhos, em atenção algo laboriosa, para que lhe fixe os dedos por algum tempo.

Com esse gesto, o magnetizador estará proje­tando o seu próprio fluxo energético sobre a epífise do hipnotizado, glândula esta de suma importância em todos os processos medianímicos (17),

(17) Para mais claro entendimento do assunto, indicamos ao leitor a releitura do capitulo 2º do livro “Missionários da Luz”, do mesmo Autor espiritual, re­cebido pelo médium Francisco Cândido Xavier. — (Nota da Editora.)

por favorecer a passividade dos núcleos receptivos do cérebro, provocando, ao mesmo tempo, a atenção ou o circuito fechado no campo magnético do pa­ciente, cuja onda mental, projetada para além de sua própria aura, é imediatamente atraida pelas oscilações do magnetizador que, a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias ordens.

Libertando as aglutininas mentais do sono, o passivo, na hipnose estimulada, se vê influenciado pela vontade que lhe comanda transitoriamente os sentidos, vontade essa a que, de maneira habitual, adere de «moto-próprio», quase que alegremente.

É então que o hipnotizador, para fixar com mais segurança a sua própria atuação, exclama, em tom grave e calmo:

— “Não receie. Segundo o nosso desejo, pas­sará você, em breves instantes, pela mesma trans­figuração mental a que se entrega cada noite, transitando da vida ativa para o entorpecimento do sono, em que os seus ouvidos escutam sem qual­quer esforço e no qual não se sente você disposto a voluntária movimentação. Durma, descanse. Re­pouse na certeza de que não terá consciência do que ocorra em torno de nós! Despertará você do presente estado, quando me aprouver, perfeitamen­te aliviado e fortalecido pela supressão do desequi­líbrio orgânico.”

O doente enlanguesce, satisfeito, acalentado pela sua própria onda mental de confiança, exteriorizada ao impacto do pensamento positivo que o controla, e o hipnotizador reafirma, tocando-lhe as pálpebras de leve:

— «Durma tranqüilamente. Tudo está bem. Acordará livre de todo o mal. Acalme-se e espere. Não sofrerá qualquer incômodo. Dentro de alguns minutos, chamá-lo-ei à vigília.»

O doente dorme e o magnetizador retira-se por alguns minutos.

MECANISMO DA HIPNOTERAPIA — En­quanto adormecido, a própria onda mental do pa­ciente, em movimento renovador e guardando con­sigo as sugestões benéficas recebidas, atua sobre as células do veículo fisiopsicossomático, anulando, tanto quanto possível, as inibições funcionais exis­tentes.

Como se observa, o agente positivo atua como fator desencadeante da recuperação, que passa a ser efetuada pelo próprio paciente, em todos os casos de hipnoterapia ou reflexoterapia.

O hipnotizador, depois de um quarto de hora, fá-lo novamente voltar à vigília, e o enfermo, des­perto, acusa por vezes grandes melhoras.

Naturalmente, agradece ao benfeitor o socorro assimilado; contudo, o magnetizador agiu apenas como recurso de excitação e influência, porque as oscilações mentais em ação restaurativa dos teci­dos celulares foram exteriorizadas pelo próprio consulente.

OBJETOS E REFLEXOS ESPECIFICOS —No segundo dia do tratamento hipnótico, o pacien­te com mais facilidade se confiará à vontade orien­tadora que o dirige.

Bastar-lhe-á o reencontro com o hipnotizador para entrar no reflexo condicionado, pelo qual começa a automatizar o ato de arrojar de si mesmo as próprias forças mentais, impregnadas das ima­gens de saúde e coragem que ele mesmo recorpo­rifica no pensamento, recordando os apelos rece­bidos na véspera.

E assim procede o enfermo, no mesmo regime de condicionamento, até que a contemplação de um simples objeto que lhe tenha sido presenteado pelo magnetizador, com o fim de ajudá-lo a liberar-se de qualquer crise, na linha de ocorrências da moléstia nervosa de que se haja curado, será o suficiente para que se entregue à hipnose de recuperação por sua própria conta.

Semelhante medida, que explica o suposto po­der curativo de certas relíquias materiais ou dos chamados talismãs da magia, pode ser interpreta­da como reflexo condicionado específico, porqüanto, sem a presença do hipnotizador, suscetível de im­primir novas modalidades à onda mental de que tratamos, o objeto aludido servirá — muito parti­cularmente nesse caso — como reflexo determinado para o refazimento orgânico, em certo sentido.

CIRCUITO MAGNÉTICO E CIRCUITO ME­DIÜNICO — Se o paciente, depois de curado, pros­segue submisso ao hipnotizador, sustentando-se en­tre ambos o intercâmbio seguro, dentro de algum tempo ambos se encontrarão em circuito mediúnico perfeito.

A onda mental do magnetizado, reeducada para a extirpação da moléstia anteriormente apresenta­da, terá atendido ao restabelecimento da região em desequilíbrio, mostrando-se, agora, sadia e harmô­nica para os serviços da troca, na hipótese do con­tinuismo de contacto.

Voltando-se diariamente para o magnetizador que, a seu turno, diariamente a influencia, e devi­damente ajustada ao cérebro em que se apóia, do ponto de vista da resistência do campo, passará a refletir a onda mental da vontade a que livremen­te se submete, absorvendo-lhe as inclinações e os desígnios.

Verificam-se aí os mais avançados processos de telementação, inclusive o desdobramento contro­lado, pelo qual o passivo, ausente do corpo físico, sob a indução preponderante do hipnotizador, ape­nas verá e ouvirá de acordo com a orientação par­ticular a que se sujeita.

É o estado de permuta magnética aperfeiçoa­da, em que o passivo, na hipnose ou na vigília, transmite com facilidade as determinações e pro­pósitos do mentor, na esfera das suas possibilidades de expressão.

AUTO-MAGNETIZAÇÃO — Ainda há que apreciar uma ocorrência importante.

Se o hipnotizador não mais tem contacto com o passivo e se o passivo prossegue interessado no progresso de suas conquistas espirituais, este con­segue, à custa de esforço, por intermédio da pro­funda concentração das energias mentais, na lem­brança dos fenômenos a que se consagrou junto ao magnetizador, cair em hipnose ou letargia, ca­talepsia ou sonambulismo — ainda pelo reflexo condicionado igualmente específico —, afastando-se do envoltório carnal, em plena consciência, para entrar em contacto com entidades encarnadas ou desencarnadas de sua condição ou para provocar por si mesmo certa categoria de fenômenos físicos, mediante a aplicação de energia acumulada, com o que se explicam as ocorrências do faquirismo oriental, nas quais a própria vontade do operador, parcial ou integralmente separado do corpo somá­tico, exerce determinada ação sobre as células fí­sicas e extrafísicas, estabelecendo acontecimentos inabituais para o mundo rotineiro dos cinco sen­tidos.

15

Cargas elétricas e cargas mentais

EXPERIÉNCIA VULGAR — Para examinar as ocorrências do fenômeno mediúnico indiscriminado, referimo-nos linhas antes (18),

(18) Capítulo 13º.

ao fenômeno hipnótico de ordem popular, em que hipnotizadores e hipnotizados, sem qualquer recurso de sublimação do espírito, se entregam ao serviço de permuta dos agentes mentais.

Contudo, para gravar as linhas básicas de nos­so estudo, recordemos a propagação indeterminada dos elétrons nas faixas da Natureza.

De semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente com vários objetos como, por exemplo com a experiência clássica da canetatínteiro que, friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar exis­tentes entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas agregados, elétrons que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielé­tricas ou isolantes.

Efetuada a operação, elementos leves, portado­res de cargas elétricas positivas ou, mais exatamente, muito pobres de elétrons, como sejam pe­queninos fragmentos de papel, serão atraidos pela caneta, então negativamente carregada.

MÁQUINA ELETROSTÁTICA — Na máquina eletrostática ou indutora, utilizada nas experiências primárias de eletricidade, a ação se verifica seme­lhante à experiência da caneta-tinteiro.

Os discos de ebonite em atividade rotatória como que esfarelam as bolhas de ar, guardadas en­tre eles, comprimindo os elétrons que a elas se encontram frouxamente aderidos.

Com o auxílio de escovas, esses elétrons se en­caminham às esferas metálicas, onde se aglomeram até que a carga se faça suficientemente elevada para que seja extraída em forma de centelha.

NAS CAMADAS ATMOSFÉRICAS — As cor­rentes de elétrons livres estão em toda a parte.

Nos dias estivais, os conjuntos de átomos ou moléculas de água sobem às camadas atmosféricas mais altas, com o ar aquecido.

Nas zonas de altitude fria, aglutinam-se for­mando gotas que, em seguida, tombam na direção do solo, em razão de seu peso.

Todavia, as gotas que vertem de cima, sem chegarem ao chão, por se evaporarem na viagem de retorno, são surpreendidas em caminho pelas cor­rentes de ar aquecido em ascensão e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, na subida, extrai das moléculas dágua os elétrons livres que a elas se encontram fracamente aderidos, arrastando-os em turbilhões para a altura, acumulando-os nas nuvens, que se tornam então elêtricamente car­regadas.

Quando as correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido certo valor, assemelham-se as nu­vens a máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões de volts, das quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outras nuvens ou para a terra, provocando descar­gas que, às vezes, tomam a feição de faiscas elé­tricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.

Em identidade de circunstâncias, quando o pla­neta terrestre se encontra na direção de explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elé­trons perturbam o campo terrestre, responsabili­zando-se pelas tempestades magnéticas que afetam todos os processos vitais do Globo, — a existência humana inclusive, porqüanto costumam desarticu­lar as válvulas microscópicas do cérebro humano, impondo-lhes alterações nocivas, tanto quanto de­sequilibram as válvulas dos aparelhos radiofônicos, prejudicando-lhes as transmissões.

CORRENTES DE ELÉTRONS MENTAIS —Dentro de certa analogia, temos também as corren­tes de elétrons mentais, por toda a parte, formando cargas que aderem ao campo magnético dos indi­víduos, ou que vagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraidos por aqueles que, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.

Recorrendo à imagem da caneta-tinteiro, em atrito com o pano de lã, e da máquina eletrostática, em que os elétrons se condicionam para a produ­ção de centelhas, lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção, gera em nossa alma estados indutivos pelos quais atraímos cargas de pensamentos em sintonia com os nossos.

A leitura de certa página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteli­gências encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma de quadros ou centelhas em série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a idea­ções análogas às nossas.

Não nos propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático seja igual à ocorrência da indução mental no cérebro.

Assinalamos apenas a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos pensamen­tos concentrados em certo sentido, porque é pela projeção de nossas ideias que nos vinculamos às Inteligências inferiores ou superiores de nosso ca­minho.

E para estampar, com mais segurança, a nos­sa necessidade de equilíbrio, perante a vida, recor­demos que à maneira das correntes incessantes de força, que sustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campo mag­nético de cada Espírito, extravasando-se para além dele, com as essências características a cada um.

Queira ou não, cada alma possui no próprio pensamento a fonte inestancável das próprias energias.

Correntes vivas fluem do íntimo de cada In­teligência, a se lhe projetarem no «halo energético», estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, àbase de cargas magnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certa forma semelhantes às correntes de força que partem da massa planetária, compondo a atmosfera que a envolve.

CORRENTES MENTAIS CONSTRUTIVAS —Assim como a Natureza encontra, na distribuição harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio, sustentando-se em movi­mento contínuo, o Espírito identifica, no trabalho ordenado com segurança, a trilha indispensável para o seu clima ideal de euforia.

Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a riqueza de imaginação e poder mental, surgindo portanto mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes mentais, a vibrarem ao redor de si mesmo e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em que se lhe plasmem vocação e aptidão.

Seja no esforço intelectual em elevado labor, na criação artística, nas obras de benemerência ou de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas sociais, nas profissões diversas, nas admi­nistrações públicas ou particulares, nos empreendi­mentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espírito é chamado a servir bem, isto é, a servir no benefício de todos, sob pena de conturbar a circulação das próprias energias mentais, agravando os estados de tensão.

CORRENTES MENTAIS DESTRUTIVAS —Os referidos, estados de tensão, devidos a «núcleos de força na psicosfera pessoal», procedem, quase sempre, à feição das nuvens pacíficas repentina-mente transformadas pelas cargas anormais de elé­trons livres em máquinas indutoras, atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade.

Acumulando em si mesma as forças autoge­radas em processos de profundo desequilíbrio, a alma exterioriza forças mentais desajustadas e des­trutivas, pelas quais atrai as forças do mesmo teor, caindo frequentemente em cegueira obsessiva, da qual muitas vezes se afasta, desorientada, pela porta indesejável do remorso, após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.

Noutras circunstâncias, considerando-se que o processo da obliteração mental, ou «acumulação de­sordenada das nuvens de tensão no campo aa aura, se caracteriza por imensa gradação, se as criatu­ras conscientes não se dispõem à distribuição na­tural das próprias cargas magnéticas, em trabalho digno, estabelecem para si a degenerescência das energias.

