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segunda-feira, 7 de março de 2011

Departamento de Esperanto Zamenhof - UEM

 

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DEPARTAMENTO DE ESPERANTO ZAMENHOF - UEM

ALGUNS TÓPICOS SOBRE O ESPERANTO E O ESPIRITISMO

 

Unidade: O que pensava Allan kardec

Comentário de Kardec (extraído da Revista Espírita) sobre a seguinte passagem evangélica: Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; é preciso que também a essas eu conduza; elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um único pastor. (Jo 10:16)

(...) Entretanto, a unidade se fará em religião, como já tende a se fazer socialmente, pela queda das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os povos do mundo inteiro já confraternizam, como os das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa unidade e todos a desejam. Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma necessidade, para que se estreitem os laços da fraternidade entre as nações; far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de todas as dissidências; (...)

1887 - Lázaro Luís Zamenhof lança o primeiro manual da Língua Internacional Esperanto, na Polônia.

O Primeiro Esperantista no Brasil

Os brasileiros, já na alvorada do movimento que se formou em torno da língua internacional, puderam conviver com um dos esperantistas de primeira hora, o pioneiro a trazer esse nobre ideal para estas plagas. Trata-se de Francisco Valdomiro Lorenz, nascido na Boêmia (atualmente, parte da Checoslováquia), o qual emigrou para o Brasil em 1893, fixando residência no Rio Grande do Sul. Aqui chegando, com apenas 21 anos de idade, já demonstrava um talento incomum, uma inteligência luminosa e um caráter impoluto. Filósofo, escritor e poeta, já sabia falar e escrever em 24 línguas. Viveu entre nós como um humilde lavrador e professor em escola rural, despojado das riquezas materiais, mas rico em serviços prestados à sociedade que o recebeu.

Sem nos alongarmos na descrição de sua vida brilhante, pontuada do mais alto amor à causa do Cristo e plena de realizações de elevada espiritualidade, queremos ressaltar que esse missionário, assim podemos compreendê-lo, escreveu, aos 18 anos de idade, em sua terra natal, o seu primeiro livro sobre o Esperanto, uma gramática completa da língua internacional para o povo checo, editada em 1890, há apenas três anos, portanto, após o surgimento do Esperanto. Das 92 obras que Francisco Valdomiro Lorenz compôs ou traduziu, inclusive uma antologia poética com 324 poemas de 120 poetas brasileiros, uma delas, O Esperanto sem Mestre, editado pela Federação Espírita Brasileira — FEB, tem servido a gerações de esperantistas brasileiros como referência para o aprendizado aprofundado do Esperanto. Não poderíamos, aqui, deixar de exprimir nossa singela homenagem àquele que encantou e, com certeza, encantará ainda a muitos que irão se abeirar e beber de sua fonte fecunda, tão rica de cultura lingüística, de literatura e de filosofia, quanto de ensinamento cristão.

(As Informações cronológicas seguintes são de Reformador, abril de 1994)

1909 - Reformador de 15 de fevereiro publica um artigo do espírita francês J. Camille Chaigneau em que é reconhecido o valor do idioma e recomendada a sua utilização e divulgação nos meios espíritas.

1912 - É ministrado o primeiro curso de Esperanto na Federação Espírita Brasileira, sob a direção de José Machado Tosta, espírita devotado e membro ativo, na época, da Liga Esperantista Brasileira.

1937 - Ismael Gomes Braga, com o entusiástico apoio do Presidente da FEB, Dr. Guillon Ribeiro, inicia um intenso trabalho de divulgação do Esperanto entre os espíritas, publicando artigos, editando manuais, dicionários, antologias, cuja edição é mantida até hoje pela FEB.

1938 - Publicação do primeiro livro esperantista da FEB - Esperanto sem Mestre, de Francisco Valdomiro Lorenz.

1940 - O Espírito Emmanuel traz a sanção do Alto aos esforços da Federação por divulgar o Esperanto entre os espíritas, ditando ao médium Francisco Cândido Xavier a famosa mensagem intitulada A Missão do Esperanto, anunciadora do papel do Esperanto na construção do futuro como auxiliar do Evangelho e do Espiritismo.

1944 - A FEB publica a obra Vocoj de Poetoj el la Spirita Mondo (Vozes de Poetas do Mundo Espiritual), mediunicamente recebida por Francisco Valdomiro Lonrenz. Contendo poesias ditadas por Espíritos de poetas ilustres do Esperanto, até mesmo peças do próprio Zamenhof, a obra é a primeira produção mediúnica concebida originalmente em Esperanto, de algum modo constituindo-se no “Parnaso” dos esperantistas.

1946 - É publicada a primeira edição em Esperanto de O Livro dos Espíritos (La Libro de la Spiritoj), de Allan Kardec. Seguir-se-iam traduções de muitos livros doutrinários que, além de estenderem a luz da Doutrina aos mais longínquos recantos do Planeta, enriqueceriam, também, pelo alto nível de conteúdo e forma, a literatura do idioma.