Nessa posição, emitem ondas mentais pertur­badas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas do mesmo sentido, arrojando-se a lamen­táveis estações de aviltamento, em ocorrências deploráveis de obsessão, nas quais as mentes des­vairadas ou caídas em monoideísmo vicioso se re­fletem mutuamente.

E chegadas a semelhantes conturbações, seja no arrastamento da paixão ou na sombra do vício, sofrem a aproximação de correntes mentais arra­sadoras, oriundas dos seres empenhados à cruel­dade, por ignorância — encarnados ou desencar­nados —, que, em lhes vampirizando a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes, segundo os pontos vulneráveis que apre­sentem, criando no mundo vastas províncias de alienação e de sofrimento.

16

Fenômeno magnético da vida humana

HIPNOSE DE PALCO E HIPNOSE NATU­RAL — Analisando a ocorrência mediúnica, na base do reflexo condicionado, assinalemos mais al­guns aspectos de semelhante estudo, na esfera do cotidiano.

Assistindo ao fenômeno hipnótico indiscrimi­nado, nas demonstrações públicas, presenciamos al­guém senhoreando o psiquismo de diversas pessoas, por alguns minutos; mas, na experiência diária, vemos o mesmo fenômeno em nossas relações, uns com os outros.

Na exibição popular, o magnetizador pratica a hipnose que se hierarquiza por muitos graus de passividade nos hipnotizados.

Na vida comum, todos praticamos espontânea-mente a sugestão, em que a obediência maquinal se gradua, em cada um de nós, através de vários graus de rendição à influência alheia.

Tal situação começa no berço.

CENTRO INDUTOR DO LAR — O lar é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na Terra.

À maneira de alguém que recebe esse ou aque­le tipo de educação em estado de sonolência, o Espírito reencarnado, no período infantil, recolhe dos pais os mapas de inclinação e conduta que lhe nortearão a existência, em processo análogo ao da escola primária, pelo qual a criança é impelida a contemplar ou mentalizar certos quadros, para re­fleti-los no desenvolvimento natural da instrução.

As almas valorosas, dotadas de mais alto pa­drão moral, segundo as aquisições já feitas em numerosas reencarnações de trabalho e sacrifício, constituem exceções no ambiente doméstico, por se sobreporem a ele, exteriorizando a vontade mais enérgica de que se fazem mensageiras.

Contudo, via de regra, a maioria esmagadora de Inteligências encarnadas retratam psicologicamente aqueles que lhes deram o veículo físico, transformando-se, por algum tempo, em instrumen­tos ou médiuns dos genitores, à face do ajusta­mento das ondas mentais que lhes são próprias, em circuitos conjugados, pelos quais permutam en­tre si os agentes mentais de que se nutrem.

Somente depois que experiências mais fortes lhes renovam a feição interior, costumam os filhos alterar de maneira mais ampla os moldes mentais recebidos.

OUTROS CENTROS INDUTORES — Em to­dos os planos determina a Providência do Criador seja a criatura amparada com segurança.

Cada consciência que renasce no campo físico traz consigo as ligações do agrupamento espiritual a que se filia, demonstrando as afinidades profundas de que a onda mental dá notícia no fluxo re­velador com que se apresenta.

Se os pais guardam sintonia com as forças a que se lhes jungem fluidicamente os filhos, a vida prossegue harmoniosa, como que sobre rodas nas quais as crenas se mostram perfeitamente engrenadas.

Entretanto, se há divergência, passada a pri­meira infância, começam atritos e desencontros, à face das interferências inevitáveis, com perturbações dos circuitos em andamento.

Surgem as incompatibilidades e disparidades que a genética não consegue explicar.

Enredados à influência de companheiros que permanecem fora do vaso fisiológico, os filhos, nes­sas circunstâncias, evidenciam tendências inquietan­tes, sem que os genitores consigam reivindicar a autoridade de que se revestem.

Todavia, a escola edificante espera-os, nas li­nhas da civilização, para restaurar-lhes, desde cedo, as noções de ordem superior, diante da vida, exal­çando os conceitos de elevação moral, imprescindí­veis ao aprimoramento da alma.

Transfiguram-se, então, os mestres comuns em orientadores dos aprendizes que, se atentos ao en­sino, se fazem médiuns temporários das mentes que os instruem, através do mesmo fenômeno de har­monização das ondas mentais, porqüanto o profes­sor, ensinando, torna mais lentas as oscilações que despede, enquanto que os alunos, aprendendo, fa­zem mais curtas as oscilações que lhes são peculia­res, verificando-se o necessário ajuste de nível para que a permuta dos agentes espirituais se faça com segurança.

Os discípulos que fogem deliberadamente ao dever da atenção, relaxando os compromissos que abraçam, permanecem ausentes do benefício, liga­dos a circuitos outros que lhes retardam a marcha na direção da cultura, por desertarem dos exercí­cios que lhes favoreceriam mais dilatada iluminação intima.

E, além da escola, surgem, para os rebentos do lar terrestre, as obrigações do trabalho profissional em que a personalidade segue no encalço da vocação ou soma de experiência que já con­quistou na vida.

Cada oficina de ação construtiva, seja qual for a linha de serviço em que se expresse, é novo edu­candário para a criatura em lide no campo humano, em que a chefia, a escalonar-se através de condu­tores diversos, convoca os cooperadores, nos vários círculos da subalternidade, ao esforço de melhoria e sublimação.

Ainda aqui, vemos, por intermédio da mesma ocorrência de harmonização mental, os que orien­tam, erguidos à condição de Espíritos protetores, e os que obedecem, transformados em instrumentos para determinadas realizações.

TODOS SOMOS MÉDIUNS — Nos centros de atividade referidos em nosso estudo, encontramos o reflexo condicionado e a sugestão como ingredientes indispensáveis na obra de educação e apri­moramento.

Urge reconhecer que a liberdade é tanto maior para a alma quanto maior a parcela de conheci­mento que se lhe debite no livro da existência.

Por isso mesmo, quanto mais cresça em pos­sibilidades, nesse ou naquele sentido, mais se lhe desdobram caminhos à visão, constrangendo-a a vigiar sobre a própria escolha.

Mais extensa mordomia, responsabilidade mais extensa.

Isso acontece porque, com a intensificação de nossa influência, nesse ou naquele campo de inte­resses, mais persistentes se fazem os apelos em torno, para que não nos esqueçamos do dever primordial a Cumprir.

Quem avança está invariàvelmente entre a van­guarda e a retaguarda E a romagem para Deus é uma viagem de ascensão.

Toda subida, quanto qualquer burilamento, pede suor e disciplina.

Todo estacionamento é repouso enquistante.

Somos todos, assim, médiuns, a cada passo refletores das forças que assimilamos, por força de nossa vontade, na focalização da energia mental.

PERSEVERANÇA NO BEM — É imprescindível recordar o impositivo da perseverança no bem.

O comprazimento nessa ou naquela espécie de atitude ou companhia, leitura ou conversação me­nos edificantes, estabelece em nós o reflexo condi­cionado pelo qual inconscientemente nos voltamos para as Correntes invisíveis que representam.

É desse modo que formamos hábitos indese­jáveis pelos quais nos fazemos pasto de entidades vampirizantes acabando na feição de arcabouços vivos para moléstias fantasmas.

Pensando ou conversando constantemente so­bre agentes enfermiços, quais sejam a acusação indébita e a critica destrutiva, o deboche e a cruel­dade, incorporamos de imediato, a influência das criaturas encarnadas e desencarnadas que os alimen­tam, porque o ato de voltar a semelhantes temas, contrários aos princípios que ajudam a vida e a regeneram, se transforma em reflexo Condicionado de caráter doentio, automatizando-nos a capacidade de transmitir tais agentes mórbidos, responsáveis por largo acervo de enfermidade e desequilíbrio.

GRADAÇÃO DAS OBSESSÕES — Muitas ve­zes, em nossos estados de tensão deliberada, incli­namo-nos para forças violentas que se nos insinuam no halo psíquico, aí criando fermentações infelizes que resultam em atitudes de cólera arrasadora, pelas quais, desprevenidamente, nos transformamos, na vida, em médiuns de ações delituosas, arrastados nos fenômenos de associação dos agentes mento­-eletromagnéticos da mesma natureza, semelhantes aos que caracterizam as explosões de recursos qul­micos, nas conhecidas reações em cadeia.

É assim que somos, por vezes, loucos tempo­rários, grandes obsidiados de alguns minutos, alie­nados mentais em marcadas circunstâncias de lugar ou de tempo, ou, ainda, doentes do raciocínio em crises periódicas, médiuns lastimáveis da desarmo­nia, pela nossa permanência longa em reflexos con­dicionados viciosos, adquirindo compromissos de grave teor nos atos menos felizes que praticamos, semi-inconscientemente, sugestionados uns pelos ou­tros, porqüanto, perante a Lei, a nossa vontade é responsável em todos os nossos problemas de sintonia.

17

Efeitos físicos

SIMBIOSES ESPIRITUAIS — Compreendendo-se que toda criatura se movimenta no seio das emanações que lhe são peculiares, intuitivamente perceberemos os processos simbióticos, dentro dos quais se efetua a influenciação das Inteligências de­sencarnadas que tomam alguém para instrumento de suas manifestações

Muitas vezes, essa ou aquela individualidade ao reencarnar, traz nos próprios passos a compa­nhia invisível dessa ou daquela entidade com a qual se mostre mais intensamente associada em tarefas e dívidas diferentes.

Harmonizadas na mesma onda mental, é pos­sível sentir-lhes a integração, qual se fôssem hipno­tizador e hipnotizado, em processo de ajustamento.

Se a personalidade encarnada acusa possibili­dades de larga desarticulação das Próprias forças anímicas, encontramos aí a mediunidade de efeitos físicos, suscetível de exteriorizarse em graus diversos.

Eis porque comumente somos defrontados na Terra por jovens mal saidos da primeira infância, servindo de medianeiros a desencarnados menos es­clarecidos que com eles se afinam, na produção dos fenômenos físicos de espécie inferior, como sejam batidas, sinais, deslocamentos e vozes de feição espetacular.

É certo que semelhantes evidências do plano extrafísico se devam, de modo geral, a entidades de pouca evolução, porqüanto, imanizadas aos mé­diuns naturais a que se condicionam, entremostram-se entre os homens, à maneira de caprichosas crianças, em afetos e desafetos desgovernados, bas­tando, às vezes, simples intervenção de alguma au­toridade moral, através da exortação ou da prece, para que as perturbações em andamento cessem de imediato.

Tal eclosão de recursos medianímicos, capaz de ocorrer em qualquer idade da constituição fisio­lógica, independe de quaisquer fatores de cultura da inteligência ou de aprimoramento da alma, por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual ocorre nas demonstrações públicas de agilidade ou de força em que um ginasta qualquer, com treina­mento adequado, apresenta variadas exibições.

MÉDIUM TELEGUIADO — Imaginemos que persista na individualidade encarnada a fácil desas­sociação das forças anímicas. Nesse caso, temo-la habilitada ao fornecimento do ectoplasma ou plas­ma exteriorizado de que se valem as Inteligências desencarnadas para a produção dos fenômenos fí­sicos que lhes denota a sobrevivência.

Chegada a esse ponto, se a criatura deseja cooperar na obra do esclarecimento humano, recebe do Plano Espiritual um guarda vigilante — mais comumente chamado o guia», segundo a aprecia­ção terrestre —, guarda esse, porém, que, diante da esfera extrafísíca tem as funções de um zela­dor ou de um mordomo responsável pelas energias do medianeiro, sempre de posição evolutiva seme­lhante.

Ambos passam a formar um circuito de forças, sob as vistas de Instrutores da Vida Maior, que os mobilizam a serviço da beneficência e da edu­cação, em muitas circunstâncias com pleno desdo­bramento do corpo espiritual do médium, que passa a agir à feição de uma Inteligência teleguiada.

Daí nasce a Possibilidade da constituição dos círculos de estudo das ocorrências de materialização, com os fenômenos de telecinesia, a começarem nos «raps» e a culminarem na ectoplasmia visível.

DIFICULDADES DO iNTERCÂMBIO — Não podemos esquecer que o campo de oscilações men­tais do médium — envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do espírito — é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos.

IncorporamseIhe ao dinamismo psíquico os contingentes ectoplásmicos dos assistentes, aliados a recursos outros da Natureza; mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que, Consciente ou inconscíentemente, pode interferir nas manifestações.

A exteriorização dos princípios anímicos nada tem a ver, em absoluto, com o aperfeiçoamento moral.

Cumpre destacar, assim, as dificuldades para a manutenção de largo intercâmbio dilatado e se­guro, nesse terreno.

Basta leve modificação de propósito na perso­nalidade medianimica seja em matéria de interesse econômico ou de conduta afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais. Verificada semelhante metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético, formas-pensamentos, por vezes em com­pleto desacordo com o programa traçado no Plano Superior, ao mesmo tempo que perigos considerá­veis assomam na esfera do serviço a fazer, de vez que a transformação das ondas mediúnicas impri­me novo rumo à força exteriorizada, que, desse modo, em certas ocasiões, pode ser manuseada por entidades desencarnadas, positivamente inferiores, famintas de sensações do campo físico.

Em tais sucessos, perturbações variadas podem ocorrer, desencorajando experiências magnificamen­te encetadas.

MÉDIUM E ASSISTENTES — Todavia, é im­perioso anotar que não sômente o fulcro mental do médium intervém nas atividades em grupo.

Cada assistente aí comparece com as oscilações que lhe são peculiares, tangenciando a esfera me­diúnica em ação, e, se os pensamentos com que interfere nesse campo diferem dos objetivos traça­dos, com facilidade se erige, igualmente, em fator alternante, por insinuar-se, de modo indesejável, nos agentes de composição da obra esperada, impondo desequilíbrio ao conjunto, qual acontece ao instru­mento desafinado numa orquestra comum.

Disso decorrem os embaraços graves para o continuísmo eficiente dos agrupamentos que se for­mam, na Terra, para as chamadas tarefas de ma­terialização.

Se as entidades espirituais sensatas e nobres estão dependentes da faixa de ondas mentais do médium, para a condução correta das forças ecto­plasmáticas dele exteriorizadas, o médium depende também da influência elevada dos circunstantes, para sustentar-se na harmonia ideal.

É por isso que, se o medianeiro tem o espírito parcialmente desviado da meta a ser atingida, sem dificuldade se rende, invigilante, às solicitações dos acompanhantes encarnados, quase sempre imperfei­tamente habilitados para os cometimentos em vista, surgindo, então, as fraudes inconscientes, ao lado de perturbações outras de que se queixam, aliás inconsideradamente, os metapsiquistas, pois lidan­do com agentes mentais, longe ainda de serem clas­sificados e catalogados em sua natureza, não po­dem aguardar equações imediatas como se lidassem com simples números.

LEI DO CAMPO MENTAL — Lamentam-se amargamente os metapsiquistas de que a maioria dos fenômenos mediúnicos se encontram eivados de obscuridades e extravagâncias, e de que, por isso mesmo, a doutrina da sobrevivência, para eles, se mostra repleta de impossibilidades.

Estabelecem exigências e, depois de atendidos, acusam a instrumentação medianímica de criar per­sonalidades imaginárias; exageram a função dos chamados poderes inconscientes da vida mental, estranhando que a força psíquica, como recurso mediador entre encarnados e desencarnados, não procede na balança da observação humana à ma­neira, por exemplo, das combinações do cloro com o hidrogênio.

Com referência ao assunto, é imperioso salien­tar que se desconhece ainda, no mundo, a Lei do Campo Mental, que rege a moradia energética do Espírito, segundo a qual a criatura consciente, seja onde for no Universo, apenas assimilará as influên­cias a que se afeiçoe.

Cada mente é como se fora um mundo de per si, respirando nas ondas criativas que despede — ou na psicosfera em que gravita para esse ou aque­le objetivo sentimental, conforme os próprios de­sejos —, sem o que a lei de responsabilidade não subsistiria.

Um médium, ainda mesmo nas mais altas si­tuações de amnésia cerebral, do ponto de vista fisiológico, não está inconsciente de todo, na faixa da realidade espiritual, e agirá sempre, nunca à feição de um autômato perfeito, mas na posição de uma consciência limitada às possibilidades próprias e às disposições da própria vontade.

FUTURO DOS FENÔMENOS FÍSICOS — No

entanto, devemos declarar que conhecemos, em vários países, alguns círculos de ação espiritual nos quais a sinergia das oscilações mentais entre médiuns, assistentes e entidades desencarnadas se ergue a níveis convenientes, facultando aconteci­mentos de profunda significação, nas províncias do espírito, não obstante, até certo ponto, servirem apenas como índice de poder mental ou de simples informações sem maior proveito para a Humani­dade, tal o mecanismo compreensivelmente fechado em que se encerram.

A ciência humana, porém, caminha na direção do porvir.

A nós, os Espíritos desencarnados, interessa, no plano extrafísico, mais ampla sublimação, para que façamos ajustamento de determinados princí­pios mentais, com respeito à execução de tarefas específicas.

E aos encarnados interessa a existência em plano moral mais alto para que definam, com exatidão e propriedade, a substância ectoplasmática, analisando-lhe os componentes e protegendo-lhe as manifestações, de modo a oferecerem às inteligên­cias Superiores mais seguros cabedais de trabalho, eqüacionando-se, com os homens e para os homens, a prova inconteste da imortalidade.

18

Efeitos intelectuais

NAS OCORRÊNCIAS COTIDIANAS — No estudo da mediunidade de efeitos intelectuais, pode­mos invocar as ocorrências cotidianas para ilustrar a nossa conceituação de maneira simples.

Basta examinar o hábito, como cristalização do reflexo condicionado específico, para encontrá-la, a cada instante, nos próprios encarnados entre si.

Tomemos o homem moderno buscando o jornal da manhã, e vê-lo-emos procurando o setor do no­ticiário com que mais sintonize.

Se os negócios materiais lhe definem o campo de interesses imediatos, assimilará, automàticamen­te, todos os assuntos comerciais, emitindo oscila­ções condicionadas aos pregões e avisos divulgados.

Formará, então, largos raciocínios sobre o me­lhor modo de amealhar os lucros possíveis, e, se o cometimento demanda a cooperação de alguém, buscá-lo-á, incontinenti, na pessoa de um parente ou afeiçoado que lhe partilhe as visões da vida.

O sócio potencial de aventura ouvir-lhe-á as alegações e, mecanicamente, absorver-lhe-á os pen­samentos, passando a incorporá-los na onda que lhe seja própria, mentalizando os problemas e rea­lizações previstos, em termos análogos.

Cada um de per si falará na ação em perspec­tiva, com impulsos e resoluções individuais, embora a ideia fundamental lhes seja comum.

Pelo reflexo condicionado específico, haurido através da imprensa, ambos produzirão raios men­tais, subordinados ao tema em foco, comunicando-se intimamente um com o outro e partindo no encalço do objetivo.

Suponhamos, porém, que o leitor se decida pelos fatos policiais.

Avidamente procurará os sucessos mais lamen­táveis e, finda a voluptuosa seleção dos crimes ou desastres apresentados, escolherá o mais impres­sionante aos próprios olhos, para nele concentrar a atenção.

Feito isso, começará exteriorizando na onda mental característica os quadros terrificantes que lhe nascem do cérebro, plasmando a sua própria versão, ao redor dos fatos ocorridos.

Nesse estado de ânimo, atrairá companhias simpáticas que, em lhe escutando as conjeturas, passarão a cunhar pensamentos da mesma nature­za, associando-se-lhe à maneira íntima de ver, não obstante cada um se mostre em campo pessoal de interpretação.

Daí a instantes, se as formas-pensamentos fôs­sem visíveis ao olhar humano, os comentaristas contemplariam no próprio agrupamento o fluxo tó­xico de imagens deploráveis, em torno da tragédia, a lhes nascerem da mente no regime das reações em cadeia, espraiando-se no rumo de outras men­tes interessadas no acontecimento infeliz.

E, por vezes, semelhantes conjugações de on­das desequilibradas culminam em grandes crimes públicos, nos quais Espíritos encarnados, em des­vario, pelas ideias doentes que permutam entre si, se antecipam às manifestações da justiça humana, efetuando atos de extrema ferocidade, em caniba­lismo franco, atacados de loucura coletiva, para, mais tarde, responderem às silenciosas argüições da Lei Divina, cada qual na medida da colaboração própria, no que se refere à extensão do mal.

MEDIUNIDADE IGNORADA — Na pauta do reflexo condicionado específico, surpreendemos tam­bém vícios diversos, tão vulgares na vida social, como sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação e os exageros do sexo.

Esse ou aquele Espírito encarnado, sob o dis­farce de um título honroso qualquer, lança o motivo Inconveniente numa reunião ou Conversação, e quantos lhe aderem ao mote passam a lançar oscilações mentais no plano menos digno que lhes diga respeito, plasmando formas-pensamentos es­tranhas, entre as quais permanece o conjunto em comunhão temporária, do qual cada um se retira experimentando excitação de natureza inferior, àcaça de presa para os apetites que manifeste.

Como é fácil reconhecer, cada qual foi apenas influenciado de acordo com as suas inclinações, mas debita a si próprio os erros que venha a perpetrar, conforme a onda mental que deitou de si mesmo.

Tais notas ajudam a compreender os mecanis­mos da mediunidade de efeitos intelectuais em que encarnados e desencarnados se associam nas ma­nifestações da chamada metapsíquica subjetiva.

Qual se observa nos efeitos físicos, a eclosão da força psíquica nos efeitos intelectuais pode sur­gir em qualquer idade fisiológica, verificando-se, muita vez, a simbiose entre a entidade desencar­nada e a entidade encarnada desde o renascimen­to dessa última, pela ocorrência da conjugação de ondas.

Em todos os continentes, podemos encontrar milhões de pessoas em tarefas dignas ou menos dignas — mais destacadamente os expositores e artistas da palavra, na tribuna e na pena, como veículos mais constantemente acessíveis ao pensa­mento — senhoreadas por Espíritos desenfaixados do liame físico, atendendo a determinadas obras ou influenciando pessoas para fins superiores ou infe­riores, em largos processos de mediunidade ignora­da, fatos esses vulgares em todas as épocas da Humanidade.

MEDIUNIDADE DISCIPLINADA — Imagine­mos que certa personalidade se disponha a discipli­nar as energias medianímicas, segundo os moldes morais da Doutrina Espírita, cujos postulados se destinam a solucionar, tão simplesmente quanto possível, todos os problemas do destino e do ser.

Admitida ao círculo da atividade espiritual, recolherá na oração o reflexo condicionado especí­fico para exteriorizar as oscilações mentais pró­prias, no rumo da entidade desencarnada que mais de perto lhe comungue as ideações.

Decerto que, nos serviços de intercâmbio, ex­perimentará largo período de vacilações e dúvidas, porqüanto, morando no centro das próprias ema­nações e recolhendo a influenciação do plano espi­ritual — com que, muitas vezes, já se encontra inconscientemente automatizada —, a princípio supõe que as ondas mentais alheias incorporadas ao campo de seu Espírito não sejam mais que pensa­mentos arrojados do próprio cérebro.

Ilhado no fulcro da consciência, de acordo com a Lei do Campo Mental que especifica obrigações para cada ser guindado à luz da razão, habitualmen­te se tortura o medianeiro, perguntando, imponde­rado. se não deve interromper o chamado “desen­volvimento mediúnico”, já que não consegue, de imediato, discernir as ideias que lhe pertencem das ideias que pertencem a outrem, sem aperceber-Se de que ele próprio é um Espírito responsável, com o dever de resguardar a própria vida mental e de enriquecê-la com valores mais elevados pela aqui­sição de virtude e conhecimento.

PASSIVIDADE MEDIÚNICA — Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris, entendendo que importa, acima de tudo, o bem a fazer, procura ofertar a reta conduta, no reflexo condicionado específico da prece, à Espiri­tualidade Superior, e passa, então, a ser objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe aproveitam as capacidades no amparo aos seme­lhantes, dentro do qual assimila o amparo a si mesmo.

Quanto mais se lhe acentuem o aperfeiçoamen­to e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.

Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenômenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia. E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão.

Se o instrumento oferece maleabilidade mais avançada, mais intensamente específico aparece o toque do artista.

Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorpo­ração em graus diversos de consciência, as inspi­rações e premonições.

CONJUGAÇÃO DE ONDAS — Vemos que a conjugação de ondas mentais surge, presente, em todos os fatos mediúnicos.

Atenta ao reflexo condicionado da prece, nas reuniões doutrinárias ou nas experiências psíquicas, a mente do médium passa a emitir as oscilações que lhe são próprias, às quais se entrosam aquelas da entidade comunicante, com vistas a certos fins.

É natural, dessa forma, que as dificuldades da filtragem mediúnica se façam, às vezes, extremamente preponderantes, porqüanto, se Dão há ri­queza de material interpretativo no fulcro receptor, as mais vivas fulgurações angélicas passarão des­percebidas para quem as procura, com sede da luz do Além.

Cabe-nos reconhecer que excetuados os casos especiais, em que o medianeiro e a entidade espi­ritual se completam de modo perfeito, na maioria das circunstâncias, apesar da integração mental profunda entre um e outro, quase toda a exterio­rização fisiológica no intercâmbio pertence ao mé­dium, cujos traços característicos, via de regra, assinalarão as manifestações até que a força psí­quica da Humanidade se mostre mais intrínsecamente aperfeiçoada, para mais aprimorada evidên­cia do Plano Superior.

CLARIVIDÊNCIA E CLARIAUDIÊNCIA — Idêntico mecanismo preside os fenômenos da clari­vidência e da clariaudiência porqüanto, pela asso­ciação avançada dos raios mentais entre a entidade e o médium dotado de mais amplas percepções visuais e auditivas, a visão e a audição se fazem diretas, do recinto exterior para o campo íntimo, graduando-se, contudo, em expressões variadas.

Escasseando os recursos ultra-sensoriais, sur­gem nos mediuns dessa categoria a vidência e a audição internas, mais entranhadamente radicadas na conjugação de ondas.