1959 - Chico Xavier recebe psicograficamente a mensagem O Esperanto como Revelação, ditada pelo Espírito Francisco Valdormiro Lorenz. Essa mensagem confirma uma revelação anteriormente veiculada por Yvonne A. Pereira (Memórias de um Suicida) e pelo próprio Lorenz (Vocoj de Poetoj el la Spirita Mondo), segundo a qual o Esperanto foi criado no mundo espiritual para solucionar problemas lingüísticos nas esferas invisíveis próximas à Crosta.

1980 - O Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira emite um importante documento, intitulado Orientação ao Centro Espírita, em que é recomendada a inclusão do Esperanto no programa das atividades dos Centros Espíritas.

1981 - A FEB, pela primeira vez, realiza uma reunião sobre Espiritismo no âmbito de um Congresso Universal de Esperanto, realizado em Brasília-DF.

1987 - A FEB se faz representar no 72º Congresso Universal de Esperanto, em Varsóvia, Polônia, quando se comemorou o Jubileu Centenário da Língua Internacional, ali igualmente reunindo espíritas e não-espíritas em sessão realizada sob seus auspícios.

1988 - É lançada pela FEB a Campanha Nacional para o Estudo Sistematizado do Esperanto, sendo usado material concebido e editado pela Casa.

1989 - A FEB promove, em sua Sede Central de Brasília, o Congresso Internacional de Espiritismo, nele incluindo o Esperanto como língua de trabalho e promovendo um rico programa de divulgação por meio de palestras e a instalação de um estande para um serviço de permanente esclarecimento dos congressistas a respeito do ideal esperantista.

1991 - O Esperanto entra na organização administrativa da Casa de Ismael, graças à nova disposição estatutária que prescreve a criação do Departamento de Esperanto.

Por que o Esperanto?

Alberto Flores

(...) Na verdade, se a missão do Espiritismo é ajudar a reforma moral e o progresso espiritual de toda a Humanidade, ele deve atuar em escala mundial e, para isso, necessita de um bom veículo de comunicação, claro, lógico e simples, como é o Esperanto.

Não se poderá aceitar que existam movimentos espíritas fechados dentro das fronteiras de cada grupo lingüístico, sem se relacionarem, sem entendimento e colaboração e sem fraterna unidade.

É necessário que se tenha um movimento espírita unificado e planetário, capaz de ajudar a transformar o mundo e criar uma civilização pacífica, evoluída e fraterna.

Fica assim claro o importante papel da língua Esperanto. Ela é necessária para que o Espiritismo seja divulgado mundialmente e produza os frutos de que a humanidade atual tanto necessita.

O mundo espiritual, por meio de Lázaro Luís Zamenhof, pôs ao nosso alcance o Esperanto, para interligar corações e mentes da família espírita planetária.

Não podemos descartar o uso de tão valioso instrumento de entendimento, pois ele é uma das mais belas criações que a inteligência humana foi capaz de conceber, sob a inspiração do Alto.

(...) Afirma o professor Ismael Gomes Braga que, em planos espirituais próximos da Terra, o Esperanto é uma necessidade, pois o desencarne não possibilita a todos nós utilizar a compreensão recíproca telepática.

Na verdade, só os Espíritos mais elevados possuem esta faculdade; os outros ainda enfrentam as barreiras lingüísticas, tal como nós, os encarnados.

O Esperanto é, pois, uma ponte interligando os espíritos e facilitando as relações inteligentes entre os que estão separados por modos de falar diferentes. Ele merece ser apoiado e divulgado.

A Divulgação do Espiritismos através do Esperanto

O apoio decisivo da FEB à divulgação do Esperanto no Brasil, a partir da década de quarenta, explica, de certo modo, o fato de que uma grande porcentagem dos esperantistas brasileiros seja constituída de espíritas, o que se depreende, facilmente, de avaliações e contatos informais feitos durante os encontros e congressos esperantistas. Isso é um indicativo das possibilidades de uso do Esperanto para a divulgação do Espiritismo. É comum constatar-se que muitos dos adeptos da língua internacional tornam-se, com o tempo, estudiosos da Doutrina dos Espíritos. Entre os motivos que contribuem para tanto, podemos citar:

· Os cursos de Esperanto, dirigidos no âmbito de instituições espíritas, normalmente atraem pessoas não espíritas, que entram em contato com a doutrina ao longo do curso, tendo em vista a influência do ambiente e as possíveis relações de novas amizades.

· Os Esperantistas, sejam eles seguidores de qualquer credo religioso ou, mesmo, ateus, começam a ler as obras básicas do Espiritismo em Esperanto, algumas vezes por curiosidade, outras para conhecer as traduções primorosas levadas a efeito por profundos conhecedores da língua, a exemplo de Ismael Gomes Braga e Porto Carreiro Neto. Pode nascer, daí, um interesse genuíno em conhecer a Doutrina.