Atuando sobre os raios mentais do medianeiro, o desencarnado transmite-lhe quadros e imagens, valendo-se dos centros autônomos da Visão profun­da, localizados no diencéfalo, ou lhe comunica vozes e sons, utilizando-se da cóclea, tanto mais perfei­tamente quanto mais intensamente se verifique a complementação vibratória nos quadros de frequên­cia das ondas, ocorrências essas nas quais se afi­gura ao médium possuir um espelho na intimidade dos olhos ou uma caixa acústica na profundez dos ouvidos.

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Ideoplastia

NO SONO PROVOCADO — Para maior com­preensão de qualquer fenômeno da transmissão me­diúnica, não nos será lícito esquecer a ideoplastia, pela qual o pensamento pode materializar-se, crian­do formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam.

Entendendo-se que os poderes mentais são ine­rentes tanto às criaturas desencarnadas quanto às encarnadas, é natural que os elementos plásticos e organizadores da ideia se exteriorizem dos mé­diuns, como também dos companheiros que lhes comungam tarefas e experiências, estabelecendo-se problemas espontâneos, cuja solução reclama dis­cernimento.

Para clarear o assunto, recordemos o circuito de forças existente entre magnetizador e magneti­zado, no sono provocado.

Se o primeiro sugere ao segundo a existência de determinada imagem, em certo local, de imedia­to a mente do «sujet», governada pelo toque posi­tivo que a orienta, concentrará os próprios raios mentais no ponto indicado, aí plasmando o quadro sugerido, segundo o principio da reflexão, pelo qual, como no cinematógrafo, a projeção de cenas repe­tidas mantém a estabilidade transitória da imagem, com o movimento e som respectivos.

O hipnotizado contemplará, então, o desenho estabelecido, nas menores particularidades de tessi­tura, e se o hipnotizador, sem preveni-lo, lhe coloca um espelho à frente, o sensitivo para logo demons­tra insopitável assombro, ao fitar a gravura em dupla exibição, porqüanto a imagem refletida pare­cer-lhe-á tão real quanto a outra.

Emprega-se comumente a palavra «alucinação» para designar tal fenômeno; contudo, a definição não é pràticamente segura, de vez que na ocorren­cia não entra em jogo o devaneio ou a ilusão.

Qual acontece nos espetáculos da televisão, em que a cena transmitida é essencialmente real, atra­vés da conjugação de ondas, o quadro entretecido pela mente do magnetizado, ao influxo do magne­tizador, é fundamentalmente verdadeiro, segundo análogo princípio, porque, fazendo convergir, em certa região, as oscilações do próprio Espírito, o hipnotizado cria a gravura sugerida, imprimindo-lhe vitalidade correspondente, à força da percus­são sutil, pela qual a tela se estrutura.

O acontecimento, corriqueiro aliás, dá noções exatas da ideoplastia em todas as atividades me­diúnicas comandadas por investigadores em que a exigência alcança as raias da presunção.

Multiplicando instâncias, além da fiscalização compreensível e justa, não se precatam de que se transformam em hipnotizadores incômodos, ao in­vés de estudiosos equilibrados, interferindo no circuito de energias mantido entre o benfeitor desen­carnado e o servidor encarnado, obstando, assim, a realização de programas do Plano Superior, com vistas à identificação e revelação da Espiritualidade Maior.

NOS FENÓMENOS FÍSICOS - Nas sessões de efeitos físicos, ante as energias ectoplasmáticas exteriorizadas no curso das tarefas em vias de efe­tivação pelo instrutor espiritual, se o experimen­tador humano formula essa ou aquela reclamação, eis que a mente mediúnica, qual ocorre ao “sujet”, na hipnose artificial, se deixa empolgar pela ordem recebida, emitindo a própria onda mental, não mais no sentido de atender ao amigo desencarnado que dirige a ação em foco, mas sim para satisfazer ao pesquisador no campo físico.

Dai porque, apreendendo, com mais segurança, as necessidades do médium e respeitandoas com o elevado critério de quem percebe a complexidade do serviço em desenvolvimento, as entidades indul­gentes e sabias se retraem na experiência, man­tendo-se em guarda para proteger o conjunto, àmaneira de professores que, dentro das suas possi­bilidades, se colocam na Posição de sentinelas quan­do os alunos abandonam os objetivos enobrecedores da lição, a pervagarem no terreno de caprichos in­conseqüentes.

INTERFERÊNCIAS IDEOPLÁSTICAS — Men­talizemos o orientador desencarnado, numa sessão de ectoplasmia regularmente controlada, quando esteja constituindo a forma de um braço com os recursos exteriorizados do médium, a planejar maior desdobramento do trabalho em curso. Se, no mes­mo instante, o experimentador terrestre, tocando a forma tangível, solicita, por exemplo: — “uma pulseira, quero uma pulseira no braço” —, de ime­diato a mente do médium recolhe o impacto da determinação e, em vez de prosseguir sob o con­trole benevolente do operador desencarnado, passa a obedecer ao investigador humano, centralizando, de modo inconveniente, a própria onda mental in­duzida sobre o braço já parcialmente materializado, aí plasmando a pulseira, nas condições reclamadas.

Surgida a interferência, o serviço da Esfera Espiritual sofre enorme dificuldade de ação, diminuindo-se o proveito da assembléia encarnada.

E, na mesma pauta, requerimentos fúteis e pedidos desordenados dos circunstantes provocam ocorrências ideoplásticas de manifesta incongruên­cia, baixando o teor das manifestações, por viciarem a mente mediúnica, ligando-a à influência de agentes inferiores que, não raro, passam a atuar com manifesto desprestígio dos projetos de subli­mação, a princípio acalentados pelo conjunto de pessoas irmanadas para o intercâmbio.

MEDIUNIDADE E RESPONSABILIDADE —Decerto não invocamos o relaxamento para o go­verno das reuniões de ectoplasmia, nem endossamos a irresponsabilidade.

Recordamos simplesmente que a bancarrota de muitos círculos organizados para o trato dos efei­tos físicos e, notadamente, da materialização, se deve à própria incúria ou impertinência daqueles que os constituem, na maioria das vezes indaga­dores e pedinchões inveterados que descambam, imperceptivelmente, para a leviandade, comprome­tendo a obra ideada para o bem, porqüanto inter­põem os mais estranhos recursos na edificação programada, provocando enganos ou fraudes inconscientes e intervenções menos desejáveis em resposta à irresponsabilidade deles mesmos.

EM OUTROS FENÔMENOS — idênticos fe­nômenos com a ideoplastia por base são comuns na fotografia transcendente, em seus vários tipos, porque, se o instrumento mediúnico e acompanhantes não demonstram mais alta compreensão dos atributos que lhes cabem na mediação entre os dois planos, preponderando com a força de suas pró­prias oscilações mentais sobre as energias exterio­rizadas, perde-se, como é natural, o ascendente da Esfera Superior, que sulcaria a experiência com o selo de sua presença iluminativa impondo-se-lhe tão sômente a marca dos encarnados inquietos, ain­da incapazes de formar o campo indispensável à receptividade dos agentes de ordem mais elevada.

Na mediunidade de efeitos intelectuais, a ideo­plastia assume papel extremamente importante, por­que certa classe de pensamentos constantemente repetidos sobre a mente mediúnica menos experi­mentada, pode constrangê-la a tomar certas ima­gens, mantidas pela onda mental persistente, como situações e personalidades reais, tal qual uma crian­ça que acreditasse estar contemplando essa paisa­gem ou aquela pessoa, tão só por ver-lhes o retrato animado num filme.

NA MEDIUNIDADE AVILTADA Onde os agentes ideoplásticos assumem caráter dos mais significativos desde épocas imemoriais no mundo, é justamente nos círculos do magismo, dentro dos quais a mediunidade rebaixada a processos inferio­res de manifestação se deixa aprisionar por seres de Posição primitiva ou por Inteligências degrada­das que cunham ideias escravizantes para quantos se permitem vampirizar.

Aceitando sugestões deprimentes, quantos se entregam ao culto da magia aviltante arremessam de si próprios as imagens menos dignas a que se vinculam, engendrando tabus dos quais dificilmen­te se desvencilham, à face do terror que lhes instila o demorado cativeiro às forças da ignorância.

Submetida a mente a idolatria desse jaez, pas­sa a manter, por sua própria conta, os agentes com que se tortura, tanto mais intensamente quanto mais extensa se lhe revele a sensibilidade recep­tiva, porque, com mais alevantado poder de plas­magem mental, a criatura mais fàcilmente gera, para si mesma, tanto o bem que a tonifica quanto o mal que a perturba.

E não se diga que o assunto vige preso a mero entrechoque de aparências, de vez que a su­gestão é poder inconteste, ligando a alma, de ma­neira inequívoca, às criações que lhes são inerentes no mundo íntimo, obrigando-a a recolher as resul­tantes da treva ou da luz a que se afeiçoe.

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Psicometria

MECANISMO DA PSICOMETRIA — Expondo algumas anotações em torno da psicometria, con­siderada nos círculos medianímicos por faculdade de perceber o lado oculto do ambiente e de ler im­pressões e lembranças, ao contacto de objetos e documentos, nos domínios da sensação a distância, não é demais traçar sintéticas observações acerca do pensamento, que varia de criatura para criatura, tanto quanto a expressão fisionômica e as marcas digitais.

Destacaremos, assim, que, em certos indivíduos, a onda mental a expandir-se, quando em regime de «circuito fechado», na atenção profunda, car­reia consigo agentes de percepção avançada, com capacidade de transportar os sentidos vulgares para além do corpo físico, no estado natural de vigília.

O fluido nervoso ou força psíquica, a desar­ticular-se dos centros vitais, incorpora-se aos raios de energia mental exteriorizados, neles configuran­do o campo de percepção que se deseje plasmar, segundo a dileção da vontade, conferindo ao Espí­rito novos poderes sensoriais.

Ainda aqui, o fenômeno pode ser apreendido, guardando-se por base de observação as experien­cias do hipnotismo comum, nas quais o sensitivo — muitas vezes pessoa em que a força nervosa está mais fracamente aderida ao carro fisiológico — deixa escapar com facilidade essa mesma força, que passa, de pronto, ao impacto espiritual do magnetizador.

O hipnotizado, na profundez da hipnose, pode, então, libertar a sensibilidade e a motricidade, trans­pondo as limitações conhecidas no cosmo físico.

Nestas ocorrências, sob a sugestão do magne­tizador, o “sujet”, com a energia mental de que dispõe, desassocia o fluido nervoso de certas re­giões do veículo carnal, passando a registrar sensações fora do corpo denso, em local sugerido pelo hipnotizador, ou impede que a mesma força circule em certo membro — um dos braços por exem­plo —, que se faz pràticamente insensível enquanto perdure a experiência, até que, ao toque positivo da vontade do magnetizador, ele mesmo reconduza o próprio pensamento revitalizante para o braço inerte, restituindo-lhe a energia psíquica temporà­riamente subtraída.

PSICOMETRIA E REFLEXO CONDICIONA­DO — Nas pessoas dotadas de forte sensibilidade, basta o reflexo condicionado, por intermédio da oração ou da centralização de energia mental, para que, por si mesmas, desloquem mecanicamente a força nervosa correspondente a esse ou àquele cen­tro vital do organismo fisiopsicossOmátiCO, entran­do em relação com outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas observações psicométricas.

Aliás, é imperioso ponderar que semelhantes faculdades, plenamente evidenciadas nos portado­res de sensibilidade mais extensamente extroversí­vel, esboçam-se, de modo potencial, em todas as criaturas, através das sensações instintivas de sim­patia ou antipatia com que se acolhem ou se re­pelem umas às outras, na permuta incessante de radiações.

Pela reflexão, cada Inteligência pressente, dian­te de outra, se está sendo defrontada por alguém favorável ou não à direção nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.

FUNÇÃO DO PSICOMETRA — Clareando o assunto quanto possível, vamos encontrar no mé­dium de psicometria a individualidade que conse­gue desarticular, de maneira automática, a força nervosa de certos núcleos, como, por exemplo, os da visão e da audição, transferindo-lhes a potencia­lidade para as próprias oscilações mentais.

Efetuada a transposição, temos a ideia de que o medianeiro possui olhos e ouvidos a distância do envoltório denso, acrescendo, muitas vezes, a circunstância de que tal sensitivo, por autodeci­são, não apenas desassocia os agentes psíquicos dos núcleos aludidos, mas também opera o desdo­bramento do corpo espiritual, em processo rápido, acompanhando o mapa que se lhe traça às ações no espaço e no tempo, com o que obtém, sem maio­res embaraços, o montante de impressões e infor­mações para os fins que se tenha em vista.

INTERDEPENDÊNCIA DO MÉDIUM — Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é forçoso convir que médium algum pode agir a sós, no plano complexo da psicometria.

Igualmente, aí, o sensitivo está como peça in­terdependente no mecanismo da ação.

E como é fartamente compreensível, se os com­panheiros desencarnados ou encarnados da opera­ção a realizar não guardam entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro está que a onda mental do instrumento mediúnico sômente em cir­cunstâncias muito especiais não se deixará influen­ciar pelos elementos discordantes, invalidando-se, desse modo, qualquer possibilidade de êxito nos tentames empreendidos.

Nesse campo, as formas-pensamentos adquirem fundamental importância, porque todo objeto deli­beradamente psicometrado já foi alvo de particu­larizada atenção.

Quem apresenta ao psicômetra um pertence de antepassados, na maioria das vezes já lhe invocou a memória e, com isso, quando não tenha atraído para o objeto o interesse afetivo, no Plano Espi­ritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou quadros alusivos às reminiscências de que dis­ponha, estabelecendo, assim, recursos de indução para que as percepções ultra-sensoriais do médium se lhe coloquem no campo vibratório correspon­dente.

CASO DE DESAPARECIMENTO — Noutro aspecto, imaginemos que determinado objeto seja conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos objetivos.

Para clarear a asserção, suponhamos que uma pessoa acaba de desaparecer do quadro doméstico, sem deixar vestígio.

Buscas minuciosas são empreendidas sem re­sultado.

Lembra-se alguém de tomar-lhe um dos per­tences de uso pessoal. Um lenço por exemplo.

A recordação é submetida a exame de um mé­dium que reside a longa distância, sem que informe algum lhe seja prestado.

O médium recolhe-se e, a breve tempo, vol­tando da profunda introspecção a que se entregou, descreve, com minúcias, a fisionomia e o caráter do proprietário, reporta-se ao desaparecimento dele, explana sobre pequeninos incidentes em torno do caso em lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e informa o local em que o cadáver permanece.

Verifica-se a exatidão de todas as notas e, comumente, atribui-se ao psicômetra a autoria integral da descoberta.

Entretanto, analisado o episódio do Plano Es­piritual, outras facetas ele revela à visão do obser­vador.

Desencarnado o amigo a que aludimos, afeições que ele possua na esfera extrafísica interessam-se em ajudá-lo, auxílio esse que se estende, natural­mente, à sua equipe doméstica. Pensamentos ago­niados daqueles que ficaram e pensamentos ansiosos dos que residem na vanguarda do Espírito entre­cruzam-se na procura movimentada.

Alguém sugere a remessa do lenço para inves­tigações psicométricas e a solução aparece coroada de êxito.

Os encarnados vêem habitualmente apenas o sensitivo que entrou em função, mas se esquecem, não raro, das Inteligências desencarnadaS que se lhe incorporam à onda mental, fornecendo-lhe to­dos os avisos e instruções, atinentes ao feito.

AGENTES INDUZIDOS — Todos os objetos e ambientes psicometrados são, quase sempre, fran­cos mediadores entre a esfera física e a esfera extrafísica, à maneira de agentes fortemente indu­zidos, estabelecendo fatores de telementação entre os dois planos.

Nada difícil, portanto, entender que, ainda aí. prevalece o problema do merecimento e da com­panhia.

Se o consulente e o experimentador não se re­vestem de qualidades morais respeitáveis para o encontro do melhor a obter, podem carrear à pre­sença do sensitivo elementos desencarnados menos afins com a tarefa superior a que se propõem, e, se o intermediário humano não está espiritualmen­te seguro, a consulta ou a experiência resulta em fracasso perfeitamente compreensível.

Nossas anotações, demonstrando o extenso cam­po da influenciação dos desencarnados, em todas as ocorrências da psicometria, não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a matéria assi­nala sistemas de vibrações, criados pelos contactos com os homens e com os seres inferiores da Na­tureza, possibilitando as observações inabituais das pessoas dotadas de poderes sensoriais mais profun­dos, como por exemplo na visão, através de corpos opacos, na clarividência e na clariaudiência tele­mentadas, na apreensão críptica da sensibilidade e nos diversos recursos radiestésicos que se filiam no­tadamente aos chamados fenômenos de telestesia.

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Desdobramento

NO SONO ARTIFICIAL — Enfileirando algu­mas anotações com respeito ao desdobramento da personalidade, consoante as nossas referências ao hipnotismo comum, recordemos ainda o fenômeno da hipnose profunda, entre o magnetizador e o sen­sitivo.

Quem possa observar além do campo físico, reparará, à medida se afirme a ordem do hipnotizador, que se escapa abundantemente do tórax do «sujet», caído em transe, um vapor branquicento que, em se condensando qual nuvem inesperada, se converte, habitualmente à esquerda do corpo car­nal, numa duplicata dele próprio, quase sempre em proporções ligeiramente dilatadas.

Tal seja o potencial mais amplo da vontade que o dirige, o sensitivo, desligado da veste física, passa a movimentar-se e, ausentando-se muita vez do recinto da experiência, atendendo a determina­ções recebidas, pode efetuar apontamentos a longa distância ou transmitir notícias, com vistas a cer­tos fins.

Seguindo-lhe a excursão, vê-lo-emos, porém, constantemente ligado ao corpo somático por fio tenuíssimo, fio este muito superficialmente compa­rável, de certo modo, à onda do radar, que pode vencer imensuráveis distâncias, voltando, inalterá­vel, ao centro emissor, não obstante sabermos que semelhante confronto resulta de todo impróprio para o fenômeno que estudamos no campo da in­teligência.

Nessa fase, o paciente executa as ordens que recebeu, desde que não constituam desrespeito evi­dente à sua dignidade moral, trazendo informes valiosos para as realidades do Espírito.

Notemos que aí, enquanto o carro fisiológico se detém, resfolegante e imóvel, a individualidade real, embora teleguiada, evidencia plena integrida­de de pensamento, transmitindo, de longe, avisos e anotações através dos órgãos vocais, em circuns­tâncias comparáveis aos implementos do alto-fa­lante, num aparelho radiofônico.

À semelhança do fluxo energético da circulação sanguínea, incessante no corpo denso, a onda men­tal é inestancável no Espírito.

Esmaecem-se as impressões nervosas e dorme o cérebro de carne, mas o coração prossegue ativo, no envoltório somático, e o pensamento vibra, cons­tante, no cérebro perispirítico.

NO SONO NATURAL — Na maioria das si­tuações, a criatura, ainda extremamente aparentada com a animalidade primitivista, tem a mente como que voltada para si mesma, em qualquer expressão de descanso, tomando o sono para claustro reman­çoso das impressões que lhe são agradáveis, qual criança que, à solta, procura simplesmente o objeto de seus caprichos.

Nesse ensejo, configura na onda mental que lhe é característica as imagens com que se acalenta, sacando da memória a visualização dos pró­prios desejos, imitando alguém que improvisasse miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concretizar.

Atreita ao narcisismo, tão logo demande o sono, quase sempre se detém justaposta ao veículo físi­co, como acontece ao condutor que repousa ao pé do carro que dirige, entregando-se à volúpia men­tal com que alimenta os próprios impulsos afetivos, enquanto a máquina se refaz.

Ensimesmada, a alma, usando os recursos da visão profunda, localizada nos fulcros do diencéfalo, e, plenamente desacolchetada do corpo carnal, por temporário desnervamento, não apenas se retem­pera nas telas mentais com que preliba satisfações distantes, mas experimenta de igual modo o resul­tado dos próprios abusos, suportando o desconforto das vísceras injuriadas por ele mesmo ou a inquie­tude dos órgãos que desrespeita, quando não pa­dece a presença de remorsos constrangedores, àface dos atos reprováveis que pratica, porqüanto ninguém se livra, no próprio pensamento, dos re­flexos de si mesmo.

SONO E SONHO — Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução positiva­mente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto es­tágio de mero refazimento físico.

No primeiro, em que a onda mental é sim­plesmente fraca emissão de forças fragmentárias, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas. No segundo, em que a onda mental está em fase iniciante de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo.

Evolui, no entanto, o pensamento na criatura que amadurece, espiritualmente, através da repercussão.

Como no caso do sensitivo que, fora do envol­tório físico, vai até ao local sugerido pelo magne­tizador, tomando-se a ordem determinante da hip­nose artificial pelo reflexo condicionado que lhe comanda as ideias, a criatura na hipnose natural, fora do veículo somático, possui no próprio desejo o reflexo condicionado que lhe circunscreverá o âm­bito da ação além da roupagem fisiológica, alon­gando-se até ao local em que se lhe vincula o pensamento.

O homem do campo, no repouso físico, supera os fenômenos hipnagógicos e volta à gleba que se­meou, contemplando aí, em Espírito, a plantação que lhe recolhe o carinho; o artista regressa à obra a que se consagra, mentalizando-lhe o aprimora­mento; o espírito maternal se aconchega ao pé dos filhinhos que a vida lhe confia, e o delinqüente retorna ao lugar onde se encarcera a dor do seu arrependimento.

Atravessada a faixa das chamadas imagens eutópticas, exteriorizam de si mesmos os quadros mentais pertinentes à atividade em que se concen­tram, com os quais angariam a atenção das Inteligências desencarnadas que com eles se afinam, recolhendo sugestões para o trabalho em que se empenham, muito embora, à distância da veste so­mática, frequentemente procedam ao modo de crian­ças conduzidas ao ambiente de pessoas adultas, mantendo-se entre as ideias superiores que rece­bem e as ideias infantis que lhes são próprias, do que resulta, na maioria das vezes, o aspecto caótico das reminiscências que conseguem guardar, ao retornarem à vigília.

Nesse estágio evolutivo, permanecem milhões de pessoas — representando a faixa de evolução mediana da Humanidade — rendendo-se, cada dia, ao impositivo do sono ou hipnose natural de refa­zimento, em que se desdobram, mecamicamente, en­trando, fora do indumento carnal, em sintonia com as entidades que se lhes revelam afins, tanto na ação construtiva do bem, quanto na ação deletéria do mal, entretecendo-se-lhes o caminho da experiên­cia que lhes é necessária à sublimação no porvir.

CONCENTRAÇÃO E DESDOBRAMENTO —Quantos se entregam ao labor da arte, atraem, du­rante o sono, as inspirações para a obra que reali­zam, compreendendo-se que os Espíritos enobrecidos assimilam do contacto com as Inteligências supe­riores os motivos corretos e brilhantes que lhes palpitam nas criações, ao passo que as mentes sar­cásticas ou criminosas, pelo mesmo processo, apro­priam-se dos temas infelizes com que se acomodam, acordando a ironia e a irresponsabilidade naqueles que se lhes ajustam aos pensamentos, pelo traba­lho a que se dedicam.

Desdobrando-se no sono vulgar, a criatura se­gue o rumo da própria concentração, procurando, automàticamente, fora do corpo de carne, os obje­tivos que se casam com os seus interesses evidentes ou escusos.

Desse modo, mencionando apenas um exemplo dos contactos a que aludimos, determinado escritor exporá ideias edificantes e originais no que tange ao serviço do bem, induzindo os leitores à elevação de nível moral, ao passo que outro exibirá elemen­tos aviltantes, alinhando escárnio ou lodo sutil com que corrompe as emoções de quantos se lhe entro­sam à maneira de ser.

INSPIRAÇÃO E DESDOBRAMENTO — Dor­mindo o corpo denso, continua vigilante a onda men­tal de cada um — presidindo ao sono ativo, quando registra no cérebro dormente as impressões do Es­pírito desligado das células físicas, e ao sono passi­vo, quando a mente, nessa condição, se desinteressa, de todo, da esfera carnal.

Nessa posição, sintoniza-se com as oscilações de companheiros desencarnados ou não, com as quais se harmonize, trazendo para a vigília no car­ro de matéria densa, em forma de inspiração, os resultados do intercâmbio que levou a efeito, porqüanto raramente consegue conscientizar as ativi­dades que empreendeu no tempo de sono.

Muitos apelos do plano terrestre são atendidos, integralmente ou em parte, nessa fase de tempo.

Formulado esse ou aquele pedido ao compa­nheiro desencarnado, habitualmente surge a respos­ta quando o solicitante se acha desligado do vaso físico. Entretanto, como nem sempre o cérebro fí­sico está em posição de fixar o encontro realizado ou a informação recebida, os remanescentes da ação espiritual, entre encarnados e desencarnados, permanecem, naqueles Espíritos que ainda se demo­rem chumbados à Terra, à feição de quadros sim­bólicos ou de fragmentárias reminiscências, quando não sejam na forma de súbita intuição, a expres­sarem, de certa forma, o socorro parcial ou total que se mostrem capazes de receber.

DESDOBRAMENTO E MEDIUNIDADE — As ocorrências referidas vigem na conjugação de ondas mentais, porque apenas excepcionalmente consegue a criatura encarnada desvencilhar-se de todas as amarras naturais a que se prende, adstrita as conveniências e necessidades de redenção ou evolução que lhe dizem respeito.

É imperioso notar, porém, que considerável número de pessoas, principalmente as que se ades­traram para esse fim, efetuam incursões nos pla­nos do Espírito, transformando-se, muitas vezes, em preciosos instrumentos dos Benfeitores da Espi­ritualidade, como oficiais de ligação entre a esfera física e a esfera extrafísica.

Entre os médiuns dessa categoria, surpreende­remos todos os grandes místicos da fé, portadores de valiosas observações e revelações para quan­tos se decidam marchar ao encontro da Verdade e do Bem.

Cumpre destacar, entretanto, a importância do estudo para quantos se vejam chamados a semelhante gênero de serviço, porque, segundo a Lei do Campo Mental, cada Espírito sômente logrará chegar, do ponto de vista da compreensão neces­sária, até onde se lhe paire o discernimento.