A Divulgação Internacional

· Existem organizações espíritas-esperantistas cujo objetivo principal é o de enviar, gratuitamente, obras espíritas, a maioria em Esperanto, para associaçôes esperantistas de outros países. Citamos como exemplo a Associação Mundo Espírita - AME -, sediada em Brasília, que já remeteu mais de 35 títulos de livros espíritas traduzidos para o Esperanto para centenas de associações esperantistas do mundo. Essa instituição também distribuiu livros em inglês, francês e espanhol, os quais ela mesmo editou.

· Instituições espiritistas, a exemplo da já citada Associação Mundo Espírita, podem disponibilizar a tradução de obra doutrinária para a língua de esperantistas interessados em divulgá-la em seus respectivos países, mas que não dispõem dos recursos necessários para efetuar a edição da obra em apreço. Tal tarefa normalmente é contratada junto a esperantistas do país de origem, que utilizam alguma obra já traduzida para o Esperanto como base para versão em sua língua natal. Os custos do trabalho de tradução e da edição ficam a cargo da instituição brasileira que arrecada recursos específicos para tal finalidade.

· O Esperanto já está sendo considerado como língua de trabalho a ser utilizada, juntamente com a língua do país anfitrião, nos Congressos Espíritas Internacionais, realizados de três em três anos, sob os auspícios do Conselho Espírita Internacional - CEI.

· Existe uma rede de informação mundial integrada por delegados esperantistas que se prontificam a prestar informações, quando solicitados por outros coidealistas, sobre os assuntos específicos de sua “pasta” ou interesse. Muitos dos mais de duzentos delegados esperantistas brasileiros escolheram o Espiritismo como assunto principal.

Trabalhos de divulgação

· Como fruto da divulgação já mencionada, o primeiro trabalho desse porte foi feito para a Albânia com a tradução do livro “ O Porquê da Vida?”. O segundo foi o “Semeador” com 1.350 exemplares destinados à Hungria, que também já conta com a tradução do livro “Vida Feliz” e “Introdução ao Estudo de Doutrina Espírita”. Em andamento estão as obras “Livro dos Espíritos” e “Memórias de um Suicida” - na Hungria há um alto índice de suicídios, daí a escolha feita.

· Para o búlgaro foi traduzida a “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, editada em 1000 exemplares. A AME empregou um búlgaro que estava sem ocupação no Rio de Janeiro e fez o controle através de um professor da Universidade de Brasília, comparando, ainda, a própria versão do Esperanto para o Português.

· Um grupo de esperantistas espíritas de Ipatinga editou o livro “O Espiritismo na sua mais simples Expressão”, em albanês. Sempre tem sido usado o Esperanto como língua ponte nas referidas traduções.

· Há um grande empresário espírita venezuelano que traduz diversas obras espíritas para o Espanhol e distribui para toda a América gratuitamente, além de contar com a própria AME para a distribuição mais ampla desses livros.

Observações sobre as Atividades Esperantistas-Espíritas

Várias propostas têm sido formuladas para o melhor desenvolvimento do Movimento Esperantista-Espírita. O Departamento de Esperanto Zamenhof da União Espírita Mineira cita as seguintes proposições e sugestões, recolhidas na prática cotidiana dos cursos por ele ministrados e no contato com os companheiros do interior do Estado, acrescidas pelas propostas apresentadas pela revista Reformador, de fevereiro de 1998.

1. formação de uma equipe que possa sempre dar continuidade aos trabalhos do Departamento de Esperanto (ou do setor); na falta de um departamento, ou setor, na casa espírita, indicação de, no mínimo, uma pessoa que assuma o papel de informador e interlocutor para assuntos referentes ao Esperanto;

2. oferecimento permanente de cursos de Esperanto a espíritas e não espíritas;

3. aliar o estudo da língua com o de obras espíritas;

4. trabalho de informação junto à infância e à juventude;

5. apresentação de palestras nas casas espíritas acerca da importância e da viabilidade do Esperanto para o futuro da fraternidade universal, e sobre o problema lingüístico no plano espiritual;

6. promover pesquisa na literatura espírita sobre o Esperanto, criar bibliografia de livros espíritas versando sobre o Esperanto;

7. manter intercâmbio com Departamentos ou grupos esperantistas de outras casas espíritas;

8. tradução para o Esperanto de textos e documentos produzidos por outros Departamentos com a finalidade de divulgação e orientação;

9. leitura de pequenos trechos de mensagens sobre o Esperanto nas reuniões públicas; apresentação de tópicos fáceis da gramática do idioma; indicação dos nomes, em Esperanto, da maior parte dos objetos que fazem parte das dependências do Centro; informações, avisos, convites, em Esperanto, nos locais apropriados dos murais;

10. divulgação constante de informações úteis sobre o movimento esperantista.

DEZ/UEM