22

Mediunidade curativa

MENTE E PSICOSSOMA — Compreendendo-se o envoltório psicossomático por templo da alma, estruturado em bilhões de células a se caracteriza­rem por atividade incessante, é natural imaginemos cada centro de força e cada órgão por departa­mentos de trabalho, interdependentes entre si, não obstante o caráter autônomo atribuível a cada um.

Semelhantes peças, no entanto, obedecem ao comando mental, sediado no cérebro, que lhes man­tém a coesão e o equilíbrio, por intermédio das oscilações inestancáveis do pensamento.

Temos, assim, as variadas províncias celulares sofrendo o impacto constante das radiações mentais, a lhes absorverem os princípios de ação e reação desse ou daquele teor, pelos quais os processos da saúde e da enfermidade, da harmonia e da desar­monia são associados e desassociados, conforme a direção que lhes imprima a vontade.

Naturalmente não podemos esquecer que o alimento comum garante a subsistência do corpo físico, através da permuta contínua de substâncias com a incessante transformação de energia, e isso acontece porque a força mental conjuga substân­cia e energia na produção dos recursos de apoio à existência e dos elementos reguladores do meta­bolismo.

Além desses fatores, cabe-nos contar com os fa­tores mentais para a sustentação de todos os agen­tes da vida, que se fará dessa ou daquela forma, segundo a qualidade desses mesmos ingredientes.

Conforme a integridade desses princípios, re­sultará a integridade do poder mecânico da mente para a formação dos anticorpos na intimidade das forças componentes do sistema sanguíneo.

SANGUE E FLUIDOTERAPIA — Salientan­do-se que o sistema hemático no corpo físico repre­senta o conjunto das energias circulantes no corpo espiritual ou psicossoma, energias essas tomadas em princípio pela mente, através da respiração, ao reservatório incomensurável do fluido cósmico, e para ele que nos compete voltar a atenção, no es­tudo de qualquer processo fluidoterápico de trata­mento ou de cura.

Relacionados com os centros psicossomáticos, os variados núcleos da vida sanguínea produzem as grandes coletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, trombócitos, macrófagos, linfócitos, histiócitos, plasmócitos, monócitos e outras unida­des a se dividirem, inteligentemente, em famílias numerosas, movimentando-se em trabalho constan­te, desde os fulcros geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o âmago dos órgãos.

Fácil entender que todo desregramento de na­tureza física ou moral faz-se refletir, de imediato, por reações mentais consequentes, sobre as provín­cias celulares, determinando situações favoráveis ou desfavoráveis ao equilíbrio orgânico.

O pensamento é a força que, devidamente orien­tada, no sentido de garantir o nível das entidades celulares no reino fisiológico, lhes facilita a migra­ção ou lhes acelera a mobilidade para certos efei­tos de preservação ou defensiva, seja na improvi­sação de elementos combativos e imunológicos ou na impugnação aos processos patogênicos, com a intervenção da consciência profunda.

Deduzimos, sem dificuldade, que se é possível a hipnotização da mente humana, com vistas a cer­tos fins, com mais propriedade operar-se-á a mag­netização das entidades corpusculares, para efeitos determinados, no ajustamento das células.

MÉDIUM PASSISTA — Entendemos que a me­diunidade curativa se reveste da mais alta impor­tância, desde que alicerçada nos sentimentos mais puros da mais pura fraternidade.

É claro que não nos reportamos aos magne­tizadores que desenvolvem as forças que lhes são peculiares, no trato da saúde humana.

Referimo-nos, sim, aos intérpretes da Espiri­tualidade Superior, consagrados à assistência provi­dencial aos enfermos, para encorajar-lhes a ação.

Decerto, o estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconselhável, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não seja médico, se reco­menda a aquisição de conhecimentos do corpo em si. E do mesmo modo que esse aprendiz de rudi­mentos da Medicina precisa atentar para a assepsia do seu quadro de trabalho, o médium passista ne­cessitará vigilância no seu campo de ação, porqüanto de sua higiene espiritual resultará o reflexo benfazejo naqueles que se proponha socorrer. Eis porque se lhe pede a sustentação de hábitos nobres e atividades limpas, com a simplicidade e a humil­dade por alicerces no serviço de socorro aos doen­tes, de vez que semelhantes fatores funcionarão à maneira do tungstênio na lâmpada elétrica, susce­tível de irradiar a força da usina, produzindo a luz necessária à expulsão da sombra.

O investimento cultural ampliar-lhe-á os recur­sos psicológicos, facilitando-lhe a recepção das or­dens e avisos dos instrutores que lhe propiciem amparo, e o asseio mental lhe consolidará a influên­cia, purificando-a, além de dotar-lhe a presença com a indispensável autoridade moral, capaz de induzir o enfermo ao despertamento das próprias forças de reação.

MECANISMO DO PASSE — Tendo mencio­nado o fenômeno hipnótico em diversas passagens de nossas anotações, a ele recorreremos, ainda uma vez, para definir o medianeiro do passe magnético por autêntico representante do magnetizador espi­ritual, à frente do enfermo.

Estabelecido o clima de confiança, qual acon­tece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro.

Ao toque da energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados, o pró­prio enfermo, na pauta da confiança e do mereci­mento de que dá testemunho, emite ondas men­tais características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue.

O socorro, quase sempre hesitante a principio, corporifica-se à medida que o doente lhe confere atenção, porque, centralizando as próprias radia­ções sobre as províncias celulares de que se serve, lhes regula os movimentos e lhes corrige a ativi­dade, mantendo-lhes as manifestações dentro de normas desejáveis, e, estabelecida a recomposição, volve a harmonia orgânica possível, assegurando à mente o necessário governo do veículo em que se amolda.

VONTADE DO PACIENTE — O processo de socorro pelo passe é tanto mais eficiente quanto mais intensa se faça a adesão daquele que lhe re­colhe os benefícios, de vez que a vontade do pa­ciente, erguida ao limite máximo de aceitação, de­termina sobre si mesmo mais elevados potenciais de cura.

Nesse estado de ambientação, ao influxo dos passes recebidos, as oscilações mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na direção do tra­balho restaurativo, passando a sugeri-lo às entida­des celulares do veículo em que se expressam, e os milhões de corpúsculos do organismo fisiopsicos­somático tendem a obedecer, instintivamente, às ordens recebidas, sintonizando-se com os propósitos do comando espiritual que os agrega.

PASSE E ORAÇÃO — O passe, como gênero de auxílio, invariàvelmente aplicável sem qualquer contra-indicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe, desde as crian­cinhas tenras aos pacientes em posição provecta na experiência física, reconhecendo-se, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos doentes adultos que se mostrem jungidos à inconsciência temporária, por desajustes complicados do cérebro.

Esclareçamos, porém, que, em toda situação e em qualquer tempo, cabe ao médium passista bus­car na prece o fio de ligação com os planos mais elevados da vida, porqüanto, através da oração, contará com a presença sutil dos instrutores que atendem aos misteres da Providência Divina, a lhe utilizarem os recursos para a extensão incessante do Eterno Bem.

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Animismo

MEDIUNIDADE E ANIMISMO — Alinhando apontamentos sobre a mediunidade, não será licito esquecer algumas considerações em torno do ani­mismo ou conjunto dos fenômenos psíquicos produ­zidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.

Temos aqui muitas ocorrências que podem re­pontar nos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos ou de efeitos intelectuais, com a própria Inteligên­cia encarnada comandando manifestações ou delas participando com diligência, numa demonstração que o corpo espiritual pode efetivamente desdobrar-se e atuar com os seus recursos e implementos carac­terísticos, como consciência pensante e organiza­dora, fora do carro físico.

A verificação de semelhantes acontecimentos criou entre os opositores da Doutrina Espírita as teorias de negação, porqüanto, admitida a possibi­lidade de o próprio Espírito encarnado poder atuar fora do traje fisiológico, apressaram-se os cépticos inveterados a afirmar que todos os sucessos me­dianímicos se reduzem à influência de uma força nervosa que efetua, fora do corpo carnal, deter­minadas ações mecânicas e plásticas, configurando, ainda, alucinações de variada espécie.

Todavia, os estardalhaços e pavores levantados por esses argumentos indébitos, arredando para lon­ge o otimismo e a esperança de tantas criaturas que começam confiantemente a iniciação nos serviços da mediunidade, não apresentam qualquer signifi­cado substancial, porque é forçoso ponderar que os Espíritos desencarnados e encarnados não se fi­liam a raças antagônicas que se devam reencontrar em condições miraculosas.

SEMELHANÇAS DAS CRIATURAS — Somos necessariamente impelidos a reconhecer que, se os vivos da Terra e os vivos do Além respirassem cli­mas evolutivos fundamentalmente diversos, a co­municação entre eles resultaria de todo impossível, pela impraticabilidade do ajuste mental.

Seres em desenvolvimento para a vida eterna, uns e outros guardam consigo, seja no plano extra-físico, preparando o retorno ao campo terrestre, ou no plano físico, em direção à esfera espiritual, faculdades adquiridas no vasto caminho da expe­riência, as quais lhes servirão de recursos à percep­ção no ambiente próximo.

Tem cada Espírito, em vias de reencarnação, todos os meios de que já se muniu para continuar no círculo dos encarnados o trabalho de aperfei­çoamento que lhe é próprio, conservando-os poten­cialmente no feto, tanto quanto possui o Espírito encarnado todas as possibilidades que já entesou­rou em si mesmo para prosseguir em suas ativida­des no Plano Espiritual, depois da morte.

Assinalada essa observação, é fácil anotar que a criatura na Terra partilha, assim, até certo ponto, dos sentidos que caracterizam a criatura desencar­nada, nas esferas imediatas à experiência humana, conseguindo, às vezes, desenfaixar-se do corpo den­so e proceder como a Inteligência desenleada do indumento carnal ou, ainda, obedecer aos ditames dos Espíritos desencarnados, como agente mais ou menos fiel de seus desejos.

Encontramos, nessa base, a elucidação clara de muitos dos fenômenos do faquirismo vulgar, em que o Espírito encarnado, ao desdobrar-se, pode provocar, em relativo estado de consciência, certa classe de fenômenos físicos, enquanto o corpo car­nal se demora na letargia comum.

OBSESSÃO E ANIMISMO — Muitas vezes, conforme as circunstâncias, qual ocorre no fenôme­no hipnótico isolado, pode cair a mente nos estados anômalos de sentido inferior, dominada por forças retrógradas que a imobilizam, temporariamente, em atitudes estranhas ou indesejáveis.

Nesse aspecto, surpreendemos multiformes pro­cessos de obsessão, nos quais Inteligências desen­carnadas de grande poder senhoreiam vítimas ina­bilitadas à defensiva, detendo-as, por tempo inde­terminado, em certos tipos de recordação, segundo as dividas cármicas a que se acham presas.

Freqüentemente, pessoas encarnadas, nessa mo­dalidade de provação regeneradora, são encontrá­veis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se personificas­sem entidades outras, quando, na realidade, expri­mem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas, sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.

ANIMISMO E HIPNOSE — Imaginemos um sensitivo a quem o magnetizador intencionalmente fizesse recuar até esse ou aquele marco do preté­rito, pela deliberada regressão da memória, e o deixasse nessa posição durante semanas, meses ou anos a fio, e teremos exata compreensão dos ca­sos mediúnicos em que a tese do animismo é cha­mada para a explicação necessária. O «sujet», nessa experiência, declarar-se-ia como sendo a personali­dade invocada pelo hipnotizador, entrando em con­flito com a realidade objetiva, mas não deixaria, por isso, de ser ele mesmo sob controle da idéia que o domina.

Nas ocorrências várias da alienação mental, encontramos fenômenos assim tipificados, recla­mando larga dose de paciência e carinho, porqüanto as vítimas desses processos de fixação não podem ser categorizadas à conta de mistificadores incons­cientes, pois representam, de fato, os agentes de­sencarnados a elas jungidos por teias fluídicas de significativa expressão, tal qual acontece ao sen­sitivo comum, mentalmente modificado, na hipnose de longo curso, em que demonstra a influência do magnetizador.

DESOBSESSÃO E ANIMISMO — Nenhuma justificativa existe para qualquer recusa no trato generoso de personalidades medianímicas proviso­riamente estacionadas em semelhantes provações, de vez que são, em si próprias, Espíritos sofredo­res ou conturbados quanto quaisquer outros que se manifestem, exigindo esclarecimento e socorro. O amparo espontâneo e o auxílio genuinamente fraterno lhes reajustarão as ondas mentais, con­curso esse que se estenderá, inevitável, aos companheiros do pretérito que lhes assediem o pensa­mento, operando a reconstituição de caminhos retos para os sensitivos corporificados na Terra, tão im­portantes e tão nobres em sua estrutura quanto aqueles que os doutrinadores encarnados se pro­põem traçar para os amigos desencarnados menos felizes.

Aliás, é preciso destacar que o esforço da es­cola, seja ela o recinto consagrado à instrução primária ou a instituto corretivo, funciona como recurso renovador da mente, equilibrando-lhe as oscilações para níveis superiores.

Não há novidade alguma no impositivo da aco­lhida magnânima aos obsessos dessa natureza, hip­notizados por forças que os comandam espiritual­mente, a distância.

ANIMISMO E CRIMINALIDADE — Os mani­cômios e as penitenciárias estão repletos de irmãos nossos obsidiados que, alcançando o ponto especí­fico de suas recapitulações do pretérito culposo, à falta de providências reeducativas, nada mais pu­deram fazer que recair na loucura ou no crime, porque, em verdade, a alienação e a delinquência, na maioria das vezes, expressam a queda mental do Espírito em reminiscências de lutas pregressas, à semelhança do aluno que, voltando à lição, com recursos deficitários, incorre lamentavelmente nos mesmos erros.

O ressurgimento de certas situações e a volta de marcadas criaturas ao nosso campo de ativi­dade, do ponto de vista da reencarnação, funcio­nam em nossa vida íntima como reflexos condicionados, comprovando-nos a capacidade de superação de nossa inferioridade, antigamente positivada.

Se estivermos desarmados de elementos morais suscetíveis de alterar-nos a onda mental para a assimilação de recursos superiores, quase sempre tornamos à mesma perturbação e à mesma cruel­dade que nos assinalaram as experiências passadas.

Nesse fenômeno reside a maior percentagem das causas de insânia e criminalidade em todos os setores da civilização terrestre, porqüanto é aí, nas chamadas predisposições mórbidas, que se rearti­culam velhos conflitos, arrasando os melhores pro­pósitos da alma, sempre que descure de si mesma.

Convenhamos, pois, que a tarefa espírita échamada, de maneira particular, a contribuir no aperfeiçoamento dos impulsos mentais, favorecendo a solução de todos os problemas suscitados pelo animismo. Através dela, são eles endereçados à es­fera iluminativa da educação e do amor, para que os sensitivos, estagnados nessa classe de aconte­cimentos, sejam devidamente amparados nos desa­justes de que se vejam portadores, impedindo-se-lhes o mergulho nas sombras da perturbação e recuperando-se-lhes a atividade para a sementei­ra da luz.

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Obsessão

PENSAMENTO E OBSESSÃO — O estudo da obsessão, conjugado à mediunidade, se realizado em maior amplitude, abrangeria o exame de quase toda a Humanidade terrestre.

Expressamos tal conceito, à face do pensamen­to que age e reage, carreando para o emissor todas as fecundações felizes ou infelizes que arremessa de si próprio, a determinar para cada criatura os estados psíquicos que variam segundo os tipos de emoção e conduta a que se afeiçoe.

Enquanto se não aprimore, é certo que o Es­pírito padecerá, em seu instrumento de manifestação, a resultante dos próprios erros. Esses desa­justes, como é natural, não se limitam à comunidade das células físicas, quando em disfunções múltiplas por força dos agentes mentais viciados e enfermi­ços; estendem-se, muito especialmente, à constitui­ção do corpo espiritual, a refletir-se no cérebro ou gabinete complexo da alma, aí ocasionando os di­versos sintomas de perturbação do campo encefálico, acompanhados dos fenômenos psico-sensoriais que produzem alucinações e doenças da mente.

PERTURBAÇÕES MORAIS — Não nos pro­pomos analisar aqui as personalidades psicopáticas, do ponto de vista da Psiquiatria, nem focalizar as chamadas psicoses de involução, ou as demências senis, claramente necessitadas de orientação médi­ca; recordaremos, contudo, que na retaguarda dos desequilíbrios mentais, sejam da ideação ou da afe­tividade, da atenção e da memória, tanto quanto por trás de enfermidades psíquicas clássicas, como, por exemplo, as esquizofrenias e as parafrenias, as oligofrenias e a paranóia, as psicoses e neuroses de multifária expressão, permanecem as perturba­ções da individualidade transviada do caminho que as Leis Divinas lhe assinalam à evolução moral. Enquanto se lhe mantém a internação no instru­mento físico transitório, até certo ponto ela con­segue ocultar no esconderijo da carne os resultados das paixões e abusos, extravagâncias e viciações a que se dedica.

Assim vive na paisagem social em que tran­sita, até que, arredada de semelhante vaso pela influência decisiva da morte, não mais suporta o regime de fantasia, obrigando-se a sofrer, em si própria, as consequências dos excessos e ultrajes com que, imprevidente, se desrespeitou.

Torturada por suas próprias ondas desorienta­das, a reagirem, incessantes, sobre os centros e mecanismos do corpo espiritual, cai a mente nas desarmonias e fixações consequentes e, porque o veículo de células extraffsicas que a serve, depois da morte, é extremamente influenciável, ambienta nas próprias forças os desequilíbrios que a senho­reiam, consolidando-se-lhe, desse modo, as inibições que, em futura existência, dominar-lhe-ão tempo­ràriamente a personalidade, sob a forma de fatores mórbidos, condicionando as disf unções de certos recursos do cérebro físico, por tempo indeterminado.

ZONAS PURGATORIAIS — Entendendo-se que todos os delinqüentes deitam de si oscilações men­tais de terrível caráter, condensando as recorda­ções malignas que albergam no seio, compreende­remos a existência das zonas purgatoriais ou in­fernais como regiões em que se complementam as temporárias criações do remorso, associando arre­pendimento e amargura, desespero e rebelião.

Na intimidade dessas províncias de sombra, em que se agrupam multidões de criminosos, segundo a espécie de delito que cometeram, Espíritos culpados, através das ondas mentais com que es­sencialmente se afinam, se comunicam reciproca­mente, gerando, ante os seus olhos, quadros vivos de extremo horror, junto dos quais desvairam, re­cebendo, de retorno, os estranhos padecimentos que criaram no ânimo alheio.

Claro está que, embora comandados por Inte­ligências pervertidas ou bestializadas nas trevas da ignorância, esses antros jazem circunscritos no Es­paço, fiscalizados por Espíritos sábios e benfazejos que dispõem de meios precisos para observar a transformação individual das consciências em pro­cesso de purificação ou regeneração, a fim de con­duzi-las a providências compatíveis com a melhoria já alcançada.

Semelhante supervisão, entretanto, não impede que essas vastas cavernas de tormento reeducativo sejam, em si, imensas penitenciárias do Espírito, a que se recolhem as feras conscientes que foram homens. AI permanecem detidas por guardas especializados, que lhes são afins, o que nos faz de­finir cada «purgatório particular» como «prisão-manicômio», em que as almas embrutecidas no crime sofrem, de volta, o impacto de suas fecundações mentais infelizes.

Tiranos, suicidas, homicidas, carrascos do povo, libertinos, caluniadores, malfeitores, ingratos, trai­dores do bem e viciados de todas as procedências, reunidos conforme o tipo de falta ou defecção a que se renderam, se examinados pelos cientistas do mundo apresentariam à Medicina os mais exten­sos quadros para estudos etiológicos das mais obs­curas enfermidades.

Deduzimos, assim, que todos os redutos de sofrimento, além-túmulo, não passam de largos po­rões do trabalho evolutivo da alma, à feição de grandes hospitais carcerários para tratamento das consciências envilecidas.

REENCARNAÇÃO DE ENFERMOS — Dos abismos expiatórios, volvem à reencarnação quan­tos se mostram inclinados à recuperação dos valo­res morais em si mesmos.

Transportados a novo berço, comumente entre aqueles que os induziram à queda, quando não se vêem objeto de amorosa ternura por parte de co­rações que por eles renunciam à imediata felicidade nas Esferas Superiores, são resguardados no reces­so do lar.

Contudo, renascem no corpo carnal espiri­tualmente jungidos às linhas inferiores de que são advindos, assimilando-lhes, fàcilmente, o influxo aviltante.

Reaparecem, desse modo, na arena física. Mas, via de regra, quando não se mostram retardados mentais, desde a infância, são perfeitamente classificáveis entre os psicopatas amorais, segundo o con­ceito da «moral insanity», vulgarizado pelos ingle­ses, demonstrando manifesta perversidade, na qual se revelam constantemente brutalizados e agressi­vos, petulantes e pérfidos, indiferentes a qualquer noção da dignidade e da honra, continuamente dis­postos a mergulhar na criminalidade e no vício.

Aqueles Espíritos relativamente corrigidos nas escolas de reabilitação da Espiritualidade desenvolvem-se, no ambiente humano, enqüadráveis en­tre os psicopatas astênicos e abúlicos, fanáticos e hipertímicos, ou identificáveis como representantes de várias doenças e delírios psíquicos, inclusive aberrações sexuais diversas.

OBSESSÃO E MEDIUNIDADE — Tais enfer­mos da alma, tantas vezes submetidos, sem resul­tado satisfatório, à insulina e à convulsoterapia, quando recomendados ao auxílio dos templos espí­ritas, poderão ser tidos como médiuns? Sem dúvi­da, são médiuns doentes, afinizados com os fulcros de sentimento desequilibrado de onde ressurgiram para novo aprendizado entre os homens.

Por certa quota de tempo, são intérpretes de forças degradadas, às quais é preciso opor a inter­venção moral necessária, do mesmo modo que se prescreve medicação aos enfermos.

Trazendo consigo as sequelas ocultas da inter­nação na província purgatorial, de que volvem pela porta do berço terrestre, exteriorizam ondas men­tais viciadas que lhes alentam as disfunções dos implementos físicos, ondas essas pelas quais reco­lhem os pensamentos das entidades inferiores a lhes constituírem a cobertura da retaguarda.

Apesar disso, devem ser acolhidos nos santuá­rios do Espiritismo por medianeiros de planos que é preciso transformar e ajudar, porqüanto um Es­pírito renovado para o Bem — Lei do Criador para todas as criaturas — é peça importante para o reajustamento geral dessa ou daquela engrenagem conturbada na máquina da vida.

DOUTRINA ESPIRITA — Forçoso é conside­rar que a atividade religiosa, digna e venerável, em qualquer setor da edificação humana, exprime socorro celeste aos desajustes morais de quantos se demoram na reencarnação, buscando a restau­ração precisa.

E, compreendendo-se que elevada percentagem das personalidades humanas traz, no imo do pró­prio ser, raízes e brechas de comunhão com o pre­térito de sombra, através das quais são suscetíveis de sofrer os mais estranhos processos de obsessão oculta — a se reavivarem, constantes, nos diversos períodos etários que correspondem ao tempo de formação dos débitos cármicos que buscam eqüa­cionar no corpo terrestre —, é justo encarecer, assim, a oportunidade e a excelência do amparo moral da Doutrina Espírita, como sendo o recurso mais sólido na assistência às vítimas do desequilí­brio espiritual de qualquer matiz, por oferecer-lhes, no estudo nobre e no serviço santificante, o clima indispensável de transmutação e harmonização, com que se recuperem, no domínio dos pensamentos mais íntimos, para assimilarem a influência bené­fica dos agentes espirituais da necessária renovação.

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Oração

MEDIUNIDADE E RELIGIÃO — Misturada àmagia vulgar, a mediunidade é de todos os tempos no mundo.

Confundida entre os totens e manitus, nas ra­ças primitivas, alteia-se, gradativamente, e surge, suntuosa e complexa, nos templos iniciáticos dos povos antigos, ou rebaixada e desordenada, entre os magos da praça pública.

Ocioso seria enumerar sucessos e profecias, constantes dos livros sagrados das religiões, nas épocas anciãs.

A cada passo, nas recordações de todas elas, encontramos referências a manifestações de anjos e demônios, evocações e mensagens de seres desen­carnados, visões e sonhos, encantamentos e exor­cismos.

REFLEXO CONDICIONADO E MEDIUNIDA­DE — Em toda a parte, desde os amuletos das tribos mergulhadas em profunda ignorância até os cânticos sublimados dos santuários religiosos dos tempos modernos, vemos o reflexo condicionado, facilitando a exteriorização de recursos da mente, para o intercâmbio com o plano espiritual.

Talismãs e altares, vestes e paramentos, sim­bolos e imagens, vasos e perfumes, não passam de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas mentais, nesse ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as arremessadas pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e pelas assembléias que os acompanham, visando a certos fins.

E compreendendo-se que os semelhantes se atraem, o bruxo que se vale da mandrágora para endereçar vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura induzir à emissão de energias do mes­mo naipe com que, à base de terror, assimila cor­rentes mentais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre que não possua a integridade da consciên­cia tranquila; o sacerdote de classe elevada, toda vez que aproveita os elementos de sua fé para con­solar um espírito desesperado, está impelindo-o àprodução de raios mentais enobrecidos, com os quais forma o clima adequado à recepção do auxilio da Esfera Superior; o médico que encoraja o pacien­te, usando autoridade e doçura, inclina-o a gerar, em favor de si mesmo, oscilações mentais restau­rativas, pelas quais se relaciona com os poderes curativos estuantes em todos os escaninhos da Na­tureza; o professor, estimulando o discípulo a do­minar o aprendizado dessa ou daquela expressão, impulsiona-o a condicionar os elementos do próprio espírito, ajustando-lhe a onda mental para incor­porar a carga de conhecimento de que necessita.

GRANDEZA DA ORAÇÃO — Observamos em todos os momentos da alma, seja na repouso ou na atividade, o reflexo condicionado (ou ação inde­pendente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na base das operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.

Dai resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que sômente a conduta reta sustenta o reto pensamento e, de pos­se do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais ele­vado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores.

De essência divina, a prece será sempre o re­flexo positivamente sublime do Espírito, em qual­quer posição, por obrigá-lo a despedir de si mes­mo os elementos mais puros de que possa dispor.

No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor, na tranqüilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consciên­cia que a formula, em efusões indescritíveis, sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magne­tismo torturado da criatura, insulada no sofrimen­to educativo da Terra, recompondo-lhe as faculda­des profundas.

A mente centralizada na oração pode ser com­parada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.

Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.

EQUILIBRIO E PRECE — É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.

Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, o homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacte­riana, atualmente em plena evolução para mais am­pla eficiência, com a antibiose ou atuação bacte­riostática levada a efeito por determinadas unida­des microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.

É possível, então, coibir, com relativa segu­rança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculo­se, as riquetsioses, a psitacose, as infecções pulmo­nares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psico­lógica em que toda criatura se submerge na vida social do Planeta.

Visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermé­dio de rudes exercícios, a encontrar o seu próprio caminho de libertação e de ascese. Mentalmente exposto a todas as influências psíquicas, é imperio­so se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.

No que tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, pro­fessores e orientadores diversos. É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspira­ção de que precisa, a fim de afimzar-se com as diretrizes superiores.

No circuito de forças estabelecido com a ora­ção, a alma não apenas se predispôe a regenerar o equilíbrio das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que incorpora, espontâneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais se coloca em relação.

PRECE E RENOVAÇÃO — Na floresta men­tal em que avança, o homem frequentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o gol­peiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas provenientes de ondas enfermiças, par­tidas dos desencarnados em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, ou de oscila­ções desorientadas dos próprios companheiros ter­restres desequilibrados a lhe respirarem o ambien­te. Todavia, tão logo se envolva nas vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o pensamento aos planos sublimados, de onde recolhe as idéias trans-formadoras dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos, na evolução.

Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce do Co­ração da Vida para a vida do coração.

Semelhante atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir, acima de tudo, a compreensão quanto ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoa­mento, de maneira a aproveitar o ensejo de traba­lho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem de si mesma.

MEDIUNIDADE E PRECE — A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre associada à oração, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do mundo.

Entre os egípcios e hindus, chineses e penas, gregos e cipriotas, gauleses e romanos, a prece, ex­pressando invocação ou louvor, adoração ou medi­tação, é o agente refletor do Plano Celeste sobre a alma do homem.

Orando, Moisés recolhe, no Sinai, os manda­mentos que alicerçam a justiça de todos os tempos, e, igualmente em prece, seja nas margens do Ge­nesaré ou em pleno Tabor, respirando o silêncio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo re­vela na oração o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de facultar a sintonia entre a criatura e o Criador.

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Jesus e mediunidade

DIVINA MEDIUNIDADE — Em nos repor­tando a qualquer estudo da mediunidade, não po­demos olvidar que, em Jesus, ela assume todas as características de exaltação divina. (19)

(19) Em “A Gênese” (págs. 293 e 294, FEB, 12ª edição). Anota Allan Kardec, com referência aos fenô­menos da mediunidade em Jesus:

“Agiria como médium nas curas que operava? Po­der-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porqüanto o médium é um intermediário, um instru­mento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em vir­tude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus pró­prios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.” — (Nota indicada pelo Autor

espiritual)

Desde a chegada do Excelso Benfeitor ao Pla­neta, observa-se-lhe o pensamento sublime penetran­do o pensamento da Humanidade.

Dir-se-ia que no estábulo se reúnem pedras e arbustos, animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da evolução terrestre, para receber-lhe o primeiro toque mental de aprimora­mento e beleza.

Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor nas vozes dos mensageiros espi­rituais, saudando Aquele que vinha libertar as na­ções, não na forma social que sempre lhes será vestimenta às necessidades de ordem coletiva, mas no ádito das almas, em função da vida eterna.

Antes dele, grandes comandantes da ideia ha­viam pisado o chão do mundo, influenciando mul­tidões.

Guerreiros e políticos, filósofos e profetas ali­nhavam-se na memória popular, recordados como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram com exércitos e fórmulas, enunciados e avisos, em que se misturam retidão e parcialidade, sombra e luz.

Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas, com a sua magnitude moral, impri­me novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de tudo, ao espírito, em todos os climas da Terra.

Transmitindo as ondas mentais das Esferas Superiores de que procede, transita entre as criaturas, despertando-lhes as energias para a Vida Maior, como que a tanger-lhes as fibras recôndi­tas, de maneira a harmonizá-las com a sinfonia uni­versal do Bem Eterno.

MÉDIUNS PREPARADORES — Para recep­cionar o influxo mental de Jesus, o Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de mé­diuns, à feição de transformadores elétricos conju­gados, para acolher-lhe a força e armazená-la, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os recursos.

E longe de anotarmos aí a presença de qual­quer instrumento psíquico menos seguro do ponto de vista moral, encontramos importante núcleo de medianeiros, desassombrados na confiança e corre­tos na diretriz.

Informamo-nos, assim, nos apontamentos da Boa Nova, de que Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, precursor do Médium Divino, “eram am­bos justos perante Deus, andando sem repreen­são, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor» (20),

(20) Lucas, capítulo 1, versículo 5.

que Maria, a jovem simples de Naza­ré, que acolheria o Embaixador Celeste nos braços maternais, se achava «em posição de louvor diante do Eterno Pai» (21),

(21) Lucas, capítulo 1, versículo 30.

que José da Galileia, o varão que o tomaria sob paternal tutela, «era justo» (22),

(22) Mateus, capítulo 1, versículo 19.

que Simeão, o amigo abnegado que o aguardou em prece, durante longo tempo, «era justo e obediente a Deus» (23),

(23) Lucas, capítulo 2, versículo 25.

e que Ana, a viúva que o esperou em oração, no templo de Jerusalém, por vários lus­tros, vivia «servindo a Deus». (24)

(24) Lucas. capítulo 2, versículo 37.

Nesse grupo de médiuns admiráveis, não ape­nas pelas percepções avançadas que os situavam em contacto com os Emissários Celestes, mas também pela conduta irrepreensível de que forneciam teste­munho, surpreendemos o circuito de forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí ex­pandir-se na renovação do mundo.

EFEITOS FISICOS — Cedo começa para o Mes­tre Divino, erguido à posição de Médium de Deus, o apostolado excelso em que lhe caberia carrear as noções da vida imperecível para a existência na Terra.

Aos doze anos, assenta-se entre os doutores de Israel, «ouvindo-os e interrogando-os (25),

(25) Lucas, capítulo 2, versículo 46.

a pro­vocar admiração pelos conceitos que expendia e a entremostrar a sua condição de intermediário entre culturas diferentes.

Iniciando a tarefa pública, na exteriorização de energias sublimes, encontramo-lo em Caná da Ga­lileia, oferecendo notável demonstração de efeitos físicos, com ação a distância sobre a matéria, em transformando a água em vinho (26).

(26) João, capítulo 2, versículos 1 a 12.

Mas, o acon­tecimento não permanece circunscrito ao âmbito doméstico, porqüanto, evidenciando a extensão dos seus poderes, associados ao concurso dos mensa­geiros espirituais que, de ordinário, lhe obedeciam às ordens e sugestões, nós o encontramos, de outra feita, a multiplicar pães e peixes (27),

(27) João, capítulo 6, versículos 1 a 15.

no tope do monte, para saciar a fome da turba inquieta que lhe ouvia os ensinamentos, e a tranquilizar a Na­tureza em desvario (28),

(28) Marcos, capítulo 4, versículos 35 a 41.

quando os discípulos assus­tados lhe pedem socorro, diante da tormenta.

Ainda no campo da fenomenologia física ou metapsíquica objetiva, identificamo-lo em plena levitação, caminhando sobre as águas (29),

(29) Marcos, capítulo 6, versículos 49 e 50.

e em prodigiosa ocorrência de materialização ou ectoplasmia, quando se põe a conversar, diante dos aprendizes, com dois varões desencarnados que, po­sitivamente, apareceram glorificados, a lhe falarem de acontecimentos próximos. (30)

(30) Lucas, capítulo 9, versículos 28 a 32.

Em Jerusalém, no templo, desaparece de cho­fre, desmaterializando-se, ante a espectação ge­ral (31),

(31) João, capítulo 7, versículo 30.

e, na mesma cidade, perante a multidão, produz-se a voz direta, em que bênçãos divinas lhe assinalam a rota. (32)

(32) João, capítulo 12, versículos 28 a 30.

Em cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria, dissociando-lhe os agentes e reintegran­do-os à vontade, com a colaboração dos servidores espirituais que lhe assessoram o ministério de luz.

EFEITOS INTELECTUAIS — No capítulo dos efeitos intelectuais ou, se quisermos, nas provas da metapsiquica subjetiva, que reconhece a inteligên­cia humana como possuidora de outras vias de conhecimento, além daquelas que se constituem dos sentidos normais, reconhecemos Jesus nos mais altos testemunhos.

A distância da sociedade hierosolimita, vatici­na os sucessos amargos que culminariam com a sua morte na cruz (33).

(33) Lucas, capítulo 18, versículos 31 a 34.

Utilizando a clarividência que lhe era peculiar, antevê Simão Pedro cercado de personalidades inferiores da esfera extrafísica, e avisa-o quanto ao perigo que isso representa para a fraqueza do apóstolo (34).

(34) Lucas, capítulo 22, versículos 31 a 34.

Nas últimas instru­ções, ao pé dos amigos, confirmando a profunda lucidez que lhe caracterizava as apreciações percu­cientes, demonstra conhecer a perturbação cons­ciencial de Judas (35),

(35) João, capítulo 13, versículos 21 e 22.

a despeito das dúvidas que a ponderação suscita entre os ouvintes. Nas preces de Getsêmani, aliando clarividência e clariaudiên­cia, conversa com um mensageiro espiritual que o reconforta. (36)

(36) Lucas, capítulo 22, versículo 43.

MEDIUNIDADE CURATIVA — No que se re­fere aos poderes curativos, temo-los em Jesus nas mais altas afirmações de grandeza. Cercam-no doentes de variada expressão. Paralíticos estendem-lhe membros mirrados, obtendo socorro. Cegos re­cuperam a visão. Ulcerados mostram-se limpos. Alienados mentais, notadamente obsidiados diver­sos, recobram equilíbrio.

É importante considerar, porém, que o Gran­de Benfeitor a todos convida para a valorização das próprias energias.

Reajustando as células enfermas da mulher hemorroíssa, diz-lhe, convincente: — «Filha, tem bom ânimo! A tua fé te curou. » (37)

(37) Mateus, capítulo 9, versículo 22.

Logo após. tocando os olhos de dois cegos que lhe recorrem à caridade, exclama: — «Seja feito, segundo a vos­sa fé.» (38)

(38) Mateus, capítulo 9, versículo 29.

Não salienta a confiança por simples ingredien­te de natureza mística, mas sim por recurso de ajustamento dos princípios mentais, na direção da cura.

E encarecendo o imperativo do pensamento reto para a harmonia do binômio mente-corpo, por va­rias vezes o vemos impelir os sofredores aliviados à vida nobre, como no caso do paralítico de Betesda, que, devidamente refeito, ao reencontrá-lo no templo, dele ouviu a advertência inesquecível: —«Eis que já estás são. Não peques mais, para que te não suceda coisa pior.” (39)

(39) João, capítulo 5, versículo 14.

EVANGELHO E MEDIUNIDADE — A prática da mediunidade não está sômente na passagem do Mestre entre os homens, junto dos quais, a cada hora, revela o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissá­rios de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do cami­nho, mas também na equipe dos companheiros, aos quais se apresenta em pessoa, depois da morte, mi­nistrando instruções para o edifício do Evangelho nascente.

No dia de Pentecostes, vários fenômenos me­diúnicos marcam a tarefa dos apóstolos, mesclan­do-se efeitos físicos e intelectuais na praça pública, a constituir-se a mediunidade, desde então, em viga mestra de todas as construções do Cristianismo, nos séculos subsequentes.

Em Jesus e em seus primitivos continuadores, porém, encontramo-la pura e espontânea, como deve ser, distante de particularismos inferiores, tanto quanto isenta de simonismo. Neles, mostram-se os valores mediúnicos a serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, na qual os regulamentos divinos, em todos os mundos, instituem a respon­sabilidade moral segundo o grau de conhecimento, situando-se, desse modo, a Justiça Perfeita, no ín­timo de cada um, para que se outorgue isso ou aquilo, a cada Espírito, de conformidade com as próprias obras.

O Evangelho, assim, não é o livro de um povo apenas, mas o Código de Princípios Morais do Uni­verso, adaptável a todas as pátrias, a todas as co­munidades, a todas as raças e a todas as criaturas, porque representa, acima de tudo, a carta de condu­ta para a ascensão da consciência à imortalidade, na revelação da qual Nosso Senhor Jesus-Cristo em­pregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purifiquem e se engrandeçam, se santifiquem e se elevem para a integração com as Leis de Deus.

Fim


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